Cine Arkade Review – Um Santo Vizinho

4 de fevereiro de 2015

Cine Arkade Review - Um Santo Vizinho

Um Santo Vizinho tem como protagonista Bill Murray em um papel com o qual ele é bem familizarido, porém com um nível ainda maior de acidez e mau humor. Confira agora a resenha na Cine Arkade Review.

Um Santo Vizinho conta a história de Vincent MacKenna e sua jornada que ultrapassa a personalidade antissocial e antipática para um pouco menos antissocial e antipática, porque afinal não se pode ter tudo nesta vida.

E talvez a palavra chave de Um Santo Vizinho seja “vida”, o ato ora simples ora complexo de viver, cheios de altos e baixos, vantagens e desvantagens, ganhos e perdas, dívidas e basicamente tudo que uma pessoa passa no dia a dia até o seu ultimo segundo. A beleza por trás de Um Santo Vizinho é pelo quão simples ele pinta essa situação, inserindo diversos elementos que a grande maioria das pessoas já passou, ou continua passando, nesta vida.

Cine Arkade Review - Um Santo Vizinho

O filme é uma história que foca tanto em nosso rabugento e idoso protagonista quanto na mãe divorciada e em seu filho, ambos recém-chegados a um bairro para começar uma vida nova longe do marido que a traiu. Maggie (Melissa McCarthy) e seu filho, Oliver (Jaden Lieberher), complementam Vincent (Bill Murray) nesta história e rapidamente se transformam nos personagens principais, mostrando o conflito em uma pessoa que odeia tudo com o pequeno garoto.

Um Santo Vizinho também adiciona outros personagens para intensificar a situação decadente, como a stripper/prostituta grávida russa, Daka (Naomi Watts), e o agiota Zucko (Terence Howard). Destes dois, somente Daka ganha um tempo maior no filme por ser a “dama da noite” de Vincent, enquanto Zucko serve mais como um dos perigos maleáveis na trama do filme.

As performances de Terence Howard, Naomi Watts, Melissa McCarthy e claro, de Bill Murray, já eram de esperar que fossem muito boas, no entanto, o que mais surpreende em Um Santo Vizinho é o garoto Oliver. Atuando em seu primeiro longa metragem, Jaden faz um trabalho espetacular em capturar seu personagem, além de trazer uma performance infantil que não seja irritante ou simplesmente ruim por ser uma criança trabalhando em algo que precisa de tanto tempo para aperfeiçoar.

Cine Arkade Review - Um Santo Vizinho

Oliver é um garoto inacreditável até demais pela sensatez e bom senso com que encara os problemas de sua mãe e do forte temperamento de Vincent, elementos inimagináveis em um garoto de doze anos. Mas o que seria fantasioso é na verdade crível para o personagem, levando em conta de que é um menino vivendo o processo de divórcio e separação de seus pais, tendo em mente desde o começo que é preciso ter paciência, bravura e determinação para passar por algo tão difícil como criança.

Claro que isso não quer dizer que Jaden Lieberher foi o único que soube atuar, com Naomi Watts e Melissa McCarthy fazendo um trabalho igualmente interessante, desde a mãe divorciada até a prostituta russa. Com a minha única critica negativa sendo a respeito do sotaque russo de Naomi Watts, algo que achei desnecessário pelo filme não focar em sua nacionalidade e sim nela como uma pessoa e profissional, assim, o fato dela ser russa não adiciona algo para a trama.

Cine Arkade Review - Um Santo Vizinho

E também temos Bill Murray, sendo o seco e sarcástico personagem como ele sempre gostou de ser em seus filmes, algo que se eleva a um nível maior ainda em Um Santo Vizinho. Vincent é um personagem fácil de amar e odiar, o seu mau humor entretém e seus atos no percurso do filme são hilários. Mas Vincent se torna um personagem interessante de verdade pelo seu próprio passado, algo que ele esconde o máximo possível enquanto as informações são dadas aos poucos para o espectador, deixando uma curiosidade em relação ao nosso protagonista.

O motivo pelo qual estou falando tanto sobre os personagens e suas convicções nesta resenha e não tanto sobre o quesito técnico de Um Santo Vizinho é justamente pelo quão normal é o restante. Nada se destaca mas também não existem problemas, enquanto a trilha sonora de música autorais criadas nos anos 1960 acentua o protagonista e entrega algum conteúdo adicional além de somente estar lá.

Cine Arkade Review - Um Santo Vizinho

A direção e roteiro de Theodori Melfi são competentes a ponto de entregar um trabalho bem feito, mas não há nada de excepcional em sua direção, com o foco sendo personagens envolvidos nesta trama – bem como o próprio enredo.

Um Santo Vizinho traz uma história calorosa e interessante, que te deixa com um imenso sorriso no rosto durante boa parte do filme e com vontade de chorar nos momentos mais dramáticos. No entanto, essa sensação é adquirida somente quando você se identifica com os personagens e começa a simpatizar com cada um eles, elemento que funciona como alicerce para a trama do filme. Por isso, o longa não irá agradar as pessoas que não conseguirem ter esta sensação de conexão com os personagens, o que se torna ao mesmo tempo sua maior vantagem e falha, dependendo muito dos personagens para deixar o espectador preso no assento. Ainda bem que todos eles fazem um ótimo trabalho nisso.

Um Santo Vizinho estreia em todo Brasil no dia 5 de Janeiro.

2 Respostas para “Cine Arkade Review – Um Santo Vizinho”

  • 5 de fevereiro de 2015 às 06:10 -

    leandro leon belmont alves

  • pelo que entendi é aquele caso de um moleque pródigio,  que precisa amadurecer mais rápido do que deveria para lidar com as situações ao seu redor. essa fórmula é preferida, por aduktos que gostariam que crianças fosse iguais a eles em miniatura. mas só de ter o Bill Murray no filme, pelo menos vale uma olhada para ver se é bom o filme.

    • 5 de fevereiro de 2015 às 09:55 -

      Henrique Gonçalves

    • Convenhamos que crianças são um pé no saco :p. Mas sim, o filme já vale só pelo Bill Murray!

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