Análise Arkade: CIA ou KGB? Escolha qual bandeira defender na Guerra Fria de Phantom Doctrine

1 de setembro de 2018

Análise Arkade: CIA ou KGB? Escolha qual bandeira defender na Guerra Fria de Phantom Doctrine

O novo jogo de estratégia da CreativeForge Games é complexo até mesmo para quem gosta do gênero tático em turnos. Distribuído pela Good Shepherd Entertainment, Phanton Doctrine explora vários conceitos de espionagem por meio de mecânicas robustas, mas apesar de seus sistemas obtusos há relances de simplicidade que tornam o jogo interessante para todos os públicos.

Esse gênero de estratégia tática não está entre os que mais jogo, porém, consegui me habituar tranquilamente com o looping de gameplay. Dito isso, o game é uma boa porta de entrada para novatos, mas o sistema de gerenciamento de base traz elementos complexos mesmo para jogadores mais experientes.

A camada acessível

Phantom Doctrine se passa em 1983, explorando o período da Guerra Fria e nos colocando no lado dos Estados Unidos ou da União Soviética. No começo optamos por ser um agente da CIA com a motivação de desvendar uma conspiração, ou um condecorado membro da KGB que deve caçar traidores.

Há um grande nível de customização, mas isso só tem influência estética e contextual, pois serve apenas para ambientar o jogador naquele mundo. Podemos nomear nosso personagem e escolher uma entre muitas fotos para nosso passaporte, tom de pele, peso, corte e cor de cabelo, roupas, acessórios, detalhes corporais, enfim, as opções são vastas.

Análise Arkade: CIA ou KGB? Escolha qual bandeira defender na Guerra Fria de Phantom Doctrine

Depois desse preambulo que leva alguns minutos, temos uma missão de tutorial que apresenta as ações básicas do jogo. Como em qualquer game do gênero temos os APs — Action Points (Pontos de Ação) e os FPs – Fire Points (Pontos de disparo/tiro) que servem para realizar todas os processos mecânicos, desde andar até atacar os inimigos. Nossa equipe é composta por um número variável de personagens em cada missão e quando os AP de todos acabam começa o turno inimigo.

O interessante é que o jogador escolhe qual abordagem mais o agrada na realização das missões. Existem ordens que são evidenciadas no início de cada fase, mas podemos subverter essas ‘regras’ e atuar de uma maneira diferente. Na primeira missão do jogo (no caso de escolher a CIA) a instrução que nos é passada é para não entrar em conflito com os soldados locais e obter informações sobre um possível armamento que estaria sendo desenvolvido.

Seguindo as regras do jogo tentei ser furtivo e não matar ninguém, mas em um momento de distração um alarme foi disparado e os inimigos me atacaram de forma que não tive tempo hábil de reação.

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Na segunda tentativa resolvi entrar em confronto direto com os adversários e por não estar acostumado com o combate e o sistema de cobertura me tornei uma presa fácil. Depois disso fiz uma análise mais profunda do cenário, desacordei todos os civis e a maioria dos guardas por meio do Takedown, habilidade que defere um ataque não letal, e desabilitei todos os alarmes da fase.

Com essa terceira abordagem entrei e sai da missão sem disparar um único tiro e consegui o objetivo principal. A questão é: existe mais de uma possibilidade de terminar uma fase. Cada tipo de abordagem vai ter sucesso ou não dependendo da habilidade do jogador, mas sempre há opções e isso é muito positivo.

Esse exemplo serve para entender o contexto geral do game. É um clássico jogo de estratégia, com pontos de ação, habilidades múltiplas e muitas vezes individuais e com diversas possibilidades na abordagem das missões. O que torna Phantom Doctrine complexo é o gerenciamento dos elementos fora das fases.

A complexidade da espionagem

Antes de abordar a questão do gerenciamento de base vamos falar sobre a jogabilidade de Phantom Doctrine. Como citado anteriormente temos os APs (Action Points) que são gastos em cada turno por nossos personagens a cada ação realizada.

Por ser um jogo isométrico podemos ver muitos elementos do cenário e o que está escondido é revelado gradativamente na medida que avançamos na fase. Andar e atirar custam pontos de ação, assim como o já citado Takedown.

