Análise Arkade – The Legend Of Zelda: Skyward Sword HD e o merecido reconhecimento

28 de julho de 2021
Análise Arkade - The Legend Of Zelda: Skyward Sword HD e o merecido reconhecimento

A comparação é inevitável. The Legend Of Zelda: Skyward Sword HD, versão remasterizada do original lançado há praticamente 10 anos para Nintendo Wii — e cujo (re)lançamento coincide com o aniversário de 35 anos da franquia –, deve ser analisada por vários ângulos, mas não há como distingui-lo completamente não só daquele que foi um dos últimos respiros de um dos consoles mais revolucionários de todos os tempos, como também da sombra do último grande título original da série, The Legend Of Zelda: Breath of the Wild, que mesmo já tendo seus 4 anos, ainda vive fresco na memória dos fãs.

TLoZ: Skyward Sword é, sem dúvidas, um título com qualidades imensas e com um peso igualmente grandioso para carregar, já que é considerado o game que estabelece toda a origem da consagrada lenda de Zelda. Aqui, conhecemos uma garota ainda jovem e que ainda não é chamada de princesa, e, nas terras de Skyloft, uma região pacífica e bucólica escondida por entre as nuvens, os jovens Link e Zelda cresceram juntos, compartilhando a tranquilidade e a paz daquele lugar. Mas, como não poderia deixar de ser, essa paz não vai durar para sempre…

Análise Arkade - The Legend Of Zelda: Skyward Sword HD e o merecido reconhecimento

Uma bela história contada com calma

Nossa trama os acompanha na preparação de uma encenação teatral, algo semelhante a um ritual cultural, se assim podemos chamar, e depois de algumas aventuras voando com seus companheiros alados, chamados de Loftwings, e de uma cerimônia encantadora (e romântica, por assim dizer) apresentada para amigos e valentões do povoado, Zelda e Link (que pode ser renomeado pelo jogador para um nome pelo qual será tratado ao longo de toda a jornada) voam lado a lado até que a garota é sugada por um vórtice cheio de mistérios para a superfície, um ambiente inóspito e desconhecido que fica sob as nuvens. Não demora até que nosso herói parta em busca dela e descubra algo muito maior sobre o mundo e sobre si mesmo.

Como fica evidente nestas primeiras 3 ou 4 horas da campanha, regadas a muito diálogo e cutscenes singelas — que estabelecem o clima de conto de fadas para a aventura –, estamos diante de uma travessia de descobrimento, amadurecimento e superação, a clássica jornada do herói, convocado sem avisos para uma viagem perigosa pela qual não esperava, mas que vai mostrar para ele mesmo que é um verdadeiro herói. São algo em torno de 35 a 40 horas que, aos poucos, apresentarão ao jogador (e ao próprio Link) um universo cheio de perigos, encantos e descobertas.

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O ritmo narrativo não tem qualquer pressa ao nos apresentar, elemento por elemento, do que é feito o mundo de Skyward Sword: cada personagem que encontramos pelo caminho é bastante generoso em nos revelar os segredos que o regem. Para os mais apressados, porém, vale a ressalva: o jogo demora um pouco a engrenar, e a cada dois inimigos, há bons minutos de conversa, inclusive porque além de apresentar toda a riqueza desse lugar, o jogo também tinha por objetivo principal nos dar subsídios para nos acostumarmos com os sistemas de movimentação e combate, que na sua época trouxeram avanços significativos em relação aos controles com sensor de movimento.

Controle total e adaptabilidade

Os controles do Switch foram muito bem aproveitados para reproduzir — e talvez até refinar — as principais novidades do título de 2011, oferecendo duas formas (e algumas variações) de se controlar o nosso protagonista: a primeira delas permite que a mão direita manipule sua lâmina principal nas diferentes direções e sentidos, graças ao giroscópio: horizontalmente, da esquerda para a direita ou da direita para a esquerda, e assim por diante na vertical ou na transversal. O controle por movimentos tem uma precisão consistente, essa mecânica é fundamental seja porque há inimigos que só podem tomar dano com ataques corretos, seja porque outros sabem se defender e cabe ao jogador se adaptar às aberturas na guarda deles.

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Contudo, se você é daqueles que prefere jogar com o controle mais convencional sem utilizar os recursos de movimento, ou se tem só a versão lite do console, é perfeitamente possível utilizar o analógico direito para o mesmo efeito, e funciona bem. A única ressalva, nesse caso, é que a movimentação livre da câmera é um pouco comprometida, já que pode ser feita pelo sensor giroscópio (o que é um pouco destrambelhado) ou usar também o mesmo analógico direito, só que com o gatilho L acionado.

