Análise Arkade – Lost Words: Beyond the Page, um jogo que conta duas belas histórias

13 de abril de 2021
Análise Arkade - Lost Words: Beyond the Page, um jogo que conta duas belas histórias

Como alguém que acredita no poder da mídia videogame para contar histórias que realmente conectem-se com o jogador, eu gosto de experimentar jogos que tenham histórias emotivas. E Lost Words: Beyond the Page é o mais novo indie game que traz não uma, mas duas belas histórias, ambas cheias de significado. Saiba mais em nossa análise.

Uma garotinha, duas histórias

Lost Words: Beyond the Page nos apresenta a uma garotinha chamada Izzy, que sonha em ser escritora. A narrativa dela é apresentada na forma de um diário, onde ela anota fatos do seu cotidiano e acaba misturando um pouquinho de fantasia à sua realidade.

Análise Arkade - Lost Words: Beyond the Page, um jogo que conta duas belas histórias
Boa parte do jogo rola assim, no diário de Izzy

Boa parte da história que acompanhamos no diário é sobre Gran, a avó de Izzy, que está com problemas de saúde. A garotinha vai relembrar bons momentos que teve com sua avó, enquanto aprende a lidar com seus sentimentos em relação ao que está acontecendo.

Em paralelo a isso, temos a outra história, aquela que Izzy está escrevendo: ela é sobre uma garotinha que vive no mundo de Estoria, e tinha acabado de ser nomeada a Guardiã dos Vagalumes… quando um dragão destrói sua vila e rouba seus vagalumes. Assim, ela embarcar em uma viagem na esteira do dragão, para recuperar seus vagalumes. Pelo caminho, ela vai conhecendo novos lugares e criaturas daquele mundo.

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A outra parte do jogo rola no mundo de Estoria

As duas histórias meio que correm em paralelo: cada capítulo começa no diário de Izzy e logo vai para o mundo mágico da obra que ela está criando. E, ambas as histórias são muito bonitas, emocionantes e sensíveis. Não é de hoje que videogames flertam com a perda e o luto — lembra de Gris? –, e aqui temos mais uma experiência muito tocante envolvendo esses temas.

Um detalhe bacana é que o roteiro do jogo é assinado por Rhianna Pratchett, veterana da indústria, que escreveu o excelente reboot de Tomb Raider e contribuiu com roteiros de outros grandes jogos, como Bioshock Infinite e Prince of Persia. A escritora imprime muita sensibilidade em cada palavra, e a qualidade de seu texto enriquece ainda mais a narrativa de Lost Words.

Gameplay gramatical

Na prática, Lost Words: Beyond the Page tem dois momentos bem distintos: há o gameplay que rola dentro do diário, enquanto conta as histórias de sua avó, e há o mundo de fantasia no qual se passa a história que ela está escrevendo, sobre os vagalumes e o dragão.

Em ambos os casos, mecanicamente tudo é muito simples, e segue um padrão “jogo de plataforma 2D”. Nas páginas do diário, controlamos uma garotinha desenhada no caderno, que usa frases e palavras como plataformas. Mais ou menos assim:

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Nesse mundo de papel, ela pode interagir com certas palavras, que executam ações específicas. Utilizando um cursor (que no PS4 é controlado pelo analógico direito), podemos arrastar e combinar certos elementos, ou até mesmo criar frases com base em palavras soltas.

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Repare que a garotinha está empurrando um objeto desenhado

Isso tudo vale para a parte do jogo que se passa dentro do diário. No mundo de fantasia da história que a personagem está escrevendo, temos muito mais liberdade de movimentação — afinal, há um mundo “de verdade” para ser explorado –, mas a mecânica das palavras continua sendo utilizada.

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A palavra “Rise” é usada para levantar plataformas e objetos

Resumidamente, algumas palavras têm efeito em elementos e objetos do mundo real. A palavra “Break“, por exemplo, pode quebrar pedras e obstáculos. Já a palavra “Repair” conserta coisas quebradas, como pontes, estátuas e outras estruturas úteis.

