Análise Arkade: Capcom Arcade Stadium reúne 32 clássicos dos fliperamas

11 de março de 2021
Análise Arkade: Capcom Arcade Stadium reúne 32 clássicos dos fliperamas

Fliperamas foram uma parte muito importante da minha “formação” gamer, lá nos anos 90. Isso pode parecer louco para a molecada que já nasceu com smartphones nas mãos, mas havia um tempo em que o videogame que tínhamos em casa era MENOS potente do que as “máquinas de diversão” que existiam em casas de fliperamas, shoppings e bares.

Algumas das empresas que estão até hoje entre as mais célebres da indústria, lançaram alguns jogos extremamente clássicos para os arcades — e, posteriormente, adaptando alguns deles para consoles.

A Capcom foi uma dessas empresas: muito antes de lançar franquias gigantes como Resident Evil e Monster Hunter, a empresa foi responsável por alguns dos maiores clássicos de luta 2D, dos shoot ‘em ups e dos beat ‘em up, e lançou diversas pérolas nas décadas 80 e 90.

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A interface parece aqueles antros de fliperama japoneses

Na coletânea Capcom Arcade Stadium, a empresa revira seu próprio baú, e revisita muitos desses jogos antológicos de seu acervo. Infelizmente, porém, certas ausências deixam buracos consideráveis em um pacote que é bom, mas soa bastante incompleto.

32 clássicos (ou quase isso)

A Capcom Arcade Stadium é comercializada de duas formas: há um pacote “tudo em um” que traz de uma tacada só os 32 títulos, e há também pacotes com 10 jogos cada, que representam “diferentes eras da história da Capcom nos arcades”.

Os títulos presentes em cada pack são os seguintes:

Dawn of the Arcade (1984–1988)

  • Vulgus (1984)
  • Pirate Ship Higemaru (1984)
  • 1942 (1984)
  • Commando (1985)
  • Section Z (1985)
  • Trojan (1986)
  • Legendary Wings (1986)
  • Bionic Commando (1987)
  • Forgotten Worlds (1988)
  • Ghouls ‘n Ghosts (1988)
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Bionic Commando

Arcade Revolution (1989–1992)

  • Strider (1989)
  • Dynasty Wars (1989)
  • Final Fight (1989)
  • 1941: Counter Attack (1990)
  • Mercs (1990)
  • Mega Twins (1990)
  • Carrier Air Wing (1990)
  • Street Fighter II (1991)
  • Captain Commando (1991)
  • Varth: Operation Thunderstorm (1992)
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Captain Commando

Arcade Evolution (1992–2001)

  • Warriors of Fate (1992)
  • Street Fighter II Turbo: Hyper Fighting (1992)
  • Super Street Fighter II Turbo (1994)
  • Armored Warriors (1994)
  • Cyberbots: Full Metal Madness (1995)
  • 19XX: The War Against Destiny (1995)
  • Battle Circuit (1997)
  • Giga Wing (1999)
  • 1944: The Loop Master (2000)
  • Progear (2001)
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Cyberbots

Extras

  • 1943: The Battle of Midway (1987)
  • Ghosts ‘n Goblins (1985)

Alguns dos títulos que compõem esta lista são clássicos absolutos, como Street Fighter II (que chega em 3 versões), Final Fight, Captain Commando, Strider e Ghouls ‘n Ghosts.

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Confesso que nunca havia jogado Pirate Ship Higemaru antes

Outros, talvez até sejam um tanto quanto desconhecidos do grande público. Falo de jogos como Pirate Ship Higemaru (imagem acima), por exemplo, um joguinho de labirinto com temática pirata que parece um tanto “avulso” dentro do catálogo da empresa.

Qualidade de vida

Todo o acervo desta coletânea é, obviamente, oriundo dos fliperamas, ou seja, originalmente eles foram pensados para serem “papa-fichas”, e arrancar o dinheiro dos jogadores, uma ficha de cada vez. Zerar um jogo de fliperama era impraticável para a maioria de nós, simplesmente porque o número limitado de fichas que tínhamos nos fazia querer experimentar vários jogos, e não apostar todas as fichas em um jogo só.

Essa tática predatória de fichas foi deixada de lado conforme esses jogos chegavam aos emuladores, e, tal qual outras coletâneas, a Capcom aproveitou muitos recursos típicos de emuladores nesta sua Capcom Arcade Stadium.

