Análise Arkade: Super Mario 3D World + Bowser’s Fury é um combo incrível e imperdível

18 de fevereiro de 2021
Análise Arkade: Super Mario 3D World + Bowser's Fury é um combo incrível e imperdível

Sejamos francos: o Nintendo Wii U não foi lá um grande console. A própria Nintendo parece saber disso, pois, desde que lançou o Nintendo Switch, vem trazendo todos os títulos mais relevantes do catálogo do Wii U para seu console atual — esse sim, um sucesso retumbante.

A bola da vez é Super Mario 3D World, que chegou na semana passada ao Switch… mas não veio sozinho: além do jogo remasterizado, a Nintendo trouxe um conteúdo inédito, Bowser’s Fury, que é, no mínimo, diferente. Quer saber o que achamos desse pacote? Então fique de olho na nossa análise completa.

Super Mario 3D World

Sequência do simpático Super Mario 3D Land, do Nintendo 3DS, Super Mario 3D World coloca o Mario e seus amigos para resgatar um bando de fadinhas que foram aprisionadas pelo vilão de sempre, Bowser.

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O mundo de gelo nunca pode faltar

Este é um jogo do Super Mario que tem muito em comum com os primórdios da franquia: uma aventura dividida em fases, que estão espalhadas por um grande mapa relativamente explorável, dividido em áreas temáticas distintas.

As fases são majoritariamente lineares, vistas sob uma perspectiva meio isométrica, com controle limitado da câmera. Boa parte dos power ups clássicos estão aqui — como a roupinha de tanooki ou a flor de fogo — mas a que recebe mais destaque é a roupa de gatinho, que permite que o bigodudo (e seus amigos) andem pela parede por alguns instantes.

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Outro power up novo é a cereja, que duplica um personagem, e permite que o jogador controle até 4 “clones” simultaneamente — o que pode ser útil para ativar certos mecanismos no cenário.

Tradição e diversão

Como não tive um Wii U, eu nunca havia jogado Super Mario 3D World, e jogá-lo só confirma o alto padrão de qualidade que a Nintendo imprime nos jogos de seu mascote. O jogo é impecável tecnicamente, tem um level design primoroso e um nível de desafio que vai agradar tanto os veteranos que vêm dos jogos 2D quanto os novos players que conheceram o Super Mario do N64 pra frente.

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Jogo do Mario sempre é garantia de muitas cores e diversão

A presença de multiplayer cooperativo para até 4 jogadores (tanto online quanto local) é outro ponto de destaque: jogar Super Mario é divertido sozinho, e fica ainda mais divertido com os amigos. Por enquanto eu só pude experimentar a jogatina em dupla, mas mal posso esperar para curtir o game com outras 3 pessoas. Ah, e um detalhe bacana é que, jogando em modo portátil, pode-se interagir com a tela touch; na TV, uma combinação de botão + giroscópio nos permite interagir com a tela.

Na prática, Super Mario 3D World é uma releitura muito bacana do estilo de jogo que consagrou o personagem: fases com limite de tempo, vidas limitadas (juntar 100 moedas sempre dá uma vida extra), muitos colecionáveis e segredos, alguns chefões que devem ser vencidos naquele esquema “decore o padrão de ataque e espere sua vez de atacar”, e por aí vai.

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Peach, Toad e Luigi também podem ser controlado

Resumindo, Super Mario 3D World é uma experiência muito tradicional, muito familiar para quem é fã do Super Mario.

Bowser’s Fury

Tradicional é um adjetivo que definitivamente não se aplica a Bowser’s Fury, jogo inédito e totalmente independente que faz parte do pacote deste relançamento. Aqui o vilão Bowser foi “infectado” pela tinta maléfica de seu filho, Bowser Jr., e acabou se tornando uma fera realmente gigante, um lagartão cuspidor de fogo que não deve nada para o Godzilla!

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E agora, Mario?

Bowser Jr. tem medo de seu pai, e por isso pede a ajuda de Mario para fazê-lo voltar ao normal. Faremos isso acendendo faróis em diferentes ilhas, e aí já vem a primeira grande novidade de Bowser’s Fury: ele é um jogo de mundo aberto, ambientado em um vasto arquipélago. Cada ilha é como uma fase, mas podemos entrar e sair de cada ilha a hora que quisermos.

