Morre Rita Lee, a rainha e poeta do rock brasileiro

9 de maio de 2023

Rita Lee faleceu nesta segunda (8), aos 75 anos de idade. Ela, que é uma das maiores cantoras e artistas da história do nosso país, vinha fazendo tratamentos contra um câncer de pulmão, que foi diagnosticado em 2021. Sua mais recente autobiografia compartilha com seus fãs as experiências vividas nesta época.

“Comunicamos o falecimento de Rita Lee, em sua residência, em São Paulo, capital, no final da noite de ontem, cercada de todo o amor de sua família, como sempre desejou”, disse a família da cantora, em um comunicado nas redes sociais. O velório será aberto ao público, e acontecerá no Planetário do Parque Ibirapuera, nesta quarta (10), das 10h às 17h.

Rita Lee foi fundamental para a música brasileira, ao fazer uma revolução musical com o rock mais o tropicalismo, através dos Mutantes, a banda brasileira de rock mais cultuada em todo o mundo, sendo muitas vezes comparados, em bom tom, com os Beatles, sendo considerados várias vezes como “os Beatles brasileiros”.

Em carreira solo, Rita manteve grande destaque na música, sempre com sua irreverência e criatividade em suas muitas músicas gravadas. Ela recebeu, com justiça, o título de “rainha do rock”, por viver quase seis décadas de carreira de forma criativa e independente. Ela achava o título “cafona”, preferindo ser conhecida como a “padroeira da liberdade”.

Rita Lee Jones nasceu em 1947, sendo filha de pai imigrante dos EUA e mãe italiana. Sua mãe, Romilda, era pianista, estimulando desde cedo a paixão pela música na então pequena Rita. Com 16 anos, ela começou sua jornada com as Teenage Singers, um trio feminino, fazendo apresentações em bailes de escolas. Foram descobertas por Tony Campello, que as transformou em backing vocals.

Do trio, ela ingressou em uma banda de rock que se chamada Six Sided Rockers que foi sofrendo mudanças até chegar nos Mutantes que conhecemos, banda iniciada em 1966. Os Mutantes originais tinham, além de Rita Lee, Arnaldo Baptista e Sérgio Dias. Os Mutantes foram pilar do tropicalismo, ao unir o rock, que era fenômeno naqueles dias, com psicodelia e ritmos brasileiros.

Os Mutantes conquistaram reconhecimento internacional, fazendo diversos shows no exterior e tendo reconhecimento de vários nomes da música. Kurt Cobain chegou a enviar um bilhete para Arnaldo, em 1993, quando tocou em nosso país, conheceu o som da banda e se tornou fã instantaneamente, a ponto de tentar conhecer os integrantes da banda.

Os Mutantes também participaram do importante Tropicália ou Panis et Circensis, o disco definitivo do tropicalismo, de 1968. Rita esteve na banda entre 1966 e 1972. Mas antes mesmo de sair da banda, já havia gravado um álbum solo, o Build Up, de 1970. Já fora dos Mutantes, Rita gravou cinco álbuns com o grupo Tutti Frutti, todos eles confirmando ainda mais o seu brilho e talento.

Em 1979, já com o marido Roberto de Carvalho como parceiro, ela começou de vez a sua carreira solo, lançando diversos sucessos como Mania de Você, Chega Mais e Doce Vampiro, já fazendo sucesso com o rock nacional antes mesmo da explosão do gênero em nosso país nos anos 80. Ela seria uma das atrações do primeiro Rock in Rio.

Entre os anos 90 e 2000, Rita continuou lançando músicas e fazendo shows, recebendo em 2001 o Grammy Latino de Melhor Álbum de Rock em Língua Portuguesa com o seu 3001. Em 2022 ela recebeu outro prêmio, desta vez pelo conjunto de sua obra.

Rita não fazia mais turnês desde 2012, assim como também lançou seu último disco de inéditas neste ano. Ela participou de 40 álbuns, sendo seis com os Mutantes e 34 como cantora solo. Além da carreira musical, Rita também ganhou destaque no mundo literário, escrevendo além de sua autobiografia, a série Dr. Alex, FavoRita, Dropz, Storynhas e Rita Lírica, além do infantil Amiga Ursa: Uma história triste, mas com final feliz.

Rita tratava, desde 2021, um câncer de pulmão, quando lançou o seu último single, Changes. Em abril de 2022, Beto Lee, seu filho, havia dito que ela estava curada do câncer. Rita passou seus últimos anos em um sítio no interior de São Paulo, com sua família.

Junior Candido

Conto a história dos videogames e da velocidade de ontem e de hoje por aqui!

Mais Matérias de Junior

Comente nas redes sociais