Sim, parece confuso, ainda não que seja especialmente complicado, mas demanda um recondicionamento mental já que, instintivamente, vamos acabar sacando a espada ao tentar alinhar o ponto-de-vista até nos acostumarmos com isso. Essas variações dependem do jogador e esta versão HD, felizmente, permite que escolha seja feita.

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Confesso que particularmente, prefiro o modo mais convencional a priori, mas que a fluidez e a naturalidade de movimentos com os joycons soltos me pareceram a forma ideal de se experenciar The Legend Of Zelda: Skyward Sword HD, até por originalmente ele ter sido desenvolvido com esse objetivo.

O recurso é um pouco cansativo em sessões longas, mas como é possível alternar essas possibilidades a qualquer momento, vale a pena descobrir como e quando fazer essa decisão sem prejuízos. De uma forma ou de outra, o sistema de movimentação, exploração e combate do jogo é bem diferente do que veio antes e mesmo do que vimos depois, algo que por si torna esse relançamento algo muito proveitoso e pertinente, seja para os fãs de longa data da série, seja para quem procura uma porta de entrada para ela, ou ainda para quem começou por BotW e quer mergulhar nessa riquíssima mitologia.

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Importante dizer, porém, que este é um jogo cuja estrutura principal é bem distante do vasto mundo aberto que o jogo de 2017 nos apresentou. Na verdade, é dos jogos mais formulaicos de toda a saga, apresentando um formato bastante consagrado e confortável para os veteranos na franquia desde Ocarina of Time, e faz deste modelo seu melhor acerto em termos de design de níveis. Isso significa, como consequência, que temos algumas das maiores e melhores dungeons já vistas em um The Legend of Zelda, com inimigos relativamente diversificados e puzzles instigantes que desafiam o jogador a utilizar de suas ferramentas criativamente, sem parecer pedante ou complicado demais.

A exploração da superfície — as vezes, um tanto quanto burocrática — e a visita constante às terras flutuantes para merecidos respiros, compra de equipamentos e melhoria de recursos completam uma estrutura que mostra o amadurecimento da franquia, mas também, agora com um olhar em retrospectiva, o quão limitada ela tinha se tornado. A dinâmica de avançar até um ponto, encarar um calabouço, conquistar uma relíquia e superar o chefão de posse de novos conhecimentos para aí retornar e avançar na história é funcional, mantém o interesse, e, se a comparação não atrapalhar, ainda é, contudo, muito divertida.

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Equilíbrio técnico e audiovisual

Em termos estéticos, The Legend Of Zelda: Skyward Sword HD sempre foi dos jogos mais bonitos e impressionantes da sua geração, com um ótimo trabalho que sabe dosar bem o lúdico e o lúcido tanto na construção de personagens carismáticos e, por vezes, caricatos e arquetípicos, e de ambientes diversificados. De certa forma, a nova versão respeita bastante a concepção original, e isso lhe garante o mesmo brilho de outrora, mas também expõe algumas limitações mais perceptíveis para olhos modernos.

Isso se reflete, por exemplo, na elaboração da expressividade de Link, Zelda e tantos outros personagens que encontramos ao longo da jornada. Sempre exageradas e nem sempre coerentes, há pouco de sutil nessa interpretação, por assim dizer, e na falta de um trabalho de vozes, a empatia pela aventura e pelos propósitos dos protagonistas fica por conta de um texto de alto nível, da história envolvente e da simpatia que já carregamos por esse mundo. Além de ser necessário que compreendamos que esta é, afinal, uma remasterização de um jogo com 10 anos e de duas gerações da Nintendo atrás, também é importante ter ciência de que é um universo todo próprio, de uma fantasia mais inocente, quase pueril.

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Outro destaque fica por conta da própria configuração do mundo, que conta com belas artes que lembram contrastes de aquarela, mas que ao mesmo tempo sofrem com texturas nem sempre muito definidas, paletas com alcance menor e uma cenografia rica, porém limitada. Certas passagens mantém algumas texturas de vegetação ou terrenos rochosos mais simplificadas, mas outros tem algumas boas soluções de atualização de construções, líquidos e partículas. Rodando liso a 60 quadros por segundo (jogando na TV), o game nunca foi tão belo e fluido, e mesmo sem a pretensão de parecer tão atual como os jogos de hoje em dia, é impossível não se encantar com esse universo.

