Análise Arkade – Submerged: Hidden Depths, uma sequência com poucas novidades

10 de março de 2022
Análise Arkade - Submerged: Hidden Depths, uma sequência com poucas novidades

Em uma época em que muitos jogos estão enverando para um caminho implacável e punitivo, é bom darmos um tempo no stress e simplesmente curtir uma jornada mais tranquila. E, embora seja um jogo pós-apocalíptico, Submerged: Hidden Depths, entrega exatamente isso: uma experiência serena e contemplativa.

De volta a um mundo decadente

Submerged: Hidden Depths é a continuação direta de Submerged, lançado em 2015 (relembre aqui minha análise dele). E, em muitos aspectos, é também um jogo bastante similar em suas mecânicas e em seu loop de gameplay.

No primeiro jogo, a protagonista, Miku, navegava por uma cidade inundada em busca de suprimentos e remédios para seu irmão, Taku. Aqui, Taku já é um jovem, e Miku segue tendo uma curiosa ligação com as plantas e a natureza que lhe rodeia. Um dom que, no contexto do jogo, é tratado como uma espécie de maldição, um fardo que ela carrega, e que deixa seu imão sempre preocupado.

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A “maldição” da protagonista se manifesta em seu braço

Infelizmente, uma corrupção está se alastrando pelo mundo, colocando o que sobrou dele em perigo. Miku vai, então, usar seu dom para tentar reverter a situação, encontrando e utilizando orbes que devolvem a vida à flora e acabam com os viscos negros que estão tomando conta da paisagem.

O tema “natureza corrompida que precisa ser restaurada” é bastante clichê no mundo dos games, mas o mundo de Submerged: Hidden Depths é interessante, e o jogo tem um “lore” muito misterioso, onde quase nada é explicado diretamente: precisamos encontrar livros e murais antigos para entender um pouco mais daquele universo.

Explorando o mundo

Submerged: Hidden Depths é descrito pelos seus produtores como um jogo de “relaxploration, ou seja, um jogo de exploração relaxante, sem combate, morte, nem outros tipos de perigos.

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Navegar é o cerne do gameplay

E, o jogo segue à risca esta filosofia: seu gameplay tem basicamente dois momentos: a exploração marítima, feita a bordo do barco, e os trechos onde desembarcamos para explorar (e escalar) ruínas a pé.

O mundo aberto do jogo não é enorme, mas é salpicado de pontos de interesse, que você pode (ou não) ir atrás. Usando uma luneta, podemos identificar e marcar tais pontos no mapa, para então navegarmos até lá e explorarmos. De melhorias e “skins” para o barco até livros que aprofundam o lore do jogo, você decide se só quer fazer o estritamente necessário, ou se quer desvendar todos os segredos do jogo.

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Não, isso não são inimigos, mas “estátuas” de pessoas que viraram plantas

Muito do que tem aqui é opcional — e considerando, que este é um jogo sem combate, nem pontos de experiência, level ups, nem nada — fica realmente a seu critério decidir o quanto explorar.

As missões principais, que avançam com a trama, envolvem muitas escaladas e resolução de puzzles — que geralmente tem a ver com a ação de levar a orbe até a flor, para acabar com a corrupção naquela região.

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Miku e uma orbe restauradora

Como a orbe é grande, não podemos carregá-la enquanto escalamos; explorar o cenário em busca de atalhos e formas de transportar a bola de vidro é essencial.

O mesmo “problema” do primeiro jogo

Eu não tenho nada contra jogos pacíficos, que buscam oferecer uma jornada contemplativa ao jogador… mas, Submerged: Hidden Depths tende a se tornar cansativo por conta disso — algo que já acontecia no primeiro game.

Quando pegamos jogos como Journey ou mesmo Sea of Solitude (que tem uma ambientação bem parecida), temos experiências muito mais focadas, com setpieces que ditam o tom da aventura e entregam momentos que fogem da mesmice. E, também são jogos curtos, que duram cerca de 3 horas.

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Submerged: Hidden Depths não faz isso. Ele mantém um mesmo ritmo praticamente do início ao fim, e o fato de ser um jogo de mundo aberto faz com que ele torne-se repetitivo. Não há variação: você sempre vai estar navegando, encontrando pontos de interesse com a luneta e escalando ruínas. O jogo nunca tenta ir além disso.

O fato de não ter nenhum tipo de condição de falha ou morte deixa tudo “certinho demais”. Nas escaladas, não há como cair, nem se machucar. Sempre que estamos a pé, há paredes invisíveis em todo canto, impedindo que a gente sequer “tente” saltar para a morte. Para um jogo de exploração, Submerged: Hidden Depths limita um bocado as possibilidades.

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Cair de lugares altos não é uma opção…

Eu meio que reclamei da mesma coisa lá em 2015, e a verdade é que, como Submerged: Hidden Depths é muito “mais do mesmo”, ele também traz o mesmo problema. Que fique claro: o problema não é a falta de combate, mas o fato do jogo não variar em praticamente nada ao longo de sua duração. Sabe como é: o que é pacífico e seguro demais corre o risco de se tornar chato.

Um belo mundo submerso

Submerged: Hidden Depths não muda muito o que foi apresentado esteticamente no primeiro jogo, mas isso não é uma queixa, uma vez que ambos são muito bem resolvidos esteticamente. O conceito de natureza retomando seu lugar e avançando pelo que outrora era a civilização é algo que me fascina, e eu adoro ver este tipo de realidade em games e filmes — Enslaved está entre os meus jogos favoritos dentro desta temática.

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O mundo do jogo é tão belo quanto misteriosos

A água do jogo é particularmente bonita — especialmente para os padrões de um jogo indie. A movimentação dos personagens tende a ser um pouco desajeitada, mas não é nada que estrague a experiência. A fauna — composta por animais mutantes que parecem feitos de plantas — é mais um exemplo criativo da abordagem única que o jogo dá para um tema “batido”. Aliás, encontrar e catalogar os bichos do game é um dos objetivos secundários mais divertidos que podemos cumprir enquanto exploramos.

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O Photo Mode do jogo rende belos cliques :)

No departamento sonoro, o jogo opta por uma trilha sonora sutil, que está ali mais para preencher o silêncio do que para se sobressair. Não há vozes, mas os sons ambientes fazem um bom trabalho e contribuem com a imersão. O jogo possui menus e legendas em português brasileiro — ocasionalmente as legendas dão uma bugada, algo que deve ser corrigido agora que o jogo foi lançado oficialmente.

Conclusão

Eu gostei do tempo que passei com Submerged: Hidden Depths, porém, ele segue “falhando” nos mesmos pontos em que o primeiro falhava. É normal que sequências de games sejam maiores, mais ousadas, mas o que esta sequência traz é basicamente o que o primeiro jogo já oferecia. Um repeteco de algo que poderia — merecia, na verdade — ser expandido, aprimorado.

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As novidades pontuais — tipo controlar o irmão em alguns pontos, e os puzzles envolvendo as esferas — logo ficam velhas, e a falta de variação de situações ao longo da campanha torna o jogo um pouco cansativo e arrastado.

Porém, é fato que, de vez em quando, tudo o que precisamos é de um jogo pacífico e contemplativo para relaxar depois de um dia estressante de trabalho. Submerged: Hidden Depths sem dúvida é uma boa pedida neste caso… só tenha em mente que ele tende a ser pacífico até demais.

Submerged: Hidden Depths está sendo lançado hoje (10/03), com versões para PC, PS4, PS5 (versão analisada), Xbox One, Xbox Series X|S e Google Stadia.

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