Análise Arkade: The Bug Butcher é a arte de se massacrar insetos gigantes

18 de outubro de 2016

Análise Arkade: The Bug Butcher é a arte de se massacrar insetos gigantes

Uma infestação de insetos gigantes e esquisitos toma conta de uma instalação científica. Quem se deve chamar? The Bug Butcher! Sim, o trocadilho é infame, mas resolve toda a premissa narrativa deste jogo que consegue ser original mesmo usando de vários elementos dos mais clássicos e tradicionais da história dos games. Se você é fã daqueles shooters verticais com navinhas bastante característicos da geração 16 bits, vai se sentir muito bem aqui.

Então você olha as imagens deste post e se pergunta qual seria a relação entre uma coisa e outra. Explico: The Bug Butcher, como bem definiu nosso editor aqui do Arkade Rodrigo Pscheidt, é algo se pode chamar de um vertical shooter 2D arena, onde cada novo nível é um espaço fechado de tiros somente verticais onde o protagonista enfrenta ondas de inimigos que normalmente atacam pelo alto durante um tempo definido.

Análise Arkade: The Bug Butcher é a arte de se massacrar insetos gigantes

Contudo, mesmo que não haja uma evolução espacial, a dinâmica de combate é muito parecida com esses jogos de navinha, tais como Sonic Wings. Afinal, só se atira para cima, ou, para usar um termo que parece mais sofisticado, o combate se dá pelo eixo Y do espaço diegético 2D. Confesso que é um pouco estranho imaginar que não há a possibilidade de se mirar em inimigos nas demais direções, já que afinal Harry, o protagonista, é uma pessoa comum, mas enfim, esse sentimento logo se dissolve quando se imerge na proposta do jogo.

Por mais que eu tente relatar esse formato que em pouco ou nada se assemelha a outros jogos tradicionais de tiro, como Contra ou, para não fugir do tema de insetos assustadores, Militant, sempre vai parecer mais complicado do que realmente é. Melhor do que tentar explicar essa dinâmica é mostrar um vídeo de gameplay que gravamos para ficar um pouco mais claro. Veja só:

A narrativa (ou a não-narrativa)

Sem muitos meandros, a história do jogo se resume a premissa dita acima: Harry é esse cara durão, especialista no controle de insetos, digamos, especiais. Chamado para resolver um probleminha em uma estação espacial científica afastada da civilização, um planetinha chamado Zoit (não perguntem os motivos para alguém resolver ir fazer pesquisas num lugar como esse), ele acaba se deparando com hordas e mais hordas de inimigos dos mais estranhos.

Os espaços fechados onde o protagonista encara seus inimigos no melhor estilo Tropas Estelares (aquele filme subestimado de Paul Verhoven) são locais que os poucos cientistas que sobraram no local precisam acessar para reativar os sistemas de segurança (ou algo do tipo). Assim, enquanto eles trabalham, Harry precisa lidar com um verdadeiro batalhão de criaturas que variam entre aranhas gigantes, carrapatos gordos e abelhas que soltam lasers pelo traseiro. Simples assim.

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O jogo contém ao todo 5 áreas pelas quais nosso herói precisa passar para que os cientistas façam aquilo que devem fazer, cada qual contendo 6 níveis diferentes. Nesse caso, cada uma dessas áreas tem uma temática distinta – há desde locais totalmente industriais até outros tomados por lava e fogo – remetendo a boa e velha organização arcade de mundos e fases dentro de cada mundo. Ainda que não conte com chefões, cada área conta com a já esperada progressão da dificuldade.

Mesmo que em termos narrativos não haja tanta novidade, a desenvolvedora Awfully Nice Studios consegue manter o interesse pela diversão alucinada do tiroteio e até a partir de pequenos diálogos que ocorrem no início de cada nova fase entre o cientista que recebe Harry e que serve, dentro dos padrões da história, como o interlocutor entre o jogador e o contexto de cada novo nível. Um artifício bastante conhecido, mas que funciona bem pela demanda do jogo. Na verdade, só uma desculpa esfarrapada para a matança que vem a seguir.

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Jogabilidade

Em termos práticos, o jogo é bastante simples. Logo a princípio, quando se faz um treinamento com copos de café, fica claro que só é possível atirar para cima, o que pode parecer estranho no começo mas que felizmente acaba sendo de grande ajuda durante a partida que acontece de forma desenfreada e sem muito tempo para pensar e direcionar. Então a direção é somente a forma como você se movimenta pelo cenário. Lembra do Space Invaders? Exatamente a mesma sistemática.

