Análise Arkade: Immortals Fenyx Rising, uma divertida aventura pela mitologia grega

7 de dezembro de 2020
Análise Arkade: Immortals Fenyx Rising, uma divertida aventura pela mitologia grega

Immortals Fenyx Rising chamou a atenção para si por vários motivos. As referências a The Legend of Zelda: Breath of the Wild foram só um deles. Por ser uma IP nova da Ubisoft depois de vários anos, por possuir uma estética não tão comum nos últimos trabalhos da empresa… Muitos olharam com olhos desconfiados, outros com real curiosidade para o título, antes conhecido como Gods & Monsters.

Após termos testado a demo do jogo em primeira mão lá em setembro e já termos falado também das nossas primeiras impressões de Immortals Fenyx Rising aqui no site, chegou a hora da análise completa dessa aventura. Esbanjando uma estética carismática, excelentes batalhas e vários coletáveis pelo caminho, poucos são os pontos que deixam a desejar nessa jornada épica e hilária.

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A jornada do herói

Como falamos em nossas primeiras impressões sobre o jogo, Immortals Fenyx Rising traz a história de um(a) soldado que tem seu navio afundado após um cataclisma. A protagonista acaba iindo parar na ilha dos deuses, e descobre que o poderoso titã Tifão trouxe o caos do tártaro para a Terra. Inicialmente buscando salvar seu irmão petrificado, Fenyx acaba por embarcar numa jornada épica para salvar os deuses.

Vários são os pontos da história que se assemelham à clássica jornada do herói. Com uma construção bem simples da jornada de Fenyx, tendo semelhanças com vários mitos gregos de outrora, o ponto mais positivo na narrativa é a mensagem positiva e otimista que Fenyx leva a cada um dos deuses quebrados, para que estes recuperem suas essências. A mensagem é simples e bem superficial, mas cumpre bem o seu papel.

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Zeus e Prometheus dão um toque hilário muito bem-vindo à narrativa.

A narrativa, por sua vez, tem um tom épico, mas é muito mais voltada para o cômico. O jogo claramente não se leva a sério, e nos convida a fazer o mesmo. Como dito anteriormente em outras matérias, a história é toda narrada por Prometheus, enquanto este conta a história de Fenyx para Zeus. Os dois são muito carismáticos e fazem comentários bem certeiros durante a jogatina, muitas vezes quebrando a quarta parede. Isso é bem legal.

No que tange a história de Immortals Fenyx Rising, talvez seu único ponto fraco não seja nem a superficialidade da narrativa. Como dito aqui, essa simplicidade combina bem com a proposta mais “leve” do jogo. Na verdade, a previsibilidade de alguns plots é o que mais desagrada. Isso principalmente porque a história não trata isso como previsível, então fica — em alguns poucos momentos — uma sensação de vergonha alheia. O jogador já entendeu para onde a história vai, mas o jogo trata aquilo como uma grande revelação. Não é nada que atrapalhe drasticamente a história ou a narrativa, só poderia ter sido feito de outro jeito.

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Ajudar os deuses é uma lição de moral muito bacana, principalmente para crianças.

Estética cheia de cor e carisma

O visual de Immortals Fenyx Rising é simplesmente incrível. Ele não se preocupa em ser fotorrealista, nem nada do tipo. E abandona de vez os tons cinzas e pastéis que tem sido cada vez mais comuns em jogos lançados nos últimos anos. A sensação que dá é que o contraste das cores em Immortals está sempre no máximo, causando até estranhamento em alguns momentos.

Mas no resultado final temos um mundo estonteante, muito colorido e vívido. A cor é muito bem utilizada seja nos ambientes, nas criaturas, nos personagens e, principalmente, nos equipamentos e armas de Fenyx. Aqui vemos que o freio que Assassin’s Creed Odyssey só foi perder de vez nos seus DLCs, em Immortals simplesmente não existe. Desde o início podemos encontrar armas que brilham, armaduras em cores chamativas e tudo o mais. É muito bacana, diferente do que temos visto por aí e combina bem com a proposta do título.

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A beleza das cores e da natureza do jogo impressionam

Por diversas vezes enquanto eu jogava as mais de 45 horas até finalizar o game, lembrei de Hércules, a animação da Disney de 1997. Seja pelo tom humorístico que a história possui, pela estética cartunesca dos personagens ou, obviamente, pela temática de mitologia grega. A sensação é de estar jogando um RPG em mundo aberto do próprio Hércules (o que seria algo muito legal de se ver, viu, dona Disney?).

Vez ou outra vemos algumas semelhanças da estética de Immortals Fenyx Rising com Assassin’s Creed Odyssey. Principalmente em construções, alguns menus e alguns equipamentos de Fenyx. Mas isso é totalmente compreensível, visto que a equipe responsável pela jornada dos assassinos na Grécia é a mesma responsável por Immortals Fenyx Rising. Além disso, a própria equipe não quis esconder essas semelhanças, introduzindo skins de Alexios e Kassandra no jogo.

