Need For Speed Shift 2 (PC, PS3, X360) Review: Velocidade e realismo

Mesmo tendo ficado famosa por suas recentes aventuras no submundo das corridas ilegais com as séries Underground e Hot Pursuit, a Electronic Arts resolveu provar que ainda sabe fazer um bom game de corrida estilo simulação, e com a ajuda do pessoal da Slightly Mad Studios, lançou Need for Speed Shift 2: Unleashed, sequência do elogiado game de 2009.

De fato, as empresas mostram que fizeram a lição de casa direitinho, pois entregam um game que é muito mais simulador e muito menos arcade do que todos os os outros games da série. Esta sensação de realismo já fica evidente pelos gráficos, que são fantásticos e conseguem superar até mesmo o onipotente Gran Turismo 5.

Os efeitos de luz e transparência de Shift 2 são espetaculares, e realmente destacam o game dos outros jogos da própria série Need for Speed, que geralmente já contam com um visual acima da média. Tanto os cenários quanto os carros apresentam uma riqueza de detalhes que é de encher os olhos.

Mas a inovação mais representativa no quesito “realismo” é o novo modelo de câmera que o jogo oferece. Em praticamente todos os jogos de corrida já lançados existe a clássica câmera de dentro do veículo, que permite que você veja um pouco do painel do carro, e mesmo as mãos do piloto segurando o volante. O resultado era bom, mas Shift 2 eleva este ângulo de câmera a um novo patamar de realismo e dramaticidade.

A câmera interna é tão legal que você dificilmente vai querer utilizar outra durante o jogo todo. O ponto de vista é diretamente pela viseira do capacete do piloto, e você inclusive pode ver as bordas do capacete nas laterais da tela. Ao se aproximar de uma curva, o piloto realmente olha para o lado acompanhando o trajeto da pista, e não mantém aquele ponto de vista estático que só olhava para frente. Em Shift 2 você não é apenas um par de braços pilotando um carro, você é um piloto de verdade, que age como um piloto de verdade agiria.

Para mantermo realismo coerente com a ideia, a Slightly Mad Studios desenvoleu um interessante sistema de feedback para as batidas: quando rola um acidente em Shift 2, o piloto é diretamente afetado ficando com a visão embaçada. Também surgem manchas na tela, e até mesmo as batidas do coração podem ser ouvidas, de maneira abafada. Uma ideia um tanto ousada, que bebe na fonte dos FPS e certamente contribui com a imersão do jogo.

E você vai ver muito este tipo de efeito, pois batidas serão constates no jogo. O que nos leva a um ponto não muito agradável: a ausência do rewind. A maior parte dos jogos de corrida atualmente te permite refazer os instantes antes de uma batida para corrigir um erro. Em Shift 2 não há mais esta mamata: se você bater, já era, vai ter de recolocar seu carro na pista manualmente. Se o acidente for muito feio, a corrida acaba para você, sem choro nem vela.

Isso é muito frustrante, pois uma única batida pode arruinar uma corrida perfeita. Mas, não podemos negar que isto contribui com a proposta de realismo do game. Em uma corrida de verdade é isso o que acontece, então porque em um simulador seria diferente?

E já que falamos em acidentes, este é outro ponto que se destaca em Shift 2. O sistema de danos do jogo é muito bom, e os carros ficam bastante avariados não só por fora, como apresentam quedas de desempenho e podem ficar muito ruins de se dirigir, o que pode botar tudo a perder em uma corrida.

A jogabilidade de Shift 2 é sólida e extremamente funcional. Não apresenta nenhuma grande evolução se comparada com o primeiro game, mas se você tiver um bom volante com a função force feedback, vai poder curtir uma experiência de jogo ainda mais realista e desafiadora, tendo de segurar “no muque” o volante para manter seu carro na pista.

O modo single player é bom o bastante para te manter entretido, mas é fácil ficar enjoado dele após algum tempo. A inteligência artificial dos demais pilotos também não colabora para manter o desafio. Ela é boa, mas peca por ser muito passiva, em várias situações vai parecer que o computador deixou você ultrapassá-lo, o que não é legal.

Felizmente, Shift 2 conta com um robusto modo online, que pega carona na função autolog criada pela Electronic Arts em Hot Pursuit. Com o autolog, você pode encontrar seus amigos mais facilmente, compartilhar fotos, e tudo mais. O sistema ainda gera uma pequena leaderbord entre o seu grupo, o que certamente vai acirrar as rivalidades entre os jogadores.

Need for Speed Shift 2: Unleashed é facilmente um dos melhores simuladores de corrida do mercado, atualmente. E o melhor, ele não é exclusivo para o console “a” ou “b” como os concorrentes. Mesmo quem joga no PC poderá sentir a emoção de acelerar máquinas possantes em um game de visual excelente e realismo desafiador.

Rodrigo Pscheidt

Jornalista, baterista, gamer, podcaster e fotógrafo digital (não necessariamente nesta ordem). Apaixonado por videogames desde os tempos do Atari 2600.
Contato: rodrigo@arkade.com.br