Há duas possibilidades de armas, normalmente um calibre mais pesado e uma pistola mais compacta, mas também usamos vários tipos de granadas e kits médicos se necessário.

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O destaque de Phantom Doctrine é que praticamente todos os ataques tem uma porcentagem máxima de acerto independentemente de o personagem estar escondido atrás de algum lugar. Quando optamos por atirar ambos personagens saem da cobertura, ficam em uma linha reta e, deste modo, o disparo é sempre eficaz respeitando a distância entre os personagens. Justamente a distância é um elemento que pode fazer com que o tiro não seja certeiro, mas escapar de um disparo não é comum e isso é uma das mecânicas do jogo.

Quando um de nossos aliados morre durante o combate podemos usar um comando para garantir que ele possa voltar nas próximas missões e após concluir os objetivos da fase ativamos a extração (normalmente um helicóptero vem nos buscar) em um local específico. Após esse comando é necessário aguentar mais quatro turnos antes de ser resgatado e isso também demanda estratégia, pois se estivermos longe do local de fuga e cercados de inimigos a probabilidade de sucesso é pequena. Tudo demanda um certo nível de estratégia e até mesmo tentativa e erro.

Nossa base, que também é vista de forma isométrica, possui várias camadas de gerenciamento. No Crew Quarters podemos ver várias informações sobre os agentes que são nossos aliados, seu nível, disponibilidade para cada missão e outras habilidades que devem ser levadas em conta ao formarmos nossa equipe de campo. Há equipamentos primários e secundários e modos de treino que podem ser assignados a cada personagem para otimizar alguma performance específica.

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A Enfermaria serve para recuperar agentes que necessitam de cuidados médicos, enquanto o Workshop adiciona uma camada de crafting ao jogo. Podemos desenvolver itens e novas habilidades que vão nos ajudar durante as fases. Tudo custa dinheiro e leva determinado tempo dentro do jogo para ser criado.

Em termos de história há uma espécie de quadro no qual são colocados os documentos secretos encontrados nas fases a fim de entender o contexto do jogo e desvendar os mistérios.

Não é obrigatório coletar esses documentos nas missões tanto que são, normalmente, objetivos secundários, mas sem essas informações o jogo se torna muito mais mecânico do que narrativo. Cada nova informação que adquirimos é colocada nesse mural e devemos fazer associações entre essas pistas a fim de entender o enredo.

Análise Arkade: CIA ou KGB? Escolha qual bandeira defender na Guerra Fria de Phantom Doctrine

No mapa de seleção de fases há muitos tipos de missões, desde desmantelar células inimigas, reconhecimento de terreno, checar atividades suspeitas, encontrar agentes aliados, informantes, enfim, dentro da mesma estrutura existem variedades narrativas. Mas a maioria das atividades realizadas fora das missões são complexas e demandam paciência do jogador, pois quase tudo é apenas um gerenciamento de ações e não fases que efetivamente podemos jogar.

Por exemplo: há um local que aparentemente tem atividades suspeitas. Podemos escolher agentes para ir nesse lugar e depois de um determinado tempo ele volta com informações, itens ou outras coisas que de alguma forma servem a nossa base. Todas essas pequenas atividades levam algum tempo e demandam um certo ‘estudo de caso’, pois tudo pode levar a história adiante.

Em termos gráficos, quando a visão é isométrica tudo é bem bonito, mas quando a câmera se aproxima para esconder um inimigo desacordado, por exemplo, é perceptível a baixa resolução dos itens em cena. Os dubladores são bons e combinam com o ambiente soturno da guerra e não há muitas piadas ou falas descompromissadas. Tudo é sobre a guerra. A trilha sonora é formada por composições que não se destacam por si só e só aparecem no background para pontuar a ação.

Conclusão

Phantom Doctrine tem duas camadas e isso pode ser seu trunfo ou problema, depende da perspectiva do jogador. O gerenciamento de base é extremamente complexo e lento, enquanto o ato de jogar em si é relativamente simples.

Quem gosta de espionagem vai encontrar muito conteúdo para explorar, ler e interpretar, mas se você não gosta disso talvez esse título não seja para você — muito porque o ato de jogar é apenas uma camada no complexo sistema de espionagem.

Phanton Doctrine foi lançado em 14 de agosto e está disponível para PC, PlayStation 4 e Xbox One.

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