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Progressão sem nível

Um fator interessante de Immortals Fenyx Rising é como a sua progressão funciona. Aqui não temos sistema de níveis. Entretanto a progressão funciona bem e de um modo muito natural. No jogo, temos diversos coletáveis para garantir durante nossas explorações. Raios de Zeus aumentam a stamina, Ambrosia aumenta a sua vida máxima. As moedas do Caronte, por sua vez, são gastas para desbloquear habilidades na árvore de skills.

Até aí nada diferente de jogos como Zelda, por exemplo. Porém, o que achei mais interessante nessa progressão são os cristais que coletamos do mapa, de criaturas que derrotamos e baús que abrimos. Esses cristais são utilizados para aumentar o nível de armas e armaduras. Mas não aumentamos os pontos de uma arma específica. Na verdade, aumentamos, por exemplo, o nível de todas as espadas, ou de todos os machados.

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Isso é interessante pois, desse modo, nenhum equipamento se torna obsoleto. Como a defesa — ou ataque — básico de todos os equipamentos de determinada classe serão sempre os mesmos, o que diferencia cada um são justamente suas habilidades passivas. Como se não bastasse isso, temos também a possibilidade de usar livremente o visual de uma armadura por cima da outra. Bem como funciona em Assassin’s Creed Odyssey. É ótimo não precisarmos abrir mão daquele equipamento que gostamos só porque encontramos um melhor: altere o visual do equipamento e fique sempre no estilo!

Essa progressão bem orgânica somada com a liberdade de literalmente deixarmos o visual dos equipamentos do jeito que quisermos é muito divertido. Como a proposta do jogo é ser leve, divertido e colorido, ter essas mecânicas simplificadas e orgânicas combina perfeitamente com a proposta. Além disso, ficar mudando a aparência dos itens e até da própria personagem sempre que você “enjoa” da aparência anterior é um recurso bacana. Você não fica engessado, nem cansa do visual da protagonista.

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Nível de desafio oscilante

Um fator um pouco confuso da jogatina de Immortals Fenyx Rising são seus desafios. No início temos uma jogatina bem mais “pé no chão”, com ritmo mais lento onde precisamos coletar muita coisa para sobreviver. Os inimigos arrancam muita vida e seu dano é pífio. Entretanto, puzzles e demais enigmas nessas primeiras horas de jogo são ridiculamente fáceis. Claro que tem sua intencionalidade, mas deixam bastante a desejar no quesito desafio.

Por outro lado, quando passam-se algumas dezenas de horas de jogatina, os combates já deixam de ser um problema. Seja por você já ter habilidades e pontos de vida/energia suficientes para fazer altos combos, seja por você já ter coletado recursos o suficiente para não ficar sem vida. Porém, em contrapartida, os puzzles — há muitos puzzles neste jogo — começam a ficar bem mais desafiadores.

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Os puzzles dão muito mais “trabalho braçal” do que mental em Immortals

Porém, vale uma pontuação muito importante aqui. Nós temos, sim, puzzles no formato de dungeons que lembram bastante os shrines de Breath of the Wild. Mas em Immortals eles definitivamente não funcionam da mesma maneira. Isso porque, enquanto em Zelda temos dungeons puramente de raciocínio lógico, que te dão espaço para a criatividade, em Immortals a ideia é exigir mais controle do jogador.

Desse modo, o desafio dos puzzles de Immortals não dá espaço para a criatividade ou o improviso dos jogadores. Entretanto, combinado com o raciocínio lógico, temos uma necessidade de dominar os controles e habilidades da personagem. Pular obstáculos, arremessar objetos, desviar de armadilhas, pular e correr nas horas certas… Os desafios de Immortals Fenyx Rising em suas dungeons são bem mais “físicos” do que mentais. Estão longe de ser ruins, mas seu grau de dificuldade varia bastante no decorrer da jogatina.

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A liberdade durante os combates

Como já havíamos comentado nas primeiras impressões sobre o jogo, os combates de Immortals Fenyx Rising são excelentes. Com a opção da câmera seguir ou não a movimentação do personagem, o jogador tem uma movimentação bem livre durante os combates. E mesmo que esses combates sejam uma combinação bem equilibrada dos combates de Zelda e Assassin’s Creed, ainda sobra espaço para um respiro próprio.

Essa “personalidade própria” dos combates em Immortals fica bem mais nítida com o desenvolvimento da progressão do jogo, conforme você começa a ter mais espaço para combinar habilidades. Talvez o único ponto limitador aqui seja o fato das habilidades especiais e ações — como correr, esquivar, planar e carregar ataques — gastarem a mesma barrinha de stamina.

