Análise Arkade: Pokémon Brilliant Diamond and Shining Pearl é puro carinho com os fãs

27 de novembro de 2021
Análise Arkade: Pokémon Brilliant Diamond and Shining Pearl é puro carinho com os fãs

Se você é daqueles que espera por remakes que surpreendam os fãs de longa data, que tragam mudanças significativas para aquilo que já foi estabelecido antes, ou que ainda possam mudar uma visão estigmatizada do produto original, definitivamente Pokémon Brilliant Diamond and Shining Pearl podem não ser os jogos ideais para você.

Tal como tem feito nos últimos anos, a Nintendo e a ILCA trazem uma nova versão revisada de uma das suas franquias mais amadas (e lucrativas) que mantém a fidelidade para com o original como sua marca, ainda que algumas adições sutis, coerentes com os tempos modernos, possam fazer muita diferença.

Essa nova versão da celebrada quarta geração dos monstrinhos de bolso, reconstrói aquilo que foi lançado há cerca de 15 anos para o Nintendo DS, e definitivamente não tem qualquer pretensão de reinventar a roda, uma vez que investe em uma atualização muito mais estética do que qualquer outra coisa para agradar os aficionados de longa data — quiçá atrair a atenção de novos curiosos — e, de quebra, aquecer as expectativas para o vindouro (e aí sim original) Pokémon Legends: Arceus. A questão é: será que isso foi suficiente?

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Pela primeira vez, Sinnoh

Quando lançados em 2006, Diamond/Pearl traziam, pela primeira vez, uma nova área, Sinnoh, uma ilha livremente inspirada na região de Hokkaidō, no Japão. Exatamente por essa característica geográfica, Sinnoh não se conecta diretamente a nenhuma outra parte do universo Pokémon, e ao mostrar alguns biomas inéditos até então, como campos nevados, foi o jogo que primeiro deu uma noção de que aquele mundo é muito maior do que o que víamos tanto nos jogos quanto nas animações de TV. Sinnoh é diversa, montanhosa, e não demora para que estejamos caminhando pela areia de uma praia ensolarada pouco antes de enfrentar uma boa nevasca no ponto mais ao norte do mapa.

Dito isso, o game — vou citar somente Diamond daqui em diante, versão que joguei para esta análise — traz exatamente aquilo que se espera dele no que tange a sua história: no controle de um treinador novato e esperançoso (do qual podemos escolher a aparência dentre algumas opções iniciais e que consideram principalmente etnia e sexo) saímos da casa da mamãe para viver uma grande aventura, capturar e treinar Pokémon selvagens, vencer outros treinadores pelo caminho e finalmente coletar as famigeradas oito insígnias ao derrotar líderes de ginásio em cada cidade para, enfim, encarar a Liga Pokémon. No caminho, claro, também será necessário frustrar os planos nefastos de uma organização tão criminosa quanto atrapalhada, aqui representada pela Equipe Galáctica.

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Os mesmos arquétipos convencionais estão todos representados aqui: o professor (e guia); o arqui-rival na figura de um velho amigo que está o tempo todo competindo com você; a amiga que se encontra em alguns momentos chave para aprender uma função nova, o grande vilão fazendo suas ameaças catastróficas, está tudo presente. A estrutura básica dos jogos originais se mantém intacta, o que pode agradar aos mais saudosistas, mas talvez frustrar quem esperava que, agora em uma nova geração, houvesse a adição de novos conteúdos que pudessem engrossar o caldo, conferir mais densidade à campanha, quem sabe um pouco mais de liberdade.

O que se vê, todavia, é uma aventura extremamente linear (muito mais do que um RPG deveria se permitir, creio)que segue um protocolo relativamente rígido: vá de cidade em cidade conquistando insígnias, enfrente treinadores na transição entre um ponto e outro do mapa, e passe pela grama alta para encontros aleatórios com Pokémon selvagens que potencialmente podem ser capturados em batalha. Talvez a maior exceção seja a possibilidade de explorarmos o subsolo da ilha de Sinnoh — sozinhos ou acompanhados –, região chamada de Grand Underground, espaço que foi reimaginado e ampliado para comportar ambientes diversos.

