Análise Arkade: Triangle Strategy um JRPG estratégico que mistura nostalgia com novas ideias

9 de março de 2022
Análise Arkade: Triangle Strategy um JRPG estratégico que mistura nostalgia com novas ideias

Quando vemos um novo jogo tático, as ligações e comparações com os clássicos do gênero, como Final Fantasy Tactics e Fire Emblem, sao inevitáveis. Triangle Strategy vem passando por isso desde foi anunciado no início de 2021. Felizmente, o jogo tem suas próprias qualidades, como você vai conferir em nossa análise completa!

Usando a nova engine da Square — a mesma usada em Octopath Traveller –, Triangle Strategy é um lindo jogo que mescla o visual 3D em certos efeitos com a beleza nostálgica da pixel art HD-2D. Criado em colaboração entre Square Enix, a Artdink e os criadores de Octopath Traveller, o jogo chega para mostrar a diversidade que a engine é capaz de entregar, sendo familiar para os fãs de FF Tactics ao mesmo tempo em que cria uma história tão boa quanto a dos c´lássicos.

O desenvolvimento do jogo teve nomes como o do diretor Tomoya Asano da Square Enix (que previamente produziu Bravely Default e Octopath Traveller, além de sucessos como Final Fantasy 3 para o Nintendo DS e Final Fantasy 4 Heroes of Light, entre outros jogos. Asano observou a mudança de direção dos JRPGs dos últimos tempos, e o resgate do RPG tático veio de seu desejo de criar um jogo com uma história mais madura e adulta.

História

O jogo se passa no continente fictício de Norzelia onde três reinos, Glenbrook, Aesfrost e Hyzante que buscam continuar a coexistir em paz após a “guerra de Saltiron” um conflito que ocorreu por conta da escassez de recursos como sal e ferro.

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Glenbrook é o reino que controla os rios onde passam as riquezas de troca.

A trégua ocorre durante a guerra, após os líderes de cada nação chegarem ao limite e optarem por evitar a morte de seus povos. Trinta anos se passam, e um novo laço é forjado entre o grande duque de Aesfrot e a casa Wolffort, que é a segunda em poder depois do reino de Glenbrook.

O jogo segue o protagonista, Serenoa Wolffort, seu amigo de infância, o príncipe Roland, a princesa Frederica Aesfrost (noiva de Serenoa), e o mordomo da Casa Wolffort, Benedict, enquanto eles tentam navegar pelo conflito.

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O mundo de Triangle Strategy

O mundo de Norzelia é vasto e rico: podemos ver pelo mapa cada reino e as cidades que fazem parte deles na hora de selecionar a próxima missão. Falando em missões, o jogo sempre oferece marcadores verdes para mostrar uma parte de acontecimentos, o que enriquece e aprofunda a história contada e os conflitos que se desenrolam.

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Norzelia e suas regiões

Quando adentramos as cidades, podemos perceber o contorno do mapa no fundo, como se estivéssemos em uma maquete, que foi colocada sobre um mapa. É possível ver o capricho nos detalhes quando nos atentamos ao fundo do cenário e vemos a água em movimento no próprio mapa.

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Repare como a cidade parece colocada sobre um mapa. Um detalhe interessante.

Jogabilidade

A jogabilidade aqui é estratégica: precisamos analisar o cenário antes de avançar com os personagens, pois até mesmo as condições climáticas podem favorecer o jogador, se ele souber tirar proveito disso.

Por exemplo, há um personagem capaz de invocar chamas. Se o tempo estiver favorável, a magia do personagem tem mais efetividade — o que pode ser vantajoso em momentos nos quais o inimigo está em um local onde o fogo pode se propagar facilmente. Se o tempo e o local forem desfavoráveis, porém, é melhor pensar em outra estratégia e trocar o personagem antes da luta. Certos personagens possuem habilidades de criar caminhos novos, o que ajuda a party a alcançar locais no mapa que lhes concederá vantagens.

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Aqui podemos ver as condições climáticas e assim se aproveitar disso durante a luta.

Considerando que há vários aliados recrutáveis no jogo, cada um com suas respectivas habilidades e características, há muito espaço para experimentação na busca pelo grupo ideal. O segredo é tentar manter a todos no seu grupo e não deixar de conseguir novos aliados ao longo da jornada.

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Suas decisões decidem seu futuro e seus aliados.

Aqui entra em cena um sistema de escolhas, que norteiam a narrativa do jogo e também ajudam os personagens a terem diálogos novos. É comum nos momentos de exploração podermos conversar com NPCs — é importante conversar com todos os personagens que estiverem disponíveis nessas horas, para desenvolver a narrativa, mas também porque podemos achar alguns itens e dinheiro.

Considerando que as escolhas feitas pelo jogador afetam o andamento da história, isso acrescenta um bem-vindo fator replay do jogo: tomando decisões diferentes, você pode ver a história tomar outros rumos, o que leva a resultados e desfechos bem diferentes um do outro.

