RetroArkade: Night Trap, 25 anos depois, continua tosco, trash e curioso

20 de agosto de 2017

RetroArkade: Night Trap, 25 anos depois, continua tosco, trash e curioso

Night Trap é como aquele filme tosco da Sessão da Tarde que você adora: é mal feito, canastrão, mas de alguma forma te atrai e acaba sendo divertido mesmo assim. Fazendo sucesso mais por suas polêmicas (das mais absurdas possíveis) em sua época de lançamento, do que pelo jogo em si, o game comemorou seus 25 anos com uma versão remasterizada, nos levando aos bons e velhos (e toscos) tempos dos games em FMV, popularizados pelo Sega CD.

Para entender melhor as razões que fazem este jogo ser lembrado 25 anos depois, vamos voltar para o ano de 1992: Os jogos em FMV, que nada mais eram do que filmes nos quais a interação do jogador, seja em escolhas ou com o apertar do botão no tempo certo, direcionava os eventos para algum desfecho, do game over ao melhor final possível, eram bastante populares em sistemas que podiam reproduzir vídeo, e, como “mais um na multidão”, Night Trap apareceu.

O jogo mais “repugnante” de todos os tempos

Saca só o tipo de confusão que Night Trap foi arrumar… tudo culpa dos “vampiros” do jogo!

O jogo é bem simples: você é um agente especial (para o Sega CD, você era agente do SCAT – Sega Control Attack Team, melhor nome impossível!) que precisa monitorar uma casa e evitar que as pessoas que ali estão sejam sequestradas por uma espécie de vampiros-terroristas-tecnológicos. Nada demais, se não fosse o fato de que durante a noite, só tem meninas em casa e em plena festa do pijama, ou seja, com roupas “mais á vontade”. É óbvio que o jogo não oferece nenhuma conotação sexual, nada de sensualidade, muito menos violência, já que os acontecimentos beiram o bizarro, porém, foi o suficiente para os políticos conservadores dos Estados Unidos iniciarem uma cruzada contra o game.

O resultado disso, você confere até hoje: além de Night Trap, Mortal Kombat e Doom fez com que o Senado de lá considerasse todos estes jogos “repugnantes”, em discussão que gerou a criação da ERSB, o órgão que define a idade adequada para cada tipo de jogo. Vale lembrar que “estamos” em 1992, em uma época em que o mundo era totalmente diferente e, o simples fato de uma garota usando roupas mais à vontade ser atacada por um grupo de “sabe-se-lá-o-quê” era motivo para que todos ficassem de cabelo em pé. Mas, só a título de curiosidade, em 1992, tivemos no cinema a adorável violência de Cães de Aluguel, e as eternas cruzadas de pernas de Sharon Stone em Instinto Selvagem.

RetroArkade: Night Trap, 25 anos depois, continua tosco, trash e curioso

Em um ano que houve esta cruzada de pernas, o Senado dos EUA foi pegar no pé de meninas de camisola em um videogame…

Dito isso, podemos afirmar que o impacto de Night Trap foi causado mais por polêmicas do que pelo jogo em si, que não tem nada de surpreendente quanto a outros jogos do mesmo estilo. Temos aqui, em 1992 e em 2017, um jogo bem tosco, que nos faz rir com as inúmeras tosqueiras que acontecem durante os eventos, que nem uma presença “ilustre” parece salvar a odisséia: Dana Plato, a Kimberly do seriado Arnold, que já estava em decadência quando atuou no jogo.

Celebrando a tosqueira, 25 anos depois!

RetroArkade: Night Trap, 25 anos depois, continua tosco, trash e curioso

Porém, os desenvolvedores sabem de tudo isso o que foi dito, mas sabem também que os jogadores tem um carinho especial por este game. Por isso, apostaram na nova edição, que conta com todos os visuais disponíveis para o jogo, além de um feito para 2017. Temos a opção de jogar o game tal como era no Sega CD, ou em versões posteriores, como o 32X, ou no PC. Tirando isso, está tudo como era nos anos 90: atuações horríveis, filmagens dignas de um filme do Toninho do Diabo e os Augers, os tais vampiros-high-tech-mercenários… É mais ou menos como se a também trash introdução do Resident Evil original fosse um jogo inteiro.

Quanto ao jogo, resta sentar no monitor e ficar analisando os cômodos. Você pode assistir as pessoas na casa interagindo, ou sair na caça dos “vampiros” (sim, é difícil chama-los de vampiros), usando as armadilhas disponíveis para capturá-los, que precisam ser acionadas na hora certa, indicada por cores no monitor. O jogo original é terminado facilmente, a medida em que você vai se adaptando ao ritmo da casa, e decora a hora certa de capturar a todos os inimigos, mas, para ajudar no gameplay, há o modo survivor, que faz com que as armadilhas sejam aleatórias, bagunçando a mente do jogador.

O único porém, é que um jogo de 25 anos atrás tão peculiar, vem sem nenhum tipo de tutorial para quem quer conhecer o game. É ser jogado na casa e “dane-se” para aprender. Mesmo com comandos simples, talvez um prólogo com os botões aparecendo na tela já seriam de ótima ajuda. E, por fim, a escolha do visual a ser jogado influencia apenas nas caraterísticas visuais, o que até serve como uma forma de replay, já que há a curiosidade de ver o jogo rodando tal como era em 1992, com visual bem granulado, ou nos padrões atuais, com imagens bem mais nítidas.

Um documento importante da história dos games

RetroArkade: Night Trap, 25 anos depois, continua tosco, trash e curioso

Brincadeiras a parte quanto o lado trash de Night Trap, o jogo, mesmo que involuntariamente, foi um interessante capítulo da história dos videogames. O jogo, mesmo sem apresentar nenhum traço de violência ou sensualidade, acabou chocando e fez com que classificações etárias para os games fossem definidas. Além disso, abriu portas para mais jogos em FMV, que aos poucos, foram saindo do gameplay e sendo adaptados para as cutscenes dos games, sendo posteriormente substituídas por CGs. Sem mencionar que, após o game, mais jogos polêmicos — e desta vez, pra valer — começaram a surgir, como a série GTA, por exemplo.

É bacana ver o cuidado da Digital Pictures com seu game. 25 anos depois, tudo está bem preservado e mesmo trash, funciona bem e traz bastante nostalgia para quem viveu esta época, e acompanhou as polêmicas citadas nas revistas de videogame. Não indicado para jogadores mais novos, com exceção dos curiosos, o jogo foi relançado especialmente para quem curtia o gênero, ou para quem tem nostalgia com o game.

Night Trap está disponível para Playstation 4 e Xbox 360, em sua edição comemorativa de 25 anos.

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