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Para resumir de forma bastante direta, este espaço é um emaranhado de túneis com estética de minas de extração de minérios e bolsões que emulam diferentes biomas, com duas grandes funções: encontrar criaturas selvagens raras ou pouco disponíveis no caminho tradicional da campanha — incluindo alguns que só eram encontrados na versão Platinum original — e escavar paredes buscando estátuas e outros colecionáveis, por assim dizer, para montar uma espécie de santuário Pokémon particular. Ou, em outras palavras, criar sua própria caverna subterrânea e decorá-la com mimos decorativos dos seus monstrinhos favoritos. Dentro do sistema do jogo, talvez seja a área mais livre possível, ainda que não demore para se tornar só um refúgio para quebrar a rotina sem tanto compromisso.

Esta área pode ser explorada desde o primeiro quarto do jogo, e é acessada com um kit de exploração. Em condições normais de progressão, chegamos a ela antes de alcançar, com qualquer Pokémon, o nível 25, então os bichos selvagens lá podem ser bem desafiadores. Mas, conforme se avança naturalmente, será tranquilo voltar lá e capturar todos aqueles que estiverem faltando em nossa coleção. Ou quase isso, já que confesso que esperava uma diversidade maior. Ainda que seja um espaço que compense, em partes, a ausência de criaturas do tipo fogo na superfície, o ambiente não chega a transformar nossa pokedex de forma profunda. Na minha caminhada, eu só adotei, de fato, um Pokémon capturado lá: O Gligar, que preenchia uma lacuna importante no meu time principal.

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Montando um time

Falando dessa composição, esta é, das que me lembro, provavelmente a geração onde há uma discrepância maior entre os benefícios da escolha do seu monstrinho original em detrimento dos demais. Primeiro porque, como já comentei, Sinnoh não é o melhor lugar para se encontrar o tipo Fogo (quem mais aparece no caminho com essa característica é a Ponyta, que não parece ser a favorita de muita gente), então já começar com um deles — neste caso, Chimchar — oferece uma evidente vantagem por toda a caminhada até o torneio final. Não raro, ele não só é parte fixa da equipe como também o principal do começo ao fim.

Segundo porque este, em específico, é muito vantajoso se bem gerenciado, já que pode aprender movimentos secundários do tipo Lutador e, de uma forma geral, é eficiente contra praticamente todos os líderes de ginásio, e mesmo contra qualquer treinador aleatório que apareça, ele tem seus truques e se vira muito bem. As evoluções Monferno e Infernape chegam bem rápido, e dependendo do ritmo do jogador, você já estará com a versão mais poderosa disponível antes do primeiro terço da campanha. E, só para constar, todas as evoluções dele estão dentre meus designs favoritos de toda a geração.

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Além disso, praticamente todos os outros possíveis componentes do seu time podem ser facilmente encontrados nas primeiras moitas. Starly, o tipo voador que em sua forma final será Staraptor, e Shinx (mais adiante, Luxray, para o papel do tipo Elétrico) também foram comigo do início ao fim. Além deles, minha linha de frente contava com Bidoof (depois Bibarel), que é daqueles que pode aprender quase todos os truques disponíveis para superar obstáculos naturais (como quebrar pedras ou cortar plantas) e é muito útil mesmo não sendo lá o mais indicado para batalhas.

Sobram outros dois espaços, que aí podem ser preenchidos com novos conhecidos a serem encontrados pelo caminho, e se destacam Abomasnow, do tipo Gelo, Gastrodon e o sempre bem-vindo Gyarados (para quem prefere uma versão mais poderosa para o tipo Água), Garchomp que faz as vezes do tipo Dragão, e por aí vai. Ainda que aqueles primeiros 150 Pokémon clássicos percam um pouco do espaço aqui, eles podem ser muito úteis — e a nostalgia pode ser determinante e tendenciosa. Não raro você estará encaixando Onix, Geodude, Pikachu (esse eu demorei para achar escondido no quintal de uma mansão) e até Chansey, que é bastante útil para dar suporte.

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Olhando para todo o pacote, esta é possivelmente uma das seleções menos empolgantes de toda a franquia — algo que os tipos encontrados no mundo subterrâneo ajuda a corrigir, pelo menos em partes. Nos espaços comuns com outros jogadores, é raro ver um time muito diferente ou variado, a não ser claro, que as pessoas estejam em momento pós-jogo, buscando novas possibilidades de composição de forma menos apressada.

