Análise Arkade: fatiando monstros em busca de vingança no desafiador (e estranho) Severed

14 de maio de 2016

Análise Arkade: fatiando monstros em busca de vingança no desafiador (e estranho) Severed

Chegou a hora de tirar a poeira do seu PS Vita em grande estilo: Severed é o novo game dos produtores do excelente Guacamelee, que chegou exclusivamente para o portátil da Sony recentemente.

Buscando vingança

Severed parte direto ao ponto. Você assume o controle de Sasha, uma garota que desperta e encontra seu lar destruído e toda sua família morta. Para piorar, ela também perdeu seu braço direito. Ah, e ela está presa em uma espécie de limbo surreal cheio de monstros e perigos.

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Sua missão logo fica clara: você deve se vingar dos demônios que dizimaram sua família, e recuperar os corpos de seus parentes para que eles possam descansar em paz. Para lhe ajudar neta árdua tarefa, um demônio “gente boa” lhe dá uma espada. O resto, é por sua conta.

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A história de Severed é pesada — especialmente se comparado à fanfarronice “lutchadora” de Guacamelee –, mas também bem sutil. Quase nada lhe é passado diretamente, as cutscenes são bem minimalistas, e o fato do jogo ser super colorido até mascara um pouco seu teor mórbido. Apesar disso, é simplesmente impossível não “comprar a briga” de Sasha e ficar envolvido por sua vingança.

MetroidVania em primeira pessoa

A jogabilidade de Severed é bem peculiar. Durante a exploração, ele é um dungeon crawler em primeira pessoa, que atua com uma movimentação estilo “tanque”: a personagem só se move em 4 direções, e se vira em ângulos de 90º. Isso causa certa estranheza de início, mas com o tempo dá pra se acostumar.

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Os mapas não são necessariamente abertos, mas são verdadeiros labirintos, o que agrega uma forte essência do estilo MetroidVania ao game, pois você irá esbarrar com muitas passagens às quais só poderá ter acesso depois que tiver um item ou uma habilidade específica.

E quando falo em labirinto, não estou exagerando. Olha só como são alguns dos mapas do game:

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E isso é só um nível destes mapas: na maioria dos casos, as áreas do game possuem múltiplos “andares”. É bem fácil acabar perdido se não ficar ligado, e o fato do jogo nunca “pegar o jogador pela mão” nos obriga a ficar sempre ligado, de olho no mapa e atento à todas as possibilidades de caminhos e passagens secretas.

Fruit Ninja estratégico

Já na hora dos combates, o game aproveita a tela touch do portátil para lhe oferecer total liberdade de “cortes” com sua espada, no melhor estilo Fruit Ninja. Claro que aqui a coisa é um pouco mais complicada, pois os inimigos também te atacam, soltam magias e em muitos casos eles só sofrem dano quando atingidos em pontos específicos (geralmente é o olho).

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O frenesi das “dedadas” de golpes, porém, precisa ser intercalado com muita atenção e estratégia, pois você geralmente vai ter que encarar mais de um inimigo de cada vez — em grupos que cercam Sasha –, cada um com um padrão de ataque específico, uma barra de ATB que enche em determinada velocidade, uma carapaça, um buff que melhora suas habilidades, etc.

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É difícil explicar com palavras como funciona a mistura de MetroidVania com Fruit Ninja que o jogo oferece, então, separei um vídeo aqui para você entender um pouco melhor como o jogo se desenrola:

Deu para ter uma boa noção, né? Não sei explicar direito como ou porquê, mas é fato que, passada a estranheza inicial, o gameplay de Severed simplesmente funciona, e a forma comedida com que o game avança acaba tornando o progresso extremamente aditivo e viciante.

A complexidade está nos detalhes

Como você der visto no vídeo acima, os combates de Severed seguem um estilo Fruit Ninja onde você “rabisca” a tela com o dedo para desferir golpes. Porém ,se fosse só isso, acabaria ficando chato e repetitivo, certo? Felizmente, a Drinkbox agregou detalhes que aprofundam bastante a dinâmica do jogo.

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Por exemplo: o jogo não conta com magias de dano direto, são mais buffs e debuffs. E Sasha não tem habilidade de fazer isso sozinha. Porém, cada chefe que você derrota lhe concede uma nova habilidade (tipo Mega Man). E uma dessas habilidades na verdade é uma enorme mandíbula que lhe permite “devorar” os buffs de um inimigo.

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Assim, se o seu inimigo tiver, por exemplo, uma auto-regen habilitada, você pode “devorar” este buff, de modo que o inimigo perde esta vantagem, e Sasha ganha até o fim da batalha. Claro que existem vários inimigos que são imunes aos poderes mágicos da protagonista, mas saber quando usá-los pode ser a chave para vencer as batalhas mais complexas.

