Análise Arkade: Shakedown Hawaii é praticamente um GTA da geração 16-bits

18 de maio de 2019

Análise Arkade: Shakedown Hawaii é praticamente um GTA da geração 16-bits

Vale tudo para salvar sua empresa da falência? Se sua resposta é sim, você precisa conhecer Shakedown Hawaii, uma espécie de “GTA old school” cheio de humor ácido e ação desenfreada, confira nossa análise!

Salvando seu império

Shakedown Hawaii é o novo jogo da Vblank Entertainment, e é meio que a sequência de Retro City Rampage. Ainda que os jogos não tenham muitas relações diretas, ambos seguem o mesmo estilo “sandbox old school”, oferecendo grandes cidades para explorarmos e tocarmos o terror.

A história do game acompanha um sujeito chamado apenas de “The CEO”, um empresário que ficou milionário vendendo livros sobre sua carreira bem sucedida… mas esqueceu de acompanhar os avanços tecnológicos que foram surgindo para tornar a vida das pessoas mais fácil.

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Assim, quando “novidades” como streaming, pop ups de spam e gamificação começam a afetar os lucros de suas empresas, ele resolve fazer o que for necessário — incluindo coisas ilegais e/ou moralmente questionáveis — para não deixar a empresa ir para o buraco.

Falando assim parece que temos uma história séria, mas na verdade tudo aqui são piadas, referências e absurdos. O jogo traz críticas veladas ao consumismo, e tudo mais, mas insere tudo isso em um contexto cômico, tornando o discurso em si bem mais leve.

Explorando a cidade e “protegendo” o comércio

Shakedown Hawaii se comporta exatamente como um jogo da série GTA. As missões envolvem ir até lugares e conversar com pessoas, que nos passarão missões e trabalhos. Aí a gente dirige até lá, cumpre o objetivo, e espera o jogo “liberar” a próxima.

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Essa grande letra “M” simboliza um local de missão

Novamente, a galhofa se faz presente. Nosso protagonista tem negócios nas mais variadas áreas, e boa parte das missões envolve “baratear” custos e maximizar lucros. Para ajudar sua rede de cafeterias, por exemplo, o lance é roubar caminhões de grãos de café para eliminar o gasto com a matéria-prima.

Quase tudo no jogo envolve algum tipo de atividade ilegal, e as mais comuns são os “Shakedowns” que dão nome ao jogo: uma das formas de levantar uma grana é oferecer serviço de “proteção” para os comerciantes da cidade — leia-se fazer serviço de milícia, extorquindo dinheiro dos lojistas.

O vídeo abaixo mostra um pouco dessas abordagens não muito amigáveis de extorosão:

É possível fazer Shakedowns em dezenas de estabelecimentos, e há sempre algo que você precisa fazer para convencer o lojista a colaborar: importunar clientes, quebrar mercadorias, dar cabo de milícias rivais, destruir banheiros, e por aí vai. Atividades super saudáveis que qualquer homem de negócios em crise faz, claro.

Banco Imobiliário retrô

Ainda que os Shakedowns sejam uma maneira simples de levantar uma grana (os pagamentos são diários), esta não é a única forma: conforme junta dinheiro, você pode começar a investir em novos negócios, comprando imóveis e estabelecimentos espalhados pela cidade.

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Nosso empreiteiro dá “boas dicas” de como inflacionar o valor dos imóveis

Aí entra um fator quase Banco Imobiliário do jogo: é possível acompanhar flutuações de preços e estudar os arredores para, quem sabe, eliminar concorrentes ou barreiras naturais (árvores, por exemplo) que possam vir a atrapalhar seus negócios. É o capitalismo in a nutshell.

Para cumprir estes objetivos nada nobres, nosso protagonista conta com o auxílio de alguns de seus empregados, e de um “contato internacional” que, em outro país, ajuda a desmantelar carteis rivais e/ou encontrar documentos que lhe garantam vantagens nas ruas.

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Esse cabrón é nosso contato internacional (e também é um personagem controlável)

Em paralelo a tudo isso, acompanhamos também a história do filho do protagonista, um punk que vive tretando com o pai e resolve se aliar a uma gangue para começar sua própria carreira criminosa. E o mais legal é que controlamos todos os 3 — o empresário, seu filho e seu enviado especial — alternadamente, o que torna o andamento da história mais dinâmico, visto que todos estão evoluindo em paralelo.