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Final Fight

Por exemplo: você pode “rebobinar” a ação de qualquer jogo, para evitar aquele golpe fatal. Outro recurso interessante é desacelerar ou acelerar a reprodução dos games, uma “trapaça” engenhosa para superar trechos particularmente caóticos… ou masterizar suas habilidades em ritmo acelerado.

Confira um pouco desses recursos em prática:

Outros mimos típicos de emuladores que estão presentes aqui incluem a criação de save states a qualquer momento, aplicar filtros de imagem e decidir se quer jogar com bordas ou não (em alguns casos, pode-se jogar com aspect radio esticado).

A apresentação do jogo é bastante charmosa, recriando uma “sala de fliperamas” 3D — feita com a RE Engine — pela qual podemos transitar, e as bordas customizáveis recriam as laterais dos arcades reais, tornando a experiência ainda mais autêntica. Para iniciar cada jogo, devemos inserir uma ficha (virtual) no gabinete, um detalhe simples, mas que agrega valor nostálgico ao conteúdo.

Por fim, quem jogou fliperama deve lembrar das telas de high score, que imortalizavam nossas iniciais caso alcançássemos uma pontuação alta. A Capcom Arcade Stadium traz um pouco desse feeling, com leaderboards online e Desafios por Tempo e por Pontuação, que dão visibilidade aos melhores players, e um sistema de level up que libera itens cosméticos e novos formatos de gabinete conforme você joga.

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Ah, e um detalhe bacana, é que, além dos jogos estarem disponíveis tanto em suas roms japonesas quanto americanas, o multiplayer local é liberado conforme era no arcade: se dava para jogar em quatro players, aqui também dá. Se o máximo é 2 jogadores, aqui também é assim.

Ausências notáveis

Embora o esforço da Capcom em preservar esta parte tão emblemática de sua história seja louvável, infelizmente as ausências são muito sentidas. Isso é sinal da qualidade do acervo da empresa: você sabe que um jogo é muito bom, muito marcante, quando sente falta dele em meio a mais de 30 outros jogos.

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A pancadaria de Super Street Fighter II Turbo nunca perde a majestade

Jogos como X-Men Vs. Street Fighter, Marvel Vs. Capcom, Cadillacs & Dinosaurs, The Punisher e Darkstalkers não estão presentes aqui. Marvel Super Heroes também ficou de fora, bem como os beat ‘em ups ambientados no universo de Dungeons & Dragons.

Eu sei que isso é questão de direitos autorais, pois todos os jogos que listei acima envolvem propriedades intelectuais de outras empresas. Porém, se considerarmos o conceito revisionista dessa coletânea, é fato que ficou faltando uma fatia bem grande do legado da Capcom.

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E o pior: é uma fatia deliciosa! Marvel Vs. Capcom é um dos meus jogos de luta favoritos, e eu preferia ter pelo menos um deles aqui, ao invés de 3 versões de Street Fighter II. Eu sei que alguns desses jogos até ganharam suas próprias coletâneas, mas, seria legal uma coletânea que abarcasse todo o histórico da Capcom nos arcades.

Conclusão

Capcom Arcade Stadium revive parte da “era de ouro” dos fliperamas com muita competência… mas, infelizmente, deixa de fora alguns dos jogos mais emblemáticos deste período. Tenho consciência da razão porque certos jogos ficaram de fora, mas isso não torna suas ausências menos doloridas.

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Mas, apesar disso, o que temos aqui é um combo bastante recheado, que sem dúvida vai fazer brilhar os olhos de quem cresceu jogando fliperama. Com fichas ilimitadas e recursos que aumentam a qualidade de vida, esta talvez seja nossa melhor chance de zerar (legalmente) alguns jogos que fizeram parte da nossa infância/adolescência.

A Capcom Arcade Stadium foi lançada em fevereiro para Nintendo Switch. No futuro, o pacote deve chegar a outras plataformas. O conteúdo está todo em inglês.

Uma resposta para “Análise Arkade: Capcom Arcade Stadium reúne 32 clássicos dos fliperamas”

  • 12 de março de 2021 às 16:52 -

    Renato

  • Tem coletânea anterior na steam que vale muito mais a pena. Com títulos como Captain Comando, Final fight, Knights of round…
    Os ausentes que você citou valeriam muito mais a pena. Passo…

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