Cine Arkade: A importância do Oscar para o cinema

21 de fevereiro de 2015

Cine Arkade: A importância do Oscar para o cinema

Estando tão perto do Oscar decidimos focar a Cine Arkade desta semana na famosa premiação e ponderar sobre o verdadeiro valor dela para a indústria do cinema.

Neste domingo, a maior premiação da indústria cinematográfica irá acontecer e reunirá os atores, diretores, roteiristas e todos aqueles que se envolveram nas maiores produções do ano para celebrar e premiar os melhores filmes que foi produzido no ano passado.

Querendo ou não, o Oscar tem um valor bem mais significativo para o público que segue o cinema do que as outras formas de entretenimento. Os fãs de música sabem quanto que a premiação do Grammy pode errar em suas escolhas e boa parte do público sabe qual é o alvo.

E no final isto não afeta a preferência musical daquela pessoa, sendo que ela vai continuar escutando sua banda favorita independente se ela ganhou um prêmio ou não, e esta mesma pessoa não irá escutar uma banda nova só porque ganhou o Grammy. O ato de indicar um banda para alguém leva outras circunstâncias do que uma premiação, valendo mais para o gosto pessoal do que a qualidade técnica de um músico.

Cine Arkade: A importância do Oscar para o cinema

Videogames também não recebem o mesmo impacto que os filmes no quesito premiações porque um dos vários motivos que fazem um jogo ser grande é a sua nota em uma crítica, funcionando como uma extensão do quanto que aquele jogo irá vender e, que por sua vez, mostrará o sucesso em relação ao número de pessoas que estão jogando. Lembrando que não é a única medida, com certos jogos atingindo o sucesso mesmo com uma nota baixa em agregadores de análises, ou jogos que conseguem ter uma imensa comunidade que a sustenta, independente das críticas.

Além do fato que, no caso dos videogames, ainda estamos batalhando para ter uma premiação que funcione como um Oscar dos Videogames, sendo que o mais próximo foi o The Game Awards pela pompa e garbosidade similar a uma premiação gigantesca da indústria cinematográfica.

Algo similar é visto no Emmy, com as emissoras que recepcionam estas séries de TV se preocupando mais com o ibope e número de pessoas que estão assistindo naquele momento do que com uma premiação escolhendo as melhores séries de drama, comédia e o restante das produções televisivas. Claro que neste caso, também temos o outro lado da moeda, com os criadores da série se importando profundamente se o seu trabalho será prestigiado no Emmy.

Cine Arkade: A importância do Oscar para o cinema

O Oscar, no entanto, trabalha em um modus operandi diferente: o que faz o Oscar ser tão importante é que para muitos ele acaba se tornando um guia de filmes que “você precisa assistir”. Se não acredita em mim, faça um teste com todos os seus amigos que acompanham cinema e entretenimento, e eu tenho certeza que todos eles estão correndo atrás para assistir todos os filmes que foram indicados pelo Oscar antes que a premiação ocorra, e assim ficar por dentro das discussões sobre aquele filme que não recebeu o prêmio ou daquele que foi injustiçado.

E por ultimo temos o Oscar servindo como uma marca especial para futuros filmes, o ator/diretor/roteirista “vencedor do Oscar sempre irá carregar esta marca como um símbolo de que a pessoa atingiu a glória máxima da indústria, e isto quer dizer que ela pode acertar novamente em seu próximo filme.

As comparações entre estas quatro formas de entretenimento – videogames, música, televisão e filmes – são levadas pela forma que cada uma se desenvolveu em nossa cultura, além do quão expressiva uma mídia é ao se apresentar artisticamente, levando em conta todos os obstáculos que ela tem individualmente.

Cine Arkade: A importância do Oscar para o cinema

Todas estas premiações não funcionam como o grande problema existente no entretenimento, e sim como uma conclusão de tudo que aconteceu naquele ano. E por isso é extremamente importante entender uma crítica sobre o Oscar por ele representar uma parte imensa do cinema como um todo.

Entre as maiores críticas em torno do Oscar, temos a falta de cineastas e atores negros, fazendo de 2015 um dos anos “mais brancos” pelos inúmeros atores e diretores caucasianos, e isso mesmo com um filme tão estelar quanto Selma recebendo somente duas indicações, de Melhor Filme e Música Original.

E o mesmo vale para o lado feminino da moeda, com a maioria dos papéis coadjuvantes de personagens femininas sendo levadas com pouca personalidade, seguindo arquétipos e estereótipos familiares ou do próprio cineasta perdendo a oportunidade de criar uma personagem digna.

