Análise Arkade: Battlefield 2042 diverte, mas é cheio de problemas

3 de dezembro de 2021
Análise Arkade: Battlefield 2042 diverte, mas é cheio de problemas

O novo game da franquia Battlefield finalmente foi lançado após a decisão de seguir 100% no modelo multiplayer, deixando as tradicionais campanhas single player de lado. Dessa vez deixando as guerras do passado de lado e imaginando um futuro próximo em Battlefield 2042.

Mas será que a decisão de descartar a campanha para focar em sua experiência online realmente deu certo? Pois é isso que vamos discutir nessa análise completa!

Tirar as campanhas foi um erro? Sim, foi.

Análise Arkade: Battlefield 2042 diverte, mas é cheio de problemas

Battlefield sempre existiu como uma franquia com foco no multiplayer, mas pelo menos na maioria de seus games ofereceu memoráveis campanhas single player. E foi assim com os últimos games da série, Battlefield 1 e Battlefield V.

Mas em Battlefield 2042, a DICE e a EA decidiram deixar as campanhas single player de lado para que a equipe de produção pudesse empregar todo o seu foco e trabalho em criar uma experiência multiplayer robusta e completa, principalmente aproveitando-se do poder dos consoles da nova geração.

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No entanto, não foi isso o que aconteceu. O lançamento de Battlefield 2042 foi bem desastroso. A falta de uma campanha single player faz muita falta ao nos depararmos com um game que não oferece assim tanto conteúdo multiplayer quanto parece.

Falando especificamente do single player, sempre foi consenso de que serviam ferramentas para ensinar os jogadores como os controles do game funcionam, como cada arma e veículo se comporta, como são as habilidades das diferentes classes de personagens e etc. Além de oferecerem histórias interessantes e missões divertidas. Em resumo, eram apenas uma introdução para o que realmente importava, o multiplayer.

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O máximo que temos aqui é uma cutscene inicial que explica o cenário futurista em que as batalhas do game ocorrem. Num futuro próximo, a sociedade entrou em colapso devido a crises políticas, guerras, destruição do meio ambiente, doenças e etc. Com isso, apenas duas mega-nações sobraram: Os Estados Unidos e a Rússia, que como você já deve imaginar, estão lutando entre si para controlar o mundo inteiro.

O resto dos países, que deixaram de existir, tornaram-se uma gigantesca zona abandonada, e todos os que viviam nesses outros países tornaram-se os Sem Pátria, que são explorados violentamente pelas duas mega-nações, e travam uma guerra por sua própria existência e identidade, atacando ambos os lados em inúmeras guerras por todo o mundo. O estranho é que na hora do tiroteio de fato, há sempre apenas duas equipes: Estados Unidos e Rússia, usando os Sem Pátria como soldados mercenários.

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Em Battlefield 2042, assim que o game é iniciado pela primeira vez, o jogador é inserido automaticamente numa partida com bots. Essa é a introdução de como o game funciona. Você é jogado no campo de batalha e deve descobrir como jogar por conta própria.

A falta ou a presença de tutoriais não é o ponto de reclamação aqui, apesar de sim ser parte dela. Mas o game não oferece muito bem uma “curva de aprendizado”, o máximo que você pode fazer, por exemplo, é jogar mais partidas com bots e experimentar cada classe, arma e veículo até entender como cada uma funciona e se habituar com os controles, criando assim seu próprio estilo de jogo.

E fora as partidas com bots, o resto são os modos multiplayer do game, com três modos principais: Conquista, Ruptura e Hazard Zone. E outros modos extras dentro do recurso de criação de partidas chamado Battlefield Portal. Vamos falar um pouco de cada um desses modos a seguir.

As combinações de equipamentos e classes de personagens

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O game oferece vários personagens diferentes com seus próprios sets de habilidades únicas. Há por exemplo personagens com foco em defesa, com um possuindo um escudo próprio que o protege de tiros de armas leves, ou outro que pode criar barreiras instantaneamente.

