Análise Arkade: Ayo the Clown, um joguinho de plataforma 2.5D sem novidades

7 de agosto de 2021
Análise Arkade: Ayo the Clown, um joguinho de plataforma 2.5D sem novidades

Se tem um gênero que atravessa gerações, é o jogo de plataforma. Mario já está há mais de 35 anos pulando na cabeça de goombas, e, depois de instáveis jogos de plataforma 3D, o 2D retrô (ou o “desenhado à mão”) e o 2.5D ganharam força e injetaram um gás neste tipo de jogo.

Como alguém que cresceu com as gerações de 8 e 16-bits, tenho um carinho muito especial por jogos de plataforma em geral, e isso sempre me deixa animado para cobrir novos títulos do gênero. As vezes tenho excelentes surpresas. Em outros casos, joguinhos que até são simpáticos e esforçados, mas que não se destacam nem ficam na memória. Infelizmente, Ayo the Clown pertence ao segundo grupo.

Ayo the Clown é o mais novo jogo de plataforma 2.5D do mercado. Lançado esta semana para PC e Nintendo Switch, este indie game de visual um tanto infantil nos apresenta a um palhacinho que vai sair em uma aventura para encontrar seu cãozinho desaparecido.

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A história do jogo é super simples e direta ao ponto, mas ganha pontos por ser apresentada na forma de simpáticas ilustrações, acompanhadas de uma locução que, dado o estilo do jogo, poderia ser mais alegre. Não é necessariamente ruim, mas não combina com a vibe do game, saca?

Um passo de cada vez

Ayo the Clown não tenta reinventar a roda em nenhum momento: ele é um jogo de progressão lateral e plataforma 2.5D que respeita as regras do gênero e aposta na simplicidade. Nada de fases musicais como em Rayman, nem da dificuldade quase masoquista de Super Meat Boy. O que temos aqui é um jogo que se atém ao básico, ao arroz com feijão do gênero plataforma, sem exagerar no nível do desafio.

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Isso não é necessariamente um problema, uma vez que torna a experiência acessível mesmo para quem ainda não tem as mãos calejadas pelos anos de jogatina — e que deve ser parte do público-alvo do game, se considerarmos o visual fofinho e o fato do protagonista ser um palhacinho.

O que o jogo faz de mais “diferente” é transformar mesmo as convenções mais tradicionais do gênero em habilidades desbloqueáveis. Na primeira fase do jogo, sequer podemos pular — precisamos, antes, recuperar nossos “sapatos especiais” que nos permitem fazer isso. Em certas fases, vamos conhecer NPCs que nos pedirão para ajudá-los em troca de alguma nova habilidade.

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A fórmula se repete ao longo do jogo: após algumas fases, vamos ganhar um balão, que nos permite planar por alguns segundos. Mais tarde, ajudamos uma fadinha e ganhamos a habilidade de escalar (cipós, grades, etc.), ou a “bundada” capaz de quebrar certos pisos. Conforme faz boas ações, o palhacinho vai realmente tornando-se mais capaz ao longo da jornada.

Isso funciona no contexto do jogo, mas, se analisarmos o gênero como um todo, é um pouco estranho: personagens como o Mario, por exemplo, podem fazer desde a primeira fase praticamente tudo o que o Ayo vai aprendendo a fazer ao longo de sua jornada.

Veículos e colecionáveis

Para mudar um pouco a cadência do jogo, ocasionalmente poderemos pilotar tanques e helicópteros em trechos específicos da campanha. Também podemos colear espadas de madeira, balões de água e outras “armas”, que acabam não sendo tão úteis assim, uma vez que pular na cabeça dos inimigos é uma forma muito mais orgânica de acabar com eles.

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Ayo em seu tanque

O jogo conta com 30 fases, que são divididas em áreas temáticas (praia, bosque, fazenda, parque) com inimigos e ambientações próprios. Ao final de cada área, uma boss battle nos aguarda. Nessas horas, basta seguir aquela boa e velha fórmula: assimile os padrões de ataque inimigos e aguarde uma brecha para atacar.

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Se Mario coleta moedas e Sonic, anéis, nosso amigo Ayo coleciona pedras preciosas. mas não é só isso: cada fase também conta com pirulitos e ursinhos de pelúcia escondidos. Encontrar tudo (ou não) afeta o seu placar ao final da fase.

Audiovisual

Ayo the Clown é um jogo de visual simples, mas colorido, simpático e bem executado. Eu não sou o público-alvo dele, mas imagino que a criançada vai curtir. Certos detalhes temáticos são especialmente charmosos: os checkpoints, por exemplo, são mecanismos que enfiam uma torta na cara do protagonista. Já o fim das fases é um picadeiro de circo, onde Ayo faz algo bem “circense”, tipo malabarismo.

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Algumas plataformas são bem… pitorescas

Tal qual a locução, as músicas do game também careciam de uma injeção de ânimo. Elas não são ruins, mas nem sempre combinam com o jogo, soando um pouco lúgubres diante do festival de cores que o jogo entrega.

Joguei a versão Nintendo Switch, que roda muito bem, mesmo em modo portátil, com loadings breves e nenhum engasgo. O bug mais “grave” que identifiquei foram alguns balões de fala vazando para fora da tela, mas isso não é tão grave assim.

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Tipo assim

E já que falamos em balões de fala, é válido ressaltar que o jogo foi localizado para o nosso idioma. Não que haja uma grande narrativa sendo desenvolvida, mas né? As legendas em português pelo menos vão ajudar a criançada a entender a historinha que vai se desenrolando entre as fases.

Conclusão

Ayo the Clown é um joguinho de plataforma simpático e competente, mas que não consegue realmente se destacar. Ele é muito “comum”, não há nada que seja realmente inovador ou memorável em sua execução.

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Isso não faz dele um jogo ruim, mas sem dúvida ajuda a torná-lo um jogo “esquecível”. Daqui a algumas semanas, eu provavelmente nem vou lembrar mais dele — mas ainda lembro dos melhores momentos de Sonic 2, por exemplo, e vira e mexe me pego assobiando algumas músicas dele.

Falta esse tipo de ingrediente em Ayo: uma música mais grudenta, um tipo de power up único, uma habilidade muito específica. O jogador lembra dessas coisas. Mas, se o jogo se limita a fazer o básico, ele acaba sendo apenas genérico. Falta identidade, algo que se destaque. Curiosamente, há poucos meses tivemos outro jogo nessa linha: Stitchy in Tooki Trouble, que trazia visual fofinho, baixo nível de desafio, e um protagonista totalmente desprovido de carisma.

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Mais um exemplo de plataforma pitoresca

Em um ano que nos brindou com algo nostalgicamente excelente — e brasileiro — como Kaze and the Wild Masks, fica difícil recomendar Ayo the Clown. Plataforma é um gênero cheio de clássicos, o que quer dizer que simplesmente existem opções melhores no mercado para você gastar seu dinheiro.

Ayo the Clown está disponível para PC e Nintendo Switch. O game possui menus e legendas em português brasileiro.

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