Combate por turnos

O modelo de combate da franquia Pokémon não é segredo para absolutamente ninguém e mesmo quem nunca encostou em qualquer produto da série reconhece o sistema. O jogador enfrenta seus adversários no formato 1×1 (com algumas variações para o 2×2 em equipe ou individual) e pode carregar até seis monstrinhos para as batalhas. O menu permite movimentos de ataque e defesa (e outras variações bem mais sofisticadas do que parecem), além de poder usar sua vez para trocar de Pokémon. Também há a opção de abrir a bolsa para utilizar algum recurso de suporte e, no caso de estar buscando a captura de uma criatura selvagem, usar pokebolas quando o inimigo estiver vulnerável. E, claro, sempre dá para fugir de uma luta inútil ou difícil demais.

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Em Diamond/Pearl os desenvolvedores mantiveram o sistema mais tradicional, sem algumas invencionices que vieram mais tarde, como mega evoluç˜ões, gigantamax ou qualquer coisa do tipo. Toda a estratégia está muito mais no equilíbrio de movimentos que você decide ensinar dentre as quatro opções para cada Pokémon do que em ações mais objetivas durante os combates. Há alguns comandos que são fundamentais, como o Close Combat — que tanto Infernape quanto Staraptor usam para apelar no corpo-a-corpo –, mas outras dependem muito mais do estilo de cada treinador. Pessoalmente, sempre gosto de ter mais possibilidades de ataque direto (variando de fator elemental), do que de suporte, mas há casos e casos.

A preocupação, contudo, é muito mais contextual do que de sustentabilidade, já que as batalhas nunca chegam a ser exageradamente desafiadoras de verdade. Basta saber o básico do “jokenpo elemental” de qual elemento tem vantagem sobre qual, enfrentar o máximo de adversários possíveis antes de chegar ao líder de ginásio para subir de nível e chegar ao menos no mesmo patamar de seus adversários que tudo correrá bem.

Eu sou daqueles que, em jogos de RPG, sempre faz tudo o que tiver pra fazer antes de seguir para a missão principal, então é quase natural farmar experiência e chegar preparado, principalmente com a funcionalidade de compartilhamento de XP que permite que mesmo aqueles que não foram utilizados nos confrontos ganhem sua fatia de experiência.

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Essa é outra vantagem de passear a esmo pelo Grand Underground de tempos em tempos, já que ao menos na primeira metade da jornada, os monstrinhos selvagens de lá são de um nível mais elevado que os selvagens comuns, então é mais rápido melhorar seu time enfrentando-os. Além disso, há a vantagem de podermos escolher quem enfrentar (já que você vê qual o Pokémon que aparece no seu caminho, ao contrário da aleatoriedade repetitiva dos encontros na grama alta) e, de quebra, ainda encontrar um ou outro novo para compor sua pokedex. Em suma, o jogo é bastante generoso em oferecer espaço para que, com paciência, se aumente o nível do seu time para evitar maiores complicações.

Gerenciando recursos e atividades

Talvez a parte mais burocrática, por assim dizer, é conseguir lidar com tudo o que se encontra pelo caminho no que se refere a recursos, e saber o que de melhor eles podem oferecer. Alguns deles são óbvios e bem explicados, como a bicicleta, a vara de pescar e um ou outro Hidden Machine (ou HM) de tantos que se acha pelo mundo. Há muitas berries coletáveis e outros vários objetos que só vamos descobrir o real motivo de existirem quando precisarmos deles. Se você já é acostumado com a franquia, vai meio que reconhecer a grande maioria, já se preparar com uns e ignorar outros, mas se é um novato, não tem jeito, tem que prestar muita atenção em alguns diálogos que podem parecem descartáveis na primeira impressão.

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Outra mudança óbvia e necessária está no acesso à Poketch, um tipo de smartwatch com visual retrô cujas funções iniciais — calculadora e contagem de passos — parecem meio qualquer coisa, mas que logo ganha algumas adições bastante úteis, incluindo o uso eventual das habilidades HM, como por exemplo, limpar a névoa que de outra forma quase impossibilita que atravessemos uma área sem visibilidade. Até saber quantos passos foram dados serve para algo no caminho, mas não vou entregar exatamente onde. Sem a segunda tela do portátil original, agora o dispositivo fica a um toque de botão de ficar no cantinho da tela e outro para entrar na tela cheia como menu de suporte complementar.

