Análise Arkade: o surrealismo folclórico e desafiador de Abyss Odyssey (PC, PS3, X360)

16 de agosto de 2014

Análise Arkade: o surrealismo folclórico e desafiador de Abyss Odyssey (PC, PS3, X360)

Abyss Odyssey possui um design extremamente rico e variado. Mas será que o beat’em up chileno acerta em cheio nos seus elementos como um todo? Descubra agora em nossa análise de Abyss Odyssey!

O ACE Team é um estúdio chileno que já está há algum tempo desenvolvendo jogos com visuais surreais que atacam a percepção do jogado tamanha sua vvariedade de formas de se expressar artisticamente.

O antigo Zeno Clash, que parece ser uma das inspirações de Abyss Odyssey, é um dos exemplos de jogos que ficaram conhecidos pelo seu bizarro e impressionante ponto de vista artístico. Como fã, também preciso mencionar Rock of Ages, jogo bizarro e extremamente engraçado que acaba mesclando humor nonsense com seu design incomum para trazer diversão para os que procuram um pouco do lado alternativo nos videogames.

Eis que temos Abyss Odyssey, um beat’em up bem tradicional (para os padrões da ACE Team) que traz uma história sombria e lúgubre o bastante para unificar seu visual tão único quanto bizarro.

Análise Arkade: o surrealismo folclórico e desafiador de Abyss Odyssey (PC, PS3, X360)

Na verdade o surrealismo de Abyss Odyssey acaba infectando todos os seus elementos, desde sua jogabilidade até os personagens, a história e, obviamente, sua direção de arte tanto no design de monstros quanto de cenários.

SINOPSE + PERSONAGENS

Para começar, Abyss Odyssey traz uma premissa simples com ideias inventivas que realmente dão certo, contando a história de uma entidade que surgiu depois de muito tempo e abriu um imenso abismo onde ficam seus maiores pesadelos, com o objetivo de sair do submundo e entrar em uma épica guerra que ocorreu no século XIX em Santiago, no Chile.

Assim recebemos o primeiro (de três) personagem, para adentrar no abismo e encontrar a fonte que está criando todo este caos com seus maiores pesadelos. Katrien é uma esgrimista extremamente ágil que é a personagem perfeita para iniciantes, já que com ela é possível errar pouquíssimos golpes, e pode ter certeza que em Abyss Odyssey todo golpe é valioso!

Análise Arkade: o surrealismo folclórico e desafiador de Abyss Odyssey (PC, PS3, X360)

Mais dois personagens são introduzidos durante o percurso do jogo, sendo eles o Ghost Monk e La Pincoya, ambos com habilidades, arquétipos e poderes bem diversificados entre si. O enredo por trás de cada personagem é muito bem construído: o Ghost Monk por exemplo é um ser sobrenatural que veste um capuz e a única coisa que conseguimos ver na escuridão são almas de diferentes pessoas que morreram no Abismo, fazendo dele personagem desenvolvido na escuridão e lutando contra esta mesma que lhe concebeu.

O estilo de combate de cada um também é bem diferente: enquanto Katrien manuseia uma espada leve, Ghost Monk utiliza uma espada maior de duas mãos e La Pincoya foca em armas brancas com um alcance maior ainda, como lanças. Cada personagem é mais complexo que o outro e consegue dar um grande fator replay, pois o gameplay de cada um é bem diferente.

MECÂNICAS DE JOGO

Na verdade, a mecânica de Abyss Odyssey se define principalmente na ideia de jogá-lo mais de uma vez após o término da primeira jornada. Além dos três personagens que mencionei, o jogo trabalha com cenários gerados randomicamente que (na teoria) nunca irão se repetir, elemento que estamos vendo cada vez mais em jogos que focam no conceito de aleatoriedade, como o promissor No Man’s Sky e jogos com elementos roguelike, como The Binding of Isaac e Daylight.

