Entrevistamos Taneli Armanto, criador do clássico jogo de celular Snake, o “jogo da cobrinha”.

14 de maio de 2015

Entrevistamos Taneli Armanto, criador do clássico jogo de celular Snake, o "jogo da cobrinha".

O videogame ganhou um capítulo importante no final dos anos 90, quando os aparelhos da Nokia trouxeram e trouxeram uma nova maneira de se jogar com o clássico “jogo da cobrinha”. E quase vinte anos depois, chega a sequência para os smartphones de hoje.

Snake Rewind é a sequência “direta” do jogo, mesmo com todas os jogos já lançados que utilizaram o formato da cobrinha que precisa ir achando os pontinhos na tela enquanto tem que lidar com seu tamanho e o cenário na tela aonde perde se encostar. Tal conceito existe desde 1976, com o Blockgade, jogo de arcade. Mas foi em 1997, depois do Nokia 6110, que o jogo se popularizou a nível mundial, sendo curtido até hoje nas suas inúmeras recriações.

E seja para falar do novo game e do clássico, temos a palavra do “cara” por trás dos dois títulos, Taneli Armanto. trazendo um pouco da nostalgia de lembrar de uma época tão importante no desenvolvimento de jogos móveis, as expectativas sobre o novo título e uma visão sobre nossa atual era, que conta com jogos chegando aos relógios inteligentes, por exemplo.

Confira a entrevista

Entrevistamos Taneli Armanto, criador do clássico jogo de celular Snake, o "jogo da cobrinha".

Arkade: Vamos começar falando sobre o presente. O que Snake Rewind significa para você. Existe alguma função a qual você sempre quis colocar no Snake original mas que as limitações não permitiam?

Taneli Armanto: O clássico Snake tinha todas as funcionalidades que eu queria. Sim, existiam limitações, mas estas limitações foram a base sobre a qual foi construído o projeto. Elas me levaram a projetar uma solução muito simples e acho que deu certo por causa disso. Na minha mente, quando terminei, vi um pacote completo que não precisava de mais nada.

Então, novamente, vamos tentar trazer Snake Rewind para os dias atuais. Trazer a sensação do original, claro, mas adicionar alguma profundidade para a comunidade de jogos do presente.

Arkade: O que você considera como o aspecto mais desafiante para o desenvolvimento desta sequência?

Armanto: Para mim, é um desafio tentar manter a velha sensação, jogabilidade e a simplificade durante a tentativa de apresentar os novos recursos. Tom, o cara da Rumilus que faz a maior parte da programação para o novo jogo também tem os seus próprios desafios técnicos. Só tenho a preocupação de quando as pessoas “encontrarem” o jogo novamente se eles acharão se colocamos muito nele, ou pouco.

Arkade: Podemos esperar Snake Rewind para consoles ou Steam?

Armanto: Neste momento, não temos planos para lançar Snake Rewind nem para consoles nem para a Steam. Mas, nunca diga nunca! Vamos observar primeiro as pessoas curtindo o jogo em seus celulares.

Arkade: Como a equipe da Rumlus Design está se sentindo ao ter a honra de ajudar a desenvolver a sequência de um jogo tão famoso no mundo todo?

Armanto: Alguns caras da Rumilus e eu fomos colegas na Nokia. Conheço eles há muitos anos e eles já estão acostumados com a ideia de que eu sou o “bom e velho companheiro do Snake”. Então acredito que no momento em que começamos a discutir sobre o desenvolvimento de Rewind, foi algo mais focado em análises de cases de negócios, consideração de riscos, pensamentos em resultados possíveis, etc.

Arkade: Por Snake Rewind ser um jogo móvel moderno com a possibilidade de updates, vocês tem planos de atualizá-lo com o tempo, com novos níveis e funções?

Armanto: Sim. Houve uma conversa sobre as atualizações para o jogo. Muitas boas ideias ficaram de fora neste momento. Não tenho nada detalhado para dizer agora, mas com certeza existe algo a se esperar.

Entrevistamos Taneli Armanto, criador do clássico jogo de celular Snake, o "jogo da cobrinha".

Arkade: E o novo jogo conta com a opção de rebobinar a ação quando fazemos algo de errado. De onde veio esta ideia?

Armanto: O Snake clássico já tinha uma característica que permitia que a cobra parasse por um breve tempo quando estivesse prestes a falhar. Os jogadores podiam ter um tempo extra para jogar e não desperdiçavam sua jogatina com tanta frequência. Agora nós queremos dar aos jogadores mais do que isso, para poder continuar o jogo um pouco antes do acidente que o faria perder o jogo. Não lembro quem foi que sugeriu isso, mas a verdade é que é uma boa ideia.

Arkade: Snake Rewind chega em uma era aonde o universo dos jogos móveis está dominado pelos celulares e seus jogos casuais. O que você pensa a respeito de Angry Birds, Candy Crush e muitos outros jogos casuais que são sucesso hoje?

Armanto: Acredito que eles são fáceis de começar e de jogar, não oferecem tempos longos de jogo e se adaptam mais fácil às pessoas. A mim também.

Arkade: E nós estamos vivendo uma era promissora para os jogos móveis, que agora tem também os smartwatches ganhando seus primeiros jogos. Como você vê o futuro destes jogos?

