Análise Arkade: Revisitando o surpreendente Valley, agora no Nintendo Switch

20 de março de 2019

Análise Arkade: Revisitando o surpreendente Valley, agora no Nintendo Switch

Recentemente, Valley — jogo que figurou em nossa lista de Melhores Jogos de 2016 — chegou ao Nintendo Switch. Eu já estava querendo uma desculpa para revisitá-lo e foi um prazer passear pelo belo e misterioso vale que dá titulo ao game.

De volta ao Vale

Para quem não sabe, Valley é um jogo dos mesmos produtores do hit indie Slender: The Arrival, e nos coloca na pele de um explorador que está em busca da LifeSeed, um artefato mágico da natureza capaz de gerar (ou tirar) a vida. Essa busca nos leva até o vale que dá nome ao game, um lugar tão mágico quanto misterioso.

Explorando o vale, encontramos indícios de que o lugar já foi explorado no passado — e o poder da LifeSeed foi usado inclusive para finalidades escusas e bélicas. Os pesquisadores que exploravam o vale eram chamados Pathfinders, e usavam um exo-esqueleto meio steampunk chamado L.E.A.F. Suit para se locomover com velocidade e desenvoltura sobre-humanas.

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A estátua de um Pathfinder

Claro que a gente acaba encontrando uma dessas L.E.A.F. Suits, e é ao entrarmos nela que o jogo se desdobra perante nossos olhos: o que poderia ser mais um walking simulator ganha contornos de jogo de plataforma, abusando de velocidade, momentum e saltos insanos.

L.E.A.F. Suit ainda nos torna quase imortais, mas cobra um preço: sugamos a vida do vale para usufruir da chamada “quantum death”. Ela nos permite ressuscitar, mas mata um pouquinho do vale no processo. Aliás, o final do jogo muda de acordo com “nível de vida” do vale, então não abuse deste recurso — ou lembre de devolver ao vale a vida tomada.

Mobilidade

Algum livro de game design que eu li afirma que “andar não é gameplay”. Logo, é legal quando um estúdio se preocupa em transformar o ato de ir e vir em algo que seja mecanicamente interessante e divertido. Boa parte do que faz Marvel’s Spider-Man ser tão legal é justamente a fluidez com que o personagem se move pela cidade usando suas teias e sua agilidade aracnídea.

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Bordas borradas potencializam a sensação de velocidade

Valley obviamente não vai tão longe, mas ele é um jogo sobre mobilidade, e as possibilidades que a L.E.A.F. Suit agrega neste campo é o seu grande diferencial: é simplesmente uma delícia correr por campos verdejantes, aproveitando o momentum para superar abismos e “sugando” a vida do vale para continuar vivo, ou redistribuindo a energia vital para ressuscitar plantas e animais.

A L.E.A.F. Suit permite que o jogador corra muito rápido e salte muito alto, e conforme avança na campanha, você vai liberando novos recursos para o traje, que ganha um grappling hook e até mesmo a habilidade de andar pelas paredes! Tudo isso torna a exploração em si muito prazerosa, dinâmica e divertida.

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Trechos de plataforma insanos aproveitam o potencial do traje

E aqui aproveito a dualidade que o título “Mobilidade” permite para evidenciar o fator portátil do Switch: Valley é um jogo relativamente longo, com checkpoints escassos e um pouco mal distribuídos. Por conta disso, poder simplesmente botar o console no modo de descanso sem realmente fechar o jogo é uma mão na roda, possibilitando um avanço mais constante.

Audiovisual & Crise de Identidade

O Valley que chegou recentemente ao Switch não ganhou nenhum recurso novo, nem conteúdo extra, nem nada. É o mesmo jogo que já vimos em 2016, adaptado para uma nova plataforma. isso quer dizer que ele traz as qualidades, mas também os problemas que já tinham me incomodado no PS4.

Por exemplo, o jogo roda na engine Unity, o que traz um visual até bem bonito em suas paisagens quando vistas no “macro”, mas que parece datado no detalhe, quando analisamos o “micro”, especialmente em sombras e bordas serrilhadas. O ritmo mais acelerado do jogo permite que a gente ignore boa parte de suas limitações, mas é fato que elas estão lá.

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Por fim, a crise de identidade do jogo é algo que ainda me incomoda um bocado: o jogo começa bastante aberto e ensolarado, mas leva boa parte de sua campanha para túneis apertados e ruínas escuras. Há uma vibe meio Bioshock neste trecho que até é interessante, mas é fato que este é um jogo que funciona melhor ao ar livre, até pelas habilidades do traje exigirem mais espaço para funcionarem.

Conclusão

Valley no Switch não traz nenhuma novidade, mas ainda é um jogo muito bom, com ótimas mecânicas e uma sensação de velocidade e liberdade maravilhosa. E ele ainda combina isso com uma história bacana, que embora tenha um tom de fantasia, aborda temas reais que continuam não só sendo atuais, como também relevantes.

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Dando vida à uma árvore

O Switch é um console que “corre por fora”, e aos poucos vai recebendo jogos bons de outras plataformas, oferecendo com isso novas oportunidades para que mais gente tenha acesso a bons jogos. Sendo assim, Valley ainda é um jogo recomendadíssimo. No Switch, ou na sua plataforma preferida.

Valley chegou ao Nintendo Switch no dia 7 de março. Antes disso, ele já estava disponível para PC, Playstation 4 e Xbox One.

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