Análise Arkade – Ghost Trick: Phantom Detective ainda é incrível e esbanja carisma

29 de junho de 2023
Análise Arkade - Ghost Trick: Phantom Detective ainda é incrível e esbanja carisma

Um dos melhores jogos do Nintendo DS (enfim) está tendo uma segunda chance de brilhar! A Capcom vai relançar o clássico Ghost Trick: Phantom Detective amanhã, e nós já pudemos revisitar esta versão remasterizada do game!

Afinal, o que é Ghost Trick?

Para quem não sabe, Ghost Trick: Phantom Detective é um jogo que mistura visual novel, point and click e investigação, desenvolvido pela Capcom e lançado originalmente para o Nintendo DS em junho de 2010.

O título foi criado pelo renomado designer Shu Takumi — criador da popular série Ace Attorney. Embora não tenha virado uma grande franquia, ouso dizer que Ghost Trick é até melhor do que Ace Attorney, pois mistura uma narrativa envolvente com bons elementos de mistério, puzzles criativos e um elenco de personagens que é simplesmente incrível.

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Um comparativo do visual do jogo original com a nova versão

O DS original foi um dos poucos portáteis que eu tive na vida, e Ghost Trick sem dúvida foi um dos meus jogos favoritos dele. Sempre achei-o um jogo tremendamente injustiçado, e é por isso que fico muito feliz em ver que a Capcom, enfim, resolveu trazer ele de volta!

Ghost Trick: a sinopse

A história de Ghost Trick acompanha Sissel, ou melhor, o espírito dele. Pois é, nosso protagonista já começa o jogo morto. E o pior: sem memória de quem ele é, do que lhe aconteceu, ou de quem o matou.

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Morto em uma pose bem pitoresca, diga-se de passagem

Felizmente, não demora para Sissel descobrir que, no mundo espiritual, ele possui “superpoderes” — as tais Ghost Tricks que dão nome ao jogo. Sissel pode, por exemplo, “possuir” e manipular objetos que estejam perto dele. Grande parte do jogo envolve a manipulação criativa de objetos ordinários, como sombrinhas, bicicletas e telefones.

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Outra importante habilidade de Sissel é sua capacidade de voltar no tempo. Sempre que encontrar outro personagem que acabou de morrer, nosso herói pode “rebobinar o tempo” e rever os últimos quatro minutos da vida da vítima. Ao fazer isso, é possível intervir e tentar mudar o destino deste personagem.

Estes (e outros) poderes serão muito úteis para Sissel investigar as circunstâncias de sua própria morte. Quer dizer, não só isso, uma vez que seu assassinato é apenas a ponta do iceberg de uma trama repleta de mistérios e reviravoltas.

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Dei apenas um resumo muito breve aqui, mas acredite quando eu lhe digo que o roteiro envolvente é um dos maiores méritos de Ghost Trick: Phantom Detective.

Usando os poderes dos mortos

Como já adiantei, Ghost Trick é uma mistura de point and click 2D com investigação. Não controlamos diretamente o personagem (sequer o vemos, para falar a verdade): o grosso do gameplay se resume a entrar no “mundo espiritual” e interagir com pontos de interesse pelo cenário, geralmente para fazer o espírito de Sissel alcançar algo ou chegar até algum lugar específico.

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Essa é a visão do “mundo espiritual”

Parece simples — e, mecanicamente é — mas o jogo é muito inventivo em seus puzzles. Cabe ao jogador “pensar fora da caixa” para entender como utilizar objetos tão prosaicos (e combinar suas interações) a seu favor na hora de solucionar os quebra-cabeças.

Aí entra o mérito do game design: cada puzzle em Ghost Trick é inteligentemente projetado para ter uma solução específica e criativa. Ainda que não seja um jogo realmente complexo, ele exige um bom pensamento estratégico por parte do jogador. Até porque, quando voltamos no tempo, temos apenas 4 minutos para “resolver” uma cena e, quem sabe, mudar o destino de um personagem.

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Missile, um doguinho realmente adorável <3

Isso faz com que você precise correr contra o tempo, experimentando coisas até entender não só o que cada objeto presente na cena faz, mas também como pode combinar e sincronizar ações de diferentes objetos para chegar ao seu objetivo.