Há um personagem com um drone que pode marcar inimigos e desabilitar veículos e dispositivos eletrônicos, outro que possui uma torreta automática, que atira automaticamente em qualquer inimigo em sua linha de fogo. Cada personagem tem sua utilidade, com todos sendo muito úteis para ajudar seu time nas batalhas.

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Aliado a isso, há os conjuntos de equipamentos, divididos em quatro tipos: Assalto, Engenheiro, Médico e Sniper. Os equipamentos contém suas armas e itens para usar em batalha, como itens arremessáveis, itens de utilidades diversas e etc.

Você ainda pode customizar esses conjuntos ou criar conjuntos próprios, dessa forma, há muitas combinações para que você possa criar seu próprio estilo de jogo. Eu, por exemplo, gosto de jogar com a personagem médica, que possui uma pistola de cura, capaz de curar aliados e a si mesma. Usando ela e o conjunto médico, que inclui uma caixa de cura, que ao ser jogada no chão, cura automaticamente aliados próximos, é possível jogar com uma classe médica incrivelmente útil.

Ou usar o conjunto de sniper com um personagem de assalto com um grapling hook, assim, posso acessar locais altos com muita facilidade, criando pontos de vantagem para abater inimigos de longe.

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Há ainda as customizações de armas. Ao jogar mais e mais com cada arma, você desbloqueia suas modificações, com novas miras, pentes de munição, canos e canos inferiores. Você pode equipar três de cada em suas armas, podendo alternar entre eles diretamente nas partidas. Por exemplo, você pode usar uma AK-47 com mira de reflexo para inimigos próximos, e ao apertar um botão, trocar para uma mira com zoom x4 para usar a arma como rifle sniper e atacar inimigos distantes. Podendo equipar um apoio de mão para maior estabilidade e trocar por uma lanterna que cega inimigos.

Isso torna a customização de personagens, equipamentos e até mesmo estilo de jogo muito mais aberto. Você pode criar todo tipo de personagem diferente, como equipar um personagem com equipamento para destruir veículos, criar um personagem focado em cura, outro focado em flanquear inimigos e sabotá-los, etc.

Os “muitos” e “poucos” modos multiplayer

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Como já dito, os modos de jogo de Battlefield 2042 não são muitos. Vamos comentar um pouco sobre cada um deles, começando pelo modo mais tradicional: Conquista.

Nesse modo, dois times se enfrentam em mapas imensos, com o objetivo de assegurar pontos de conquista. A cada ponto conquistado, o time inimigo perde uma quantia de reforços (que é a quantidade total de respawns de jogadores), e o time que ficar sem reforços, perde.

Depois, temos o modo Ruptura. Nesse modo, um time deve defender uma sequência de áreas, enquanto o outro tenta conquistá-las. O objetivo da equipe atacante é conquistar todo o mapa, encurralando a equipe defensora.

É importante mencionar que os modos multiplayer contam com um total de 64 jogadores no Playstation 4 e Xbox One e 128 jogadores no PC, Playstation 5 e Xbox Series X/S.

Esses são os dois modos principais e mais tradicionais de jogo que Battlefield 2042 oferece. E o novo modo adicionado, que muda a fórmula de um jeito bem interessante é o Hazard Mode. Nesse modo, uma equipe deve coletar drives de informações espalhados pelo mapa, mas sem saber onde estão. A maioria está em satélites que caíram em solo, outros podem estar escondidos em caixas e até em posse da equipe inimiga, que deve impedir que esses dados sejam coletados.

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Infelizmente, durante todo o tempo que joguei o game para a escrita dessa análise, não consegui jogar o modo Hazard Mode nem uma única vez. Não sei porque não foi possível. Certamente não foi problema com a minha internet, pois todos os outros modos de jogo funcionam normalmente.

Toda vez que tentei jogar o Hazard Mode, eu era enviado para um lobby para esperar mais jogadores até juntar a quantia necessária. Minha equipe sempre era fechada (cada equipe tem 4 jogadores) bem rápido, mas ainda assim eu permanecia nesse lobby, com jogadores desistindo da partida, outros entrando, mas sem nunca a partida finalmente começar, até que eu era expulso do Lobby pro excesso de tempo de espera.