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Existem várias criaturas lendárias por toda a ilha para serem enfrentadas.

Como não temos um sistema de mana no jogo, todas as ações gastam a mesma barrinha de stamina. Isso acaba sendo contra-intuitivo, uma vez que invocar lanças do deus da guerra para causar dano em área consome a mesma barra que escalar uma parede. Não faz muito sentido tudo depender da mesma barra, sabe? Felizmente, temos outros recursos que dão mais liberdade durante os combates, em oposição ao sistema de estamina.

O principal deles é justamente a liberdade de movimentação. Nós podemos atacar em área com um machado de duas mãos, usar habilidades ou magias para jogar oponentes para o alto, continuar batendo neles no ar durante um tempo, e por aí vai. Possuímos habilidades desbloqueáveis para puxar adversários voadores até nós (ou então içar-nos até eles). Temos flechas que soltam raios quando carregadas, golpes ar-chão, golpes chão-ar e bastante coisa no meio desse caminho. Tudo isso torna os combates bem dinâmicos e convidativos à experimentação.

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Começar a identificar padrões de ataque e aproveitar pontos fracos é muito gratificante.

Um “mais do mesmo” com cheirinho de estofado novo

Algo que foi alvo de muitas críticas em Immortals Fenyx Rising foi a sua “falta de originalidade”. Como estamos falando tecnicamente de uma nova IP da Ubisoft, normalmente espera-se algo de novo ou inédito nessas aventuras. Entretanto, as pessoas às vezes confundem o “algo novo” com uma “jogabilidade inovadora”. Horizon Zero Dawn, Ghost of Tsushima, Death Stranding e até os novos jogos do Spider-Man são bons exemplos de novas IPs que não necessariamente agregam algo novo no quesito jogabilidade, mas fazem um bom mash ups de mecânicas e elementos que evoluíram ao longo da geração passada.

Porém, nenhum deles é ruim por causa disso. Isso porque suas “novidades” e respiros para a indústria não foram em mecânicas de jogo, mas em estética, enredo, construção de personagem e até narrativa. E nesse grupo podemos sim incluir Immortals Fenyx Rising. O “filho” resultado da fusão de Zelda e Assassin’s Creed pode não trazer nada de novo em termos de jogabilidade, mas traz ideias que são muito bem-vindas em termos de narrativa e diversão.

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Sua estética cartunesca e colorida, sua narrativa leve e seus personagens carismáticos são elementos que casaram muito bem com esse action RPG em mundo aberto. A sacada da Ubisoft em aproveitar a ambientação utilizada em Odyssey sem precisar pisar no freio com magias e monstros foi uma ótima ideia. Mesclar isso com elementos estéticos e de jogabilidade do último maior sucesso da franquia The Legend of Zelda foi igualmente ótimo.

Nem só de novidades vive a indústria de games. Às vezes, combinar de forma primorosa elementos de sucesso de outros jogos pode ser o suficiente para fazer um bom jogo — a série Darksiders é um ótimo exemplo disso. Ele não um jogo revolucionário, nem o melhor de seu gênero. Mas é um bom jogo, divertido e gostoso de jogar. Immortals Fenyx Rising faz meio que a mesma coisa: mistura bons elementos para criar algo que não é “novo”, mas funciona muito bem.

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Um conto épico cheio de carisma

Immortals Fenyx Rising não se leva a sério. Isso é muito importante para que o jogador entenda que ele também não deve levar o jogo tão a sério assim. A narrativa leve, divertida e descompromissada combina bastante com a sua jogabilidade, igualmente leve, simples. Seu visual explode em cores e luzes na tela, enquanto sua trilha sonora poderia (merecia, até) ser um pouco mais impactante.

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Mesmo que vez ou outra os combates e puzzles possam causar estresse, no final das contas você está vibrando pois conseguiu chutar o traseiro de um minotauro que não parava de te encher o saco, ou então termina a jogatina com um sorriso no rosto por ter vencido um dos heróis corrompidos que são bem fortes.

Enfim, essa é a experiência final de jogar Immortals Fenyx Rising. Não é novo, nem original, mas é leve, divertido e despretensioso. O que torna ele uma ótima pedida para um ano tão pesado como este nosso 2020 pandêmico.

Immortals Fenyx Rising foi lançado no dia 03 de dezembro para Nintendo SwitchPlayStation 4Xbox Series X|SPlayStation 5Xbox OneGoogle StadiaPC. Para esta análise, jogamos cerca de 45 horas no PS4 (e um pouco também no PS5) com uma cópia digital cedida pela Ubisoft.

Uma resposta para “Análise Arkade: Immortals Fenyx Rising, uma divertida aventura pela mitologia grega”

  • 7 de dezembro de 2020 às 21:39 -

    Helinux

  • show de bola! valeu!!!!

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