Cine Arkade: A importância do Oscar para o cinema

No entanto, o Oscar de 2015 não é só uma massa de erros retratados em nossa sociedade, existem alguns pontos positivos nos filmes que estão sendo indicados.

O Jogo da Imitação aprofunda em um tema polêmico sobre homossexuais de uma forma contundente e merecedora; Whiplash: Em Busca da Perfeição continua levantando críticas a respeito do sacrifício para atingir o sucesso enquanto a paixão e a obsessão se tornam sentimentos tão parecidos; e Birdman ou (A Inesperada Virtude da Ignorância) desenvolveu uma história intensa que separa o nosso protagonista em duas pessoas, aquele que almeja a arte existente na atuação e faz de tudo para valorizá-la e o outro ser que pensa em todo o glamour, dinheiro e fama existente em filmes “banais” que só almejam entreter a massa e mais nada.

E levantando um adendo como um fã, é claro que fico indignado que Garota Exemplar recebeu um número tão pequeno de indicações, O Abutre foi quase esquecido pela Academia se não fosse pela sua indicação em Roteiro Original, e particularmente não acho que Boyhood mereça ser tão aclamado pelo seu estilo de direção, sendo que é um dos únicos elementos que consegue deixá-lo único em comparação aos outros filmes e mesmo assim tenho uma preferência no pseudo-plano sequência desenvolvido por Iñárritu em Birdman do que os doze anos de gravação produzidos por Linklater em Boyhood.

No final o Oscar é mais uma premiação que pode ser utilizada para vermos todos os problemas inerentes na indústria e prever qual será o próximo passo que o cinema dará com todos os filmes que serão lançados em 2015.

Nos resta torcer para que mais filmes de qualidade sejam lançados neste ano e que os maiores problemas sociais sejam resolvidos, dentro e fora do cinema.

E aí, qual o seu palpite para Melhor Filme na premiação de amanhã? Deixe sua resposta nos comentários!

11 Respostas para “Cine Arkade: A importância do Oscar para o cinema”

  • 21 de fevereiro de 2015 às 19:48 -

    leandro leon belmont alves

  • acredito que Birdman levará pelo menos umas 3 estatuetas. tudo bem que o Oscar é para relevar a qualidade dos filmes, mas tem certas vezes que a acadêmia erra, colocando certos filmes em relevância do que outros em outras edições assistidas. e a Diretora do filme “Selma’ sequer foi nomeada para a premiação de “melhor direção” pelo que falam por aí, foi questão de racismo, mas não se sabe ao certo.

    • 22 de fevereiro de 2015 às 09:42 -

      Henrique Gonçalves

    • Ainda acho estranho como um filme que foi indicado como “Melhor Filme” não foi indicado para outras categorias, além de Música Original. Eu acho que Birdman e Grande Hotel de Budapeste vão ganhar uma porrada de estatuetas, eu torço para que J.K. Simmons ganhe a Ator Coadjuvante por Whiplash e espero que Rosamund Pike consiga pela sua atuação em Garota Exemplar.

      Mas vamos ver, no pior das hipóteses Boyhood ganha todas as indicações e a gente vê todo mundo ficar com raiva por isso (comigo incluso).

  • 22 de fevereiro de 2015 às 06:56 -

    Edimartin Martins

  • Uma das maiores críticas do Oscar é a a falta de cineastas e atores negros. Vocês querem criar uma cota racial para o evento?  Vocês reclamam de racismo, mas em 2009 “Slumdog Millionaire” recebeu 8 estatuetas.

    • 22 de fevereiro de 2015 às 09:38 -

      Henrique Gonçalves

    • Epa, ninguém tá falando de cotas aqui não e Slumdog Millionaire recebeu todas estas estatuetas porque o filme merece cada uma delas. A crítica em torno a falta de cineastas negros sendo indicados ao Oscar existe e criou uma imensa repercussão lá fora, assim como o próprio machismo em torno a indústria do cinema.

      E sim, saíram vários filmes com atores negros e/ou voltados para a cultura negra (Top Five, Dear White People, Beyond the Lights, Rosewater), mas somente Selma recebeu qualquer tipo de atenção justamente por ser um filme bem mais amigável para a Academia. Mas como falei, o Oscar é a uma consequência direta mostrando como o cinema andou no ano passado, tendo seus altos e baixos.

      Existem poucas indicações para atores negros e por isso a solução são cotas para negros? Claro que não, mas isto não quer dizer que não devemos apontar o erro e procurar ter mais atenção a todos os tipos de filmes que saem toda semana, sem focar somente nos que estão sendo indicados ao Oscar.

