Análise Arkade: Huntdown traz ótimos tiroteios cyberpunk com cara de jogo de arcade

19 de maio de 2020
Análise Arkade: Huntdown traz ótimos tiroteios cyberpunk com cara de jogo de arcade

Se tem uma coisa que nunca perde a graça no mundo dos games, é acabar com gangues malvadas e impedir que o crime domine as ruas. Fizemos isso recentemente usando os punhos (e canos, e facas e garrafas) em Streets of Rage 4, e foi ótimo. Agora, chegou a hora de fazermos com armas de fogo no estiloso futuro cyberpunk de Huntdown.

Caçando Recompensas

Huntdown nos apresenta a 3 personagens que são caçadores de recompensas, verdadeiros matadores de aluguel. O mundo sobreviveu a mais uma guerra, mas as fundações da civilização ruíram, e as ruas estão tomadas por gangues, e tornaram-se tão perigosas e violentas que nem a polícia tem colhões para intervir. É aí que nossos serviços são necessários, e nossa missão é uma só: eliminar nossos alvos, e quaisquer outros bandidos que se coloquem em nosso caminho.

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Sim, o nome de uma das protagonistas é Anna Conda. Badass, né?

A história do game é simples assim: nossa contratante é uma mulher misteriosa conhecida como Wolfmother, e ela está nos oferecendo dinheiro para eliminar líderes criminosos utilizando todas as armas que pudermos encontrar. Ou seja, apenas um dia comum na vida de um caçador de recompensas.

Apesar da narrativa em si ser simples, Huntdown é um jogo que esbanja personalidade: há muitas vozes no jogo, e os personagens soltam frases de efeito típicas de filmes de ação dos anos 80 e 90. Podemos reconhecer muitas delas, como a antológica “say hello to my little friend” de Tony Montana em Scarface e o jargão ” Yippee Ki Yay, motherfucker” que John McClane solta em Duro de Matar!

Tiroteio Cyberpunk

Seja por seu visual, ou por sua temática, Huntdown lembra muito um bom e velho beat ‘em up. A grande diferença é aqui não vamos usar os punhos para acabar com os criminosos, mas uma grande variedade armas de fogo, granadas, explosivos… e de vez em quando uma katana, um bumerangue ou mesmo um machado.

Isso aproxima mais o jogo de títulos como Metal Slug e Contra, por exemplo, ainda que aqui a intensidade dos tiroteios não seja tão frenética. Este, afinal, não é um “bullet hell”, e traz até mecânicas de cobertura — se agachando atrás de carros e caixotes ou “entrando” em portas abertas e buracos em paredes que estejam ao fundo do cenário — que dão uma cadência mais comedida aos combates.

Na prática, nosso trabalho é fuzilar inimigos variados e encarar desafios simples de plataforma até encontrarmos nosso alvo principal, o sujeito cuja cabeça está à prêmio. Cada área do jogo é dividida em 5 fases, e ao final de cada fase, encontraremos um chefe. Cada chefe é meio que um general do sujeito que estamos caçando naquela área, e deve ser derrotado para podermos prosseguir.

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E eles podem (ou não) ter mechs gigantes

Cada um dos três protagonistas começa com uma arma básica e uma arremessável, mas pode coletar diversos outros equipamentos pelo cenário (podendo carregar no máximo uma arma secundária por vez). Escopetas, metralhadoras, miniguns, lança-chamas e até armas laser são algumas das belezinhas que integrarão seu arsenal, e serão de grande ajuda no cumprimento de cada missão — deixando uma respeitável pilha de corpos para trás.

Um detalhe curioso é que, embora tenha uma jogabilidade super ágil e responsiva, Huntdown não nos permite atirar para cima. Não há nenhum tipo de tiro multidirecional, nossos projéteis vão sempre em linha reta, na horizontal. O gameplay comporta isso sem problemas, mas quando pintarem inimigos voadores ou que estejam em outros níveis do cenário, você precisa dar um jeito de lidar com eles.

