Editorial: Afinal, os consoles portáteis não morreram

16 de julho de 2021
Editorial: Afinal, os consoles portáteis não morreram

Quando a Nintendo anunciou o fim do 3DS, houve clima de fim de uma era no ar. Mídia e comunidade diziam, constantemente, que o fim do portátil da Nintendo marcaria o final de uma história que, iniciada com um produto da Mattel, expandida com o Game & Watch e potencializada com o Game Boy, trouxe uma nova forma de se jogar videogame.

Com suas telas pequenas, jogos que passaram de ícones emprestados de calculadora até grandes produções, e suas baterias, que foram de pilhas até as atuais baterias recarregáveis, a conversa era a mesma: os smartphones engoliram os portáteis, e para sempre. E, sabendo como a mídia de videogames geralmente é emocionada demais ao tratar de alguns assuntos, nós sabemos que a verdade não é bem assim.

O Steam Deck, anunciado nesta semana, fez muita gente querer comprar um portátil de novo. Tudo bem que, quando chegar o preço (que no Brasil será estratosférico como sempre), o tal “hype” vai diminuir e a grande maioria que se empolgou (com razão, pois a proposta é boa), não vai comprar o produto. Mas o fato aqui é que um portátil novamente chamou a atenção.

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Qual jogo “de PC” você queria mais poder jogar de forma portátil hoje?

Além disso temos o Switch, nos lembrando todo santo dia que é legal jogar games como The Witcher 3, Snowrunner, Crash Bandicoot 4 e tantos outros de forma portátil, em qualquer lugar. Sim, com menos qualidade, mas te garanto que quem prefere o Switch, não tem a mesma preferência por qualidade visual do que um adepto dos gráficos no ultra.

Inclusive, como teria sido o mundo dos games, caso a Sony, que já nos tempos de PSP permitia a conexão na TV, primeiro com cabo componente e depois com um Dock, tivesse insistido nessa de “console híbrido” junto com a Nintendo?

Não podemos esquecer que os jogos de smartphone, como Free Fire, Asphalt, e CoD Mobile também são portáteis. Não rodam em um dispositivo dedicado para tal, mas os smartphones não deixam de ser computadores portáteis que rodam tais games, e muitos outros. Incluindo emuladores e até o Xbox, via xCloud.

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O RG350 é apenas uma das dezenas de opções de portáteis chineses disponíveis atualmente

E se você entrar em um site de vendas chinês qualquer, também vai perceber que a oferta de consoles portáteis nunca esteve tão forte. E vai desde pequenos clones de NES que custam menos de R$ 50, até propostas mais completas, como o GPD Win, o famoso “PC portátil” que roda Windows, mas que se parece com um 3DS. A Tectoy chegou a comercializar por um tempo, no Brasil, versões portáteis de Mega Drive e Master System.

Ainda temos ainda a cultura retrô, que tem no mundo portátil uma comunidade muito forte. Como é mais fácil enviar os pequenos consoles para entrega em qualquer canto do mundo, Game Boy, Game Gear, SEGA Nomad, Wonderswan, NGage e tantos outros pequenos notáveis viajam por navios, trens e aviões, para diversos cantos do mundo, direto para a coleção de entusiastas.

As próprias empresas de games perceberam isso. A SEGA relançou seu Game Gear, enquanto a Nintendo reativou a sua linha Game & Watch. Tá bom ou quer mais?

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Também há espaço para a emulação premium, como o Analogue Pocket

Então vamos falar mais. Não podemos esquecer, também, de projetos interessantes demais, como o Analogue Pocket, que permite que se jogue os clássicos de Game Boy em melhor definição, e também na TV, ou o Playdate, o portátil “a manivela” da Panic que, adivinhe, também roda Doom.

Como você conferiu, a oferta de portáteis, mais do que nunca, segue ativa, e democrática. Todos os bolsos, gostos, públicos e estilos contam com uma opção. Eu mesmo adoro o mundo portátil. Tenho um Switch (que jogo mais como portátil do que na TV), um 3DS, um Master System portátil, e um BittBoy.

Perdi recentemente um Game Gear com defeito, mas já busco outro, enquanto tento achar, por um bom preço, até um NGage, o infame celular da Nokia que também era um videogame portátil, que tive dois aparelhos nos anos 2000 e quero jogar Sonic nele de novo. Além de um Neo Geo Pocket, que por enquanto vou sendo bem suprido pela coletânea que a SNK teve o carinho de relançar no Switch.

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Não tem como não falar de portáteis e não se lembrar destes amigos aqui.

Mas acho que já falei tudo o que precisava, quando o assunto é videogame portátil. Se eu esqueci de algo, por favor, use nossa seção de comentários e colabore trazendo mais opções legais de portáteis disponíveis.

Eu entendo, perfeitamente, que o fim do 3DS encerrou um ciclo. Afinal, desde o Game Boy, a Nintendo sempre trabalhou com um console de mesa e um portátil. E o Switch, embora seja um 2 em 1, é encarado por muitos como console de mesa, mesmo com a versão Lite, 100% portátil. Mas para estes, “não é a mesma coisa”. Não concordo, mas entendo. Até pelo simples motivo que essa iniciativa de “console híbrido” acontece na Nintendo desde os 16-bits, com o Super Game Boy. Ou seja, não é nenhuma novidade.

Além disso, a Sony, que havia começado muito bem com o PSP, que tive três e me arrependo de ter vendido todos eles, trouxe um PS Vita muito bacana (que tive a oportunidade de jogar antes do lançamento, na BGS 2011), mas sabe-se lá o motivo, largou mão do aparelho, e também encerrou sua divisão de portáteis. Estas ausências são, de fato, sentidas. Afinal, eram as duas maiores do ramo, que cada uma com seu motivo, mudaram as estratégias.

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O PSP é uma ótima opção para jogatina portátil, até hoje.

Mas, mais do que nunca, a oferta de dispositivos portáteis está variada e farta. São muitas as opções, que atendem desde um pai que quer oferecer algo mais simples e sem as complexidades de um celular para seu filho se divertir, passando por saudosistas que tem na emulação sua diversão, até os fãs de iniciativas especiais, dispostos a pagar os US$ 399 mínimos em um Steam Deck. Tem pra todos os gostos e bolsos.

Por isso, não é certo dizer que o mercado de portáteis “morreu”. Na verdade, assim como toda indústria de tecnologia, evoluiu. Se os consoles trocaram os pontos dos anos 90 pelos troféus e conquistas das gerações atuais, e evoluíram os grandes games de aventuras de reflexos para games de exploração, com os portáteis, a evolução também ocorreu. É bem diferente do que vivemos há 20 ou 30 anos atrás? Com certeza, mas agora, sem a necessidade de andar com quilos de pilhas junto, nunca foi tão bom gostar de jogos portáteis.

Uma resposta para “Editorial: Afinal, os consoles portáteis não morreram”

  • 17 de julho de 2021 às 21:36 -

    Helinux

  • Na época do Game Boy nunca consegui me adaptar aos jogos e a jogar sentado, deitado ou em pé com o console!!!! Sentia desconforto e as vezes cansava de jogar gameboy…Game gear lembro de ter assistido um jogo de Futebol pelo acessório de TV e jogar alguns jogos, já no Neo Geo pocket experimentei um jogo, era interessante!!!! Em termos de portáteis atual, não joguei nada…simples, muito caro e as vezes compensa juntar um pouco mais e comprar um console atual!!!! Zerei alguns jogos atuais no Emulador mesmo!!!! Para mim, nunca morreram…ainda jogo alguns clássicos!!!! valeu!!!!

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