Infelizmente na realidade o sistema procedural acaba falhando as vezes, entregando fases extremamente similares umas às outras. Embora isso não seja nada que quebre a fluidez do jogo, ainda é valido mencionar esta falha, especialmente por ir contra aquilo que o jogo se propõe a fazer.

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Abyss Odyssey disponibiliza diferentes armas para cada personagem, e equipamentos — como anéis, braceletes e colares — para você equipar seu guerreiro. Ainda é possível utilizar poções e dois tipos de insígnias: a primeira funciona como uma espécie de checkpoint para o jogador, permitindo que ele aparece naquele ponto quando morrer, enquanto vários reforços aparecem para te ajudar durante a batalha.

Já a segunda insígnia é uma habilidade que transforma o jogador em algum inimigo já enfrentado durante a aventura. Nessas horas você pode se tornar um centauro, um demônio ou um monstro aquático ou outro tipo de oponente qualquer, podendo se valer de seus poderes e habilidades especiais enquanto estiver transformado.

Todos estes itens podem ser adquiridos com o ouro arrecadado no jogo ou conseguido com  morte e algum monstro, no melhor estilo Diablo. Na verdade coletar itens durante a aventura acaba tirando o sentido de comprar armas no jogo, pois elas são extremamente caras, sendo bem mais fácil conseguir uma arma boa no meio da pancadaria.

Não é realmente um problema, mas admito que é frustrante gastar mais de 10,000 peças de ouro em uma arma para encontrar uma arma ainda melhor a dois metros, depois de derrotar um inimigo aleatório. Então já fica o macete: simplesmente não gaste seu dinheiro com armas, prefira coletá-las on the run.

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BOAS IDEIAS

Uma adição impressionante a todos estes elementos é o fator da comunidade, sendo o carro-chefe de toda esta empreitada. O conceito se inicia no momento em que o chefe principal é morto por algum jogador: quando isto acontece, sua máscara se quebra e uma nova entidade surge, além de cenários, inimigos e novas dinâmicas recebendo inúmeras novidades.

É um mundo que realmente vive pela atividade dos jogadores e o trabalho em equipe é crucial para que ele continue prosperando em conteúdo. Esta mecânica engenhosa, aliada a todos os outros elementos de Abyss Odyssey faz com que o jogo realmente precise ser jogado mais de uma vez, e o melhor de tudo: ele cria esta experiência tão bem que conseguiu aumentar o meu interesse neste gênero de roguelike, algo que particularmente nunca tive tanta vontade de jogar.

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Outra mecânica interessante que Abyss Odyssey apresenta é o fator de morte: ao invés de ter um número de vidas pré-definidas, o jogo decide dar somente uma chance para que você consiga se salvar. Quando o seu personagem principal morre, um soldado raso surge com o objetivo de encontrar o Altar mais perto do mapa e ressuscitar o personagem caído. Como este soldado é bem mais fraco que os demais, o nível de desafio aumenta consideravelmente, ou seja o ideal é morrer o menos possível com seu herói principal.

Pra te dar uma ajudinha, nessas horas outros soldados controlados pelo computador também aparecem para te dar uma ajudinha. Assim, o soldado raso retorna ao Altar e consegue reviver o personagem principal. Feito isso, tudo volta ao normal, o soldado raso sai de cena e você reassume o controle do seu personagem principal.

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O mapa se divide em três setores: a cidade de Santa Lucia, o Parque Pocuro e por ultimo, a Catedral Sacramentinos. Cada um destes setores é um pilar que começa em diferentes pontos e trazem fases com maiores níveis de dificuldade, com a Catedral Sacramentinos sendo a mais desafiadora.

Durante o caminho todo, duas figuras curiosas aparecem em nosso caminho. Temos o sábio músico, que solta frases filosóficas em troca de 100 peças de ouro (ouvir estas  frases gera 100 pontos de experiência). O segundo personagem merece um pouco mais de atenção: um demônio dono de uma vasta cabeleira que traja um estiloso terno e carrega um icônico violino, que nos brinda com músicas melódicas e desesperadoras.