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Podemos ver o caminho que estamos traçando.

Há momentos no jogo em que temos uma votação para onde prosseguir na história. Dependendo de como você explora as conversas com os seus aliados e fortalece suas relações com eles, aumentam as chances deles serem favoráveis às suas escolhas.

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Em alguns momentos ocorrerá votação para definir o rumo da história.

Acampamento

Um elemento importante de Triangle Strategy é o acampamento: é nele que encontraremos vários dos recursos do jogo como, ferreiro, vendedor de itens e vendedor de itens especiais (já falaremos disso, bem como uma taberna.

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As armas dos personagens são únicas e possuí 3 níveis de força.

No ferreiro, podemos liberar as habilidades passivas de cada personagem em troco de dinheiro e material como ferro, tecido e vários outros insumos que vamos adquirindo conforme jogamos e exploramos o mundo.

O vendedor de itens “comuns” comercializa itens de cura e itens que nos concedem vantagens em batalha, bem como acessórios para equipar nos personagens e outros materiais que nos podem ser úteis.

O vendedor de itens especiais, por sua vez, só aceita um tipo de moeda própria, chamadas de Kudos, que são adquiridosmediante certas condições especiais nas batalhas — ao atacar um inimigo pelas costas, por exemplo. Este comerciante trabalha com itens únicos e importantes, como medalhas de bravura, que são utilizadas nos personagens para aumentar a especialização deles.

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O estoque do vendedor especial também é limitado por capítulos.

E finalmente temos a taberna, onde podemos participar de batalhas com nível pré-definido, nas quais podemos ganhar recompensas como materiais, dinheiro e Kudos para melhorar os personagens. Mais batalhas vão sendo desbloqueadas conforme a história avança e esse local é indispensável para quem quer manter uma party forte e bem equipada para encarar os desafios do jogo.

Audiovisual

A trilha sonora do jogo conta com a ilustre presença de Akira Senju, compositor de várias obras de anime como Fullmetal Achemist Brotherhood e Mobile Suit Gundam. As canções são condizentes com a proposta e muito bonitas.

Visualmente o jogo é um deleite: temos uma mistura de efeitos gráficos “modernos” de iluminação e partículas com a belíssima e nostálgica pixel art, que se unem para criar um jogo artisticamente muito único, que enche os olhos com sua direção de arte primorosa. Quem jogou Octopath Traveller já viu o potencial desta mistura, e quem é da velha guarda sem dúvida vai ficar imaginando como alguns títulos antigos ficariam lindos nessa estética tão rica.

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Os efeitos e detalhes são de cair o queixo de tão belos.

Triangle Strategy tropeça, mas não erra

É fato quemuitas pessoas vão querer comparar Triangle Strategy com Final Fantasy Tactics — e isso é normal. Mas, não devemos deixar que a comparação com um clássico consagrado anule as qualidades e diferenças deste novo jogo.

Por exemplo: Triangle Strategy não possui a principal mecânica do Tactics que é o sistema de mudar as classes. Aqui é definida uma classe para cada personagem, e todos podem aumentar de ranking, mas sempre ficam presos à sua respectiva classe.

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Aqui podemos ver quem faz parte do nosso grupo e a especialização de cada um.

Isso quer dizer que não dá para transformar um Cavaleiro em um Mago, por exemplo. De certa forma isso é triste, mas ao mesmo tempo também é uma vantagem pois incentiva o jogador a querer recrutar e conhecer cada personagem: todos são únicos e agregam algo novo à party, evitando que só os favoritos do jogador fiquem no time o tempo todo. Conhecer todos os heróis e tirar proveito das combinações de suas habilidades é algo que enriquece a experiência.

Conclusão

Triangle Strategy é um JRPG tático em turnos que pega carona na nostalgia de Final Fantasy Tactics, mas não tem medo de inovar, tanto no departamento audiovisual como em suas mecânicas, pois possui diversas formas de abordar os inimigos nas batalhas, algumas bem interessantes e únicas.

A mistura de pixel art com visual moderno rende um jogo belíssimo graficamente, e a história, cheia de personagens interessantes, consegue prender a atenção do jogador do início ao fim.

Em resumo, o que temos aqui é um jogo que até utiliza ideias de seus antecessores, mas não faz disso uma muleta, funcionando como uma releitura do gênero, que aprimora algumas ideias antigas e inventa novos conceitos. E faz tudo isso com qualidade o suficiente para deixar claro que ainda há muito espaço para JRPGs táticos no mundo dos games.

Triangle Strategy foi lançado em 4 de março, exclusivamente para o Nintendo Switch. O game conta com dublagem em inglês e japonês e diversos idiomas para as legendas — japonês, francês, alemão, italiano, espanhol, coreano, chinês e inglês… pois é, infelizmente o jogo não foi localizado para o nosso idioma — e a gente precisa falar mais sobre isso.

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