  • 22 de fevereiro de 2015 às 11:34 -

    Fubiou

  • Na minha visão, o cinema americano, bem como o Oscar podem ser criticados seguindo alguns aspectos como:    Da Panelinha – Quando falamos em Cinema e Oscar, vemos duas direções opostas no sentido da Arte, no sentido de que o cinema americano constitui uma “panelinha” de diretores que se perpetuam, atores-figurões que fazem os filmes venderem e um jogo de cartas meio marcadas onde lá dentro, todo mundo se conhece e todo mundo faz de alguma forma ou de outra, parte desse mundo de marketing que faz os filmes americanos venderem mais.   Do orçamento – O grande ponto das Artes é a materialização do pensamento do artista, no caso, cineasta/game director. Na obra se imprime a visão/pensamento/concepção do artista, o que é um universo bem subjetivo, bem particularizado. O grande problema das superproduções, tanto no cinema quanto nos videogames é que se investe tanto dinheiro nelas que se torna arriscado esse diálogo entre criador e criatura e aí mais gente faz intervenções na criação no sentido de ela agradar mais gente. Esse é uma das maiores críticas dos estudiosos de cinema e dos críticos europeus ao cinema americano. Ficou mais funcionalista, menos artístico e carregado de mensagens ideológicas embutidas, impostas pelos estúdios, patrocinadores e colaboradores como um todo.  Da falta de democracia – Como foi falado, há uma lacuna sobre atores e diretores estrangeiros, negros, mulheres e um conservadorismo excessivo na indústria do cinema. A parte pior disso tudo é que mesmo se você persistir, mesmo se você correr atrás, mesmo se você tiver um trabalho de qualidade, isso não te qualifica a entrar no mercado dos filmes main stream.  Da crise criativa – Basta dar uma olhada em filmes de diferentes países pra sentir um choque cultural. O cinema americano, como dito anteriormente, não foi feito pra ser artístico, foi feito pra vender. Isso engessa forma e conteúdo. É um cinema tão enraizado que temos dificuldade de entender, tentar ou até mesmo gostar do cinema mais autoral, a ponto de vários filmes terem versões americanizadas, dado o inegável potencial das obras mas dado o vício nas obras americanas e a dificuldade deles de largarem o osso ante o cinema internacional, tornando assim predatório. (exemplos: Abra Los Ohos vs Vanilla Sky ou Asas do desejo vs Cidade dos Anjos, O Grito vs O Chamado e por aí vai).

    • 22 de fevereiro de 2015 às 12:09 -

      Fubiou

    • Caramba, escrevi num  bloco de notas, copiei e colei e ficou um blocão ilegível, vou tentar de novo pra tabular melhor:Na minha visão, o cinema americano, bem como o Oscar podem ser criticados seguindo alguns aspectos como:  Da Panelinha – Quando falamos em Cinema e Oscar, vemos duas direções opostas no sentido da Arte, no sentido de que o cinema americano constitui uma “panelinha” de diretores que se perpetuam, atores-figurões que fazem os filmes venderem e um jogo de cartas meio marcadas onde lá dentro, todo mundo se conhece e todo mundo faz de alguma forma ou de outra, parte desse mundo de marketing que faz os filmes americanos venderem mais.Do orçamento – O grande ponto das Artes é a materialização do pensamento do artista, no caso, cineasta/game director. Na obra se imprime a visão/pensamento/concepção do artista, o que é um universo bem subjetivo, bem particularizado. O grande problema das superproduções, tanto no cinema quanto nos videogames é que se investe tanto dinheiro nelas que se torna arriscado esse diálogo entre criador e criatura e aí mais gente faz intervenções na criação no sentido de ela agradar mais gente. Esse é uma das maiores críticas dos estudiosos de cinema e dos críticos europeus ao cinema americano. Ficou mais funcionalista, menos artístico e carregado de mensagens ideológicas embutidas, impostas pelos estúdios, patrocinadores e colaboradores como um todo.Da falta de democracia – Como foi falado, há uma lacuna sobre atores e diretores estrangeiros, negros, mulheres e um conservadorismo excessivo na indústria do cinema. A parte pior disso tudo é que mesmo se você persistir, mesmo se você correr atrás, mesmo se você tiver um trabalho de qualidade, isso não te qualifica a entrar no mercado dos filmes mainstream.Da crise criativa – Basta dar uma olhada em filmes de diferentes países pra sentir um choque cultural. O cinema americano, como dito anteriormente, não foi feito pra ser artístico, foi feito pra vender. Isso engessa forma e conteúdo. É um cinema tão enraizado que temos dificuldade de entender, tentar ou até mesmo gostar do cinema mais autoral, a ponto de vários filmes terem versões americanizadas, dado o inegável potencial das obras mas dado o vício nas obras americanas e a dificuldade deles de largarem o osso ante o cinema internacional, tornando assim predatório. (exemplos: Abra Los Ohos vs Vanilla Sky ou Asas do desejo vs Cidade dos Anjos, O Grito vs O Chamado e por aí vai).

