Já assistimos: Sobrou competência e faltou ousadia em Capitão América 3: Guerra Civil

26 de abril de 2016

Já assistimos: Sobrou competência e faltou ousadia em Capitão América 3: Guerra Civil

A Marvel escolheu Steve Rogers para começar a evolução de seu universo cinematográfico. A inspiração dos quadrinhos, sem a obrigatoriedade de seguir todos os eventos do mesmo deu aos produtores a oportunidade de criar sua própria história, na tentativa de respeitar tanto os fãs dos quadrinhos, quanto o público alheio a todos os eventos das HQs, mas que já escolheram pra quem torcer entre Capitão América e Homem de Ferro

Seguindo a tendência das produções “cinzas”, aonde bem e mal não é lá uma coisa tão bem definida, os nobres heróis Marvel não chegam em um ambiente extremo, mas personalidades fortes, uma história que pressiona todos ao combate e os conflitos ideológicos são alguns dos ingredientes que ajudam a fazer da nova fase dos Vingadores algo interessante, e mais maduro. Bem vindo a fase 3 do Universo Cinematográfico Marvel.

É um filme do Capitão América sim!

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Engana-se quem acha que o filme é uma espécie de “Vingadores 3“. Embora vários personagens são apresentados e alguns até introduzidos no universo (oi, Spidey!), Steve Rogers (Chris Evans) é sim a figura central de todos os eventos. Tudo bem que o carisma de Tony Stark (Robert Downey Jr.) acaba chamando pra si os holofotes, mas mesmo que de maneira mais sutil, Rogers é sim o personagem principal do longa.

O universo Marvel já está devidamente introduzido e definido, por isso o Capitão América não precisaria de uma história solitária. O sofrível Homem de Ferro 3 é um ótimo exemplo para tal e a Marvel parece que aprendeu com este erro, aproveitando para em um filme só, evoluir o Capitão, atualizar vários personagens e preparar heróis e público para os eventos dos próximos filmes, especialmente Vingadores 3.

Porém fico decepcionado novamente com Steve Rogers. E a culpa não é de Evans, que está bem confortável com o famoso escudo e faz muito bem o seu papel, mas sim da apresentação do personagem que mesmo sendo um dos mais importantes e queridos do universo Marvel, ainda tem um lado um tanto “sem sal”, que poderia ser melhor trabalhado aproveitando os valores do herói, ao invés de focar apenas no seu caráter desconfiado, resultado dos eventos anteriores que viveu.

Mas esta crítica não desqualifica em nada, a competência do longa e nem do ator. Apenas acredito que o personagem poderia ser melhor explorado, e em um ambiente semelhante a todos os filmes o qual o herói aparece, sua personalidade poderia equilibrar um pouco mais Tony Stark. O equilíbrio entre os dois seria até mais interessante na Guerra Civil e nos eventos vindouros. Sabe aquela parada que tá boa, mas você sente que pode melhorar? Pois este é o Steve Rogers dos cinemas.

Sejam bem vindos, Homem-Aranha e Pantera Negra

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A boa novidade do longa é a aparição bem feita dos novos heróis: Homem-Aranha (Tom Holland) e Pantera Negra (Chadwick Boseman) honram as “calças” que vestem e rapidamente conquistam a simpatia do público.

O Pantera, pouco conhecido do grande público, já ganha empatia logo em sua primeira aparição e esta empatia vai aumentando a medida que o personagem vai sendo apresentado. Enquanto o Homem-Aranha, é um “espetacular” mesmo. Não que o herói seja protagonista de algo épico, mas o termo que utilizo reflete o título do personagem nos quadrinhos e com isso quero dizer que este é o melhor Aranha que as telonas já viram.

O Aranha é apresentado sem muita frescura, partindo do princípio de que todos sabem sua origem de cor e salteado (em menos de vinte anos, já vimos tal origem duas vezes), e também aparece como um moleque. E por ser o moleque que todos adoramos, sua contribuição é muito importante e faz o filme ser mais divertido.

E outros heróis também foram muito bem vindos, somando bastante com o resultado final. A Feiticeira Escarlate, Visão e o Homem-Formiga, além dos veteranos, como a Viúva Negra, e o vilão Zemo, que embora não seja nem de perto o portador dos melhores momentos do filme, oferecem contribuições extremamente positivas ao “kit”.

Ação de Qualidade

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Os irmãos Russo sabem que muita gente paga ingresso para assistir os filmes dos heróis Marvel apenas para ver o Hulk esmagando ou as escudadas do Capitão América. E no terceiro filme do Capitão, a ação entregue é de qualidade. Sem exageros, coexistindo em harmonia com a história, quando a ação é solicitada, é muito bem entregue.