Armanto: Eu acho que o jogo é algo que chega aonde quer que haja espaço para isso. Se determinada plataforma é ideal para jogos, isso é um outro assunto, mas se você deixar as pessoas fazerem software para um dispositivo, alguém vai construir um jogo para ele.

Entrevistamos Taneli Armanto, criador do clássico jogo de celular Snake, o "jogo da cobrinha".

Este é o Nokia 6110 “tijolão”. Quem nunca jogou Snake nele?

Arkade: Agora gostaria de entender algumas coisas sobre o Snake original: Como foi o desenvolvimento do jogo? Foi algo planejado por executivos da Nokia, ou uma ideia ocasional que acabou fazendo parte de toda uma geração de celulares?

Armanto: Preciso repetir o que eu disse anteriormente: o jogo vai aonde existir espaço para isso. Voltando ao fim dos anos 90, os celulares eram desenvolvidos para uma direção que acabaria permitindo que pudessem receber jogos. Não tenho certeza se a Nokia foi pioneira ao comercializar celulares com jogos ou se eles já haviam visto jogos nos aparelhos concorrentes — já que a Nokia não foi a primeira a ter jogos em seus dispositivos.

De qualquer forma, tudo o que sei é que desde a criação do produto (o Nokia 6110) já havia a solicitação de que alguns pequenos jogos fossem inseridos no aparelho. O recurso deveria ser implementado, a tarefa foi minha, então fiz isso acontecer.

Arkade: Observando os dois jogos e os quase vinte anos que os separam, você imaginava na época a proporção gigantesca que seu jogo traria? Você acreditava que com este game feito em 1997, uma indústria para jogos móveis poderia acontecer?

Armanto: Ainda ontem eu estava visitando a “Games Firts” aonde 500 desenvolvedores de jogos móveis finlandeses se encontram para trocar ideias e manter contatos e que inacreditável! Sim, nós já podíamos ver os celulares tomando conta do mundo, mas não esperava que teria papel para este aumento e jogos independente do que tenha acontecido neste processo.

Arkade: Você joga videogames? Qual seu jogo preferido?

Armanto: Não sou muito de jogar videogames, embora eu goste deles de uma maneira geral. Eu gosto de conhecer pessoas (do mundo real) e brincar com eles em jogos de tabuleiros, cartas, ao ar livre, coisas neste sentido. Joguei alguns títulos para computador, mas não muitos. De todos os que joguei, acho que o meu favorito ainda é o Snake clássico :-).

Arkade: Snake é um jogo extremamente popular e muitas recriações do título acontecem, como o deste vídeo:

Jogando o clássico Snake de celular em um tecladoPra quem ainda joga o eterno jogo de celular antigo Snake (ou o jogo da cobrinha), se liga nessa: O pessoal do canal Spritetm do Youtube mexeu na firmware de um teclado com iluminação nas teclas e conseguiram programar o jogo nele, veja como ficou!_________________Curta: Revista Arkade

Posted by Revista Arkade on Quarta, 26 de novembro de 2014

Como você vê estas ideias?

Armanto: O vídeo é bom (risos). Como um outro, aonde eles tinham janelas de um enorme edifício com um “display” com as luzes dos apartamentos ligando e desligando fazendo o jogo da cobra acontecer. Esse tipo de ideia mostra criatividade. Não que seja fácil vender esse tipo de “programações de serpente” para alguém…

Arkade: E finalmente: você já terminou Snake? Existiu alguém dentro da Nokia que dominou o jogo de maneira épica?

Armanto: Por que sempre me perguntam até onde cheguei no jogo? :-( (risos)

Olha, agora eu vou ter que dizer ao mundo que eu nunca consegui preencher a tela de Snake, no nível mais rápido. Consegui cerca de 60%, talvez até 65%, mas isso foi o que pude fazer. Talvez eu possa começar a praticar e ter como meta os 100%, o que acha?

Por outro lado, meu objetivo no projeto foi que o nível mais rápido seria tão rápido que poucos poderiam lidar com ele. Felizmente, não havia processador capaz de fazer isso nos dispositivos da época. Mas eu tenho visto pessoas manipulando a cobra com de uma maneira incrível que é inacreditável.

Dentro da Nokia, não havia nenhum jogador neste nível de domínio de Snake, com exceção dos dois companheiros que jogavam um contra o outro em coffee breaks, não sei por quantos meses/anos. Eu estou certo que um deles teria ganhado se houvesse uma competição.

O retorno do jogo da cobra

Snake Rewind já está disponível de forma gratuita para Android, iOS e Windows Phone. Jogamos o título e de fato ele traz os mesmos elementos do seu predecessor, claro que com muitas novidades, como o controle por toque ou via swipe que trazem o tal ar “atual” para o jogo. E o gameplay também conta com power-ups para atrair os agora vários pontos na tela de maneira mais fácil.

Claro que hoje Snake não está sozinho nessa e por isso, está longe de ser um dos ícones de uma geração móvel tão inflada de títulos (especialmente os gratuitos com compras no app e etc.), mas com certeza vai trazer nostalgia para quem jogava o Nokia tijolão e desafio com seus novos modos e jogabilidade.

Uma resposta para “Entrevistamos Taneli Armanto, criador do clássico jogo de celular Snake, o “jogo da cobrinha”.”

  • 19 de outubro de 2020 às 20:33 -

    Rodrigo

  • Parabéns pelo jogo gosto muito de jogar . Abaixei o jogo e estou recomendando para todo mundo. Meu email está embaixo :)

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