Vou deixar um exemplo aqui para você entender, na prática, como isso funciona:

As palavras que podemos utilizar sempre ficam dentro dessas “nuvenzinhas”. Algumas só servem para momentos específicos da campanha, outras, que podemos usar mais vezes, ficam em um livro mágico, que podemos abrir pressionando L2 (no PS4).

Como essas palavras são verbos muito simples (quebrar, reparar, erguer), não acho nem justo chamar o que temos aqui de puzzles. São basicamente situações onde usamos uma palavra para realizar uma ação que impacta no mundo do jogo. Nada muito complexo ou desafiador. Jogos como Typoman e Haimrik já criaram experiências muito mais complexas incorporando letras e palavras ao gameplay.

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Neste trecho, a palavra “Hope” é uma fonte de luz, capaz de iluminar o caminho

Não falo isso em tom de crítica. Lost Words não quer ser desafiador, nem deixar o jogador empacado. O jogo está mais preocupado em contar sua história, e é ela que sempre está em primeiro plano.

Mecanicamente, o jogo até se vale dessa brincadeira com as palavras, mas faz isso com simplicidade, sempre com o intuito de levar a narrativa para frente. O que temos aqui está mais para um walking simulator do que um puzzle/plataforma 2D, então não espere um gameplay muito complexo: o foco aqui é sempre a narrativa.

Audiovisual

Lost Words: Beyond the Page não é um jogo tecnicamente muito arrojado, mas compensa isso com uma direção de arte extremamente caprichada, que tira proveito dos recursos que o jogo escolhe para contar sua história para tornar sua narrativa muito mais imersiva.

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O diário ocasionalmente ganha lindas pinturas

Quando estamos no diário de Izzy, realmente parece que estamos ali, e vemos frases, letras e desenhos se formando nas páginas. Já no mundo de Estoria, o visual do jogo é um 2.5D simples, mas que ganha pontos por bons efeitos de iluminação, que conseguem agregar volume àquele mundo.

A trilha sonora, no geral, é sutil, e combina com a pegada sentimental e introspectiva do jogo. As dublagens são excelentes, um inglês com sotaque britânico que realmente conduz o jogador pelas emoções da protagonista.

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Infelizmente, o jogo não recebeu nenhum tipo de localização para o nosso idioma: áudio, menus e legendas, tudo está em inglês. Considerando quão importante é a narrativa do jogo — que incorpora palavras em inglês ao gameplay — ter um bom conhecimento do idioma é fundamental.

Conclusão

Lost Words: Beyond the Page é mais uma boa surpresa indie, que traz uma narrativa emotiva e cheia de significado a um jogo que, se não é realmente desafiador, é bem bonito e envolvente. Suas narrativas são relativamente simples, mas muito bem escritas e cheias de sentimentos.

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Videogames são, na maioria dos casos, sobre armas, violência, sangue e explosões. Adoro ver jogos que fogem dessa fórmula, e oferecem uma experiência sem violência, pautada por uma bela história.

Se essa premissa te agrada, Lost Words: Beyond the Page pode ser uma boa pedida. Só tenha em mente que um bom nível de inglês é fundamental.

Lost Words: Beyond the Page está disponível para PC, Playstation 4 (versão analisada), Xbox One, Nintendo Switch e Google Stadia.

Uma resposta para “Análise Arkade – Lost Words: Beyond the Page, um jogo que conta duas belas histórias”

  • 13 de abril de 2021 às 16:09 -

    Helinux

  • Esse tipo de ambientação de jogo me atrai e muito…lembra é claro algo de Tinker Bell, já assisti muito os desenhos de tinker…não tenho vergonha de falar sobre isso!!!! Fato que existe algo de RPG, aventura, Tomb Raider e zelda no jogo!!!! Tem uma mecânica interessante o jogo em si!!!! boa analise!!!! valeu!!!!

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