Infelizmente, não fui capaz de jogar o principal novo modo que o game oferece até hoje e não faço ideia do porquê. Essa review foi escrita com base na versão de Playstation 4 do game, ou seja, eu já estava jogando a versão que monta partidas com quantidades menores de jogadores, e mesmo assim, os únicos modos que pude jogar foram o Conquista, Ruptura e os diversos modos customizados.

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Os modos customizados são divididos em dois tipos, o primeiro conta com missões clássicas da franquia Battlefield, que traz de volta vários mapas clássicos de Battlefield 3, Bad Company 2 e Battlefield 1942. E o outro tipo são partidas totalmente customizadas pelos jogadores.

Aqui, enfrentei o mesmo problema do Hazard Mode nas partidas oficiais com os mapas clássicos. Cheguei a entrar em vários deles, estando completamente sozinho, sem nenhum outro jogador presente. Já as criações dos jogadores possuem partidas muito divertidas, de todos os tipos, com partidas em que você deve matar jogadores específicos, em que todos só usam facas, ou com diversas regras inusitadas e divertidas.

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Essas partidas são criadas pelo Battlefield Portal, um modo de criação de partidas que, curiosamente, não está dentro de Battlefield 2042. Ao abrir esse menu no game, um QR Code é apresentado, para que o jogador acesse, via smartphone ou computador, um site para a criação dessas partidas. Nesse site, você escolhe a rotação de mapas que deseja jogar, número de jogadores, armas e veículos disponíveis, bem como as regras de jogo. Criar partidas é algo bastante complexo, mas gera criações da comunidade realmente impressionantes.

No entanto, o game não tem um “balanceamento” de conteúdo muito bom. São apenas três modos de jogo oficiais, mais algumas missões clássicas e as várias criações da comunidade. A ausência de uma campanha single player fica ainda mais visível quando se coloca os conteúdos disponíveis na balança. E além disso, há a quantidade absurda de bugs presente em todos os modos de jogo.

Bugs, muitos bugs

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O que mais se destacou em Battlefield 2042 foram seus bugs, que afetam tanto o gameplay como a parte audiovisual, principalmente esta última. Dessa forma, é mais fácil falar disso se primeiro falarmos de seu visual e sistema de áudio.

Battlefield 2042 é um game bonito, mesmo ao se jogar nos consoles da geração passada. Os mapas do game são imensos, com ótimos sistemas de iluminação e partículas, principalmente fogo e elementos destrutíveis do cenário.

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Entre os diferentes mapas, temos cenários dos mais variados tipos, de cidades engolidas por tempestades de areia, bases no meio das montanhas congeladas do ártico, um porto no meio de uma tempestade, uma plataforma de lançamento de foguete e etc.

Todos os mapas possuem variações climáticas que alteram completamente o jogo. No porto e na plataforma de lançamento, por exemplo, uma tempestade escurece todo o céu e um imenso furacão atravessa o mapa engolindo tudo por onde passa, inclusive veículos e jogadores, que saem voando pelo ar (mas podem sobreviver com paraquedas).

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Na parte sonora, o nível de qualidade segue alto, os sons de tiros são bem realistas, sendo ouvidos a distância, mostrando o quão distante e em que direção as batalhas estão acontecendo, assim como os sons de explosões e veículos. Tudo é muito bem feito. E há ainda localização completa, em vozes e textos, em português brasileiro, deixando tudo muito mais acessível.

Dito isso, é hora de falar dos bugs, e há muitos deles aqui. A começar pelos bugs visuais. O game leva muito, muito tempo para renderizar cenários e personagens. Inclusive nos menus de seleção de partidas! Quando as partidas começam, os cenários aparecem em baixa resolução, com o personagens aparecendo em modelos poligonais bem “crus”.

