Crianças que jogam videogame tiveram melhor desempenho cerebral em estudo

25 de outubro de 2022

Um novo estudo que avaliou a função cerebral de crianças e adolescentes afirmam que pessoas nessa faixa de idade que jogam videogame tem melhor memória e melhor controle sobre habilidades motoras do que outras crianças, que não jogam.

O estudo não afirma, no entanto, que os videogames são responsáveis diretos por essas diferenças. Mas estas descobertas servem para um outro objetivo: se os games ajudam as pessoas a terem melhor desempenho em testes de função cerebral, isso quer dizer que jogos que possam tratar problemas cognitivos possam ser desenvolvidos com maior precisão.

“Este estudo contribui para nossa crescente compreensão das associações entre jogar videogames e desenvolvimento do cérebro”, disse Nora Volkow, diretora do Instituto Nacional de Abuso de Drogas, em um comunicado, compartilhado pelo The Verge.

O estudo partiu da coleta de dados de outro estudo, o Adolescent Brain Cognitive Development (ABCD), de 2018. O ABCD acompanha o desenvolvimento do cérebro em crianças e adolescentes dos EUA, conforme crescem, até a idade adulta.

Eles passam periodicamente por uma bateria de avaliações, que se somam imagens cerebrais, tarefas cognitivas, exames de saúde mental e exames de saúde física, entre outros testes. Para incluir videogames e cognição, a equipe do estudo usou de base o ABCD, que continha dados de 2.217 crianças de nove e 10 anos.

Com os dados em mãos, a equipe dividiu os participantes em dois grupos: os que jogavam pelo menos 21 horas por semana, e crianças que não jogavam videogame. Quem jogava ocasionalmente não foi incluído no estudo. Separados os grupos, a equipe de pesquisa avaliou o desempenho das crianças em testes que mediram a atenção, controle de impulsos e memória.

O estudo concluiu que quem jogava videogame se saiu melhor nestes testes. Foi avaliado também as diferenças nos padrões de atividade cerebral dos não-jogadores. Outra informação interessante do estudo é que não foram encontradas diferenças em questões de saúde mental entre os dois grupos, o que serve como mais uma prova de que videogames, de forma geral, não são problema nenhum para o bem-estar emocional.

O estudo é mais um dentre vários outros que buscam encontrar as diferenças nos cérebros dos jogadores em comparação à crianças que não jogam. Assim, empresas podem buscar desenvolver mais jogos que possam tratar condições cognitivas. Conforme o The Verge lembra, a Akili Interactive tem um game de prescrição para tratar o TDAH, e a DeepWell Digital Therapeutics busca encontrar o valor terapêutico no momento atual dos games.

Ainda assim, o estudo não crava as razões por estas diferenças. Apenas sabe-se que jogadores tem melhor desempenho cerebral do que não-jogadores, porém o motivo desta questão ainda não conta com uma conclusão definitiva. Pode ser que os games auxiliem, de fato, a exercitar o cérebro, enquanto pode ser que o videogame seja apenas um item que chama mais atenção de crianças que já possuem tais melhorias cerebrais.

Inclusive, o estudo não perguntou quais games os jogadores jogavam, o que deixa muito em aberto esta questão, pois poderíamos ter no mesmo grupo crianças que jogavam games como Mario, Fortnite, ou até mesmo games de celular, ou ainda games apenas educativos.

Se você quiser conferir o estudo completo, em inglês, basta conferir este link.

Junior Candido

Conto a história dos videogames e da velocidade de ontem e de hoje por aqui!

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