RetroArkade: La Chicharra, a série com os personagens de Chaves que você não conhece

21 de março de 2021
RetroArkade: La Chicharra, a série com os personagens de Chaves que você não conhece

Em 1979, Chapolin terminava no México. Pelo menos o seriado no formato que nós conhecemos. Roberto Goméz Bolaños, o Chespirito, e também o Chaves, decidiu encerrar as gravações do seriado de seu super-herói “mais forte que um rato”. Mas, em seu lugar, havia uma nova produção: La Chicharra, um novo seriado que apresentava um novo momento na carreira do lendário criador dos personagens que gostamos tanto.

La Chicharra não é um seriado conhecido pelos brasileiros, afinal nunca foi transmitido oficialmente por aqui. Apenas alguns poucos fãs, que conhecem de maneira mais profunda a obra de Chespirito, conhece o programa. Assim, você que gosta também de Chaves, Chapolin e de todos os personagens, vem com a gente conhecer uma série que sim, vale a pena conferir.

O “fim” de um herói e o nascimento de um jornalista

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O começo de La Chicharra tem conexão direta com o Chapolin Colorado. Após nove anos seguidos gravando tanto o programa de Chaves, como o de Chapolin, Roberto Gomes Bolaños, o Chespirito, acabou realizando algumas alterações em suas obras no final dos anos 70. Chaves estava passando por várias adaptações para suprir as saídas de Ramón Valdéz, o Seu Madruga, e Carlos Villagrán, o Quico.

E Chapolin já estava se tornando, de alguma forma, perigoso para o ator. Uma vez já com quase 50 anos, a agilidade para interpretar as cenas de ação, com quedas e tudo o mais, já não era a mesma. E um acidente no olho, durante as gravações, é creditada em vários momentos como a “gota d’água” para o final do seriado. Chespirito, assim, fez um último episódio para o seu herói. Inclusive, é o único “último episódio”, em tom de despedida, em todos os seus 25 anos de produções.

No episódio, que trazia os melhores momentos da série, apresentava Rubén Aguirre, Edgar Vivar e Florinda Meza comentando os melhores momentos do seriado, com o próprio herói fazendo os agradecimentos finais. E, logo em seguida, anunciou o próximo projeto, que assumiria o horário de Chapolin: era o La Chicharra, que apresentaria ao mundo o jornalista Vicente Chambón.

O Estúdio Maga chegou a dublar este anúncio que, claramente, não ia ao ar corriqueiramente. Mas “escapuliu” em alguma transmissão do SBT:

O seriado, de forma independente, teve apenas 14 episódios pois, em 1980, Bolaños resolveu unir todas as suas obras em apenas um programa, que ficou conhecido como Programa Chespirito. Assim, tanto Chaves, Chompiras (o nosso Chaveco), Vicente Chambón, e o próprio Chapolin Colorado (que apesar de se despedir, em menos de seis meses já estava vivendo novas aventuras) compartilhariam esquetes em um programa de média de 40 minutos.

Um tanto mais “adulto”, mas ainda Chespirito

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Apesar de ter falado inúmeras vezes que suas obras não são feitos “para crianças” e sim para todos (mas claro, com uma boa atenção aos pequenos), La Chicharra mostra um lado mais adulto do humor de Chespirito. Não em relação a temas sensíveis, mas pela dinâmica envolvendo a redação de um jornal e casos como a cobertura de crimes.

Vicente Chambón, vivido por Chespirito, é um repórter muito atrapalhado e distraído, nos melhores moldes de Chapolin, Chaves, Chompiras e tantos outros personagens criados por Bolaños, que trabalha com a fotógrafa Cândida, vivida por Florinda Meza. Sua tarefa “da semana” é entregue por seu chefe, o Seu Lino (Rubén Aguirre), e geralmente envolve a cobertura de um caso bizarro ou engraçado.

Como sempre, trejeitos foram incorporados no personagem. Como a forma atrapalhada com a qual ele sai pela manhã de casa, a forma com que lida com a parceira Cândida, ou mesmo a icônica cena de seu carro, um Volkswagen Safari (o mesmo que o Seu Barriga usou para ir para Acapulco), que, ao chegar no destino, suas portas abrem sozinhas, com Chambón e Cândida fechando a porta e saindo pulando do carro.

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O primeiro episódio, Hoy llega el célebre poeta Cabeza de Vaca, é o “puro suco” do humor de Chespirito. No episódio de estreia, Chambón precisa entrevistar um poeta muito famoso que chegou em sua cidade. Mas em todos os locais onde Chambón vai atrás, após buscar informações, o poeta não está mais lá. Porém, coincidentemente, em todos os locais, Chambón se encontra com uma mesma pessoa, vivida por Edgar Vivar, que chega a implorar não ser o “Cabeça de Vaca”. O episódio contém muitas cenas atrapalhadas, e diferente do que o público estava acostumado, as cenas eram em sua maioria, externas.

Quem assiste Chaves e Chapolin sabe que cenas externas são extremamente raras. Mas em La Chicharra, Chespirito tentou filmar mais “do lado de fora”. Isso permitia com que piadas fossem feitas usando carros e situações cotidianas “de rua”. Os episódios envolvem um hipnotizador, alguns crimes, acidentes de transito, e até uma tentativa de entrevista de um casal em plena lua de mel.

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Mas, como já foi mencionado, em 1980 Chespirito resolveu fazer a grande mudança em sua grade de programação. Assim, além de Chapolin, que já estava finalizado, também cancelou não só La Chicharra, quanto o programa do Chaves. Todos estes personagens, e muitos outros, apareceriam durante o programa Chespirito. Entretanto, Vincente Chambón viveu por menos tempo que seus “colegas”: enquanto o programa Chespirito durou até 1995, suas aventuras se encerraram em 1984, nove anos antes.

Chegou a ter uma espécie de remake, em 1993, com outro nome: “Boas Notícias”. Era produzido e estrelado por Florinda Meza, que na época já havia até escrito e estrelado uma novela. Contava também com Juan Antonio Edwards, Paulina Gómez (filha de Chespirito), Mario Casillas e Eugenia Avendaño. Durou seis meses.

Um capítulo importante do legado de Chespirito

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No Brasil, pelas exibições do SBT (e posteriormente, do Multishow), tivemos acesso direto apenas aos programas de Chaves e Chapolin. Mas a obra de Chespirito é muito maior, contando com um universo de personagens enorme, em 25 anos de produções. Alguns episódios até chegaram a ser exibidos por aqui a partir de 1997, com transmissões da então CNT Gazeta, e em 2001, no SBT, com o nome de Clube do Chaves, mas não fizeram o mesmo sucesso do que os programas dos anos 70.

Assim, quem gosta de Chespirito e sua obra, deveria, ao menos, conhecer mais de seus personagens. Talvez não tenha a dublagem clássica, e nem a mesma “aura” de Chaves como conhecemos, mas toda a genialidade de Bolaños está ali. Inclusive, é um jeito bem diferente de ver a mente de Chespirito em ação, testando coisas novas, que usaria posteriormente em suas obras, incluindo filmes e teatro.

É possível encontrar os episódios de La Chicharra pelo Youtube, em suas versões originais, ou com dublagens feitas por fãs.

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