O que aconteceu no Twitter na última semana?

7 de novembro de 2022
O que aconteceu no Twitter na última semana?

Como todos bem sabemos, Elon Musk é o novo dono do Twitter. O bilionário comprou a rede social na última semana, em negócio avaliado por US$ 44 bilhões. E com o seu “jeito” de tocar os negócios, a rede social foi tema, por várias vezes, vários assuntos e várias questões, dos noticiários, rodas de conversa e pontos de discussão, incluindo o próprio Twitter.

Vamos, assim, tentar entender melhor tudo o que aconteceu desde a última semana, entre demissões em massa, questionamentos referentes à liberdade de expressão e a ideia de Musk de redefinir o que é ser “verificado” na plataforma, ao propor sua “assinatura de selo azul”.

Demissões em massa

O primeiro ato de Musk, enquanto dono do Twitter, foi redefinir a estrutura da empresa. Sai a SA, entra o capital privado. Sai todo a direção, do CEO aos diretores, entra Musk como único diretor da companhia. E, falando em sair, metade da força de trabalho da empresa foi demitida, incluindo no Brasil. Em nosso país, de acordo com o Estadão, cerca de metade de um quadro de 150 pessoas foram desligadas da empresa, em todas as áreas.

Metade de 7.500 funcionários foram demitidos, com alguns deles sendo recontratados nesta semana, sob a explicação de que foram demitidos por engano, ou que não passaram por avaliação competente de diretores. “Reconhecemos que um certo número de pessoas que fizeram contribuições significativas para o Twitter será afetado, mas essa ação infelizmente é necessária para garantir o sucesso da empresa no futuro”, explicou a empresa.

Nos EUA os demitidos receberão salários até fevereiro de 2023, enquanto no Brasil, nada a respeito ainda foi falado. Entretanto, estes funcionários desligados, mesmo sem trabalhar na empresa, ainda contarão com vínculos com a empresa, “devendo permanecer em conformidade com políticas de privacidade e sigilo estabelecidas em contrato”.

“O Twitter teve uma queda massiva em receita, devido aos grupos de ativistas fazendo pressão em anunciantes, mesmo que nada tenha mudado com moderação de conteúdo e que tenhamos feito tudo o que pudemos para apaziguar os ativistas. Totalmente zoado! Eles estão tentando destruir a liberdade de expressão nos Estados Unidos”, disse Elon Musk.

Volta do Vine, página inicial e “textão”

Mudanças na estrutura da página também foram anunciadas. Sem assessoria de imprensa, ao menos no Brasil, o próprio Musk foi dizendo, em seus tuítes, o que queria fazer com a rede. Uma das iniciativas é a de incluir textos longos, que, segundo ele “acaba com o absurdo de capturas de tela de bloco de notas”. Sites paralelos permitem que usuários postem textos mais longos, mas de forma oficial, o limite sempre foram os 140, e depois, 280 caracteres.

Já o Vine, considerado o “ancestral” do TikTok, pode retornar. Musk fez uma enquete sobre voltar ou não com a plataforma, com resposta positiva. A plataforma permitia vídeos curtos de até seis segundos, e foi descontinuada pelo Twitter em 2016. Como seria um “novo Vine“, também é uma incógnita.

E a página inicial também foi mudada, logo no primeiro dia. Agora o conteúdo já estará disponível, logo de cara, mesmo se o visitante não tiver conta na rede. A página Explorar, com os tuítes mais populars do momento e o Trending Topics ja estão disponíveis, logo na home do site. Ao lado, os botões de login ou criar conta.

Diminuição da publicidade

O mercado publicitário também reagiu após as novas investidas de Musk. A IPG, uma das maiores da publicidade do mundo, recomendou que seus clientes pausassem, temporariamente, seus investimentos no site. Vale lembrar que, hoje, 90% da receita da rede vem de anúncios pagos. A sinalização, segundo alguns, de que Musk poderia afrouxar a moderação de conteúdo, rendeu uma espécie de alerta amarelo para o mundo publicitário.

A The Global Alliance for Responsible Media, associação de plataformas, anunciantes e mídia dos EUA, anunciou que irá monitorar o Twitter, para saber como lidar com a plataforma no futuro, ao passo que acompanharão como o site lidará com moderação de conteúdo no futuro.

