RetroArkade: Blixto, o jogo mais “exclusivo” de todos os tempos!

30 de maio de 2021
RetroArkade: Blixto, o jogo mais "exclusivo" de todos os tempos!

Nos últimos anos, nós sempre falamos sobre games e projetos exclusivos. A tal exclusividade é defendida por fãs de marcas, e garante fidelidade para que tais jogadores sempre aguardem ansiosamente as várias novidades. Mas, e se houvesse um game feito apenas para você? Um exclusivo, que seria tão exclusivo, que só você teria acesso a ele?

Bom, houve um garoto, no final de 1991, que teve um game para chamar de seu, apenas seu. Estou falando de Lucas Silva e Silva, o garoto interpretado por Luciano Amaral, no clássico Mundo da Lua, seriado exibido pela TV Cultura, entre os anos de 1991 e 1992, que contou com 52 episódios.

Lucas tinha à sua disposição o “famoso” game Blixto, o game que “apenas ele” jogou alguma vez na vida, e que o próprio Luciano afirmou, em depoimento, estar entre os seus jogos preferidos. É sobre estes clássicos que iremos falar hoje.

Diretamente do Mundo da Lua

RetroArkade: Blixto, o jogo mais "exclusivo" de todos os tempos!

Se você era vivo e já assistia televisão no início dos anos 90, com certeza você conhece Mundo da Lua. Uma das muitas criações de Flavio de Sousa (que também participou de forma importante em Rá-Tim-Bum, Castelo Rá-Tim-Bum, Ilha Rá-Tim-Bum, além de ter vivido o Tíbio, e ainda é o tio da MariMoon), a série contava histórias da família Silva e Silva, pela ótica de Lucas, um garoto de dez anos.

A série tem início no aniversário de Lucas, quando, em meio a situações comuns em meio a festas de crianças daqueles tempos, ele ganha dois presentes especiais: um gravador, de seu avô Orlando, que era a “porta de entrada para o Mundo da Lua“, e um videogame, dado por seu tio Dudu, interpretado pelo mesmo Flavio de Sousa.

O gravador, icônico por suas luzes acesas, era o local onde o garoto, em todo episódio, registrava seus pensamentos, reproduzidos como situações únicas em forma de histórias próprias, como se fosse a visão do próprio garoto sobre situações que estavam acontecendo no momento, mas do jeito que ele gostaria que tudo estivesse sendo desenvolvido.

Já o videogame, não poderia ser diferente. Era um legítimo console de última geração, mas claro, feito apenas para o seriado. A inspiração, claro, é do Phantom System, o console da Gradiente, que foi um dos muitos Famiclones no Brasil. Era nele, que Lucas, quando não estava no Mundo da Lua, se divertia com o grande game do momento, ao menos no seriado: Blixto.

RetroArkade: Blixto, o jogo mais "exclusivo" de todos os tempos!
O videogame de Lucas Silva e Silva. Foto: Tropa Dercy

Blixto: o jogo mais exclusivo de todos os tempos!

RetroArkade: Blixto, o jogo mais "exclusivo" de todos os tempos!

Uma coisa muito importante para quem produz um seriado, é conseguir interagir com seu público. E falar a mesma língua. A produção de Mundo da Lua conseguiu trazer isso muito bem, personificando Blixto. Blixto era, basicamente, um “hack” de Mario Bros. 3. Em aspas pois como podemos ver no seriado, o game, embora lembre muito o clássico da Nintendo, tem animações bem específicas.

Na verdade, são pequenas animações que são exibidas na tela, que refletem a jogatina do garoto. Porém é possível ver, nos pequenos detalhes, como tudo no jogo de Blixto tem boas inspirações com Mario, deixando o jogo bem interessante quando apresentado no seriado.

