RetroArkade: Sneak ‘n Peek, o esconde-esconde do Atari 2600

Nos primórdios dos videogames, muitas ideias borbulhavam nas mentes criativas dos desenvolvedores. Tudo o que poderia ser gamificado ganhava uma oportunidade. As lutas começaram a ganhar confrontos no um contra um. As corridas começaram a ser disputadas com controle. E até o esconde-esconde ganhou um game para chamar de seu.

Trata-se de Sneak ‘N Peek. Lançado em 1982, o game é, nada mais, nada menos, do que a tradicional brincadeira de esconde-esconde. O jogo é bem simples, mas que mostra a criatividade daquela época: um casarão é o cenário de ação, com uma sala de estar e três quartos, com armário. Do lado de fora também há locais para se esconder, como embaixo do assoalho e atrás da casa.

Neste cenário, o game é jogado em duas pessoas. Um se esconde e o outro procura. O jogador que se esconde tem 30 segundos para encontrar um lugar e se esconder, enquanto o jogador que procura não pode ver a ação. Ele precisa, literalmente, fechar os olhos. E, em muitos lugares, o jogador batia cara, igual no jogo “real”. Ou ainda, para evitar mais briga, o jogador que procura literalmente saía de casa.

Mas, como bem sabemos, nada disso garantiria que o jogo era 100% “honesto”. Afinal, nem esconder o controle para disputa de pênaltis a gente faz direito, imagine “bater-cara” no videogame. Mas, independente do formato escolhido, passados 30 segundos, era a hora de procurar. Outros trinta segundos eram precisos para encontrar o jogador escondido, pelo casarão.

Algo extremamente simples, mas que, se hoje já soa bem divertido, imagine nos dias do Atari 2600, quando o ato de jogar videogame ainda estava sendo introduzido. Era uma maneira simples, mas bem aplicada, de levar para os videogames uma brincadeira comum do dia a dia das crianças. O game, mesmo para a sua época, era bem simples, com um cenário limitado e apenas a programação básica de se esconder.

No Brasil, o game fez muito sucesso. Muitos jogadores que viveram essa época com certeza se lembram do cartuchinho preto da CCE. Com uma arte simpática, era um jogo que muitas crianças desta época adoravam jogar. Mesmo sem ter grandes desafios, grandes cenários ou ser visualmente incrível. É a prova de que boas ideias, mais do que bons quesitos técnicos, podem ser funcionais e divertir muito.

Com o passar dos anos, o “se esconder” em games ficou mais adequado em games de ação. Metal Gear Solid, Splinter Cell e Assassin’s Creed (principalmente os primeiros games) contam com elementos de esconderijos, para seus personagens passarem invisíveis por seus inimigos. Mas imagine se houvesse uma iniciativa parecida com este game de Atari 2600 hoje?

Junior Candido

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