Análise Arkade – Siege Survival: Gloria Victis, entre o survival e a estratégia

18 de maio de 2021
Análise Arkade - Siege Survival: Gloria Victis, entre o survival e a estratégia

Dois gêneros que tornaram-se muito populares entre jogadores de PC são estratégia e sobrevivência. Siege Survival: Gloria Victis bebe um pouco de cada gênero e constrói uma visão bastante única sobre guerras medievais. Com um tom depressivo que lembra um pouco This War of Mine e até a franquia The Witcher, o game nos coloca na pela de civis enfrentando os horrores de um cerco hostil!

Com mecânicas de jogo que vão na direção oposta da ação épica de batalhas com várias unidades, Siege Survival: Gloria Victis foca na administração de recursos. E é justamente essa abordagem diferenciada, que trilha caminhos pouco explorados em outros jogos que o título da Black Eye Games consegue brilhar. Mas como nada é simples na sobrevivência em períodos de guerra, vamos analisar aos poucos tudo que vimos nesse game.

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A sobrevivência dos desconhecidos

Siege Survival: Gloria Victis já ganha vários pontos por apresentar um enredo que foge de vários clichês da ambientação medieval. O jogo não te colocará na pele de nobres comandantes munidos de enormes exércitos e recursos praticamente ilimitados, nada disso. Aqui nós controlamos civis, pessoas de origem humilde sem muitas habilidades e que precisam sobreviver de modos não tão heroicos assim.

A história do jogo se passa na era medieval, quando os habitantes de uma cidade testemunham seu território ser invadido por exércitos inimigos, com sua capital sofrendo sob um cerco brutal. Inicialmente controlando o sobrevivente Flint, você precisa organizar as forças restantes que estão dispostas a oferecer alguma forma de resistência junto aos (poucos) sobreviventes que seguem sitiados na última fortaleza ainda de pé na cidade.

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Como um civil, nada você poderá fazer para enfrentar os exércitos invasores. Entretanto, existe muito mais a se fazer em uma guerra que não envolve o brandir de espadas, machados, e arcos. Aqui você precisará pensar em afazeres muito menos “heroicos”, mas consequentemente muito mais importantes para a sobrevivência de todos: encontrar comida, ter sempre água potável, cuidar dos animais, consertar equipamentos, recolher recursos, aplicar curativos, produzir remédios, e muito mais.

A originalidade e criatividade do enredo, ambientação e jogabilidade de Siege Survival: Gloria Victis cativam já nas primeiras horas de jogo. Seu ritmo pode ser lento, mas consegue ser envolvente na medida certa, colocando o jogador em situações de escolha pesadas, tendo que administrar aos poucos cada vez mais cidadãos e sempre lutando contra o tempo, contra a fome… e contra a morte, claro.

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O básico do crafting e da administração de recursos

Como todo bom jogo de sobrevivência, em Siege Survival: Gloria Victis o jogador precisa começar, basicamente, do nada. Você está em uma fortaleza quase destruída, cheia de escombros e com pouquíssimos sobreviventes ou recursos. Ao precisar cozinhar um prato de sopa para um dos únicos sobreviventes além de Flint, o jogo já começa a te ensinar de modo bem orgânico algumas de suas mecânicas básicas.

Siege Survival: Gloria Victis traz o pacote completo de mecânicas de crafting normalmente vistas em jogos de sobrevivência. Entretanto, como estamos falando de um jogo bem mais dramático do que o de costume, nada de sair construindo desenfreadamente e administrando toneladas de recursos coletados de uma vez. Aqui tudo é sofrido, tudo é difícil de ser obtido, tudo leva tempo.

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O jogo já te adianta que ataques serão sofridos, mostrando regiões mais ou menos seguras para se construir determinadas estruturas.

Várias são as mesas de trabalho a serem construídas, assim como alguns móveis como camas para os sobreviventes descansarem e fogueiras para o cozimento dos alimentos. Tudo acontece dentro do forte, inicialmente organizando-o e depois administrando as dezenas de funções e recursos que aos poucos você vai construindo ali.

É em uma das principais mecânicas de jogos de sobrevivência que Siege Survival: Gloria Victis se mostra ainda mais tenso. Isso porque a coleta de recursos dentro do forte não dura mais que um dia, pois há pouco o que coletar ali. Logo é preciso se aventurar fora do forte para encontrar mais recursos. Entretanto, essa exploração precisa ser feita na surdina, durante a noite. Assim, tudo começa a se complicar ainda mais.

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Cozinhar alimentos se mostra uma das funções mais importantes no início do jogo.

Os desbravadores da noite

O game possui um contador de horas diárias que acaba bem rápido. Quando cai a noite, você pode mandar um ou mais de seus sobreviventes para fora do forte através de uma passagem secreta. Com isso, você passa a controlar o sobrevivente que enviou numa mecânica de stealth bem tensa. O civil pode andar devagar e sem chamar atenção, ou correr fazendo bastante barulho. E claro, temos as horas da noite correndo bem rápido aqui também, ou seja: seja cauteloso, mas não descuide do relógio.

Com isso você precisa vasculhar os escombros da cidade e se esgueirar dos vigias noturnos para encontrar recursos dos mais variados. Existem também alguns recursos que necessitam de ferramentas específicas para serem coletados, como pás, tochas e até chaves para abrir portas. Entretanto, essas ferramentas ocupam um precioso espaço no inventário do civil, impedindo-o de coletar mais recursos para levar de volta ao forte.

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Nessas explorações noturnas Siege Survival: Gloria Victis ainda mostra um pouco mais da sua imersão brilhante. Isso porque alguns pontos de interesse sinalizados em verde abrem caixas de diálogo com ilustrações simples que dão espaço para o jogador imaginar como a situação está se desenrolando. Essas histórias “secundárias” mostram mais detalhes da guerra sentidos por pessoas comuns, bem como dá ao jogador escolhas de ações com impactos significativos.