Além disso, não seria The Legend of Zelda se não contasse com uma trilha sonora impecável. Todas as canções orquestradas, mesmo não recebendo o reconhecimento de outras mais populares da série, são lindas, sofisticadas e bem executadas. Em alguns momentos, me peguei voando meio que sem rumo ou objetivo só curtindo um prazeroso passeio muito por conta da composição intocável que faz até a travessia mais corriqueira ser um deleite. Somado a um belo trabalho de mixagem de efeitos e ruídos, esse é o tipo de jogo que merece ser jogado com o som alto e com imersão total.

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Mudou, mas continua o mesmo

Quando se olha para o conjunto da obra, The Legend Of Zelda: Skyward Sword HD não traz nenhum conteúdo adicional e permanece praticamente intocado quando comparado à versão original, restando a essa remasterização alguns ajustes pontuais para atualizá-lo para a geração atual e torná-lo mais amigável ao jogador.

Já citamos anteriormente a ampliação das opções de se utilizar ou não os controles de movimento, e essa é uma diferença substancial, e a simples opção de pular ou acelerar cenas de corte e explicações excessivamente didáticas já ajudam — ainda que não resolvam — no ritmo um pouco arrastado da aventura.

As óbvias e necessárias melhorias gráficas, como destacado, tornam a produção mais nítida e suave, e valoriza principalmente a colorização, ainda que não possa ajudar muito em outros elementos já datados, como expressividade, texturas e cenografia. Outros ajustes são bem-vindos, como o providencial salvamento automático, mesmo que o jogo tenha sido projetado sem eles com muitos pontos de salvamento espalhados para tudo que é lado.

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Todas essas atualizações, por assim dizer, não alteram em quase nada a experiência original, o que pode ser uma qualidade, visto que mesmo com a idade, é um jogo perfeitamente funcional e que não apela para a nostalgia para se tornar “jogável”, mas também explicita alguns elementos que se mostraram insuficientes e que exigiram as mudanças pelas quais a série passou depois. Sem missões extras ou sequer equipamentos novos, porém, a versão em alta definição apresenta atrativos limitados para quem já o aproveitou bem em sua época e parece ser um relançamento muito mais voltado a apresentar essa história de origem a novos fãs que por ventura tenham passado batido por ela do que incorporar novidades à franquia.

Conclusão

The Legend Of Zelda: Skyward Sword HD é, sem dúvidas, um título muito valioso para a biblioteca do Nintendo Switch. Se não traz necessariamente algo de realmente novo para o título de uma década atrás e para quem já o explorou ao máximo, é uma ótima desculpa para revisitar o mundo de Skyloft ou para conhecê-lo pela primeira vez, com a possibilidade do uso aprimorado dos sensores de movimento ou mesmo de um sistema mais tradicional e, ao mesmo tempo, inventivo de se jogar sentado com o controle em mãos.

Análise Arkade - The Legend Of Zelda: Skyward Sword HD e o merecido reconhecimento

Esteticamente o jogo não esconde suas limitações, e parece não ter qualquer intenção disso. Ao contrário, valoriza seu estilo artístico, melhora suas ótimas qualidades e faz ajustes aqui e acolá que o tornam mais adequado ao momento atual. No final, o altíssimo nível de qualidade da série continua prevalecendo sobre qualquer aspecto datado, e o encanto e a fantasia dessa história de heroísmo e amor se mostra, uma vez mais, atemporal. The Legend Of Zelda: Skyward Sword HD não é Breath of the Wild, nem mesmo Ocarina of Time, mas é essencialmente um grande The Legend Of Zelda, e se a comparação é mesmo inevitável, que ela ajude a entender isso.

Disponível exclusivamente para Nintendo Switch (excluindo-se, obviamente, a versão original que pode ser aproveitada no Wii e no WiiU), The Legend Of Zelda: Skyward Sword HD foi redesenhado pela Tantalus e lançado em 16 de julho de 2021.

Como de praxe em exclusivos da Nintendo, o jogo infelizmente não conta com localização para o português brasileiro.

2 Respostas para “Análise Arkade – The Legend Of Zelda: Skyward Sword HD e o merecido reconhecimento”

  • 28 de julho de 2021 às 16:28 -

    Helinux

  • Dukralho!!!! valeu!!!!

  • 3 de setembro de 2021 às 17:46 -

    Zé Gamer

  • Estou jogando o jogo pela primeira vez e estou curtindo bastante.

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