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Fora, isso, Sasha ainda tem uma respeitável árvore de habilidades (são 3 diferentes na verdade) para melhorar tanto suas habilidades de combate e sobrevivência quanto o poder de suas magias. E sabe o que você usa para fazer os upgrades? Pedaços de inimigos! Olhos, braços, tentáculos, vísceras, qualquer coisa que “sobrar” após alguma batalha pode ser usado para otimizar suas habilidades.

Análise Arkade: fatiando monstros em busca de vingança no desafiador (e estranho) Severed

Na prática, Severed é um jogo que parece simples em uma primeira olhada, mas se revela extremamente denso conforme você avança na trama. É aquele tipo de jogo “fácil de jogar, difícil de dominar”. E é justamente isso que torna o game ainda mais viciante, pois você precisa realmente dominar seu peculiar gameplay para superar os desafios que vão surgindo.

Audiovisual

Severed mantém o mesmo estilo artístico de Guacamelee: cenários bem coloridos e um ar de cartoon no estilo Samurai Jack, com personagens de traços simples, mas cheios de personalidade. Também como em Guacamelee, há uma profunda aura de cultura mexicana em tudo, o que torna o jogo familiar para quem curte já conhece o estilo da Drinkbox.

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A movimentação estilo tanque da protagonista limita bastante a movimentação da personagem, de modo que toda área do jogo é um enorme labirinto composto basicamente por corredores. Porém, isso não limitou a criatividade dos produtores: de florestas à ruínas, passando por cavernas de cristal até a barriga de vermes gigantes (?!), os cenários são bem variados e criativos.

Análise Arkade: fatiando monstros em busca de vingança no desafiador (e estranho) Severed

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Os personagens não falam “de verdade” mas há legendas (em português) para todos os diálogos, ainda que muito da história fique subentendido. A trilha sonora é simples, mas bem envolvente, e ainda que a variedade de inimigos não seja super grande, existem diferentes “espécies” dos mesmos inimigos que deixam tudo um pouco mais variado.

Conclusão

Severed é um jogo estranho. Mas ele é estranho de um jeito interessante, e depois que você se habitua com a estranheza inerente ao jogo, vai perceber que está diante de um jogo único, aditivo e muito desafiador, que alcança uma profundidade incrível mesmo tendo mecânicas simples.

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O fato dele ser exclusivo para o PS Vita provavelmente fará com que o game passe batido por muita gente. O que é compreensível, afinal, o PS Vita anda bem esquecido pela Sony e carente de bons títulos. Se você tem um Vita, porém, essa é a hora de tirar o pó dele e curtir esta bela e estranha aventura!

Severed foi lançado dia 26 de abril, exclusivamente para o PS Vita. O game possui menus e legendas em português brasileiro.

4 Respostas para “Análise Arkade: fatiando monstros em busca de vingança no desafiador (e estranho) Severed”

  • 14 de maio de 2016 às 15:24 -

    Felipe Bomfim Barbosa

  • Interessante! Eu tinha visto alguns detalhes deste jogo antes mesmo do lançamento, ele me chamou a atenção por ser dos mesmos criadores do excelente Guacamelee!, mas fiquei com um pé atrás por causa dessa mecânica diferente e ainda por cima em primeira pessoa. Mas lendo sua análise, tô pensando seriamente em dar uma chance a ele, além de que, estou precisando mesmo tirar poeira do meu PS Vita! :)

  • 15 de maio de 2016 às 01:58 -

    Erik

  • Não me parece Metroidvania.Só o mapa lembra um pouco, o fato de ser exploração de dungeon tbm faria Diablo ser Metroidvania no caso.

    • 15 de maio de 2016 às 15:17 -

      Rodrigo Pscheidt

    • Diablo é um dungeon crawler. Há várias semelhanças entre os gêneros, mas também existem diferenças. Existem dungeon crawlers que também são MetroidVanias, mas Diablo não é o caso, pois a progressão dele é bem mais direta, sem muito backtracking.

      De acordo com a Wikipedia (http://pt.wikipedia.org/wiki/Metroidvania):

      “Os jogos metroidvania têm um enorme mapa interconectado que o jogador pode explorar, mas aceder a partes do mundo é limitado por portas ou outros género de portais que apenas podem ser abertos depois do jogador ter certos utensílios especiais, armas ou habilidades. Adquirir tais melhorias também ajuda o jogador a derrotar inimigos mais difíceis e localizar atalhos e áreas secretas”.

      Não que a Wikipedia seja uma fonte infalível, mas de acordo com esta premissa, Severed é sim um MetroidVania. ;)

  • 15 de maio de 2016 às 11:05 -

    Alessandro

  • Ótima análise, gostei muito do jogo. Mesmo sendo um pouco curto para o gênero, oferece uma experiência completa.

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