Arkade VR : RuinsMagus é um dungeon crawler em estilo anime desafiador

2 de agosto de 2022
Arkade VR : RuinsMagus é um dungeon crawler em estilo anime desafiador

Gêneros como o RPG e o dungeon crawler vêm recebendo uma atenção crescente na realidade virtual nos últimos anos. RuinsMagus chega para somar ainda mais qualidade nesses gêneros, com uma roupagem de JRPG que lembra vagamente a franquia Monster Hunter, mas com uma pegada de dungeon crawler bem viciante e desafiadora.

Com visual muito agradável, mas com pouca imersão em diálogos e cinemáticas, RuinsMagus agrada principalmente por sua progressão e combates baseados em magia. Se você acha que estamos aqui falando de mais um jogo casual em realidade virtual com poucas horas de jogo, leia essa análise até o final pois ela pode te surpreender, pois este é um game fácil de entender, mas difícil de dominar.

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Explorando as ruínas

A história de RuinsMagus se passa em um assentamento no pé de ruínas antigas que formam uma colossal torre. Seu personagem é um iniciante na guilda dos exploradores, grupo cuja missão é explorar as masmorras dessas ruínas para desvendar mistérios e encontrar tesouros. Porém, no decorrer da jogatina e da sua progressão dentro da guilda, cada vez mais mistérios surgem, com personagens interessantes sendo apresentados e embates colossais para enfrentarmos.

Essa história, infelizmente, não é contada da melhor forma possível na realidade virtual. Como boa parte dos JRPG tradicionais, ela é mostrada através de textos, com diálogos lineares entre diversos personagens com o nosso próprio personagem sendo basicamente um espectador em tudo que acontece. Principalmente por trás da relação com a nossa assistente, uma simpática garota com cara de anime que explica boa parte daquele mundo pra nós.

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Essa temática de assentamento, exploração e guilda é basicamente o que temos em qualquer jogo da franquia Monster Hunter. Com a diferença de que, em RuinsMagus, não temos que caçar criaturas gigantescas, mas sim reconhecer e desbravar a torre colossal na qual estamos. Essa temática me soou bem familiar por ser um jogador de longa data da franquia dos monstrengos da Capcom. Principalmente no que tange sua progressão, baseada em melhorias feitas enquanto estamos no assentamento.

A história de RuinsMagus serve bem de pano de fundo para as explorações que fazemos nas ruínas. Mesmo que a história não seja nada profunda na maior parte do tempo, temos alguns plot twists interessantes enquanto estamos dentro da gigantesca torre. Isso ajuda a manter interessante uma exploração que peca em certos pontos no que tange repetição — vamos falar mais sobre isso já, já.

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Entre bolas de fogo e escudos

Mesmo sendo um dungeon crawler com mecânicas de RPG, em Ruins Magus não possuímos classes. Na verdade, somos obrigatoriamente magos a serviço da guilda e, como tal, temos um arsenal de magias disponíveis para nos auxiliar durante combates. Mas nada de magias de iluminação ou levitação, aqui somos magos de batalha, armados com um poderoso escudo para auxiliar na defesa e com as mais variadas habilidades ofensivas.

Essas magias ofensivas não estão todas disponíveis desde o início do game. Na verdade, elas norteiam boa parte do senso de progressão da aventura, uma vez que vamos desbloqueando novas habilidades com pontos de experiência e o cumprimento de missões. Essas magias variam desde bolas de fogo básicas até chuvas de meteoro, nevascas, relâmpagos poderosíssimos e muito mais.

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Juntamente com magias ofensivas e o uso do escudo para se proteger ou até defletir golpes, temos também itens especiais como granadas e poções variadas, disponíveis no mercado do assentamento e liberados também a partir da progressão da aventura. Desse modo, com o desenvolvimento de sua progressão no jogo, você consegue cada vez mais variação para construir seu mago da forma que preferir, melhorando seus itens e escolhendo os melhores combos.

Durante os combates, temos duas opções diferentes de magias especiais recarregadas com um movimento específico, o uso de itens presos em nosso peito, o uso de escudo para defesa e reflexão de golpes, além da esquiva e corrida baseadas em estamina. Junte a isso inimigos que soltam rajadas de ataques no estilo bullet hell e que possuem habilidades de defesa variadas e você estará diante do maior acerto do jogo: seu robusto sistema de combate.

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Masmorras e mais masmorras

Todo dungeon crawler em seu processo de desenvolvimento corre um risco muito grande, seja ele uma grande mega produção ou um game indie de baixo orçamento: a repetição. RuinsMagus é um jogo independente de uma produtora pequena, isso nos faz relevar alguns pontos dele e elogiar bastante outros. Mas não podemos ignorar o fato de que o game pode desagradar alguns pelo fator repetição.

