RetroArkade – Ronaldo V-Football, o jogo “oficial” do Fenômeno

23 de maio de 2021
RetroArkade - Ronaldo V-Football, o jogo "oficial" do Fenômeno

Nos anos 90, o “Fenômeno” era sucesso indiscutível no futebol. Ronaldo Nazário despontou no futebol em 1993 e chegou a ir para a Copa de 94, quando se tornaria “Ronaldinho”. Participou do grupo do Tetra, mas não jogou nem 10 segundos na competição.

Jogador de explosão e velocidade, fez boa campanha na Copa do Mundo de 1998. E era sucesso garantido entre as crianças, que raspavam o cabelo para imitar sua careca, e que queriam vestir a sua 9, em qualquer lugar do mundo.

O que importa é que, todos que viviam nos anos 90, conheciam o Ronaldo, ou o Ronaldinho, ou ainda o Fenômeno. Tanto faz. Um dos maiores jogadores brasileiros, e de todos os tempos, além do sucesso nos gramados, também era forte peça publicitária, aparecendo em inúmeros comerciais e recebendo vários patrocínios.

E o craque chegou a receber um game com seu nome, sabia? Mas calma. Não estou falando do “Ronaldinho Soccer”, o nome que uma das muitas adaptações piratas de International Superstars Soccer Deluxe recebeu no auge da geração 16 bits. Estou falando de um game oficial, lançado em 2000, para o Playstation, publicado pela Infogrames.

É sobre este interessante game, que esconde alguns detalhes bem interessantes de uma época, que iremos falar hoje.

O Fenômeno dos anos 90

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Ronaldo em seus tempos de Cruzeiro. Foto: Acervo Cruzeiro

Para entender a razão do game existir, precisamos antes entender quem foi Ronaldo Nazário, e como ele se tornou o Fenômeno, sendo um jogador idolatrado por onde quer que fosse, e que foi um dos símbolos máximos do futebol em todos os tempos.

Começou a jogar, como muitos no Brasil, no futsal. Do Valqueire, foi para o Social Ramos Clube, para depois ir ao São Cristóvão, todos times do Rio de Janeiro, seu estado natal. Seu talento o levou ao futebol profissional em 1993, onde chegou ao Cruzeiro, logo chamando atenção pelo seu talento.

Foi campeão da Copa do Brasil e do Mineiro daquele ano, já chamando atenção do futebol europeu. Foi bem cedo para o PSV, ajudando seu time a ganhar a Copa da Holanda. Participou, sem jogar, do grupo que disputou a Copa do Mundo dos EUA, em 1994. Mas depois da Copa, se tornou um dos grandes nomes para o futuro da seleção.

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Em 1996 foi para o Barcelona, onde fez ainda mais sucesso, enquanto já era uma das figuras essenciais da Seleção Brasileira naqueles dias, inclusive participando dos Jogos Olímpicos de Atlanta. Ganhou pelo clube catalão a Supercopa da Espanha, a Copa do Rei e a Recopa Europeia.

Isso fez com que ele fosse, aos vinte anos de idade, escolhido como o Melhor Jogador do Mundo pela FIFA. Em 1997 foi para a Itália, sendo, até então, a contratação mais cara da história. Na Internazionale de Milão, foi eleito de novo como o melhor do mundo, em 1998, em um ano que ficou marcado pela campanha do vice-mundial na Copa do Mundo da França, que contou com muita polêmica devido a situação de saúde do jogador.

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Em 1999 e 2000, Ronaldo passou por grandes problemas com lesões, ficando cinco meses em recuperação, e depois mais oito meses. Mas, mesmo sem entrar em campo muitas vezes naqueles anos, já era “o Fenômeno“. Recebeu o título pela imprensa italiana, após, em sua primeira temporada, fazer 14 gols em 19 partidas, sendo eleito o melhor do mundo, e ganhando também a Bola de Ouro.

Em 2000, o cenário era de incertezas, mas Ronaldo seguia firme em sua recuperação, quando atingiria a consagração em 2002, quando fez os dois gols do título, na Final da Copa do Mundo do Japão e Coreia, contra a Alemanha. Depois, Ronaldo jogou em mais clubes, como o Milan, e encerrou sua carreira no Corinthians.

