Arkade VR: Cities VR é o bom e velho simulador “encurtado” para a realidade virtual

12 de maio de 2022
Arkade VR: Cities VR é o bom e velho simulador "encurtado" para a realidade virtual

Inicialmente anunciado no fim de 2021 no Upload VR Showcase, Cities VR é a prometida versão para a realidade virtual do muito elogiado Cities Skylines, lançado já no distante 2015 para diversas plataformas. Com uma pegada bem mais simplista e despretensiosa, o jogo em realidade virtual talvez não possua potencial para agradar os fãs tradicionais do gênero, mas sim para atrair novos jogadores para uma experiência singular em VR.

Com controles e esquemas de câmeras completamente distintos dos vistos em Skylines, Cities VR possui identidade própria em vários sentidos. Porém, ao tomar certas decisões para adaptar seu conteúdo, corre o risco de se tornar simples demais, ao ponto de poder ser visto como raso em alguns pontos. Mas vamos com calma apresentar toda essas questões nessa análise completa.

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Skylines para a realidade virtual

Antes de mais nada é importante ressaltar que Cities VR não é uma espécie de continuação de Cities: Skylines, mas sim uma versão “alternativa” do game para a realidade virtual. Dessa forma, não espere aqui mecânicas inovadoras ou evoluções estupendas das mecânicas vistas em 2015. Na verdade, aqui temos uma adaptação da maioria daquelas mecânicas para a realidade virtual.

Cities VR consegue fazer razoavelmente bem essa tradução da jogatina da administração de cidades para a realidade virtual, nos colocando numa visão “godlike” e permitindo que administremos a cidade em várias posições diferentes de forma bem imersiva. Entretanto, algumas mecânicas do jogo original ficaram de fora dessa versão VR, o que deixa o título ainda mais longe da ideia de ser uma “evolução” de Skylines.

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Para além da proporção do game, seu ritmo permanece bem parecido com o visto em Skylines. Você inicia um mapa de modo bem simples, com apenas alguns princípios de ruas construídos para, de pouquinho em pouquinho, pegar mecânicas e fazer crescer sua megalópole. A construção baseada em zonas de serviço se manteve, deixando a organização da cidade um pouco melhor, mas com o crescimento da cidade, tudo vai se tornando mais complexo.

O básico de Skylines está muito bem estabelecido em Cities VR: o planejamento de estradas é bem satisfatório, bem como o gerenciamento de orçamento e impostos, o sistema de transporte, educação e emergência; os estabelecimentos de serviços públicos e os já citados zoneamentos da cidade. Essa grande variedade de customizações e a liberdade de planejar sua cidade tornam o título muito gratificante.

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A cidade na palma das mãos

Porém, com tantas opções e customizações, Cities VR teve um desafio e tanto pela frente: traduzir todas as abas e janelas de menus para uma forma minimamente orgânica na realidade virtual. A tentativa foi válida, com uma espécie de paleta de oções de edição no controle esquerdo do Meta Quest 2, enquanto o controle direito é responsável por apontar e construir.

Com essa dualidade os controles se tornam um pouco desequilibrados em complexidade. Enquanto o direito é muito simples e instintivo de ser usado, o esquerdo recebe uma enxurrada de opções, todas concentradas nele. A ideia de fazer isso de uma forma imersiva funciona até certo ponto, mas esse desequilibrio de opções entre uma mão e outra pode incomodar alguns jogadores.

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Controlar 80% do jogo com a mão esquerda apenas é um pouco incômodo e confuso.

Ao mesmo tempo em que existiu uma preocupação em tornar os controles de Cities VR bem imersivos, o mesmo não foi feito com as janelas de tutorial. Estas são grandes e invasivas, ocupando grande parte do campo de visão do jogador e impedindo que ele observe a cidade enquanto lê o que está sendo ensinado.

Assim, os controles do jogo deixaram uma sensação conflitante na minha experiência jogando Cities VR. Ainda que seja possível se sentir um pouco mais imerso na atmosfera da cidade com controles que literalmente cabem na palma de suas mãos, por vezes a complexidade da cidade pedia controles e menus um pouco melhor distribuídos na tela, talvez com janelas móveis ou algo asism.