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Este ser que estamos falando é nada mais e nada menos de Niccolò Paganini, um dos músicos mais virtuosos de sua época, que inspirou vários artistas em seu tempo, como Frédéric Chopin e famosos guitarristas contemporâneos, incluindo Steve Vai e Yngwie Malmsteen.

Porém a história de vida de Paganini não é um mar de rosas: rolam muitos boatos de que o violinista fizera um pacto com o Diabo para atingir sua impressionante habilidade como músico. O que deixa tudo mais interessante é que certos pergaminhos encontrados pelo jogo explicam a fábula de Paganini, desenvolvendo o conto de um jeito que gera muita antecipação em relação ao encontro com o demônio violinista.

Este pequeno exemplo que contei é somente uma das várias maneiras que mostram o carinho com que os desenvolvedores trataram tanto o folclore chileno (lembre-se: o ACE Team é chileno) quanto de outros lugares do mundo dentro de Abyss Odyssey, tornando o jogo extremamente rico culturalmente.

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O ACE Team trabalhou muito bem na Art Noveau que Abyss Odyssey implementa, desde os soldados com traços mais limpos, personagens deslumbrantes, cenários surreais e inimigos com um design inventivo e original. A trilha sonora possui uma pegada meio fúnebre, criando uma complementação perfeita ao jogo, misturando uma direção de arte estilosa com uma trilha sonora diferenciada com sonora.

JOGABILIDADE

A jogabilidade de Abyss Odyssey remete aos beat’em ups mais tradicionais e acaba decidindo por não inovar no gênero com a intenção de trazer uma experiência simples, porém completa. Dito isso, Abyss Odyssey consegue ser um dos jogos mais técnicos que joguei até hoje, se inspirando muito na forma que Dark Souls apresenta sua jogabilidade, com o timing para cada movimento sendo a chave do sucesso, seja se esquivando de um golpe, seja se preparando para um contra-ataque ou utilizando alguma habilidade especial.

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Apesar de ser bem fluida nos consoles, os usuários de teclado e mouse não recebem o mesmo tratamento. O problema é que o jogo não tem um suporte completo ao teclado, dando comandos para um controle de Xbox 360, deixando para o jogador a chata missão de adivinhar e se acostumar com a configuração zoada dos controles.

Se você planeja jogar Abyss Odyssey no PC e não tem um controle disponível prepare-se para encontrar um pouco de frustração no começo e até desistir quando topar com um boss excepcionalmente difícil. A minha dica para todos que se encontrarem nesta mesma situação é aguentar e ter a persistência… ou descolar um controle para poder jogar sem tanta dor de cabeça.

CONCLUSÃO

Abyss Odyssey é um jogo competente e extremamente original em sua direção artística, além de ter uma trilha sonora bem feita e uma jogabilidade tão desafiadora quanto satisfatória. Ele pode apresentar alguns problemas para os usuários do teclado, mas nada que um pouco de persistência não resolva.

No fim das contas, Abyss Odyssey é um jogo que vale a pena ser experimentado tanto pelo seu lado estético quanto pelo seu rico universo folclórico, com personagens como Paganini, que sem dúvida é um dos personagens mais estilosos que pintou no mundo dos games nos últimos tempos.

Agora é esperar para ver qual será a próxima piração surreal da ACE Team. Enquanto isso, vamos continuar lutando de novo e de novo ao lado da comunidade para desvendar os maiores mistérios de Abyss Odyssey!

Abyss Odyssey foi lançado no dia 15 de julho e está disponível para PC, Playstation 3 e Xbox 360.

2 Respostas para “Análise Arkade: o surrealismo folclórico e desafiador de Abyss Odyssey (PC, PS3, X360)”

  • 16 de agosto de 2014 às 13:08 -

    Raphael Cabrera

  • Bem interessante! Vou jogar

  • 16 de agosto de 2014 às 16:15 -

    megapikachu

  • olha eu sou novo eu sei que ta fora do assunto mais o P.T que significa do novo silent hill e portable trailer(eu acho que se escreve assim) rs

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