Análise Arkade: a zoeira nunca termina no jogo do Deadpool

9 de dezembro de 2015

Análise Arkade: a zoeira nunca termina no jogo do Deadpool

O mercenário Deadpool está de volta ao mundo dos games! O jogo que foi lançado em 2013 para os consoles da geração passada retornou à nova geração, e nossas impressões sobre o game você confere agora!

Contextualizando o relançamento

Até pouco tempo atrás, Deadpool era um personagem que pouca gente realmente conhecia, simplesmente porque ele não era muito bem aproveitado fora dos quadrinhos.

Porém, ele fez uma ótima ponta em um jogo do Homem-Aranha, depois apareceu em Marvel Vs. Capcom 3, ganhou um curta-metragem irado, vai ganhar seu próprio filme em 2016 e está mais em alta do que nunca.

Análise Arkade: a zoeira nunca termina no jogo do Deadpool

Em 2013, Activision e High Moon Studios pegaram carona nesse hype e lançaram o game do Deadpool para PC, PS3 e X360. Porém, por questões legais, nem um ano depois o game teve que ser tirado das prateleiras (físicas e virtuais) e acabou até tornando-se difícil de achar, de modo que muita gente sequer conseguiu jogá-lo.

Felizmente, parece que as tretas foram superadas, pois no mês passado — ainda mais perto do hype para o filme — a Activision trouxe o “merc-with-a-mouth” para a nova geração. Vamos ver como ele ficou?

Quem precisa de roteiro?

Deadpool é um jogo sobre a criação de um jogo. Usando e abusando da metalinguagem de formas muito criativas, o game começa com o herói em seu apartamento, sonhando em ter seu próprio game. Aí ele resolve ligar para os caras da High Moon Studios e convencê-los “gentilmente” a produzir seu jogo.

Análise Arkade: a zoeira nunca termina no jogo do Deadpool

Negociação feita, Deadpool recebe o roteiro de seu próprio jogo… mas ele não tem o menor saco de ler tudo aquilo. Aí ele começa a rabiscar tudo, conversa consigo mesmo, dispersa… e de repente está no esgoto espancando capangas genéricos.

Aí ele esbarra no Cable, que veio do futuro para impedir o Senhor Sinistro de botar em prática algum plano maligno. Depois, ele dá uns tapas na cara do Wolverine, dá uma secada na bunda da Psylocke, resgata a Vampira, enfrenta alguns vilões de terceiro escalão, flerta com a Morte

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Essa mistura de temas e personagens não faz realmente sentido, simplesmente porque o Deadpool não está nem aí para o roteiro, e as coisas simplesmente vão acontecendo!

Metalinguagem e a quarta parede

No teatro, existe um termo chamado “quarta parede” que se refere à uma parede invisível por onde o público assiste a peça. Quando um ator “quebra a quarta parede”, significa que ele rompe essa barreira, para interagir ou conversar diretamente com o espectador. Frank Underwood faz isso em House of Cards, e o Deadpool faz isso aqui.

Sendo honesto, a melhor parte do jogo do Deadpool é o próprio Deadpool. Sua personalidade está intacta, mais irreverente, fanfarrona e sem noção do que nunca. Boa parte deste mérito vai para Nolan North, dublador que dá vida ao personagem de maneira simplesmente perfeita.

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Tudo no jogo está a mercê da maluquice do personagem, e isso é muito legal. Deadpool conversa com as vozes na sua cabeça — e com o próprio jogador –, deixa de prestar atenção no que está rolando, pede explosões e fogos de artifício em momentos nada a ver, estoura o orçamento do jogo, e muito mais. Ah, e temos ainda muitos easter eggs e referências, tipo essa:

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Essa zoeira toda é o que concede todo o charme e a personalidade do game. Por exemplo, quando o orçamento estoura, o jogo assume um visual 8-bit…

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Ou então surgem cutscenes feitas de papelão, palitos e algodão:

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Em outra parte, Deadpool usa as próprias caixas de diálogo como plataformas para superar um abismo. Toda essa improvisação metalinguística é divertidíssima, pois deixa o jogo “diferente”, sem contar que não é algo muito comum de se ver.

