Análise Arkade: SkateBIRD, uma mistura capenga de pássaros com skate

21 de setembro de 2021
Análise Arkade: SkateBIRD, uma mistura capenga de pássaros com skate

O mundo dos videogames nos permite viver experiências que não seriam possíveis de outra maneira. Podemos nos tornar deuses, fuzileiros, super-heróis, cabras… ou pássaros que andam de skate!

SkateBIRD trouxe essa mistura curiosa e inusitada para os PCs, Xbox e Nintendo Switch recentemente. Na falta de uma definição melhor, eu diria que ele é (ou tenta ser) um Tony Hawk’s Pro Skater para ornitólogos (especialistas em aves)… o que é especialmente curioso se considerarmos que Hawk significa “falcão”.

Pois bem, em SkateBIRD assumimos o controle de um pássaro skatista que começa a andar de skate para ajudar seu dono — chamado de “big friend” no jogo — em algumas tarefas.

Análise Arkade: SkateBIRD, uma mistura capenga de pássaros com skate

SkateBIRD tem basicamente um único modo de jogo principal, sua Campanha, que nos apresenta a esta premissa: depois que começou a trabalhar, seu dono humano não tem mais tempo para andar de skate nem arrumar a casa, então o pássaro decide fazer as duas coisas para dar uma mãozinha. E é isso.

Nem tão radical assim

Considerando o tamanho diminuto de nosso protagonista, não espere por um mapa amplo, com proporções realistas. Aqui as “arenas” são, em sua maioria, indoor, com uma exceção aqui e ali — revistas, caixas de pizza e outros objetos ordinários viram rampas, corrimãos e half pipes. Tão importante quanto fazer manobras é cumprir as tarefas — que nos serão passadas por uma grande variedade de outros pássaros.

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Cumprir as tarefas, claro, exige que andemos de skate, afinal este é o mote do jogo. Então, quando precisar arrumar a cama, por exemplo, você vai precisar fazer manobras do tipo grind — deslizando com o skate pelas bordas da colcha, para esticá-la sobre a cama.

Boa parte das missões envolve coletar coisas espalhadas — meio que para fazer uma faxina no local — que podem (ou não) estar em lugares de difícil acesso. Cabe a você usar “o poder do skate” (e as rampas e corrimãos espalhados pelo cenário) para acessar estes lugares.

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O jogo tem diversas espécies de aves para selecionarmos, mas elas não apresentam nenhuma distinção prática: só o que muda é o visual. Ah, e falando em visual, prepare-se para uma explosão de fofura com todas as opções de chapéus, mochilas, capas e acessórios que podemos usar para customizar nosso passarinho. <3

Em resumo, é isso. Cada área do jogo conta com um punhado de tarefas, que você cumpre basicamente explorando, fazendo as manobras certas nos lugares certos ou coletando coisas. Nenhum desses desafios é particularmente difícil, mas ter que cumprir TODOS para poder avançar para o próximo cenário é algo que tende a deixar a coisa meio chata.

Gameplay capenga

Mecanicamente, SkateBIRD acerta em algumas coisas, mas erra em outras. O layout dos botões é bastante similar ao da série Tony Hawk’s, o que facilita bastante a vida da gente. A memória muscular do jogador já sabe que (no padrão de botões do Xbox) o Y é usado para manobras de grind, enquanto o X realiza manobras do tipo flip.

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O que não facilita a vida da gente é a falta de polimento do jogo em alguns aspectos. Não me entenda mal, as animações de manobras e o visual dos pássaros, tudo é bem bonitinho. É só que, para um jogo de skate, ele carecia de mais fluidez, de um gameplay mais “macio” e responsivo.

Realizar manobras simples é até fácil, mas emendar uma na outra para criar combos dá um bocado de trabalho. Nosso pássaro definitivamente não é um bom skatista, pois cai do skate o tempo todo — muitas vezes à toa, sem nenhum tipo de colisão ou imperícia por parte do jogador. Ficar enroscado em algum elemento do cenário é outro problema que acontece mais do que deveria.

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A física do jogo simplesmente não é boa: falta peso ao personagem — ok, pássaros devem pesar poucas gramas, mas a gente precisa ter algum feedback para nos nortear. Sem essa sensação de peso, tudo parece feito de papelão e, justamente por isso, parar em pé sobre o skate é mais difícil do que deveria ser. Até encontra os pássaros que nos passam missões é complicado — não há nada que os destaque no cenário, e, como são pássaros, eles são pequenos.

Outra questão é que o jogo simplesmente não aproveita o potencial de seu elenco. Nosso pássaro é capaz de um pulo duplo (até rola uma piada com isso, de que os humanos só são capazes de realizar um ollie) que lhe concede uma certa vantagem diante de um skatista humano… mas é só. Ele não voa, nem faz nada que tire proveito do fato dele ser um pássaro. Baita potencial desperdiçado.

Audiovisual

SkateBIRD não é exatamente um primor em termos técnicos e audiovisuais, mas também não faz feio. O jogo tem muita personalidade, e claramente houve um esforço consciente em recriar diversas espécies de pássaros com o máximo de realismo possível.

Análise Arkade: SkateBIRD, uma mistura capenga de pássaros com skate

O departamento sonoro também é competente, com bons sons de pássaros, que chegam devidamente acompanhados de uma trilha sonora — que não é nem de longe tão estrelada quanto a de Tony Hawk’s, mas é esforçada, trazendo um bom apanhado de bandas indies de punk rock com faixas mais lo fi.

Faz falta algum esforço em localizar o game para outros idiomas. Não digo nem para entender a história, mas os objetivos, mesmo. Pegamos todas as missões por meio de conversas com outros pássaros, e como ocasionalmente rolam uns termos específicos do skate, seria bom podermos entender melhor o contexto, ou mesmo algum tutorial — aliás, a forma como os pássaros descrevem as ações do jogador são hilárias, tipo “aperte o botão na sua mente”, como se não houvesse jogador.

Conclusão

Quando somamos os problemas de gameplay à natureza genérica das missões, temos o triste resultado de que, na prática, SkateBIRD não é um jogo divertido ou gostoso de jogar. Eu amo sua premissa e realmente queria gostar dele, mas a verdade é que, em se tratando de “jogos de skate”, há opções muito superiores disponíveis.

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Paródia daquela marca famosa Thrasher

Digo isso especialmente porque já fui surpreendido por jogos que misturam animais com modalidades esportivas aleatórias. Yoku’s Island Express, por exemplo, coloca um besouro rola-bosta dentro de um MetroidVania com exploração baseada em pinball (?!), e é um jogo excelente. SkateBIRD, por sua vez, fica abaixo na média na maior parte do tempo.

O lado bom é que, para quem é do lado verde da Força, o jogo foi lançado diretamente no Game Pass, então é possível experimentá-lo sem desembolsar nada além do valor da assinatura. Do contrário, melhor ficar com o excelente remake de Tony Hawk’s, mesmo. Ou, se quiser algo mais indie, dê uma olhada em Skate City, jogo lançado há poucos meses que oferece uma experiência bem bacana.

SkateBIRD está disponível para PC, Xbox One, Xbox Series X|S (versão analisada) e Nintendo Switch.

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