Análise Arkade: Steep, a estreia da Ubisoft no mundo dos esportes de aventura

22 de dezembro de 2016

Análise Arkade: Steep, a estreia da Ubisoft no mundo dos esportes de aventura

Estávamos carentes com jogos de esportes radicais. Após uma era fértil na geração 32-64 bit, com Tony Hawk, 1080 Snowboarding e 2Xtreme, tivemos uma era de vacas magras (só SSX aparecia nesse gênero), que termina com a chegada de Steep para a atual geração. Temos, então, a chance de voltar a descer montanhas de esqui, e participar de esportes bem radicais com algumas ideias novas, incluindo uma GoPro no capacete para registrar todos os momentos.

O retorno do gênero aos videogames teria que vir acompanhada de boas ideias, pois apenas no gameplay, ficaria muito semelhante aos jogos mencionados acima, que já contam com quase 20 anos de vida. Mas também não poderia negligenciar o gameplay, já que um game de esporte de ação, de acordo com o Evangelho Segundo Tony Hawk Pro Skater, tem que ter realismo sim, mas ao mesmo tempo precisa ser insano e divertido.

E ao jogar Steep, com certeza podemos notar esta boa intenção da Ubisoft, que oferece um game que busca o realismo dos esportes na neve, mas sem perder o bom humor e ainda nos consegue fazer lembrar do já distante California Games, ao oferecer modalidades diferentes, que, mesmo sendo realizadas nos mesmos lugares, oferecem jogabilidade diferente e ampliam um pouco mais a vida útil do jogo.

Quatro em um

Análise Arkade: Steep, a estreia da Ubisoft no mundo dos esportes de aventura

Steep sempre deixa muito claro que não é um “jogo de esqui/snowboarding”, e sim, um jogo de esportes radicais. O que abre margem até para, no futuro, Steep se tornar uma franquia do gênero, com a Ubisoft focando em outros esportes, mas o que temos desta vez é: snowboard, esqui, asa-delta e parapente. Enquanto com o snowboarding e o esqui as provas são as mesmas, com a asa-delta e o parapente as provas são mais específicas.

E, os quatro modos de jogo contam com gameplay bem complicado. Claro que com o tempo você se adapta e consegue ter um desempenho melhor, mas os jogadores menos acostumados com jogos desse tipo, ou mesmo os casuais, podem acabar se assustando ao testá-lo em uma loja por aí e não comprar o jogo. A pior parte está quanto aos saltos, que exige um controle bem rígido do jogador para manter o atleta no ar, o que é bem injusto em um game que não quer ser um simulador realista. No misto realismo-diversão, Steep se perde em seu gameplay e dificulta bastante as coisas para seus jogadores, perdendo a chance de oferecer cenários realistas e algumas “liberdades poéticas”, para manter o tom sério, mas sem perder o lado insano que esportes desse porte entregam.

Tirando também a física do jogo, que não está tão calibrada assim, no geral, Steep ainda assim consegue agradar e, quem conseguir continuar com o jogo após o início conturbado, vai acabar encontrando um game que é sim divertido, que só pede um tempo maior dos jogadores para a adaptação plena aos controles, inclusive, dando a chance ao jogador de encontrar entre os quatro esportes oferecidos, o seu preferido.

Os quatro esportes, embora diferentes entre si, acabam oferecendo as mesmas virtudes e defeitos, cada um a sua maneira: com destaque para as asa-deltas, que conseguem oferecer o voo bem divertido, ainda mais se usarmos a visão GoPro que o game oferece. Porém, o problema está nas características das provas: a parte “realista” do jogo impede que missões e tarefas mais criativas façam parte do pacote, trazendo muita coisa repetitiva, porém com dificuldade crescente, e que é muito interessante de se fazer pessoalmente, mas não em um jogo.

Descendo a montanha

Análise Arkade: Steep, a estreia da Ubisoft no mundo dos esportes de aventura

Sobre o “mundo aberto” de Steep, temos alguns problemas sérios de execução. Claro que a ideia de se locomover pela montanha da maneira que preferir é demais e muito bacana, mas a forma que foi feita acaba atrapalhando mais do que ajudando, fazendo o jogador usar as viagens rápidas e ignorar o mundo aberto do jogo. Mundo, aliás, bem interessante, com visual bem caprichado e que faz ótimo contraste com os uniformes coloridos dos atletas, que podem até ser bem extravagantes.

Para começar, a montanha não oferece um meio de locomoção para o seu personagem. Terminando uma prova, se quiser, pode ir A PÉ até o local da próxima prova, o que significa ter que subir a montanha tudo de novo, numa fórmula nada prática, que fica ainda pior se levarmos em consideração que uma montanha conta com muitos lugares difíceis de se alcançar, e não estamos controlando nenhum Nathan Drake da vida para dar conta disso. Talvez um veículo de neve resolveria o problema, servindo para levar o personagem para passear de forma mais agradável pela montanha, e quem sabe, sendo até um “quinto esporte” para o jogo. Um helicóptero à disposição para buscar o atleta e deixá-lo conferir os bons lugares da montanha pelo ar também seria bem divertido.

Com este problema, o jogador acaba tendo tendência a desanimar na busca de novos locais para descer. A ideia de Steep é fazer com que o jogador, além de cumprir provas, possa explorar a montanha, com direito a um binóculo, para encontrar novos locais e eventos. Tudo muito bacana, se não fosse a maneira cansativa que o jogo entrega a tal exploração.

Boas ideias, mas que precisam de mais feijão

Mesmo com os problemas assinalados, Steep de longe não é um jogo ruim. Apenas sofre por não entregar suas ideias de maneira adequada, querendo prometer muito ao mesmo tempo, mas entregando tudo de maneira atrapalhada e estranha. O que se inclui o cooperativo que, com a promessa de envolver amigos para explorar juntos a montanha, acaba não entregando muito a se fazer para a jogatina online.

O jogo tem visual bacana, tem ambientação radical bem interessante e a ideia de deixar a montanha livre para exploração é muito legal, mas os controles exigentes, o enorme vazio que a exploração deixa para o jogador e a preocupação exagerada com o fator realista das provas fazem dele um game que ao invés de agregar novos jogadores em potencial, pode é acabar assustando quem curtiu seus vídeos desde a E3 2016 e fazê-los torcerem o nariz para o título.

Steep está disponível para Playstation 4, Xbox One e PC.

Uma resposta para “Análise Arkade: Steep, a estreia da Ubisoft no mundo dos esportes de aventura”

  • 22 de dezembro de 2016 às 16:24 -

    C

  • Imagino que o modo GoPro com óculos de realidade virtual deve ficar muito foda, será que tem suporte?

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