Falando nisso, o mundo é vasto e mesmo não sendo lá muito diverso, oferece um bom número de NPCs que sempre tem algo a dizer. Se continua estranho invadirmos a casa das pessoas — nunca vou me acostumar com isso — é uma prática indispensável e vez ou outra traz resultados surpreendentes. De repente, você ganha um recurso caro, ou alguém oferece uma troca de Pokémon bastante conveniente, ou ainda temos uma dica do que fazer adiante. É um modelo simples, provavelmente sistemático demais para os dias atuais, mas ainda funcional. Por mais que possa parecer quebrar o ritmo da exploração, sempre ouça/leia o que os outros tem a dizer.

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Além de invadir a propriedade alheia, há outras atividades disponíveis no mundo que vão além da tradicional rinha de animais: há concursos de beleza (e de outros atributos) com salutares mecânicas diferentes das convencionais; há espaços de safari que são basicamente áreas de caça livre; há mini-games culinários para melhorar atributos de seus companheiros de viagem; há também cavernas e dungeons escondidas para se explorar; e construções de suporte, como o bom e velho Centro Pokémon, loja para itens e até lugares para procriação. Tudo segue a cartilha, mantém os parâmetros já conhecidos e torna essa versão uma nova-velha conhecida para qualquer um.

Dito tudo isso, mesmo que se tenha que aprender algumas coisas pela pesquisa, pela paciência ou pelo empirismo, este pode ser um ótimo jogo de entrada na franquia. Ainda vejo Pokémon Let’s Go Pikachu/Eve mais apropriado para isso porque, bem, parece ser a maior função destas versões, mas para quem pulou toda a fase portátil da franquia e está chegando agora ao Switch, este jogo traz tudo aquilo que de mais básico é necessário saber sobre Pokémon, sem as firulas das edições mais atuais. É um Pokémon base, raiz, que pode definir se é o tipo de jogo que você quer investir tempo — muito tempo — ou se não vale a pena.

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Ainda acho que é um jogo tímido em suas funções online, restritas a algumas atividades realizadas em pontos muito bem estabelecidos no mapa, e seu “elenco” não tem o charme e a personalidade das duas primeiras gerações (e esta pode ser uma afirmação um tanto quanto tendenciosa e rabugenta de quem conheceu a franquia pela animação, antes dos jogos) mas é sem dúvidas um jogo robusto, fiel às origens, muito divertido (mesmo quando acaba caindo num ritmo mais repetitivo e na necessidade de farmar XP) e viciante ao extremo.

Atualização de verdade? O visual

A grande diferença deste remake para a versão original está evidentemente no visual, que causou algumas controvérsias desde que mostrado pela primeira vez. Diferente dos jogos mais recentes, os desenvolvedores adotaram um estilo tridimensional popularmente chamado de chibi, que vem do original japonês para literalmente se referenciar a alguém baixinho, e em artes, animações e brinquedos designa um visual mais “fofinho”. É aquele estilo cabeçudinho que faz muito sucesso em produtos infantilizados ou colecionáveis como Pop Funkos da vida.

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Confesso que não sou daqueles que reclamam dessa escolha, e sinceramente creio que ela funciona muito bem para a franquia Pokémon, ainda que tenha pasteurizado alguns detalhes e sutilezas dos originais. Só achei um tanto quanto estranho isso ser utilizado nos momentos de exploração, a partir daquele ponto de vista com câmera alta, mas não durante batalhas, onde os personagens humanos têm traços mais tradicionais de anime (algo como no Final Fantasy VII original). Esse caráter mais lúdico é uma ótima forma de atualizar o que veio antes sem descaracterizá-lo totalmente, sem querer parecer mais maduro do que realmente é. E sim, funciona muito bem com ambientes coloridos e com a aventura juvenil que sempre foi parte da experiência Pokémon.

Ainda assim, não é uma adaptação impecável, e o próprio Switch já mostrou que há formas muito mais delicadas de se fazer esse tipo de transição, como no recente The Legend Of Zelda: Link’s Awakening. Texturas e arestas, bem como a expressividade de personagens, ficam aquém de produções como Animal Crossing: New Horizons (para manter uma referência mais ou menos no mesmo estilo gráfico) e o próprio ambiente poderia ter mais diversidade, ser um pouco mais orgânico, evitando usar sempre os mesmos modelos de árvores, construções e outras estruturas. Se a repetição de sprites era algo necessário no hardware limitado do DS, poderia haver uma evolução aqui para valorizar um produto que, a princípio, é a sua versão definitiva.