      • 22 de fevereiro de 2015 às 14:12 -

        Henrique Gonçalves

      • Ah, se você quiser deixar tudo mais espaçado pra não ficar um blocão de texto, tente pular uma linha e começar outro paragrafo que ai o comentário no site fica mais bem alinhado/organizado.

    • 22 de fevereiro de 2015 às 14:09 -

      Henrique Gonçalves

    • Nem vou acrescentar algo porque você falou tudo e muito mais sobre todos os problemas que existem no Oscars hahaha!

  • 22 de fevereiro de 2015 às 20:39 -

    Ana Clara

  • Eu, pessoalmente, não dou importância para uma panelinha antiquada como o Oscar. Negros, mulheres, estrangeiros e outros não tem vez no Oscar. Maior festa do cinema do mundo, desde que seja um mundo perfeitamente americano. Então tipo… É ): o Oscar precisa evoluir muito, no meu conceito.

  • 23 de fevereiro de 2015 às 00:50 -

    Renan do Prado

  • Não gosto do Oscar. Mas me animo quando um filme que gosto é premiado. Não sou nem um pouco conhecedor de cinema e bem, sinceramente, não quero ser. Mas tenho notado uma enorme “receita” para o melhor filme. Uma que, se seguida em seus “ingredientes”, o oscar se torna bem próximo:

    A receita para um filme ser vencedor do oscar de melhor filme é, em minha visão: Ser um filme triste, ser um um onde ninguém é feliz de nenhuma forma, ser um filme de “sofrimento” (psicológico, físico, ou o que for), ser um filme que poucos se interessariam se a mídia não comentasse “grandes chances de melhor filme do ano”.

    Claro, um argumento que já recebi é que esses filmes abordam assuntos bem delicados, que não são explorados em filmes mais comuns, que não são filmes para divertir, e sim para refletir. E que são filmes que eu, um pobre e mero leigo na arte cinematográfica, jamais entenderia, sentiria sua essência, em suas tomadas de câmera, nuances na movimentação dos atores, no significado oculto das falas, e etc.

    Mas isso não me tira, e jamais tirará a ideia de que a receita existe, e que esses filmes são criados no objetivo de competir ao Oscar no próximo ano. Digamos que… já que tem Oscar todo ano, a premiação do melhor filme vai acontecer de novo, e de novo, e por isso, é necessário filmes que sigam a receita para competirem.

    Pois porque um filme que entretenha completamente quem assiste, sendo divertido, e digamos, não diretamente reflexivo, não mereça a indicação ao melhor filme? Sua “arte”, “sua mensagem” não está no padrão estabelecido? Se o público geral, o público “baixo”, leigo gostou, ele não se qualifica caso o público “culto” não goste? Porque uma comédia hilária não deve ser indicada, mas um drama tem “pré-favorecimento”?

    Nada tira esse pensamento da minha cabeça, e passei a pensar nisso desde que ouvi certos boatos sobre a premiação para o filme do ano de 2003 – O Senhor dos Anéis: O Retorno do Rei. Não sei se é ou não verdade, mas já ouvi boatos de que esse filme foi o vencedor por pressão sobre a academia. Todo mundo amou esse filme, foi um sucesso inesquecível, o público “baixo” o clamou, e esse é claramente um filme para todos os públicos. Porque: Porque entretém (pra quem não for impaciente pelas 3 horas), porque diverte, porque foi sucesso, porque era uma história feliz, mesmo em meio as cenas de guerra e morte. Mas a academia não pensava assim, e se a academia não o tivesse premiado, a coisa federia.

    É um boato e não sei se é ou não verdade, mas desde esse momento nada me tira isso da cabeça. E por isso, não gosto do Oscar, pois não acredito nas premiações. (Na maioria delas)

  • 4 de março de 2015 às 18:02 -

    Juh Araujo

  • Nem todos serão homenageados.É uma pena, pois tem muitos que mereciam.

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