Mesmo os jogos mais abertos do Mario sempre tiveram algum tipo de divisão. Em Super Mario 64, entrávamos em quadros. Em Super Mario Galaxy e Odyssey, viajamos para diferentes mundos.

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O mapa aberto do jogo é até que bem amplo

Acredito que esta seja a primeira vez que temos um jogo do Mario com mundo realmente aberto, sem interrupções entre a exploração do mapa e o conteúdo de cada ilha/fase.

Jogabilidade moderna

Bowser’s Fury é jogado de maneira muito diferente de Super Mario 3D World: aqui temos um jogo totalmente tridimensional, com visão em terceira pessoa e total liberdade de movimentação tanto do personagem quanto da câmera. Nesse ponto, ele está mais para Mario Odyssey do que para 3D World. Falando nisso, é possível jogar em 2 pçlayers, mas, como em Odyssey, o segundo jogador fica relegado à coadjuvante, ajudando o Mario com o Bowser Jr.

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É possível viajar livremente pelas ilhas, sem uma ordem pré-determinada

A roupa de gatinho, mais uma vez, é a grande estrela: andar pelas paredes é necessário em diversos momentos, e praticamente tudo foi “gatificado” pra esse jogo: os Goombas, os Koopa Troopas, os Bullet Bills e praticamente qualquer outra criatura do mundo têm orelhinhas de gato — até as gaivotas, que só estão ali fazendo figuração, são assim!

Desde o início, temos total liberdade para explorar o vasto mapa do jogo, sem ordem específica. Porém, alguns trechos do cenário estão cobertos por uma gosma preta, e só poderão ser acessados conforme evoluímos, acendendo faróis e diminuindo a influência do Bowser.

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Bowser é uma presença constante no mapa, mas só toca o terror quando sai do casco

Apesar desta abordagem diferenciada, cada ilha ainda é um grande “parque de diversões” para que curte jogos de plataforma, oferecendo desafios inventivos e divertidos para o jogador, e trazendo de volta muitos elementos que funcionaram em Super Mario 3D World.

Duelo de Titãs

A novidade mais maluca, porém, se dá na presença constante do Bowser, que está o tempo todo visível, enorme, dentro de seu casco. Ocasionalmente, o tempo vai virar, e quando uma tempestade começa, Bowser sairá de seu casco para tocar o terror pelo mundo. Enquanto estivermos do tamanho normal, só o que podemos fazer é nos escondermos de sua fúria.

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Assim não é uma briga justa

Conforme jogamos, porém liberamos o uso dos Giga Bells, monumentos em forma de sino que permitem que o encanador fique tão grande quanto o vilão! Aí vem as boss battles, verdadeiros duelos de gigantes onde vamos acertar as contas com Bowser na base da porrada!

As batalhas não são realmente difíceis, e seguem o esquema “decore o padrão de ataque e espere sua vez de atacar” típico dos jogos do Mario. O que muda aqui é a proporção: as ilhas ficam pequenas diante dos personagens, e o confronto ganha ares titânicos dignos de Godzilla Vs. Kong ou Pacific Rim!

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Godzilla Vs. King Kong? Que nada! Essa é a treta que eu quero ver!

É uma abordagem muito diferente — e ousada — da Nintendo, que nunca fez nada assim antes. Ao mesmo tempo que essa mecânica tem um sabor meio experimental, ela funciona surpreendentemente bem, dando uma nova magnitude para a eterna briga entre Mario e Bowser, que já existe há décadas, mas nunca foi tão grandiosa quanto neste jogo.

Acho que o maior problema aqui é que, quanto mais avançamos, mais vezes o Bowser ataca. Isso se torna um pouco repetitivo (e chato) pois, caso a gente não possa usar os Giga Bells — que demandam mais Sóis para serem ativados a cada vez que são usados, só o que podemos fazer é evitá-lo (ou desbloquear um Sol novo, o que faz o chefe fugir de volta para o casco). Depois que conseguimos um total de 50 Sóis, vamos para o duelo final com Bowser.