Mas, em 2000, por tudo o que vimos, entre títulos, seu passado recente e os vários gols marcantes, além da importante participação da Copa de 98, o credenciavam a ser o jogador mais importante do futebol mundial naqueles tempos, o que justificava, e muito, a possibilidade de um game próprio.

O “FIFA do Ronaldo”

Naqueles dias, FIFA e PES, quer dizer, Winning Eleven, já disputavam a preferência dos jogadores. O game da Konami buscava, dentro do possível para a época, trazer realismo para os games. Enquanto a EA Sports (It’s in the Game, ou “tiu de gam”), buscava trazer um jogo mais rápido e aberto, com a possibilidade de placares muito esticados.

O game buscava oferecer o melhor dos dois mundos. Já começava tentando apresentar muita “brasilidade”, com samba e músicas latinas. Também havia menus em português, uma raridade naqueles dias, e ainda possuía outro elemento mais raro ainda: narração em português.

Foi convidado, na ocasião, o Dr. Osmar de Oliveira, médico e comentarista esportivo, presente nas mesas redondas de futebol da época. Tinha 64 times e 15 estádios, baseados nas seleções mundiais e inspirados em estádios famosos da época. Outra questão interessante, para a época, é que os uniformes e nomes dos jogadores são oficiais.

Tirando os games FIFA, que na época já possuíam a licença dos nomes, Ronaldo V-Football também possuía no time canarinho Ronaldo, Rivaldo, entre outros. Não todas as seleções, mas pelo menos as principais.

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O game tinha um sistema de replay até que bom para a época

O game se inspirava no jeitão FIFA de ser, tendo câmeras, formato de jogadores e estilo de gameplay parecidos. Haviam dois formatos de controle, um inspirado no FIFA e outro no Winning Eleven, que também aproveitava do game da Konami o formato de menus.

Mas o game, apesar de não ser a excelência do gênero, não era uma mera cópia de seus concorrentes. Tinha seu jeitão próprio. A Ação Games, em agosto de 2000, fez uma resenha do game, o tratando como um jogo mediano, que levou nota 6,8, mas que vale a jogatina casual. Foi considerado um jogo “ok”, que conseguia agradar em meio às outras opções do gênero.

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Há quem considere o game como um dos “piores” de futebol. Mas isso é injusto. Ainda mais se levarmos em consideração o que existia na época. Não tem a mesma qualidade e grife de seus concorrentes. Mas, acredite, haviam jogos terríveis do esporte nesta época, e Ronaldo V-Football, pelo menos, conseguia ser mediano.

Um obscuro, mas competente game de futebol

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A famosa comemoração de Ronaldo

Ronaldo V-Football foi o primeiro e único game licenciado com o craque brasileiro na capa. Pelo fato de não ser muito conhecido, em comparação a seus rivais, tudo indica que não houve, dentro da Infogrames, interesse em continuar sua série de jogos de futebol, mesmo se usassem outro jogador na capa. O game ainda ganhou uma versão posterior para o Game Boy Advance.

A Infogrames, naqueles dias, era uma interessante publisher, pois tinha em seu catálogo a franquia Driver, Test Driver, e também o Unreal Entertainment, da Epic Games. Em seguida, se tornaria Atari, após adquirir os direitos da lendária empresa dos anos 70 e 80. E, entre erros e acertos, a Atari, que tem elementos de sua história bem parecidos com a da própria Infogrames, nunca mais tivemos um game de futebol dela.

Mas, muita gente no Brasil jogou o game, afinal, o apelo de Ronaldo era muito forte. Houve quem pensasse que era uma “continuação” de Ronaldinho Soccer 97, mas, ao jogar um game com narração em português e muita música latina, com certeza este game divertiu muita gente por aqui, entre uma partida ou outra de Winning Eleven, ou FIFA 2000.

Uma resposta para “RetroArkade – Ronaldo V-Football, o jogo “oficial” do Fenômeno”

  • 23 de maio de 2021 às 15:54 -

    Helinux

  • Considero o Ronaldinho soccer hack de insternational star soccer Deluxe o Oficial…a galera adorava jogar esse clássico do Super nintendo nas locadoras!!!! Até hoje eu ainda jogo!!!! valeu!!!!

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