Você sabia que South Park teria um jogo para o Game Boy, mas acabou cancelado?

16 de novembro de 2022

South Park é uma das séries mais longevas da televisão. Com suas polêmicas, humor ácido e sem medo de colocar dedo nas feridas (especialmente as da sociedade dos EUA), os quatro amigos da cidade gelada do colorado continuam relevantes, em 25 temporadas. No início da série, lá em 1997, Kenny, Stan, Cartman e Kyle conquistaram um grande público.

E, obviamente, a indústria do videogame iria explorar toda essa situação. No final de 1998, e durante o ano de 1999, South Park ganhou um game para Nintendo 64, PlayStation e PC. No console da Nintendo o game foi bem elogiado, chegando até em português ao Brasil, graças aos esforços da Gradiente. Mas nos outros sistemas não foi tão bem assim. De qualquer forma, o game agradou, mesmo não sendo um “grande” lançamento naqueles dias.

A Acclaim havia usado o know-how de Turok para criar um FPS onde armas foram trocadas por bolas de neve, ao menos no início da aventura, que apresenta os quatro garotos lutando contra perus mutantes, clones deformados dos moradores da cidade, visitantes estrangeiros, robôs e brinquedos assassinos. Era uma forma de levar a já insanidade dos episódios aos games.

E, tratando-se de um game lançado para o Nintendo 64, era bem comum a possibilidade de um port para Game Boy Color. Mesmo sendo um game de forma bem diferente, era comum que o portátil acabasse ganhando versões de jogos famosos dos consoles “maiores”. O game também seria lançado nesta época, e, teria Cartman, Kyle e Stan procurando Kenny pelos cenários do game. E traria um sistema interessante, no qual o jogador deveria levar os três personagens pelas telas do game, até o final.

O game chegou a ir bem longe em seu desenvolvimento, mas foi cancelado. E a razão é bem simples: os criadores de South Park, Trey Parker e Matt Stone, chegaram a conclusão de que o Game Boy Color, naqueles dias, era um portátil com um foco maior em crianças. Observando o formato do console, e os jogos lançados, chegaram a conclusão de que o game não faria sentido no portátil. Além disso, poderia também gerar polêmicas extras, justamente pela tendência de serem jogadores mais novos a terem contato com divulgação, e propaganda. De fato, jogos mais “pesados” passaram longe do portátil.

Resident Evil, por exemplo, teria um port, aquele famoso cujo protótipo ficou disponível e jogável atualmente. Alone in the Dark foi um dos raros exemplos de jogos neste sentido lançado, em um sistema que até jogos Mortal Kombat eram mais limitados quanto a violência. Foi a partir do Game Boy Advance que tais games ganharam mais espaço.

Talvez o grande motivo que motivou o cancelamento do game diz respeito ao Kenny. O personagem, que por muito tempo morria em todo episódio, teve um cuidado “especial” quanto as suas muitas mortes, rendendo 21 animações bem variadas de suas “viagens ao outro mundo”. Se a série por si só já era polêmica, imagine só um jogo em um console que, naqueles dias, tinha crianças (e suas mães “defensoras da moral e dos bons costumes”) como público alvo principal:

De qualquer forma, Parker e Stone mantiveram as cópias do protótipo, pois este seria o primeiro game South Park já lançado. Todo o conteúdo pode ser encontrado aqui:

O game, que estava praticamente pronto, acabou sendo lançado, mas de forma diferente. Os personagens foram trocados, as mortes de Kenny retiradas e assim, todo o trabalho feito não ficou perdido, com a Acclaim reprogramando o game, com “outras caras”. Na Europa, o jogo se tornou em Maya The Bee:

E nos EUA, o game foi adaptado e se tornou em The New Adventures of Mary Kate and Ashley, game que pegou carona no sucesso das irmãs Olsen, e focado no público infanto-juvenil, justo aquele que os criadores de South Park haviam observado anteriormente.

De qualquer forma, em 2018 a ROM do game cancelado acabou vazando, permitindo que enfim, quase duas décadas depois, todos pudessem experimentar o game, seja em um emulador, ou até no Game Boy original, graças a cartuchos Everdrive ou consoles modificados.

Junior Candido

Conto a história dos videogames e da velocidade de ontem e de hoje por aqui!

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