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Ainda assim, variações climáticas como chuva, neve e neblina funcionam muito bem, contando com uma geração de partículas bem coerente com o estilo assumido, algo também visto nos efeitos gráficos de certos golpes. Ciclos de dia e noite, mesmo com passagens abruptas, também funcionam a contento e trazem consequências importantes para o andamento da trama. Ainda que não tenhamos um espetáculo audiovisual pirotécnico nas lutas, senti que houve uma evolução na comparação com o alardeado Sword/Shield em termos de animações dos golpes, diversidade de movimentos e até diferenciação entre ataques de mesmo elemento.

A questão sonora é muito agradável, com faixas musicais típicas que acompanham o espírito de aventura da produção, e que variam entre uma cadência adequada para uma exploração tranquila (mas não sonolenta) e a agitação para os momentos de batalha que acrescentam em emoção. Gostaria de ouvir mais os Pokémon, não obviamente com falas completas, mas com aquela entonação que lhes garante personalidade em outras mídias, mas aí já é uma coisa mais pessoal e talvez bem longe do que os desenvolvedores querem para a franquia. Não espero dublagem para personagens humanos, pelo menos não para essas versões requentadas… mas quem sabe um dia.

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Conclusão

Pokémon Brilliant Diamond and Shining Pearl traz tudo aquilo que se espera de um remake das produções da franquia, considerando o que já foi feito antes. Atualiza questões estéticas, faz alguns ajustes mais discretos em alguns dos aspectos da jogabilidade, e aposta na reconstrução visual para agradar fãs de longa data e, ao mesmo tempo, atrair novos interessados que queiram adentrar nesse mundo sem fim. Adequadamente, chega poucos meses antes da próxima grande aposta original, Pokémon Legends: Arceus, game que se passa na mesma região alguns séculos antes do momento atual. Olhando por esse prisma, Diamond/Pearl funciona como um grande prólogo introdutório.

Se o visual não é uma unanimidade em termos de gosto, ele cumpre aquilo que se propõe, confere à produção um tom ainda mais leve e fofo na comparação com o original e com os jogos mais recentes da marca… mas falta algo, um pouco mais de ousadia em assumir o estilo, falta ousar graficamente de um modo como não acontece há muito tempo na série. Mesmo sendo uma atualização de algo já existente, haveria espaço para ir muito além do que só substituir sprites pixelados por modelos 3D em lote.

Análise Arkade: Pokémon Brilliant Diamond and Shining Pearl é puro carinho com os fãs

Mesmo sendo um tanto quanto conservador na execução da transição de 2006 para 2021, o jogo continua sendo uma das mais sólidas experiências Pokémon desde sempre, trazendo a região de Sinnoh para o centro das atenções e reapresentando uma geração de monstrinhos que pode não ter o mesmo apelo popular que a primeira, mas continua sendo muito consistente em termos de diversidade, estratégias de composição de time e adaptação ao estilo pessoal de cada jogador. Se a história está distante — muito distante — de oferecer qualquer originalidade, ela é o suficiente para guiar nossas ações para a tão sonhada Liga Pokémon.

Como uma celebração dos 15 anos dos originais, é uma produção cheia de belos acertos e algumas oportunidades perdidas e como um autêntico Pokémon, continua com o mesmo charme encantador de sempre. Esperamos, porém, que Arceus finalmente traga as inovações que os fãs tanto esperam para a franquia.

Pokémon Brilliant Diamond and Shining Pearl está disponível exclusivamente para Nintendo Switch desde 19 de novembro de 2021, e conta com localização de texto para diversos idiomas — mas infelizmente o português não é um deles (para variar).

Uma resposta para “Análise Arkade: Pokémon Brilliant Diamond and Shining Pearl é puro carinho com os fãs”

  • 27 de novembro de 2021 às 17:04 -

    Kevin

  • Não e preciso um hm boy pois todos os HM pode ser utilizado mesmo sem ter um pokémon que sabe eles

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