Em uma dessas histórias, pude ajudar uma senhora a retirar seu marido enforcado, o antigo dono de uma ferraria, de cima de uma árvore. Entre as escolhas, eu poderia simplesmente roubar o machado que a senhora possuía e deixá-la lá, em uma situação pior do que estava antes. Quase sempre as escolhas que podemos fazer envolvem não só impactos de jogo — como recursos extras ou prejuízos – como também escolhas éticas e morais que colocam o jogador para refletir.

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A sobrevivência como maior desafio

Até então vimos que Siege Survival: Gloria Victis nos coloca em situações complexas de administração de recursos, escolhas morais e construção de manufaturas. Porém, isso tudo acontece sobre um escopo de sobrevivência e urgência que deixa tudo num tom bastante tenso. A sobrevivência não é vista somente nas linhas de texto ou no enredo do jogo, ela está presente em cada mecânica de jogo, em cada unidade.

Cada civil que controlamos possui seus próprios pontos de fome, sede, sono, condição psicológica, saúde/doença, entre outros. Seu escasso contingente precisa ser administrado individualmente: pense nos recursos que serão dedicados para cada um deles se manter minimamente saudável e poder dar conta de suas tarefas diárias. Porém, tudo começa a se complicar quando você nota que os animais — principal fonte de alimento dentro do forte — também possuem seus pontos de fome.

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Indicadores começam a mostrar que seus civis estão com fome, com sede ou cansados.

Assim, você precisará controlar seus recursos entre os civis — que são mão de obra — e os animais — que são fonte de alimento. Além desse gerenciamento cruel, ainda temos que manter vivos os guardas remanescentes nas muralhas. Eles precisam de comida e água como qualquer se vivo, mas também necessitam de armas, armaduras, pedras (para reforçar os muros) e curativos. Tudo isso, lembrem sempre, é administrado com os mesmos e limitados recursos.

Assim, não demora muito até que o jogador precise escolher mandar um civil para a cidade de noite para coletar mais alimentos ou deixá-lo dormir pois ele já está sofrendo de exaustão. Ou então ter que decidir entre deixar um soldado ou uma galinha morrer de fome, sendo que ambos são cruciais para a sobrevivência do grupo, cada um a seu modo. A todo momento precisamos fazer escolhas e, quase sempre, elas são cruéis e muito difíceis de serem feitas.

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Sob ataques constantes

Periodicamente, entre os dias passados, ataques dos exércitos inimigos acertam o forte dos sobreviventes. Isso é o senso de urgência sendo levado ao seu extremo enquanto queimamos o cérebro tentando administrar os poucos recursos que temos. Nessas situações, civis podem ser feridos ou mortos, construções feitas em locais de risco podem ser completamente perdidas e o exército pode vencer ou perder a batalha.

Isso afeta o estado emocional de todos, mais um fator que é bem impactante durante a jogatina. Civis deprimidos ou cansados demais tem seu rendimento diminuído. Assim como os exércitos nas muralhas, que caso estejam com muita fome ou sede, podem ter os melhores equipamentos possíveis que não farão muita coisa em batalha. Ao mesmo tempo, a cada vitória conquistada pelos soldados nas muralhas, mais cresce a sua moral e esperança, que se converte em mais recursos e resiliência para lidar com batalhas e dificuldades.

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Ao final das batalhas, recebemos relatórios igualmente imersivos sobre tudo que aconteceu.

Os ataques podem ser de flechas com fogo, de pedras arremessadas por trabucos entre outros. Cada ataque possui um impacto diferente sobre o forte. Alguns gerando inclusive oportunidades: os ataques de trabucos, por exemplo, geram escombros de pedra que podem ser coletados durante a batalha para construir coisas e fortificar os muros. Porém, tenha em mente que sempre existe o risco dos civis serem acertados por novas pedras enquanto coletam as caídas no chão — tudo é uma escolha, lembra?

Um jogo denso e cheio de qualidades

Siege Survival: Gloria Victis é um jogo pesado. Seja pela sua ambientação depressiva, seja pelas mecânicas que nunca deixam o jogador em uma situação de conforto, seja pelas questões que levanta em sua história. Nada é leve ou divertido, este é um jogo que quer te deixar tenso e desconfortável o tempo todo. Mas tudo indica que a intenção era justamente essa. Não é um jogo para você pensar “nossa, que legal sobreviver a um cerco na idade medieval”. Muito pelo contrário, ele te faz perceber o quão terrível e desesperadora é essa situação.

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Alguns podem achar o ritmo de jogo um tanto quanto repetitivo em alguns momentos, com os dias se passando com frequência bem alta e recursos sendo recolhidos repetidas vezes em diversos locais diferentes. Porém, tudo combina muito bem com a proposta e suas mecânicas, que foram muito bem planejadas para dialogarem entre si.

Um jogo cheio de nuances e mecânicas inteligentíssimas, com visual decente e trilha sonora exemplar. Siege Survival: Gloria Victis pode não ser um jogo que agrade multidões, mas sem dúvidas é um respiro de criatividade e variedade em dois gêneros tão explorados no mundo dos PCs.

Siege Survival: Gloria Victis está sendo lançado hoje, 18 de maio de 2021, somente para PCs. Você pode encontrar o jogo tanto na Steam quanto na Epic Games. Este review foi feito com base na versão Steam do game, que recebemos antecipadamente para fins de análise.

Para esta análise, rodamos o game em um notebook gamer com processador i5-9300, 24GB de memória, placa de vídeo GTX 1650 de 4GB e SSD de 128 GB.

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