O game em si não é repetitivo como muitos JRPGs baseados em grinding exagerado, nem nada do tipo. O principal pecado de RuinsMagus está no design de seus inimigos e masmorras. Isso porque as masmorras do game possuem sempre ambientações muito semelhantes, e os inimigos também não possuem tanta variação assim. Como se trata de um jogo com um grande número de masmorras, a variação presente não é suficiente para dar um ar de novidade em um ritmo decente.

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Mas vale ressaltar que é um defeito quase que inerente à maior parte dos dungeon crawlers, então se isso não é um problema pra você, pode pular de cabeça em RuinsMagus sem medo. Se, por outro lado, essa característica te cansa em outros games, saiba que não verá nada diferente disso por aqui. Talvez sessões mais variadas e temáticas nas ruínas — com salas cheias de água ou lava, por exemplo –, trariam certo respiro para a fórmula que já é repetitiva por si só.

No final, a repetição que não vemos em formato de grinding acaba sendo sentida por todas as missões do jogo girarem em torno de explorar algum andar da gigantesca torre (que é essencialmente igual a todos os outros andares), enquanto oblitera inimigos, supera armadilhas e enfrenta bosses.

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Os chefes, aliás, são mais um ponto positivo do jogo: sejam humanos ou criaturas colossais, enfrentar um chefe em RuinsMagus sempre dá um ar de variedade muito bem-vindo — que inclusive poderia se mostrar mais frequente para melhorar ainda mais a experiência.

Desafiador como poucos títulos em realidade virtual são

Mas para além da repetição que nem de longe impede o jogo de ser bom, temos uma experiência criada para a realidade virtual. Ao jogar RuinsMagus, encontramos algo que poucos games em VR oferecem: um verdadeiro desafio. Games mais focados em nostalgia, como os dois Pixel Ripped ou então YUKI possuem, sim, um nível de desafio bem interessante, mas RuinsMagus vai além, trazendo uma jogatina de corpo inteiro que de fato surpreende.

Explorar masmorras e superar obstáculos nem de longe são desafios gratificantes o suficiente. Porém, os combates — principalmente com bosses — são muito desafiadores e, muitas vezes, podem fazer o jogador tentar, tentar e até recomeçar a missão do zero para reestruturar seus equipamentos e itens. Logo nas primeiras horas de jogo, alguns dos primeiros grandes inimigos já me deram bastante trabalho.

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Assim como qualquer tipo de jogo com desafios dignos, superá-los depende não apenas do nível do seu personagem, mas também da habilidade do jogador, do controle que ele tem de seus poderes no ambiente de realidade virtual. Se esquivar nos momentos certos, ter boa pontaria, usar os combos certos de magia, dar conta de se defender e usar itens com sabedoria. Tudo isso é bastante significativo — dependendo do inimigo que você estiver enfrentando, claro. Até o cenário ao seu redor pode fazer uma grande diferença entre a vitória e o fracasso.

Tudo isso faz com que os combates, principalmente contra inimigos humanóides, seja muito gratificante. Superá-los não é simplesmente algo inerente ao game, mas sim uma superação digna, que nos passa a sensação de missão cumprida e aquela satisfação que faz com que fiquemos engajados pelo game e pelo seu loop de gameplay. Tudo isso consegue suplantar a repetição citada anteriormente, o que torna o saldo final do game bastante positivo.

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JRPG e dungeon crawler de primeira

RuinsMagus é um projeto pequeno, mas que surpreende por sua qualidade. São praticamente uma dezena de horas de jogatina (dependendo da habilidade do jogador), com uma história — e uma estética — que os apreciadorede de anime podem curtir bastante. Além disso, seus combates e seu nível de desafio são gratificantes o suficiente para manter o jogador engajado enquanto ele luta para alcançar o topo dessas ruínas imensuráveis.

Mesmo não superando o principal defeito da maioria dos dungeon crawlers (a repetitividade) e deixando a desejar nas interações que rolam no assentamento, RuinsMagus consegue um saldo bem positivo pelo conjunto da obra, pela experiência como um todo. Pode não ser o melhor lançamento do ano em realidade virtual, mas com certeza vai agradar bastante quem curte JRPGs e exploração de masmorras.

Ruins Magus foi lançado no dia 7 de julho de 2022 e está disponível para o Meta Quest 2 e para PCVR via SteamVR. Nós analisamos o game utilizando o Meta Quest 2 conectado ao PC via Air Link. Inclusive, no PC, você consegue experimentar uma demo do jogo gratuitamente.

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