Ghost Trick é cheio de deliciosos “momentos Eureka”. Sabe quando um puzzle parece complexo demais, mas quando você mata a charada, se sente muito esperto e reconhece a genialidade do enigma? É tipo isso. A recompensa aqui é essa sensação gostosa de “eu consegui” que somente bons puzzles nos proporcionam.

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Há muitos objetos “interagíveis”, mas só a combinação certa deles vai funcionar

É difícil expressar em palavras o quanto Ghost Trick é engenhoso e divertido dentro de suas regras e mecânicas. Mas, fica a dica: embora o lançamento oficial do jogo seja amanhã (30/06), ele possui uma demo gratuita disponível em todas as plataformas, que dá acesso aos dois primeiros capítulos da campanha. Faça o donwload para “sentir o game” e, se quiser comprar depois, aproveite que é possível transferir o save!

Audiovisual

Ghost Trick: Phantom Detective é mais um jogo da Capcom que chega “refeito” na RE Engine, motor gráfico que está me deixando realmente impressionado por sua versatilidade. De Resident Evil a Street Fighter, passando por Devil May Cry e agora Ghost Trick, parece que não há nada que esta engine não possa fazer.

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Um brinde a este ótimo jogo

E o resultado é incrível. Ghost Trick já era um belo jogo na telinha do Nintendo DS, mas seu estilo realmente salta aos olhos nas telas maiores. Experimentei a versão PS4 do game (rodando no PS5), e o jogo impressiona especialmente por sua direção de arte primorosa. Os gráficos 2.5D são belíssimos e apresentam uma estética única e muito estilosa.

Cada personagem é autêntico e possui detalhes e trejeitos que lhes concede muita personalidade. A movimentação dos personagens, ainda que exagerada e cômica, é muito orgânica e fluida. Olha essa “entrada triunfal” do espalhafatoso Inspetor Cabanela como é maravilhosa:

Os trejeitos desse sujeito são maravilhosos

Os cenários são um show à parte: cada centímetro do que está em tela foi milimetricamente pensado para tirar máximo proveito das habilidades de Sissel. Uma pena que tenham mantido o jogo “preso” ao formato 4:3 (com bordas de tela customizáveis), mas creio que essa foi uma decisão estilística, não uma limitação técnica.

A trilha sonora é igualmente notável: misturando temas grudentos com faixas que potencializam a atmosfera de mistério, as músicas combinam perfeitamente com o jogo e são a cereja de um bolo onde não há nenhuma parte ruim.

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Ainda que não haja vozes, os diálogos são sagazes e muito bem escritos, transbordando personalidade. Infelizmente, a Capcom deixou escapar a chance de localizar Ghost Trick para novos idiomas. Esse é um jogo que MERECIA uma localização caprichada em PT-BR, mas isso ficou de fora deste relançamento. Realmente uma pena, pois tornariaa ótima trama do game ainda mais acessível.

Conclusão

Boas hitórias nunca morrem. Embora Ghost Trick tenha sido originalmente lançado há bastante tempo, exclusivo para uma plataforma portátil um tanto limitada, ele ainda mantém seu charme e autenticidade após todos esses anos.

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Seja por suas mecânicas únicas e criativas, por sua trama envolvente cheia de ótimos personagens ou por sua direção de arte que esbanja carisma, o jogo envelheceu como um bom vinho. Esta versão refeita/remasterizada é certeza de boas horas de diversão para quem curte histórias de investigação inteligentes com boas pitadas de humor.

Ghost Trick: Phantom Detective era uma pérola perdida no acervo da Capcom que finalmente foi encontrada. Feliz por saber que o jogo terá a chance de ser apreciado por mais pessoas. O que temos aqui é uma experiência memorável, divertida e instigante, que cativa o jogador do início ao fim.

Ghost Trick: Phantom Detective será lançado amanhã (30/06), com versões para PC, Playstation 4 (versão analisada), Xbox One e Nintendo Switch.

P.S. Recebi a versão PS4 para esta análise, mas, se aceita uma sugestão (e se tiver como escolher), opte pela versão Switch: os controles touchscreen e a portabilidade do console híbrido me parecem perfeitos para curtir o game aos poucos, um capítulo de cada vez, tal qual no saudoso Nintendo DS.

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