Melhores do Ano Arkade 2021: Mass Effect Legendary Edition
Em um ano onde a produção de jogos e mesmo de hardwares da nova geração foram fortemente comprometida pelas dificuldades sanitárias no mundo todo, tivemos alguns bons jogos originais, mas também uma série de relançamentos – ports, remakes e remasterizações – que tiveram um relativo sucesso e, sem sombra de dúvidas, a coletânea Mass Effect Legendary Edition está dentre as melhores iniciativas nesse sentido. Tamanha foi a minha satisfação com o jogo que ele entrou na nossa lista dos melhores do ano, e vou justificar o porquê.
Mass Effect, a trilogia original, sempre foi considerada uma das melhores experiências narrativas da geração Xbox 360/Playstation 3, mas não sem alguns asteriscos. O primeiro deles é relativo exatamente ao jogo de estréia da franquia, que fez muito sucesso em 2007, mas hoje tem algumas mecânicas já ultrapassadas considerando a evolução da indústria e do gênero como um todo. Outro grande “senão” é relativo ao final da trama em Mass Effect 3, polêmico e bastante questionado até hoje, e que mesmo com alguns remendos posteriores, nunca chegou a ser um ponto pacífico para os fãs.
Se este último detalhe é algo grande demais para uma correção drástica de rumos, o primeiro deles seria uma possibilidade interessante para justificar uma revisita às mais de 100 horas de campanha resultantes da soma dos três jogos. Mass Effect, o original, passou obviamente pela maior reformulação de gameplay de todos os três, ganhou novos contornos sem que as suas características específicas fossem deturpadas e, deste modo, houve um nivelamento por cima nesse quesito. É realmente satisfatório jogar Mass Effect mesmo em 2021.
Visualmente, talvez o aspecto que mais se espera de uma remasterização desta natureza, os jogos continuam entregando a idade, mesmo com alguns dos probleminhas antigos suavizados. Um desses pontos questionáveis sempre foi a expressividade de protagonistas e de NPCs com feições humanóides. Se ainda há um ou outro olhar estranho, um movimento de boca menos natural, e se corridas e tiroteios parecem mais mecanizados e menos naturais que jogos mais recentes, percebe-se uma melhora significativa considerando o formato do produto e, na média, o saldo é muito positivo. Texturas, iluminação e desempenho são alguns dos maiores e melhores acertos da versão revisada.
A adição de quase todas as DLCs e atualizações lançadas na época torna a experiência mais completa e a jornada, que antes fora separada pelos anos entre uma produção e outra, agora se mostra como uma coisa só. É como se esse realinhamento do todo compusesse um grande mosaico agora revelado, uma jornada clássica de crescimento, evolução e redenção que vale uma grande maratona. Mass Effect Legendary Edition é como uma série antiga de TV que adorávamos, mas que tínhamos aquela visão um tanto que fragmentada do ritmo narrativo, e que agora se justifica como uma experiência só, única e incrível.
A versão lendária é impecável? Não, certamente que não. A exclusão de modos multiplayer originais e a injustificável ausência de localização para outros idiomas como o português são de se lastimar, mas poder desfrutar da grandiosidade de uma das maiores franquias da história recente dos games em sua máxima forma é algo que a Bioware e a EA fizeram acontecer do jeito certo. Ou da forma mais adequada possível.
Auto intitulado Campeão Mundial de estouro de plástico-bolha, sou fã de videogames desde que me entendo por gente, continuo jogando games de esporte por pura teimosia, trabalho com produção audiovisual e mantenho a convicção de Han Solo atirou primeiro.