RetroArkade – Homens Brancos Não Sabem Enterrar, o filme e o jogo

3 de julho de 2022
RetroArkade - Homens Brancos Não Sabem Enterrar, o filme e o jogo

Nos anos 90, o basquete estava em auge. Nas quadras, Michael Jordan se consagrava como o maior jogador de todos os tempos, enquanto uma geração incrível conquistava o ouro nas Olimpíadas de Barcelona, em 1992, no que ficou conhecido como Dream Team. A NBA, por causa disso, se popularizou em todo o mundo e, naqueles dias, todos queriam jogar basquete.

Nos videogames, a situação foi a mesma. Pois, em plena era de ascensão global do esporte, NBA Jam chegou e se tornou rapidamente em uma das opções de games mais divertidas de seus dias. E, no cinema, a situação não era diferente. Muitos filmes tinham o esporte como tema, que iam das quadras até as ruas.

E, neste contexto, Wesley Snipes e Woody Harrelson estrelaram, em 1992, o clássico Homens Brancos não Sabem Enterrar, uma comédia que rendeu boas risadas, uma boa história e até um game obscuro, exclusivo para o Atari Jaguar. E é este capítulo interessante da comédia e dos videogames que iremos relembrar hoje.

Afinal, homens brancos conseguem ou não conseguem enterrar?

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Em 1992, o basquete se tornava mais popular do que nunca, em todo o mundo. Grande parte deste cenário se deve ao lendário “Dream Team”, o time dos EUA que disputaram as Olimpíadas de Barcelona naquele ano e que era formado por ícones da NBA, como Michael Jordan, Larry Bird, Karl Malone e até Magic Johnson, que naquela ocasião já sabia que era portador de HIV, e estava, até então aposentado do esporte.

O mundo respirava basquete, e assim como no Brasil, em que qualquer espaço que caibam jogadores, uma bola e um gol (de chinelos ou garrafas pet) já permitia a prática do futebol, também em qualquer local que coubessem no mínimo duas pessoas, houvesse um local para colocar uma rede e uma bola laranja, o basquete estava garantido.

Neste contexto de basquete de rua, surgiu o filme Homens Brancos Não Sabem Enterrar. Na história, temos dois jogadores, Billy Hoyle (Woody Harrelson) e Sidney Deane (Wesley Snipes), que se consideram os melhores de Los Angeles, onde vivem. Como Billy é branco, e existia o conceito de que basquete era um esporte no qual apenas pessoas pretas o praticavam com excelência, ele fingia que não sabia jogar, para ganharem dinheiro fácil nas apostas das ruas.

A história, que é bem leve e conta com todo aquele formato Sessão da Tarde de filme de comédia nas periferias dos EUA, agradou. Arrecadou cerca de US$ 90 milhões de bilheteria, sendo o décimo sexto filme de maior sucesso em 1992. Uma nova versão do filme está em produção, a ser lançada pelos próximos meses, com a promessa de uma nova visão sobre a história original.

Tá, mas e o Jaguar?

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Lembra quando falei que o basquete estava extremamente popular, a ponto de render um filme divertido sobre o esporte? Pois no mundo dos games, a situação era a mesma: todos queriam jogar basquete em seu console preferido. A grande estrela dessa geração todo mundo já conhece: é o NBA Jam. Mas existiram diversos outros games sobre o esporte, que também agradavam: Barkley Shut Up and Jam! e Jammit.

Neste contexto, tivemos a união de dois elementos comuns naqueles tempos: os jogos de basquete e os jogos licenciados de filmes. A Trimark Interactive foi quem conseguiu os direitos de licenciamento junto com a 20th Century Fox. A Atari, que queria impulsionar o seu Jaguar uniu forças com a High Voltage Software e todos começaram, em 1993, logo após a estreia do filme, a trabalharem no game.

O game, que chegou cerca de dois anos depois, em primeiro de agosto de 1995, trazia um gameplay arcade, mas buscava seguir o espírito do basquete de rua, onde os jogadores jogam partidas contra amigos ou contra a CPU, em diversos locais de Los Angeles. Por se tratar de um jogo que permitia o 2v2, a Atari aproveitou para promover o Team Tap, seu adaptador que permitia até quatro controles no console.

White Men Can’t Jump deve ter percebido o sucesso de NBA Jam e tentou implementar diversas de suas mecânicas, apesar da visão de quadra não ser lateral, e sim por trás do jogador. As quadras tem diferenças apenas visuais, mas cada jogador tem habilidades únicas, que podem ser exploradas, para cada jogador encontrar o mais adequado ao seu estilo.

Como estamos falando de basquete de rua, os programadores tentaram adicionar o máximo de possibilidades possível, que vão além do passe e arremesso. Dá também para fingir um passe, enterrar e usar o turbo com energia extra. Este turbo permite o Super Dunk, que tem algumas variações.

No geral, o game sempre é lembrado quando o assunto é Jaguar, mas talvez tenha sido o próprio videogame quem atrapalhou o game. Começando pelo próprio hardware, com aquele controle desengonçado, que atrapalha demais o gameplay de um game que tem a proposta de ser ágil. As fracas vendas e capacidade também atrapalharam o jogo, que talvez poderia ter tido uma vida melhor caso tivesse sido lançado em um Super Nintendo e Mega Drive.

O game chegou a estampar a seção esportiva da Super Game Power #22, de dezembro de 1996. Mas os críticos não gostaram muito não. Com nota 2.5 de 5, é dito que “a Atari tentou enterrar, mas a bola não deu nem aro”. De uma forma geral, o game é visto como limitado, mas há quem veja diversão no multiplayer. Ao mesmo tempo que é comum encontrá-lo em listas de “piores games de todos os tempos”. É o famoso caso do “ame ou odeie”, mas que, como já havia dito, poderia ter sido diferente caso um outro console o recebesse.

Mas é mais um, dentre tantos games de basquete, que representam o auge do esporte nos anos 90. Infelizmente, as baixas vendas, os problemas do Jaguar e os estúdios pequenos envolvidos no game deixam o jogo no “cemitério gamer”, podendo ser jogado, para quem quiser tirar suas próprias conclusões, ou no próprio Jaguar. Restando apenas os emuladores como forma prática de se aproveitar o game.

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