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Além disso, pelo menos no Playstation 4, a contagem de FPS oscila bastante até que tudo seja renderizado corretamente. Talvez haja um pouco de culpa de lag, pois minha internet está longe de ser das melhores, mas novamente, outros games online que eu jogo não sofrem tanto assim, inclusive outros Battlefields.

Em termos de gameplay, há muitos objetos que não tiveram colisões programadas, especialmente prédios, permitindo que os jogadores simplesmente atravesse-os. Inclusive, há um bug relacionado a veículos que, quando um jogador é morto dentro de um carro ou tanque de guerra, começa a cair infinitamente abaixo do cenário, felizmente com um respawn relativamente rápido após isso.

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Há um problema já reconhecido, que a EA e a DICE já estão trabalhando, relacionado a trajetória dos tiros de armas automáticas, com os tiros indo para todos os lados, exceto para onde deveriam. Isso torna muito difícil matar inimigos, mesmo próximos. Eu experienciei esse bug em poucos momentos, literalmente descarregando pentes inteiros em inimigos a curta e média distância, causando um dano ínfimo ou dano nenhum. O mesmo com tiros únicos, que por algum motivo, apesar de ter o indicador visual de acerto, não causavam quase nada de dano. E o mesmo aconteceu comigo ao levar tiros. Em certos momentos foi alvo de um verdadeiro tiroteio, quase não perdendo vida, mas sem saber exatamente o porquê.

Isso aliado a outros bugs variados, como personagens que ficam travados no mapa mesmo após morrerem, problemas de conexão (como eu nunca ter conseguido conectar em uma partida do Hazard Mode), bugs com as armas e etc, tornam a experiência geral do game muito comprometida.

Algo que não é um bug, mas atrapalha muito, é que não é possível abrir a lista de jogadores nas partidas. Dessa forma, não é mesmo possível ver o seu próprio desempenho no game. Você não consegue ver sua contagem de abates/mortes, os nomes dos jogadores do seu time (somente os da sua equipe), a pontuação geral de cada um, nada. Pode não parecer muita coisa, mas eu pessoalmente senti falta dessa mecânica, que é comum em praticamente todo shooter e game online.

Conclusão

Análise Arkade: Battlefield 2042 diverte, mas é cheio de problemas

Se você já leu minhas outras análises aqui na Arkade, então certamente já percebeu que eu tendo a não bater o martelo em definitivo sobre os games analisados. Mesmo os games que critico duramente, eu evidencio seus pontos positivos, afinal algo que eu não goste pode ser do gosto de outras pessoas, e vice versa.

No entanto, o estado de Battlefield 2042 é muito complicado para se defender. O game é divertido? Sim, ele é. Seu modo online robusto oferece horas e horas de diversão e desafio com outros jogadores ao redor do mundo e até de outras plataformas através do crossplay. Porém, o conteúdo oferecido parece não compensar a remoção de uma campanha single player.

E a quantidade absurda de bugs compromete severamente a experiência total. A EA já declarou que está trabalhando para melhorar o game, mas o ponto principal é: Battlefield 2042 não recebeu um modo single-player para que o estúdio focasse 100% no online, e o resultado final foi muito aquém do esperado. Esse sacrifício, no fim das contas, acabou não compensando, fazendo o game receber notas baixíssimas dos jogadores.

Mas ainda há salvação, se os bugs forem corrigidos e especialmente se novos conteúdos forem adicionados ao game, com mais modos de jogo oficiais, por exemplo. Felizmente, as partidas criadas por jogadores oferecem um potencial quase ilimitado ao game, mas também mostram como o conteúdo base parece ser bem menor do que realmente é oferecido. Pelo menos, foi essa a impressão que eu tive jogando.

Battlefield 2042 foi lançado no dia 19 de novembro com versões para PC, Playstation 4, Playstation 5, Xbox One e Xbox Series X/S.

Uma resposta para “Análise Arkade: Battlefield 2042 diverte, mas é cheio de problemas”

  • 6 de dezembro de 2021 às 21:46 -

    Alan Bitencourt da Silva

  • Eu nem perco o meu tempo para dá atenção para essa franquia.

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