Análise Arkade – The Signifier: Director’s Cut é um ótimo thriller policial sci fi

20 de maio de 2021
Análise Arkade - The Signifier: Director's Cut é um ótimo thriller policial sci fi

Você já quis saber o que se passava dentro da cabeça de alguém? E se houvesse uma máquina que permitisse isso? E se essa pessoa fosse vítima de assassinato e você fosse o encarregado de saber o que se passava dentro da cabeça dela? Essa é a premissa de The Signifier Director’s Cut, um thriller noir policial em primeira pessoa que flerta com vários elementos de ficção científica. Confira nossa análise!

Nem tudo é o que parece

Logo na primeira cena do jogo, somos apresentados ao famoso quadro surrealista de René MagritteCeci n’est pas une pipe’, ou ‘Isto não é um cachimbo’ que também dá o nome do primeiro capítulo do jogo.

É um início bem apropriado, pois o jogo, assim como o quadro, brinca com esse conceito de que aquilo que enxergamos não é necessariamente a realidade, podendo ser apenas uma representação dela, dentre várias outras interpretações.

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E cabe a você decodificar e compreender o significado disso tudo.

Neste thriller de suspense policial, você joga como Frederick Russell, um especialista em Inteligência Artificial e psicologia que trabalha diretamente com a investigação de crimes, utilizando a tecnologia para ajudá-lo a decifrar casos particularmente complexos.

Russell utiliza usa um aparato especial para auxiliar em sua investigação: o Dreamwalker. Este aparelho, digno de séries de ficção científica, permite que o usuário reviva não só as memórias do indivíduo estudado, como também seus sonhos. Ao fazer isso, é possível investigar o caso através de três formas diferentes, através da própria realidade, no campo Objetivo e também no Subjetivo.

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O Dreamwalker

Investigação diferenciada

É neste ponto que a trama foge do aspecto comum de jogos tradicionais de investigação: assim como em Minority Report, o investigador literalmente entra na cena do crime, permitindo que você explore o local até mesmo horas antes do crime ocorrer.

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Investigando a cena do crime

 Quando você acessa o Dreamwalker, entra em uma versão simulada de como o ambiente estava naquele momento, e cabe a você ser o decodificador das mensagens criptografadas que estão espalhadas pelo cenário. Esta primeira camada é o Estado Objetivo.

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Um exemplo de como é a vista no Estado Objetivo (parabéns para a direção de arte, inclusive)

Após absorver tudo que você considerar importante, é hora de deixar as coisas ainda mais abstratas acionando o Estado Subjetivo. Neste cenário, o aspecto onírico se faz ainda mais presente, com representações um pouco diferentes das coisas. Os objetos ou pessoas que vemos neste modo não necessariamente estavam no mundo real, mas significam algo na cabeça da vítima, permitindo estudar ainda mais a fundo o caso.

Pode parecer meio esquisito, e é ainda mais quando se está jogando, mas posso dar um exemplo de como funciona. Em uma cena parece que a vítima está presa com teias de aranha em sua cama.

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Apesar da vítima ser uma adulta, no modo subjetivo ela se sentia como criança

O próprio Russell já decodifica esta mensagem para nós ao afirmar que a mulher se sentia acuada e presa. A teia simboliza a falta de opções da personagem enquanto vivia aquele momento. 

Terror incidental e puzzles

Não sei se era a intenção original do jogo em assustar nessa parte, mas este suposto lado subjetivo da “mente humana” foi muito bem representado, especialmente ao explorar os medos de uma pessoa. Em alguns momentos me senti desconfortável por estar vivendo aquelas mesmas fobias que a personagem.

São cenas que conseguem transmitir uma verdadeira sensação de horror, ainda que o jogo em si não seja de terror. A mente humana pode conter mistérios de arrepiar os cabelos, sem precisar em nenhum momento apelar para jump scares baratos. Isso é algo que o jogo faz muito bem.

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Mais representações abstratas no estado subjetivo

Quanto a questão de decodificar informações, aí entra o fator humano no jogo. Por mais que o Dreamwalker seja revolucionário em apurar investigações, ele ainda não é perfeito. Em certos momentos do jogo você irá se deparar com “dados brutos”, eles são fragmentos de informação que a máquina não conseguiu decifrar e cabe a você — e à sua capacidade de dedução — adivinhar onde aquela peça se encaixa nesse quebra-cabeça.

Como na imagem abaixo por exemplo, eu demorei muito tempo para descobrir que essa forma esquisita era um relógio (que inicialmente estava localizado na cozinha).

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Demorei mais do que devia para saber que esse relógio se encaixava aí

Mas claro que você não realiza todas essas tarefas sozinho. Se você se encontrar perdido ou sem saber onde investigar ao certo, Evee entra em ação, uma Inteligência Artificial parceira de trabalho. Ela o ajuda o jogador atuando como uma espécie de compiladora dos seus trabalhos e do próprio Dreamwalker.

Apesar do formato do game lembrar muito aquele tipo de série policial em que a cada episódio, um novo mistério é apresentado, em The Signifier a trama gira em torno de apenas um caso — que tem ramificações, mas ainda é um caso único. Se fosse uma série, o caso seria o equivalente a uma temporada completa, como em True Detective, por exemplo.

Conclusão

The Signifier acerta muito em mostrar que nem tudo é tão óbvio quanto parece. Quando seu trabalho envolve diretamente uma investigação policial de assassinato nada pode ser tão simples a ponto de se descartar possibilidades, e é preciso em vários momentos “pensar fora da caixa” para se obter respostas.

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O fato de a qualquer momento na investigação você poder alternar entre um estado Objetivo e Subjetivo é executado tão bem que você realmente se sente como um investigador, que tem à sua disposição uma ferramenta que lhe permite ter outra perspectiva do caso. O Dreamwalker enriquece muito a experiência e é sem dúvida o que destaca The Signifier de outros jogos investigativos.

Se você está a procura de um thriller de investigação policial com críticas éticas e tecnológicas enquanto sente algumas pontadas de terror ao mexer dentro da cabeça de alguém, então The Signifier Director’s Cut sem dúvida é uma ótima pedida!

The Signifier Director’s Cut está disponível apenas para PC. O game conta com menus e legendas em português brasileiro.

Uma resposta para “Análise Arkade – The Signifier: Director’s Cut é um ótimo thriller policial sci fi”

  • 21 de maio de 2021 às 00:10 -

    Helinux

  • Gostei!!!! ta aí um game interessante!!!! valeu

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