Sistemático até demais

As primeiras horas de Shakedown Hawaii são bem legais. Sua vibe GTA Vice City é muito bem-vinda, e sua pegada sandbox retrô sem dúvida é muito interessante. Não se faziam jogos de mundo aberto como esse na geração 16-bits, e ver o potencial disso sem dúvida é bem deslumbrante.

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Tocar fogo em tudo faz parte do trabalho

Passado o fascínio inicial, porém, o que fica é um exercício um pouco sistemático que tende a se tornar cansativo. A fórmula “dirija até a missão, cumpra o objetivo, pegue outra missão e repita o processo de novo e de novo” não  muda muito, e a simplicidade dos objetivos não oferece muito desafio — nem muita variedade.

Verdade seja dita, o humor canastrão do jogo até segura a barra — me vi continuar jogando simplesmente para ver a próxima maluquice que nosso businessman ia aprontar –, e as situações malucas que presenciamos sem dúvida são divertidas, mas é triste que tenha faltado criatividade no game design em si, na construção de missões mais variadas e interessantes.

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Como em GTA, o visual do personagem é totalmente customizável… não que a gente possa ver direito

O fato de ser um jogo tecnicamente simples também não ajuda: sabe como GTA, Just Cause e outros jogos estilo sandbox possuem aqueles momentos cinematográficos que deixam tudo mais emocionante? Pois é, aqui nada parece tão épico, simplesmente porque estamos sempre vendo o jogo da mesma maneira. Não há momentos de clímax realmente empolgantes.

Audiovisual

Enquanto o jogo anterior tinha uma vibe 8-bit, Shakedown Hawaii abraça a estética dos 16-bits, o que é um baita avanço, pois brinda o jogador com uma pixel art cheia de personalidade, com muitas cores e referências aos bons e velhos anos 90.

O jogo emula muito bem o estilão dos games de Super Nintendo e Mega Drive, tanto no visual quanto na trilha sonora, composta basicamente por composições em formato chiptune de excelente qualidade. Como em GTA, nos carros é possível até trocar a estação do rádio, e há muita coisa boa para se ouvir em cada uma.

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No mais, a simplicidade audiovisual proposital do game traz um feeling nostálgico que é muito bem-vindo. O jogo emula uma época não só pelo seu estilo artístico, mas também pela sua narrativa, que brinca com conceitos ultrapassados com muita propriedade.

Não há vozes no jogo, e infelizmente a falta de suporte ao nosso idioma vai impedir que todos possam pegar todas as piadas e referências presentes aqui. Uma localização em PT-BR sem dúvida seria muito bem-vinda.

Conclusão

Shakedown Hawaii deve agradar em cheio os saudosistas que curtiram os primeiros jogos da série GTA — jogos que vieram muito antes dos episódios mais famosos da franquia. A ação top down do jogo, sua vibe levemente zoeira e toda a ilegalidade de suas missões sem dúvida fazem do game da VBlank quase um sucessor espiritual dos jogos da Rockstar.

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O CEO e seu filho punk

A diversão que o jogo oferece acaba sendo um pouco manchada pela pouca variedade de missões e pelas próprias limitações de game design que o formato retrô sofre. Passado o deslumbre oficial, o que sobra são missões repetitivas, intercaladas com o humor escrachado da história e de seus personagens.

No fim das contas, o saldo de Shakedown Hawaii é positivo, desde que você não fique de saco cheio de cumprir missões tão semelhantes o tempo todo. A gente sabe que extorquir pessoas, explodir coisas e roubar carros sempre é legal, mas mesmo essa vida de bad boy cansa depois de um tempo.

Shakedown Hawaii está disponível para PC, Playstation 4, Xbox One e Nintendo Switch.

Uma resposta para “Análise Arkade: Shakedown Hawaii é praticamente um GTA da geração 16-bits”

  • 20 de maio de 2019 às 10:57 -

    Onigumo

  • Gta e Gta 2 eram assim, quem se lembra da gangue do Z? Os carros deles eram incríveis. Bons tempos….

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