Análise Arkade – A Plague Tale Requiem não reinventa a roda, mas agrada seus fãs

25 de outubro de 2022

Em 2019, A Plague Tale Innocence chegou, assim como quem não queria nada, e se tornou uma grata surpresa para aquele ano. Sua proposta envolvendo a França da Idade Média como plano de fundo, em uma trama envolvendo o relacionamento dos irmãos Hugo e Amicia em meio a disputas de poder e um “toque de ratos” agradou, justificando uma sequência.

Sequência esta que felizmente chegou, e pelo menos para quem gostou da aventura de três anos atrás, vai se sentir satisfeito novamente. A única diferença, no entanto, é que se em 2019 o game foi uma surpresa, desta vez o jogo já conta com fãs e caba aos seus desenvolvedores criar algo que suprisse expectativas, uma vez que o primeiro jogo já mostrava, além de qualidade, potencial para algo maior.

Requiem, felizmente, é uma sequência direta do primeiro jogo. E quando digo isso, falo não apenas do enredo, mas da forma de se jogar. No princípio, quando o game traz uma apresentação disfarçada de tutorial, os jogadores poderão relembrar várias das mecânicas, como a de andar sem ser visto, de resolver problemas no cenário e acertar coisas (e pessoas) com a funda de Amicia.

O enredo, claro, continua sendo um dos pontos fortes do game. Apesar de Amicia e Hugo seguirem dividindo o relacionamento de irmãos, chegou a vez do menino, com suas habilidades, ter maior protagonismo. O que justifica, inclusive, um amadurecimento precoce perto de tudo o que ele passou no primeiro jogo. Beatrice, a mãe dos dois, e Lucas, o amigo feito na jornada anterior, retornam, a princípio para descobrirem o que fazer com o garoto, após os eventos do primeiro game.

As questões familiares estão de volta, já que, independente dos pontos de vista dos personagens, cuidar de Hugo é a prioridade. Enquanto isso, o senso de pertencimento e amor profundo entre a família seguem, o que torna tudo ainda mais dramático. Se amarem muito rende proximidade, o que rende fortes atritos, assim como vimos no primeiro game. Isso rende momentos e diálogos únicos, que vão deixar qualquer fã do primeiro game satisfeito.

Como estamos falando da parte narrativa ainda, vale lembrar que os personagens, embora sejam os mesmos, não são mais os mesmos. Isso abre espaço para evolução dos mesmos, e para encaixar novos traços de personalidade, adquiridos durante os duros momentos do jogo anterior, e também na nova aventura.

Já o gameplay, que creio que seja uma notícia boa para quem gostou do primeiro game, é que se trata praticamente da mesma coisa, com pequenas evoluções. Um exemplo positivo que podemos citar aqui é Donkey Kong Country, que trouxe três games praticamente idênticos no gameplay, mas com melhorias pontuais. Algo semelhante acontece em A Plague Tale Requiem.

A câmera, o formato de andar próximos com tochas em meio a ratos, o stealth que obriga o jogador a não ser visto, os puzzles nos cenários e os combates são praticamente os mesmos. Uma diferença aqui e ali são sentidas, como a possibilidade de transformar um jarro em uma “granada” explosiva evolui, por exemplo, as capacidades de manipulação química que Amicia já dominava desde o outro jogo.

Ainda falando em Amicia, ela poderá evoluir, desta vez, em prudência, agressividade e oportunismo. Mais adequado a uma “nova” Amicia, tais habilidades também refletirão no melhor formato de se jogar, encontrado pelo jogador. Apesar do gameplay ser o mesmo, o game vai propor ao jogador ser uma Amicia mais “sorrateira”, mais “agressiva”, ou que faça melhor uso da alquimia. Isso também traz uma bem vinda evolução, pois permite o jogador explorar o game de formas diferentes.

A busca de recursos segue sendo importante por aqui, e ainda é necessário explorar bem os locais, para não ficar sem elementos importantes em momentos chave. A parte dos ratos segue igual, também: áreas grandes, ameaçadoras, que exigirá do jogador paciência e olho atento para resolver os problemas do cenário. E, ainda citando algumas novidades, que mesmo pontuais agradam, é que Amicia também tem uma besta, pode usar facas e Hugo, agora mais “evoluído” com sua habilidade, pode atacar melhor os inimigos com os ratos. Vale lembrar também que, assim como no jogo anterior, os NPCs que te acompanhar na jornada também poderão ajudar em momentos específicos.

Outra boa notícia é o fato do game ser de nova geração. O que significa não apenas que a parte visual está magnífica, e muito melhor do que o jogo anterior. Mas que as capacidades dos consoles atuais permitem uma melhoria na grande “estrela” do jogo: os ratos. Em Requiem, há muitos, mas muitos ratos, a ponto de uma cena, logo no início do game, onde os personagens podem apenas correr, contar com centenas de ratos, deixando tudo ainda mais impressionante.

Os cenários, que assim como no primeiro game envolvem castelos, vilarejos, cavernas e locais obscuros, também são destaque. A França medieval apresentada traz muita riqueza histórica, demonstrando que, mais uma vez, a equipe fez o dever de casa ao trazer o máximo possível em representação daqueles dias. O modo fotografia está aí para provar: basta procurar perfis de pessoas que curtem o game para achar diversas cenas fotografadas, comprovando a qualidade visual.

Dito tudo isso, posso afirmar: A Plague Tale Requiem segue o caminho do seu antecessor, com muita qualidade. Não reinventa a roda e nem traz novidades exorbitantes, mas mantém a mesma qualidade narrativa, visual e de gameplay que agradou a tantos em 2019. Para quem gostou do game anterior, é obrigatório. Para quem quer experimentar, o game está no Game Pass, dentro do ecossistema do Xbox, mas ainda assim o ideal é jogar o primeiro game, para entender não apenas o enredo, mas a proposta do game.

A Plague Tale Requiem é um jogo da Asobo Studio, que já está disponível para Xbox Series X|S, PlayStation 5 e PC. Também há uma versão para Nintendo Switch, mas esta é disponibilizada em jogo na nuvem.

Junior Candido

Conto a história dos videogames e da velocidade de ontem e de hoje por aqui!

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