RetroArkade: O dia em que a SEGA quase comprou a Bandai

27 de setembro de 2020
RetroArkade: O dia em que a SEGA quase comprou a Bandai

Na última semana, o assunto que mais fez barulho foi a compra da Bethesda. A Microsoft pagou incríveis 7,5 bilhões de dólares na companhia que tem como produtos franquias consagradas, como Elder Scrolls, Fallout, Doom, Quake, entre tantas outras. No mundo dos games, compra nesse sentido chama a atenção da comunidade. Foi parecido, guardada as proporções, quando a mesma Microsoft comprou, em 2002, a Rare.

Mas você sabia que quase aconteceu, em 1997, outra compra histórica? Se hoje parece ser impossível uma situação como essa, naqueles tempos, a SEGA era uma gigante no universo do videogame. E, mesmo já passando por problemas que ficariam ainda mais evidentes com o passar dos anos, ainda era considerada um dos grandes nomes da indústria. Assim, vamos relembrar essa quase compra, que rendeu mais uma história interessante deste universo que movimenta tanto dinheiro.

Contextualizando: a SEGA de 1997

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A SEGA dos anos 90 tinha até cara: Segata Sanshiro

Em 1997 a SEGA era uma gigante. Os frutos dos esforços com o Mega Drive, especialmente nos Estados Unidos, garantiram a companhia japonesa status de gigante. Produtos exclusivos, revistas dedicadas à marca, espaço em revistas que abordavam todos os sistemas, além de muitas expectativas frente ao Dreamcast. O Saturn, embora tenha conseguido uma base fiel, não havia obtido o sucesso desejado, e seu sucessor contava com diversas promessas, como visual de última geração e conexão com a Internet.

Isso significa que a SEGA, naqueles dias, era equivalente ao que Sony, Microsoft, e Nintendo, representam hoje. Era uma gigante, era sonho de consumo, e era uma empresa que lucrava muito, apesar de começar nesta mesma época seus problemas financeiros, piorados com os problemas gerados com o fracasso em vendas do seu 128-bits.

E, como uma gigante, ela queria mais. Queria ser mais do que uma empresa de videogame. Ela queria expandir seus negócios, trabalhando com filmes, programas de TV, quadrinhos, brinquedos e mais. E, procurando alguém pra fazer parte do “Império SEGA“, uma empresa foi encontrada para ser incorporada: a Bandai.

Sega Bandai?

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O The New York Times falando da parceira: criando uma “gigante dos brinquedos e vídeo”

De acordo com a NY Times, em janeiro de 1997, a SEGA compraria a Bandai Company Ltd., conhecida nos EUA pelo sucesso com os Power Rangers. A negociação aconteceria por incríveis um bilhão de dólares. E isso em 1997. Tal quantia, calculada pela inflação dos EUA, está na casa dos US$ 1 bilhão e 600 milhões de dólares. Mas, se levarmos em consideração outros fatores, como a crescente na indústria de games, e os valores mais altos em negociações, é possível entender que tal compra é equivalente ao que a Microsoft gastou na compra da Bethesda.

E seria a maior compra da indústria de games na história, até o momento. Juntas, a então Sega Bandai teria US$ 6 bilhões em receita, valendo mais do que Nintendo, Mattel ou Hasbro. A união das empresas teriam operações em videogames, e produtos da Bandai, que incluiria os brinquedos e suas divisões de música e vídeo. Vale lembrar que, em 1997, a Bandai havia, enfim, popularizado a cultura pop japonesa nos EUA: Dragon Ball, Godzilla e Sailor Moon eram produtos japoneses bem populares no ocidente.

O negócio seria formalizado em outubro de 1997. Hayao Nakamaya, presidente da SEGA na ocasião, já previa algo muito grande: que a nova empresa seria a segunda maior empresa de entretenimento do mundo, ficando atrás apenas da Walt Disney Corporation. “Estamos realmente orientados para a tecnologia”, dizia Nakayama, que completou: “mas a Bandai tem poder de logística e poder de marketing. Eles são muito bons em desenvolver mercadorias atraentes. A combinação de tecnologias é muito boa.