Gangues & Chefes

A cidade do jogo é dominada por gangues “temáticas”, e é muito bacana como todos os inimigos — do capanga genérico mais safado ao chefe — estão dentro desta temática. Os túneis de metrô, por exemplo, abrigam os Misconducts, uma gangue que usa trajes de hockey. Já os Heatseekers são os típicos motoqueiros malvadões, enquanto os Nº 1 Suspects são os típicos ninjas urbanos, e parecem saídos de algo como O Último Dragão, um filme de artes marciais direto “dos subúrbios” dos anos 80.

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“Quem é o mestre?”

Isso é muito legal pois evita um problema recorrente no gênero: a repetição de inimigos. Aqui, cada área possui seu próprio rol de inimigos, e após vencer todos eles, você ainda precisará enfrentar um chefe, em uma batalha intensa e desafiadora que pode (ou não) trazer múltiplos estágios e transformações.

Ainda que as fases de Huntdown sejam divertidas e tenham um tamanho ótimo — não são nem curtas nem longas demais — a estrela aqui são os confrontos com esses chefes: cada um deles é realmente único, possui seu próprio padrão de ataques e demanda que o jogador seja ágil para escapar e aproveitar qualquer brecha para atacar.

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Tão único quanto uma cobra gigante que atira laser!

Muitas vezes o cenário também estará contra você, e prestar a atenção em tudo o que pode lhe causar dano enquanto lida com um chefão — que pode, por exemplo, ter uma cobra gigante de estimação (imagem acima), ou estar pendurado em uma bola de demolição — torna cada batalha única e empolgante. É bom ter as fases “comuns” ali no meio, mas eu não ligaria se Huntdown fosse apenas um boss rush, pois estes estão entre seus melhores momentos.

Audiovisual

Huntdown é um jogo de visual incrível. A pixel art que temos aqui é uma das mais ricas dos últimos tempos, e consegue entregar um visual bastante detalhado, com alguns dos backgrounds mais bonitos que vi em jogos pixelizados ultimamente.

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Prédios, neón, dirigível e chuva: a estética cyberpunk resumida em uma imagem

As animações são fluidas, e o gameplay como um todo é bastante responsivo. É interessante como o jogo é cheio de detalhezinhos charmosos: no início de cada missão, podemos ver a ficha criminal do vilão em uma tela instalada no painel do carro — futuro cyberpunk, lembra? Quando vamos derrubar uma porta, rola um breve slow motion, e até a trilha sonora dá uma distorcida para acompanhar.

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Um legítimo carro cyberpunk precisa ter computador de bordo, né?

Como eu já disse, Huntdown é um jogo cheio de vozes, o que deixa ele mais com cara de jogo de fliperama do que de jogo de console. A qualidade das dublagens é ótima, especialmente quando são aplicadas naquelas “cutscenes” estilo Ninja Gaiden, que fortalecem o fator nostalgia da experiência.

A trilha sonora, infelizmente, não se destaca tanto. Estamos passando por um ressurgimento fortíssimo da cultura cyberpunk — muito por conta do vindouro jogo da CD Projekt Red — e ele é muito prolífico em misturar rock, techno e até um pouco de dubstep. Quase não há nada disso por aqui, ainda que tenhamos uma música licenciada nos créditos. Uma pena, mas também uma das poucas escorregadas do game.

Conclusão

Huntdown é um jogo excelente, que tem tudo para agradar quem cresceu jogando Contra, Sunset Riders e outros clássicos do estilo “run and gun” que também curtem uma ambientação cyberpunk cheia de estilo.

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Olha esse visual! <3

Com um gameplay bem calibrado, uma pixel art maravilhosa e algumas boss battles realmente memoráveis, o jogo é um prato cheio de testosterona, chumbo e ação, e traz um nível de desafio que fica o tempo todo no limiar entre a satisfação e a vontade de tacar o controle na parede após morrer pela 12ª vez para o mesmo chefe.

Huntdown foi lançado em 12 de maio, e está disponível para PC, Playstation 4, Xbox One e Nintendo Switch (versão analisada). O jogo tem suporte para coop local (2 players) e está 100% em inglês.

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