Impecável, Radiohead faz show extremamente competente em São Paulo

23 de abril de 2018

Impecável, Radiohead faz show extremamente competente em São Paulo

Assistir a um show do Radiohead é bem diferente de qualquer show aos quais estamos acostumados. E, nos padrões da banda, tudo seguiu conforme perfeitamente o roteiro na noite de ontem, no Allianz Parque, em São Paulo, com mais um show tecnicamente impecável, que misturou momentos de euforia, de emoção, e até de silêncio absoluto, em que a plateia, hipnotizada, apreciava a voz de Thom Yorke.

O icônico vocalista, foi mais uma vez, o grande nome da noite. Simpático, retribuía a sua maneira o carinho da plateia, e, com um começo poderoso, cantou Daydreaming logo de início em um cenário todo iluminado, simulando um céu estrelado. Resultado: 30 mil pessoas (de acordo com a organização do evento) em silêncio para ouví-lo. Solto, dançava pelo palco enquanto cantava, tocava e trocava de instrumentos. Aliás, em um show tecnicamente perfeito, a sincronia na troca de instrumentos em todas as músicas também é algo digno de elogio, já que cada música exigia um conjunto de instrumentos diferentes, para todos os músicos, o que inclui, desta vez, o segundo baterista, Clive Deamer, que deixou o que era bom ainda melhor.

No repertório, o show parecia mais com um “documentário” sobre a história banda, já que foram tocadas faixas de todas as suas épocas. De Idioteque (Kid A), 15 Step e Bodysnatchers (In Rainbows), Myxomatosis (Hail to the Thief), até as inesquecíveis Fake Plastic Trees (The Bends) e Paranoid Android (Ok Computer), a banda tocou 26 músicas em duas horas e vinte minutos de show. E, como já foi dito, a cada música interpretada, o “céu estrelado” do palco voltava a brilhar, para a equipe trocar os instrumentos para a próxima, e a plateia poder respirar.

O público, que reclamou um pouco devido a organização do espaço, com uma pista Premium maior do que o normal, e um palco baixo para quem estava mais para o fundo do estádio, mesmo assim não conseguia esconder a sua admiração pelo som da banda. Tudo é sincronizado, tudo é perfeito, tudo é excelente. Todas as músicas foram interpretadas com precisão raramente vista em um show, e, seja em faixas mais dançantes, como as mais introspectivas, a reação era a mesma: queixo no chão.

O Radiohead tocou no Soundhearts Festival, uma estrutura que permitiu que outras apresentações animassem o público pela tarde. Assim, tivemos os brasileiros do Aldo The Band, o projeto Junun, que é fruto da união do guitarrista do Radiohead Johnny Greenwood com o músico israelense Shye Ben Tzur e do DJ Flying Lotus. Todos eles conseguiram cativar o público, mostrando que este formato pode ser bem explorado em eventos futuros, com shows que “obrigam” os que querem chegar mais cedo a ficarem horas de frente ao palco sem muita coisa para fazer.

Mesmo com alguns problemas da organização, relatados por parte da plateia, e com a falta de Karma Police, não há o que reclamar do Radiohead. Eles conseguiram compensar estas questões com um grande show, reunindo suas grandes músicas, de décadas de estrada, com uma banda leve e solta no palco, mais a técnica impecável, coisa rara de se ver. Quem esteve ontem no show, saiu feliz, com certeza.

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