Tá mas e o gameplay?

Pois é, ele é mediano. Deadpool é um hack ‘n slash com cenários relativamente lineares e um gameplay simples e repetitivo, sem o nível de profundidade de um Devil May Cry ou Bayonetta. Também é possível meter bala nos inimigos, e para dar uma variada, você pode comprar diferentes armas, mas elas inserem um mínimo de diversidade.

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Suas armas básicas são as espadas e as pistolas, mas também é possível comprar um par de sai (aqueles “garfinhos”, como os da Mileena) e martelos, bem como escopetas e metralhadoras. Há também granadas, minas terrestres e até armadilhas boca de lobo (?!), e todas essas armas são passíveis de melhorias e upgrades.

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Deadpool tem um fator de cura muito eficiente, bem como um teletransporte que serve como esquiva. Você até destrava mais combinações de golpes e há uma pseudo-mecânica de ataques e contra-ataques que tenta ser como a da série Arkham, mas não possui a mesma fluidez.

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No geral, o combate do game é bem genérico, mas destacam-se os momentos em que o jogo brinca com outros gêneros, como o top view ou o side scroller, bem como alguns breves trechos de stealth, e há até um trecho onde ele se veste de pirata e encara uma sessão shooter on rails. Vale mais pela variedade do que pela qualidade.

Audiovisual

O arquivo de instalação de Deadpool é tão pequeno (menos de 6GB) que eu realmente não sei dizer se ele chegou a ser remasterizado. O fato de não termos um “Remastered” ou um “Ultimate Edition” na capa fortalece a impressão de que o que temos aqui é essencialmente o mesmo game da geração passada.

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Isso não quer dizer que estamos diante de um jogo feio. O protagonista é muito bem modelado e cheio de animações bacanas, bem como os X-Men e outros coadjuvantes . Os inimigos são meio genéricos, e os cenários idem, passando por esgotos e outros ambientes pra lá de manjados.

Análise Arkade: a zoeira nunca termina no jogo do Deadpool

Em se tratando de áudio, o destaque óbvio vai para o já mencionado Nolan North (mesmo dublador de Nathan Drake), que dá voz e personalidade ao Deadpool e às vozes de sua cabeça de maneira exemplar. Não consigo imaginar um dublador melhor para fazer este papel, e o mais engraçado é que, lá no comecinho do jogo, o Deadpool telefona para o Nolan North para convidá-lo para ser o dublador do game!

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O restante das dublagens também é competente, mas não consegue se destacar simplesmente porque o Deadpool é o centro das atenções. A música não necessariamente se destaca, mas também não decepciona. A única decepção aqui é a falta de legendas ou menus em português; o jogo está totalmente em inglês.

Conclusão

Deadpool não é necessariamente um grande game, mas é sem dúvida um game deveras divertido. São tantas piadas, tiradas e situações cômicas que é impossível não soltar umas boas risadas e continuar jogando simplesmente para ver qual será a próxima situação nonsense que vai aparecer.

Análise Arkade: a zoeira nunca termina no jogo do Deadpool

Se a série Arkham merece mérito por ter trazido o universo do Batman da melhor forma possível ao mundo dos games, Deadpool conseguiu fazer só uma parte disso, pois trouxe a personalidade do personagem, mas esqueceu de colocar um gameplay melhorzinho. Desta forma, o que temos é um jogo mediano mas muito engraçado.

Análise Arkade: a zoeira nunca termina no jogo do Deadpool

Para quem não teve a oportunidade de jogar na geração passada ou está no hype do filme e quer mais uma dose cavalar da irreverência do “merc-with-a-mouth”, Deadpool consegue oferecer um fim de semana de diversão, mas não espere nada além disso.

Confira o trailer de lançamento do jogo, que é divertidíssimo:

Deadpool chegou ao PS4 e ao Xbox One (e novamente ao Steam) no dia 17 de novembro.

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