Efeitos especiais que se aproveitam dos poderes dos heróis e explosões, entre outros efeitos, nos convencem que de fato os heróis “existem”. E outro ponto positivo está na briga “da porrada”. Capitão América sai no braço e até alguns momentos levemente inspirados em Demolidor (a série da Netflix) ajudam a deixar as brigas mais intensas e interessantes.

No geral, a ação chega, aumenta sua adrenalina e termina de maneira suave, oferecendo mais um momento de conversa, já nos preparando para mais combate.

99% de boa história, mas aquele 1% de ousadia

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A história, por menor que seja a expectativa de quem está acostumado com os filmes-pipoca da Marvel, que vai ao cinema apenas esperando ação (que o filme entrega com muita competência), é sim interessante. As razões para a “guerra”, focadas nas ideologias conflitantes e traumas dos personagens servem para apresentar a nova fase, mais tensa, e também ajudam a entregar um enredo competente, um tanto mais pé no chão para quem acostumou a ver seres de outras dimensões e explosões galáticas. Para quem está ansioso para ver o terceiro filme dos Vingadores, é interessante ver que o universo conduz todos nós para um momento de reflexão para os heróis, com eventos e consequências que fortalecerão os mesmos para o que virá.

Vivemos dias de debate. No nosso país e no mundo, vários assuntos viram motivo de conversas longas e opiniões variadas. Mas no fim, tudo acaba se polarizando. É o #foradilma x #nãovaitergolpe, é o coxinha x o petralha, e é o segurança x liberdade, que é o tema central das escolhas dos personagens. Tudo bem que tirando o Homem de Ferro ou o Capitão América, as razões dos outros heróis não são lá muito relevantes, mas o assunto é bem debatido, envolvendo todos os lados envolvidos no enredo: os heróis, os outros heróis, os vilões e os políticos.

As pontas soltas continuam lá e a Marvel se sente confortável em relação a elas, incluindo na formação dos “times”. Como são filmes de heróis e não um documentário realístico sobre a Segunda Guerra Mundial, os escritores não se sentem na obrigação de explicar nada. Tudo acontece porque acontece e fim de papo. Mas sim, estas pontas soltas e furos no roteiro, que já são bem conhecidos dos espectadores, são menores do que a “média” comum e não interferem em nada na qualidade da história, apresentando as etapas do filme de maneira fluída e contínua, sem “pausas” bruscas. E as piadas, que aproveitam das personalidades dos personagens e estavam em exagero em

Porém, a ousadia do filme, que poderia fazer do longa algo épico, acontece na introdução dos personagens novos e só. Sabemos que a Guerra Civil é inspiração, e não adaptação dos quadrinhos, mas um pouco mais de ousadia não faria mal a ninguém. A tensão do combate praticamente não existe, embora seja bem fácil de assimilar. E algumas atitudes são bem brandas, mostrando que a Marvel tem certa preocupação com o seu público, que é composto por pessoas de todas as idades, incluindo crianças. O longa é sim mais tenso do que os outros filmes, mas as piadas e um ambiente “seguro” acabam trazendo momentos previsíveis e até decepcionantes, visto o clima de determinados momentos. Reviravoltas acabam sendo leves e fracas o que é chato para um filme com “guerra” no nome.

Esta falta de ousadia ainda me incomoda muito, mesmo entendendo a preocupação da Marvel com toda a sua audiência. Sim, sabemos que mudanças bruscas podem significar choque e recepção negativa da plateia, mas ao mesmo tempo, um pouco mais de ousadia não faria mal à ninguém. Nos quadrinhos, situações extremas acontecem a todo momento e os roteiristas simplemente ligam o “dane-se” e continuam suas histórias, mesmo com a segurança dos famosos “reboot”. Nos cinemas, estamos falando de um ambiente só, com maior dificuldade para decisões mais extremas, mas que tal algo mais profundo em Vingadores 3? Só aguardando para saber.

Mas não sejamos injustos: a tal falta de ousadia, que tem de ser questionada sim, não tira em nada todos os méritos do filme, que evolui um conceito de filmes de heróis e dá o chute inicial para uma nova fase na  Marvel. Com decisões sábias e com a competência demonstrada neste longa, os fãs só terão a ganhar com isso.

Capitão América 3: Guerra Civil estreia no dia 28 de abril nos cinemas.

2 Respostas para “Já assistimos: Sobrou competência e faltou ousadia em Capitão América 3: Guerra Civil”

  • 26 de abril de 2016 às 17:42 -

    Alessandro

  • Puta merda,louco pra assistir o filme! Foda-se a crítica,estarei lá pra ver essa história fodástica!!!

  • 23 de maio de 2016 às 18:31 -

    Aline Araujo

  • Muito interessante esse ponto de vista, ainda não tinha encontrado material desse nível. Parabéns, mesmo!

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