Análise Arkade: Slipstream, um jogo brasileiro que mistura velocidade e nostalgia
Mais uma vez, os estúdios indies brasileiros comprovam que nostalgia e velocidade têm tudo a ver! Slipstream chega hoje, trazendo o feeling de clássicos como Out Run e Cruis’n USA para os consoles modernos!
Pegando o vácuo
Slipstream é um jogo de corrida com vibe retrô que se apoia em dois conceitos muito específicos. O drift e o slipstream, que inclusive dá nome ao jogo.
O drift a gente já conhece: é a famosa derrapagem. O slipstream, termo que talvez seja novo para muita gente, é o que a gente chama de “pegar o vácuo” — ou seja, seguir na cola de outro veículo e aproveitar que ele já cortou a resistência do ar.
Dominar estas duas mecânicas é a receita do sucesso em Slipstream. Acho até que o drift é mais importante, pois as pistas são cheias de curvas — curvas longas –, que vão demandar derrapagens muito bem calculadas. O segredo, como você talvez já saiba, é soltar o acelerador, dar um toquezinho no freio e voltar a acelerar.
Ou seja, embora seu visual seja super anos 90, o gameplay de Slipstream traz elementos que o diferenciam dos jogos de antigamente. Ainda é um jogo totalmente arcade, sem ambições de ser um simulador, mas essas nuances o afastam do básico ´”é só pisar no acelerador” e pronto.
Um jogo desafiador
Verdade seja dita, Slipstream é um jogo bem desafiador já na dificuldade média. É muito normal os adversários abrirem uma ampla vantagem que torna uma “corrida de recuperação” quase impossível.
O jogo até conta com o recurso de “rewind” que retrocede alguns segundos no tempo para corrigir algum vacilo — porém, aqui esta habilidade tem cooldown, ou seja, não pode ser utilizado o tempo todo, levando um tempinho até ser “recarregado”.
Como as pistas são CHEIAS de obstáculos ao redor, as capotagens podem ser frequentes caso você mande mal nas derrapagens — o que pode lhe custar preciosos segundos e posições.
Talvez eu esteja enferrujado, mas confesso que achei Slipstream bem mais difícil do que outros jogos de corrida estilo arcade recentes — como o divertido Cruis’n Blast e o próprio Horizon Chase Turbo — outro jogo brasileiro que mistura velocidade e nostalgia.
Modos de jogo
Slipstream não é bem um jogo sobre “chegar em primeiro” — pelo menos não sempre. O modo principal de jogo, que é o Grand Tour, consiste em 5 corridas em sequência, todas conectadas por bifurcações. Em cada uma delas, há um “rival”. Sua missão é basicamente chegar na frente do rival. Não há um pódio, nem nada do tipo, é uma pegada parecida com o que o próprio Out Run fazia.
Um detalhe curioso é que estes rivais são inspirados em personalidades do mundo real, como o pintor Bob Ross, por exemplo. E, em uma boa sacada metalinguística, os rivais percebem quando o jogador usa o “poder” de retroceder o tempo, e até fazem comentários sobre isso!
Claro que, além do modo Grand Tour, existem corridas “avulsas” tradicionais, bem como modos de jogo diferenciados e até multiplayer local para 4 jogadores. No Grand Prix, por exemplo, é possível até ganhar dinheiro e melhorar seu carro ao vencer corridas — essa “tunagem” não faz parte dos outros modos de jogo.
Ha até um modo chamado Battle Royale, que na prática é o que outros jogos chamam de Elimination: o corredor que estiver na última posição é eliminado, até que sobre somente um carro na pista. No geral, há uma boa variedade de modos de jogo.
Audiovisual
Slipstream é um jogo muito consciente do que ele quer ser visualmente e qual o público que ele quer atingir. Se considerarmos que ele foi feito por um cara só — o mineiro Sandro Luiz de Paula, conhecido como ansdor, –que criou sua própria engine, a qualidade audiovisual do game é bem impressionante.
Slipstream emula com perfeição o feeling dos jogos de corrida dos anos 90, pois utiliza a mesma técnica, chamada sprite scaling. Basicamente, é um efeito que faz os sprites 2D ficarem maiores conforme “se aproximam” da tela. Apesar de simples, o efeito visual é bem interessante (e nostálgico).
Os veículos também são totalmente old school, emulando o visual de carros estilosos de antigamente, como o Fiat Tempra e o Subaru SVX. A estética dos carros contribui com o clima de nostalgia do game. Não há os esportivos conversíveis de Out Run, mas a vibe é a mesma.
A trilha sonora traz uma mistura de jazz instrumental com vaporwave e synthwave que também combina perfeitamente com o jogo. Os efeitos sonoros, obviamente, também emulam o tipo de áudio que tínhamos nos arcades de antigamente.
Alguns detalhes charmosos enriquecem a experiência: é possível, por exemplo, aplicar filtros de imagem que imitam scanlines e monitores CRT. Além disso, ao usar o rewind, a imagem distorce como se fosse uma fita VHS sendo rebobinada — o que é muito legal!
Ah, e como estamos falando de um jogo brasileiro, é óbvio que Slipstream tem menus e legendas em português brasileiro!
Conclusão
Slipstream é mais um ótimo jogo brasileiro que aposta na nostalgia para entregar uma experiência que realmente leva o jogador para uma viagem de volta no tempo graças à sua estética e seu capricho.
Mas não venha esperando um passeio tranquilo: o nível de desafio aqui é bem alto, e vai exigir que você domine as mecânicas de drift e slipstream para se dar bem.
Talvez Slipstream não tenha muito apelo para a molecada que cresceu jogando Forza, Need for Speed e outros jogos de corrida modernos. Mas, os marmanjos de plantão, que cresceram com Top Gear, Out Run e Cruis’n USA, sem dúvida vão encontrar um prato cheio de nostalgia e diversão com o game.
E, sempre é bom lembrar: É UM JOGO INDIE BRASILEIRO. Seu precinho mais do que camarada (menos de 30 reais no Xbox e no Switch, 53 reais no PS4) faz dele um item obrigatório na biblioteca de retrô gamers e saudosistas!
Slipstream já estava disponível para PCs desde 2018, e está chegando hoje para Playstation 4, Xbox One e Nintendo Switch.
Jornalista, baterista, gamer, podcaster e fotógrafo digital (não necessariamente nesta ordem). Apaixonado por videogames desde os tempos do Atari 2600.
Contato: rodrigo@arkade.com.br
Marcus Crisostomo
O preço camarada de menos de R$ 30,00 é na loja do Xbox e do Switch. Na loja da Sony esse jogo tá custando R$ 53,00.
Não faz sentido esse jogo custar mais na loja da Sony
Rodrigo Pscheidt
Aff, achei que o preço era o mesmo em todas as lojas. Deve haver uma taxa extra da própria Sony em cima do preço. :/
Infelizmente, isso é meio normal. Cansei de ver o mesmo jogo com preços diferentes na Xbox Live e na PSN (a loja da Microsoft é mais em conta na esmagadora maioria dos casos).
BlitWorks
Bom dia, a nossa intenção foi sempre ter mesmo valor em todos os consoles, mas era impossível colocâ-lo no PlayStation, o sistema não permitia colocar os valores de forma precisa para o Brasil em especifico.
Kevin Leite
Esse jogo me lembra muito Ridge Racer. Me deu vontade de pega no ps4, mas achei bem caro…
Junebas
Não faz sentido, mas essa diferença entre os jogos da microsoft e sony sempre foi um realidade. Só se ligou nisso agora?