Donald Trump “escolheu” os seus jogos mais violentos, em vídeo da Casa Branca

16 de março de 2018

Donald Trump "escolheu" os seus jogos mais violentos, em vídeo da Casa Branca

Donald Trump “encontrou” o responsável pelos recentes problemas de violência que o país tem sofrido: os videogames. Ao invés de fazer uma pesquisa profunda sobre os grandes problemas que seu país sempre enfrentou com armas (e não estou falando nem a favor e nem contra a Segunda Emenda dos EUA, só estou sugerindo que problemas recentes envolvendo violência deveriam ser produto de trabalhos bem mais profundos), o Presidente dos EUA preferiu fazer dos games a bruxa a ser caçada e, para começar um diálogo, sentou com executivos da indústria de videogames.

Na reunião, Trump trouxe de novo um debate no qual já ouvimos há décadas: o fato de que “videogames incentivam a violência”. Com informações do The Verge, a reunião começou com um vídeo mostrando mortes violentas em alguns games, com este vídeo, posteriormente, publicado no canal oficial da Casa Branca. Então, curioso, você pergunta: quais são os games que, de acordo com a administração atual dos EUA, seriam os “próximos formadores de atiradores em massa”? A lista segue abaixo:

  • A morte em Call of Duty: Black Ops do personagem Joseph Bowman (2010)
  • Uma coleção de cenas de Call of Duty: Modern Warfare 2 (2009)
  • Vídeos de mortes no jogo de terror Dead by Daylight (2016)
  • Mais cenas de Call of Duty: Modern Warfare 2, desta vez a infame missão no aeroporto.
  • Assassinatos de nazistas em Wolfenstein: The New Order (2014)
  • Shootouts em Fallout 4 (2015)
  • O sistema “X-ray” do Sniper Elite 4 (2017)
  • Uma animação de morte do jogo de terror The Evil Within (2014)

Curiosamente, Trump se esqueceu de Mortal Kombat, GTA, Sleeping Dogs, Resident Evil e diversos outros games que contam, inclusive, com cenas extremamente mais violentas do que estas. E, vale lembrar, o American Army, simulador oficial do Exército dos EUA, também ficou de fora da lista.

Concordo que debates sempre são bem vindos, pois geram o diálogo, e soluções podem ser tomadas. Lembrando que a polêmica do primeiro Mortal Kombat gerou a ERSB, o órgão que classifica as idades para todos os games dos EUA, e ajudam os pais a decidir se compram tal jogo violento ou não para o seu filho, levando a formação da criança para o lugar mais importante: a sua própria casa, onde lá ela irá aprender o que é certo e o que é errado.

Mas jogar os videogames como bruxa a ser jogada na fogueira, e começar a falar deles como responsáveis diretos a todo tipo de violência — entendendo que sim, ocorreram casos em que games foram um dos meios de influências em casos famosos — não deixa de ser uma tentativa de desviar a atenção de todo um povo para um elemento que, embora seja passível de discussão, pois não é unânime, de longe não é o principal responsável por qualquer situação de violência.

Por isso, a sugestão, longe de ser a ideal, é simples: procurar fundo a raíz do problema, levando em consideração aspectos culturais, de comportamento e analisar casos recentes, e a partir deles, iniciar o processo de mudanças. Mas, como é sempre mais fácil escolher alguém pra fazê-lo de Judas, achando que é só jogá-lo para ser malhado e está tudo bem, então lá vamos nós ouvir — mais uma vez — que os videogames matam, que os videogames incitam a violência e blá blá blá…

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