A SEGA poderia fazer games baseados em personagens da Bandai, e a Bandai poderia comercializar brinquedos do Sonic, entre outros personagens. Makoto Yamashina, presidente da Bandai, seria o presidente da nova empresa, enquanto Nakayama, pela SEGA, seria o vice-presidente. E tal negócio ajudaria a SEGA a manter influência. Lembra que havia falado que a companhia já começava a sentir problemas devido a problemas com o Saturn, que seriam pioradas com o Dreamcast? Pois naquele ano fiscal, o lucro líquido havia sido de 5,3 bilhões de ienes, quase a metade do esperado.

A SEGA tentou, mas não passou esta fase

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Matéria da Wired, de maio de 1997, falando sobre o cancelamento do negócio

Chegamos em maio de 1997. A SEGA, ainda otimista, começou a lidar com os primeiros problemas. Executivos intermediários da Bandai observaram diferenças de administração entre a Bandai e sua quase parceira. A Wired disse, na época, que ventilava-se nos bastidores que as fracas vendas do Saturn também desanimaram a Bandai. Naqueles dias, a companhia contava com o seu próprio “hardware” de sucesso: os Tamagotchi.

Outra coisa que complicou a situação foi o plano de ações. A SEGA teria assumido, na parceria, o controle dos ativos da Bandai, o que fez com que muitos funcionários reprovassem tal iniciativa. Isso significaria, na visão deles, que não seria uma fusão, e sim um total controle de uma empresa sobre a outra. A oposição ao acordo se reuniu e, no dia 28 daquele mês, a compra foi cancelada.

Nakayama e Yamashina convocaram coletivas de imprensa, cada um em um lugar, e explicaram que a fusão estava cancelada. No dia seguinte, Yamashina, filho do fundador da Bandai, renunciou ao seu cargo.

E depois? O que aconteceu?

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Todos que viveram o mundo dos games naquela época, sabe o que aconteceu com a SEGA: ela seguiu apostando em seu Dreamcast que, apesar de ser um ótimo console para seu tempo, e ter um bom início, não conseguiu acompanhar Playstation 2, Xbox e GameCube, forçando a SEGA a abandonar o mercado de hardwares em 2001, e se tornar uma desenvolvedora independente. Foi quando Sonic, personagem exclusivo de videogames SEGA, começou a estrelar games em outros sistemas, incluindo a Nintendo, sua antiga arqui-inimiga.

Em 2003, a SEGA, que queria comprar, foi comprada. A Sammy comprou 22,4% das ações da companhia, se tornando a Sega Samy Holdings, que existe até hoje. A SEGA foi lançando games aqui e ali, até que, em 2017, reacendeu a chama em seus fãs com Sonic Mania, e uma linha de novos produtos, como o Mega Drive Mini. A SEGA “voltou”. Rumores dizem que a Microsoft é a nova interessada na companhia, mas até agora, nada concreto foi dito a respeito.

Já a Bandai acabou tendo uma fusão, mas com outra empresa de games. Foi a Namco que, em 2005, uniu forças criando a Bandai Namco Holdings. A corporação controla tanto a Bandai, e sua linha de produtos, quando a Bandai Namco Entertainment, que é o nome atual da Namco, que segue oferecendo games de suas franquias, como Tekken, Pac-Man, ou Soul Calibur.

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E no fim, a Bandai acabou “lançando” um Saturn. Mas de decoração.

Por fim, curiosamente, a Bandai “lançou” um console da SEGA. Mas calma. Estou falando apenas de versões não-funcionais, de miniatura, do Sega Saturn. É uma linha de decoração que também conta com miniatura do Playstation original.

Uma resposta para “RetroArkade: O dia em que a SEGA quase comprou a Bandai”

  • 29 de setembro de 2020 às 05:38 -

    makoto

  • Segata Sanshiro era tão fhoda que até no Project X Zone ele esteve.

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