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Uma experiência imersiva, mas…

A imersão de Cities VR funciona bem, mesmo que tenha alguns efeitos colaterais nos controles como comentei acima. Entretanto, a dificuldade da curva de aprendizado dos controles está longe de ser o pior problema do jogo. Isso porque existem algumas características nele que o tornam uma experiência mais imersiva, porém mais superficial que Skylines.

Como comentei anteriormente, alguns recursos de Skylines não estão presentes em Cities VR, como os desastres naturais e a edição de terrenos. Mas talvez o que jogadores da primeira versão do jogo mais vão estranhar seja o visual, que é consideravelmente mais simples do que o visto em Skylines.

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A qualidade das texturas é baixa e existem diferenças gritantes entre a resolução das partes da cidade e da paisagem natural ao longe. Além disso, objetos em geral vistos de longe podem exibir bordas estranhas, e o mapa em geral pode fazer desaparecer alguns elementos. No período da noite alguns outros elementos incomodam, sendo o principal deles a iluminação.

Já que Cities VR possui uma iluminação plana e com sombras não muito consistentes, no período da noite as luzes da rua são bem fracas e até ausentes algumas vezes, deixando a “responsabilidade” de iluminar a cidade por conta da Lua ou então das luzes do interior dos edifícios, fontes essas que não são suficientes para iluminar satisfatoriamente o mapa.

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A simplicidade exagerada

Cities VR tem um quê de jogo mobile que pode dividir opiniões. Ao mesmo tempo em que traz uma energia casual bem interessante para o Quest 2, às vezes peca por exagerar nessa simplicidade, tornando a experiência um pouco perdida ou desconexa. A campanha principal do jogo, por exemplo, não orienta muito o que o jogador precisa fazer, com um tutorial de 10 minutos em cada mapa, e é isso.

Mesmo assim, todos os mapas são desbloqueados desde o início da jogatina e a maioria possui os mesmos pontos de progressão e pré-requisitos para serem “vencidos”. Isso até é um pouco semelhante com o conteúdo visto em Skylines, mas em Cities VR simplesmente não funciona do mesmo modo, principalmente pelo jogo aparentar ser bem mais vazio que seu parente de tela plana.

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Assim, o jogo é simplista demais para jogadores experientes na franquia, ao mesmo tempo em que não é intuitivo o bastante para os novatos, com tutoriais que parecem incompletos. Essa incompletude também é notada por alguns outros elementos que não estão presentes no jogo, como o salvamento automático, recursos de desfazer/refazer gratuito, edição de nome do arquivo de salvamento entre outras coisas.

Por fim a simplicidade do game se condensa nos mapas em si, os quais são consideravelmente menores em escala e abrangência do que os vistos em Skylines. Por um lado isso é interessante, uma vez que torna a navegação em realidade virtual um pouco mais confortável devido às câmeras limitadas de Cities VR. Entretanto, também traz um ar mobile que não é tão interessante assim na realidade virtual.

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Uma experiência casual ok

O pessoal da Fast Travel Games tinha um desafio e tanto nas mãos. Traduzir Cities: Skylines para a realidade virtual, com toda a sua complexidade e detalhismo e, ainda por cima, com exclusividade para o Quest 2. Não era uma tarefa fácil — e o resultado final visto em Cities VR não alcança as expectativas, deixando a experiência como um todo bem mediana.

Mas é importante ressaltar que nem por isso o jogo é “ruim”. Sua simplicidade exagerada faz dele uma versão rasa e pálida da obra original de 2015, mas que ainda pode trazer uma boa experiência de simulação de cidades de forma casual e descompromissada.

Felizmente, já existem concorrentes em realidade virtual que aparentemente estão fazendo um trabalho mais gratificante do que o visto no resultado final de Cities VR. Caso você goste da franquia, porém, esta pode ser uma boa oportunidade de experimentá-la de uma nova forma.

Cities VR foi lançado no dia 28 de abril de 2022 com exclusividade para o Meta Quest 2. Recentemente fizemos também uma matéria sobre o próprio Quest 2 que você confere aqui.

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