Há o botão de tiro e o botão de um leve dash. E há ainda um para ativar um tipo de ataque especial. Só isso. Ou seja, com um controle do Mega Drive de 3 botões já seria possível jogar The Bug Butcher sem nenhum problema. A variação do formato dos tiros é dada por práticos pop-ups que vão aparecendo conforme se mata as hordas que vão surgindo. Sim, é exatamente como já vimos em outras ocasiões. Sem comandos complexos demais, sem muitas variações, sem muitas estratégias mirabolantes.

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Ao final de cada fase é possível ver o aproveitamento, o cumprimento de certas metas e a pontuação final. Tudo isso contabiliza moedas que podem – e devem – ser usadas na melhoria de novas armas que vão sendo destravadas conforme o avanço do jogador. Ou seja, não é necessário comprar armas. Mas é importante torna-las melhores para as fases mais desafiadoras, principalmente a partir da metade do jogo. Além disso, há algumas perks a serem compradas e a escolha de qual usar é importante para o fechamento do jogo.

Isso porque não é só a agilidade em matar os inimigos sem ser atingido que é fundamental, como também a velocidade, já que há um tempo limite antes que um gás mortífero mate a todos na sala. Isso significa que há um nível de dificuldade no jogo, como já era de se esperar, elevado e crescente, mas não chega a tornar a jornada punitiva demais. É algo bastante equilibrado e que pode ser ajustado pelas opções de dificuldade disponíveis ao jogador.

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Os modos disponíveis não são tão diferentes em si, mas servem bem para dar uma certa longevidade para o game. O principal é o Arcade, com esse avanço dentro de fases e áreas. Já o modo Panic, que pode ser jogado sozinho ou com um segundo player local de forma colaborativa, se apropria basicamente do esquema dos modos de sobrevivência, onde se enfrentam hordas infinitas até a morte. Ambos permitem uma competição online via ranking, mas não há formato de jogo multiplayer infelizmente.

Audiovisual

O estilo artístico tradicional em 2D do jogo é bastante agradável, sem dúvidas. São personagens carismáticos, mesmo cada qual usando uma proteção no rosto. O estilo mais cartunizado — os momentos de diálogo seguem uma linha de HQs e reforçam essa estética — dá ao jogo um tom certo para a situação absurda e o tom adotados. Ainda que trate de insetos e criaturas nojentas, não há um tratamento sisudo como um Dead Space. Na verdade, é quase que o inverso disso.

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Falando dos inimigos, estes apresentam uma variedade boa, mas não tão abrangente assim. Muitas vezes, ao passear pelos mundos, alguns deles só mudam a skin para comportamentos parecidos. Ainda assim, poderia haver mais diferenças e comportamentos mais diferenciados, já que o avanço entre as áreas não parece tão significativo assim em termos de adversários e a dificuldade cresce mais por conta da quantidade do que pela qualidade deles.

Já em termos sonoros, não há um grande destaque individual ou do conjunto, mas também não existe qualquer ponto negativo. Um jogo arcade por excelência, com efeitos sonoros funcionais e que transmitem uma certa identidade para cada um dos inimigos, enquanto todo o resto passa uma sensação de ficção científica, principalmente em se tratando de tiros lasers. Por sua vez, as músicas, verdadeiras batidas eletrônicas, dão bastante dinâmica ao tiroteio desenfreado.

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Aliás, mais particularmente em termos de diálogos, as provocações entre o cientista e Harry são muito bem humoradas. O áudio das falas conta com vozes já clássicas daquele estilo de “língua nenhuma”. Ao mesmo tempo que isso torna o jogo mais universal, é uma pena não haver uma localização em termos de legendas, já que são relativamente poucas falas e a tradução para o português seriam muito bem-vinda para que um público mais amplo pudesse entender as sacadinhas sarcásticas do Harry.

Conclusão

The Bug Butcher é um jogo incrivelmente simples e proporcionalmente divertido. Funciona bem e mesmo o estranhamento imediato de não poder apontar para outras direções passa rapidamente quando a ideia ali colocada fica evidente. Ainda que não seja exatamente fácil, seus níveis de dificuldade se adaptam ao jogador de forma a permitir que desde o mais casual até o do tipo “erro zero” se divirtam e se sintam desafiados.

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Ainda que não se proponha uma grande variedade de missões, tarefas, inimigos ou de jogabilidade, o game tem tudo para manter o interesse e a empolgação por bastante tempo, principalmente para aqueles jogadores que sempre tentam uma pontuação maior, um combo mais longo ou um objetivo extra. Sua campanha é curta e seu modo Panic não é exatamente algo diferente, e a impossibilidade de se jogar multiplayer online pode ser um problema para alguns, mas o fator de diversão descompromissada é o ponto forte do jogo.

The Bug Butcher já está disponível para PCs (via STEAM) há algum tempo e agora chega aos consoles de nova geração. Dentre eles, o Playstation 4 (onde foi testada a versão deste review) e o Xbox One.

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