Análise Arkade: The Company Man, uma visão criativa do mundo corporativo

29 de janeiro de 2022
Análise Arkade: The Company Man, uma visão criativa do mundo corporativo

The Company Man, jogo que chegou recentemente ao Nintendo Switch, traz uma jornada pelo mundo corporativo bem diferente daquela que conhecemos do mundo real!

A dura vida do trabalhador

Em The Company Man, assumimos o controle de um jovem trabalhador que está começando em uma nova empresa, e sonha em tornar-se o CEO, mas terá que ralar muito para chegar lá.

Acontece que o ambiente de trabalho é um tanto quanto… tóxico. Para chegar ao topo, você precisará sair na porrada com outros funcionários, encarar chefes abusivos e sobreviver a diversos outros perigos do mundo corporativo.

Análise Arkade: The Company Man, uma visão criativa do mundo corporativo

Pessoalmente, gosto muito da leitura bem humorada e satírica que o jogo adota para representar os diferentes departamentos de uma empresa. A contabilidade, por exemplo, e um ambiente gelado e inóspito, enquanto a área de pesquisa e desenvolvimento parece o laboratório de um gênio do mal.

Os inimigos seguem a mesma linha: sejam os malucos realizando manobras em cadeiras de escritório ou os funcionários do RH que mergulham em um mar de papelada, o jogo realmente se esforça para criar uma identidade condizente com cada “bioma” — cada departamento opera em um andar do prédio da firma.

Corra, pule e ataque

Mecanicamente, The Company Man é um jogo de plataforma 2D bastante tradicional e sem firulas. A movimentação rola toda no plano 2D, onde podemos correr, pular, utilizar um dash e, claro atacar os inimigos.

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Os ataques também são “temáticos”. Nossa arma principal é um teclado de computador, que empunhamos como uma espada para desferir golpes de curto alcance. Para atacar à distância, disparamos e-mails, que vão ganhando variações conforme progredimos — todas com certificados e piadinhas temáticas. O detalhe de a explosão dos projéteis ter a forma de um @ evidencia o cuidado com os detalhes do time de arte.

Algumas fases são meio labirínticas, mas é bem difícil de ficar perdido, afinal, este é um jogo de fases, não um MetroidVania. Os cenários são bastante verticais e em alguns pontos podem rolar bifurcações, mas não há necessariamente um caminho certo, ambos vão chegar a algum lugar.

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É um level design bastante competente, que faz um bom uso de elementos do cenário para aumentar as possibilidades de exploração do jogador. Por exemplo, na área de contabilidade, há cofres congelados que podem tanto servir de plataforma quanto serem usados como contrapesos em balanças, para que possamos alcançar lugares altos.

Infelizmente, não há muita profundidade no gameplay, o que faz com que a jornada que The Company Man oferece acabe tornando-se um pouco formulaica e repetitiva. Salvo um ou outro chefe mais criativo, o restante do jogo se resume a correr, pular, chegar até uma nova área… e fazer tudo isso novamente.

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O jogo até poderia ser mais arrojado e contar com elementos como o tradicional wall jump, por exemplo, mas ele não faz isso, e se atém ao básico do gênero plataforma 2D por toda sua duração. Isso não é realmente um problema, mas, como eu disse, faz com que ele se torne um pouco formulaico.

Uma coisa que atrapalha um pouco é que o dash aqui não é daqueles que atravessa os golpes inimigos. Então, lembre-se de usar o dash no sentido contrário ao dos ataques — para fugir deles, não atravessá-los. Depois de incontáveis horas jogando Hades e outros jogos com dash que atravessa ataques e projéteis, dá um pouco de trabalho se acostumar com um dash que não faz isso. :P

Audiovisual

The Company Man traz um visual 2D cartunesco que combina muito com a pegada do game. Os artistas foram muito criativos na hora de transformar elementos comuns do ambiente corporativo em elementos dos cenários, bem como em criar monstros e inimigos tão distintos para cada um dos “andares” pelos quais passamos.

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O jogo é cheio de boas sacadas interessantes: os checkpoints, por exemplo, são mesas para um cafezinho rápido — algo que todo mundo precisa ao longo de um dia de trabalho, não é mesmo? A loja de upgrades, por sua vez, é um quiosque que vende diferentes tipos de cafés sofisticados. O universo do game é cheio de detalhes charmosos e criativos.

A trilha sonora não é particularmente inspirada, mas cumpre sua função de preencher o silêncio, sem se destacar. Os personagens falam daquele jeito meio The Sims (apenas barulhinhos e vocalizações, não palavras), mas há muitas interjeições de combate e bons efeitos sonoros.

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O jogo não foi localizado para o nosso idioma, então, se quiser entender os diálogos que rolam entre o protagonista e seus superiores, vai precisar entender um pouquinho de inglês. Não há uma grande história se desenrolando, mas né, os diálogos trazem boas piadinhas e comentários espirituosos sobre o mercado de trabalho e o mundo corporativo.

Conclusão

Embora eu tenha gostado do tempo que passei jogando The Company Man, acho que ele é um jogo simples demais, básico demais. Seu loop de gameplay não exige muito do jogador, de modo que o jogo não é desafiador para jogadores calejados por títulos de plataforma 2D mais densos.

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Recomendo o jogo por sua temática e sua visão bastante peculiar de um ambiente de trabalho corporativo. Mas, se o que você busca é um jogo de plataforma 2D que seja realmente viciante e desafiador, há opções melhores por aí — como o excelente jogo brasileiro Kaze and the Wild Masks, por exemplo.

The Company Man está disponível para PC e Nintendo Switch (versão analisada).

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