No episódio “Muito Prazer: Blixto”, a temática do videogame é bem explorada. No episódio, Lucas está fissurado no game, decidido a não sair dali até terminar todo o jogo. Ele chega a terminar o game, mas quando quer contar pra todo mundo, não tem ninguém em casa para ouví-lo. O que resta, então, é ligar o gravador, ir para o “Mundo da Lua”, e receber a visita do próprio Blixto:

Interpretado por Renato Dobal, Blixto, como personagem do seriado, também tem fortes influências de Mario. Na verdade, ele é o próprio Mario, porém usando verde e com uma lua no chapéu, referência, claro, ao nome do programa. No “Mundo da Lua”, o garoto e seu personagem preferido aprontam algumas travessuras, onde as coisas não saem como deveriam e, no final, uma boa lição é apresentada.

Tão inesquecível quanto o game, era a sua trilha sonora. Quem assistiu o seriado reconhece instantaneamente a música, quando Lucas está jogando. O que entrega o capricho, em todos os detalhes, da produção de Mundo da Lua, na hora dos episódios. Tal cuidado também pode ser reparado na “boy band” favorita de Juliana, irmã de Lucas: os Big Bad Boys, ou ainda, em muitos outros episódios, sempre com uma temática e história interessante.

E aí, quem vai trazer o Blixto de volta?

Bom, se a gente vive a era dos remakes e remasters, perguntar não ofende: será que não rolaria, de alguma forma, transformar Blixto em um game de verdade?

A Danone, através do Danoninho, chegou a contar com Luciano Amaral, em 2020, para um “novo episódio” de Mundo da Lua. Mas, nada mais sabemos sobre o game. O que é natural, pois estamos falando de um projeto de 1991, sem as questões de merchandising e licenciamento que evoluíram com o passar dos anos.

Não duvido que, caso Mundo da Lua, do jeito que foi, houvesse sido produzido e lançado nos dias atuais, com certeza Blixto não seria apenas um game jogável pelo personagem. E sim, um game disponível nas lojas virtuais, usando o próprio seriado como plataforma de divulgação.

Mas, de qualquer forma, Blixto marcou época. Não pelo jogo em si, pois só uma pessoa conseguiu jogá-lo (e zerar). Mas por representar uma época “radical”, e apresentar, para sempre, como era jogar videogame e se divertir muito, nas pequenas TVs de 14 polegadas no quarto, com games que, embora limitados, ofereciam diversão e desafios que os fazem ser queridos até os dias de hoje.

Uma resposta para “RetroArkade: Blixto, o jogo mais “exclusivo” de todos os tempos!”

  • 29 de dezembro de 2021 às 12:34 -

    Andre

  • Olha que não é bem assim que os Big Bad Boys tocam apesar de todas as minas gostarem deles, hein.

    Em 2019 o SBT, que além de ser uma emissora maior que a TV Cultura, estar vivendo esse momento do marketing e divulgação que “não existia (no Brasil) em 91” como é mencionado na matéria, trouxe no meio de uma das produções deles um joguinho que também foi dito ter virado FEBRE (entre os personagens) e, mesmo assim, apesar de trocentos pedidos de fãs e curiosos que ansiavam por as mãos no mundo digital construído exclusivamente para o folhetim (eu mesmo confesso que larguei o que estava fazendo e fiquei vidrado na frente da TV da sala acompanhando a “apresentação” do pai idéia para a empresa fictícia do programa, babando com a lore e os detalhes que eles supostamente usariam no jogo) a emissora do Sivio Santos parece nem ter cogitado transformar aquilo nem num idle gamezinho de celular – e ai de quem o fizer sem arcar com as propriedades intelectuais do negócio que vão chover se o projeto surgir na mão de um grupo não autorizado…

    Agora mesmo eu estava me atualizando e, dentre a bagunça do feed, lá estava um print do último episódio de uma novela da Globo com alguém navegando numa loja criada para a trama olhando consoles extremamente fáceis de reconhecer, mas sem seus nomes originais (faltou verba pro pessoal do marketing pelo menos editar uns aparelhos fake ou foi só preguiça mesmo?). “A vida imita a arte e arte imita a vida”, se é que realmente já foi, não é mais uma verdade como foi há alguns anos.

    No mundo corporativo cheio de meandros jurídicos em que estamos vivendo hoje, onde o dinheiro fala mais alto, algumas coisas que vemos acabarão sendo apenas vistas mesmo, assim como talvez o Blixto e seu Nintendinho com design de MegaDrive vermelho.

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