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Até o sol tem cara de gato no jogo XD

Bowser’s Fury não é um conteúdo particularmente longo — com um pouco de determinação, é possível fazer praticamente tudo em cerca de 6 horas, mas mostra um lado muito disruptivo da Nintendo. Um lado que, espero, ela explore mais no futuro.

Audiovisual

O Super Mario 3D World que temos aqui é basicamente uma remasterização do jogo de Wii U. Deram um boost na velocidade do Mario, mas no geral o game é o mesmo, rodando em uma resolução mais alta. Tanto em modo portátil quanto no dock, a jogatina flui suave em 60fps.

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O jogo é impecável em termos de audiovisual. A Nintendo sempre é caprichosa com suas principais IPs, então o que temos aqui é uma experiência onde visual, trilha e efeitos sonoros foram produzidos (e remasterizados) com muito esmero.

Bowser’s Fury, por sua vez, parece quase exigir demais do hardware do Nintendo Switch: jogando na TV ele se esforça para ficar nos 60fps, mas em modo portátil, a taxa de quadros é cortada pela metade (30fps). Quando há muita coisa acontecendo na tela — tempestade, Bowser gigante cuspindo fogo, coisas explodindo — rolam alguns slowndowns bem perceptíveis, mas não é nada que estrague a experiência como um todo.

Análise Arkade: Super Mario 3D World + Bowser's Fury é um combo incrível e imperdível

O fato é que, por ser muito diferente, Bowser’s Fury é bastante surpreendente, e o já mencionado capricho da Nintendo se faz presente aqui: o jogo até faz uso de tecnologias que parecem bastante avançadas, como reflexos na superfície da água que não são aquele ray tracing caprichado, mas cumprem seu papel.

A trilha sonora é incrivelmente variada — cada ilha possui um tema, e podemos saber que o Bowser vai “acordar” simplesmente pela variação na trilha sonora.

Por mais que seja um “extra” que chega só para acompanhar o relançamento de Super Mario 3D World, Bowser’s Fury não deixa a desejar, e entrega a qualidade que se espera de um legítimo jogo da Nintendo. É um jogo tecnicamente muito arrojado, que cobra seu preço do console, mas felizmente roda bem na maior parte do tempo.

Conclusão

Super Mario 3D World + Bowser’s Fury é um pacote que realmente vale a pena ser adquirido. A Nintendo de vez em quando abusa da nostalgia (vendendo jogos de Nintendo 64 ou títulos nem tão clássicos como Pikmin 3 por preço de Triple A), mas neste caso, eu diria que temos um excelente custo-benefício.

Análise Arkade: Super Mario 3D World + Bowser's Fury é um combo incrível e imperdível

Por que eu digo isso? Bem, primeiro porque Super Mario 3D World é um jogo incrível, completo, com multiplayer, uma longa campanha e o “selo de qualidade Nintendo“. E, é um jogo que nem todo mundo jogou, afinal, era um exclusivo de Wii U.

E segundo, porque Bowser’s Fury é uma das coisas mais legais e originais que a Nintendo lançou nos últimos tempos. É familiar em vários aspectos, mas também é único, diferente, fresco. É a Nintendo pensando “fora da caixa”, e colocando seus personagens mais famosos em situações que nunca vimos antes.

Análise Arkade: Super Mario 3D World + Bowser's Fury é um combo incrível e imperdível
O Mario com roupa de gato gigante fica quase um Super Sayajin!

Não sei se ela planeja lançar Bowser’s Fury separadamente no futuro, mas por enquanto, a única forma de adquirir o jogo é nesse pacote Super Mario 3D World + Bowser’s Fury. Só isso já faz o combo valer a pena: o que temos aqui é uma refeição completa, com um prato principal muito bom, e uma sobremesa que deixa um gostinho de quero mais.

Super Mario 3D World + Bowser’s Fury foi lançado em 12 de fevereiro, exclusivamente para o Nintendo Switch. O jogo possui menus e legendas em português de Portugal — algo que, em se tratando de Nintendo, é um avanço.

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