Musk publicou, como tem feito por toda esta semana, um tuíte também falando sobre esse assunto. Entre vários assuntos, um tuíte foi direcionado para os anunciantes: “O Twitter almeja ser a plataforma de anúncios mais respeitada do mundo, que fortalece sua marca e amadurece seu empreendimento”. Ele explicou que o Twitter teria um conselho de moderação com “ampla gama de opiniões”, e tudo segue como está até a criação deste conselho.

Direitos Humanos

Outro tema muito divulgado nesta semana envolve os direitos humanos. Talvez a maior representação deste tema foi a participação direta de Volker Turk, alto comissário da ONU para os Direitos Humanos. Ele pede que Musk garanta o respeito a esses direitos na rede, sob o seu comando. Ele disse que é interessado na liberdade de expressão, algo muito falado pelo bilionário nos últimos dias, sugerindo como proteger tal liberdade, além de outros direitos.

“Como todas as empresas, o Twitter precisa entender os danos relacionados à sua plataforma e adotar medidas para resolvê-los”, escreveu o alto comissário da ONU. “O respeito pelos nossos direitos humanos comuns deve ser o parapeito do uso e evolução da plataforma”, acrescentou.

Verificado pago e monetização para criadores

Por fim, temos o tema mais falado em toda a semana: o fato de que Elon Musk quer redefinir o conceito de verificado. Nascido logo no início do Twitter, e replicado por outras redes sociais, o selo azul de verificado nasceu, a princípio, para garantir que pessoas públicas, especialmente famosos e políticos, fossem autenticados pela rede, evitando que alguém pudesse se passar por eles.

Com o passar do tempo, a ideia do verificado evoluiu, quando outros setores, como jornais e o mundo dos games (entre eSports e indústria), também começaram a receber o selo. Agora, tal selo é visto como “fonte de informação” por pessoas, empresas ou organizações com “relevância” na rede. Ao passo de que, para alguns, os critérios para verificação na rede não são dos mais adequados. Atualmente, cerca de 400 mil usuários possuem o selo.

Musk faz parte de quem discorda do formato atual, chamando-o de “sistema de senhores e camponeses” de besteira. Assim, afirmou que o Twitter Blue, plano de assinatura da rede, que permite alguns benefícios, também adicionará o selo azul em nome do usuário. Ao que ele tem falado, dá a entender que ele pensa que todos que querem usar mais a rede, a ponto de pagar por seus benefícios, pode ser verificado.

O novo Twitter Blue, além do selo azul, permitirá também a opção de editar tuítes e leitor de notícias, além de menos anúncios e a possibilidade de postar vídeos mais longos do que os 2:40 disponíveis atualmente (quem já possui o selo verificado pode postar vídeos mais longos).

O bilionário afirma que essa medida vai desmotivar o uso de bots e robôs. “Se uma conta Blue paga evolver-se com spam/scam, a conta será suspensa. Essencialmente, isso aumenta o custo do crime no Twitter”. Atualmente, o link que permitia que qualquer usuário solicitasse a verificação foi removido. E contas que tentarem se passar por outras com o selo verificado, serão suspensas, de acordo com Musk.

Como o tema “verificado” mexe com muitas pessoas, incluindo as já verificadas, é óbvio que o assunto ganhou muita repercussão. Políticos e famosos como Stephen King criticaram a medida, dizendo que não vão pagar pelo selo. Musk, por sua vez, se mostra firme em sua ideia, sempre dizendo que “ok, mas será por US$8”, o preço da assinatura.

Quem concorda com Musk diz que o sistema atual de verificados é injusto, pois a rede verifica pessoas que não são, verdadeiramente, influentes ou “merecedoras” do selo. Quem critica Musk afirma que tal iniciativa poderá ampliar a disseminação de conteúdo falso, uma vez que, atualmente, as pessoas enxergam em selos verificados uma fonte de conteúdo confiável.

E o que esperar nos próximos dias?

A resposta mais adequada é: não sabemos. Elon Musk tem um jeito só seu de tocar seus negócios, e isso gera em muitos os mais variados sentimentos. Há quem o idolatre e quem o odeie muito. De qualquer forma, sabendo como ele gerencia suas outras empresas, como a Tesla ou a SpaceX, pode ser que tudo o que foi falado aqui seja “revertido” em breve, ou que mais ideias sejam apresentadas, novamente, em tuítes.

Mercados como o da publicidade, que gostam de estabilidade, naturalmente tomou a decisão de “pausar” ou “monitorar” as investidas na rede. O que nos resta aguardar para ver se tais medidas serão implementadas, se darão certo e se o Twitter influenciará ou será influenciado por outras redes. Ou os dois.

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