Análise Arkade: Disintegration traz o melhor de dois mundos ao unir FPS e RTS

26 de junho de 2020
Análise Arkade: Disintegration traz o melhor de dois mundos ao unir FPS e RTS

Já imaginou juntar o gênero de Counter-Strike com o de Warcraft III em um único título? É mais ou menos isso que Disintegration traz, em uma roupagem sci-fi bem inovadora! O game, desenvolvido por uma das mentes por trás da franquia Halo, inova ao equilibrar mecânicas de FPS e estratégia em tempo real num único título! Confira agora nossa análise de Disintegration!

O gênero FPS,o bom e velho tiro em primeira pessoa é de longe um dos mais populares no mundo dos games. Mas a repetição constante de sua fórmula básica pode desagradar alguns. A fim de quebrar paradigmas, vemos excelentes títulos surgindo no mercado, mesclando mecânicas de outros gêneros ao tradicional “jogo de tiro”. Disintegration abraça essa ideia, trazendo uma mistura única entre FPS e estratégia em tempo real.

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Ficção científica de primeira

A ambientação de Disintegration é o primeiro elemento a chamar a atenção desde os primeiros minutos de jogatina. A começar pelo conceito de Integração — nome dado ao processo de transferência de uma mente humana para um corpo robótico. Essa foi a solução encontrada por muitos para resolver a questão da escassez de recursos para a sobrevivência da humanidade. Quando seu corpo morrer, simplesmente coloque o seu cérebro em uma máquina e continue vivendo!

Entretanto, um grupo de integrados que se denomina Rayonne via na Integração uma nova espécie mais evoluída. Desse modo, passou a obrigar pessoas a serem Integradas. Isso gerou uma guerra sem proporções. No meio de toda essa complexa rede de ações, encarnamos o integrado Romer, um ex-combatente da Rayonne que se vê aos poucos liderando uma revolução contra os opressores.

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A narrativa se desenvolve principalmente através das cinemáticas, que são de excelente qualidade. Além disso, o jogo apresenta uma espécie de lobby entre uma missão e outra, no qual podemos interagir com personagens e saber mais da história que está se passando.

O mundo futurista e distópico de Disintegration não é muito bem explicado — vemos tudo somente a partir da ótica do próprio Romer e dos personagens ao seu redor — mas a história contada é satisfatória. É possível sentir uma imersão bem interessante na história através desses personagens e, com isso, começamos a nos apegar a eles e nos sentimos realmente parte daquela equipe, o que é bem bacana.

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O lado tiro em primeira pessoa

Antes de mais nada, é bom deixar claro que Disintegration não é um FPS clássico. Aqui você comanda Romer enquanto ele pilota um veículo planador, bem equipado com armas e habilidades distintas. Daí já mudamos um pouco a perspectiva dos games de tiro, indo mais na direção daqueles focados em naves.

Mas temos ainda as armas que podem ser trocadas durante as partidas e a necessidade de recarregar. Além disso, temos nossos próprios pontos de vida e algumas habilidades de suporte, a fim de auxiliar o time de personagens que vão para as missões conosco.

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E isso é um fator muito interessante para quando formos falar das mecânicas de RTS de Disintegration. Pois termos nossos próprios pontos de vida, habilidades e realmente sermos parte de uma equipe a qual comandamos muda bastante a forma como encaramos os desafios, e concede uma vibe muito mais estratégica de jogo.

Quanto às mecânicas de FPS do jogo, elas podem não ser tão chamativas para os amantes mais puristas do gênero. Principalmente por ser uma movimentação mais aérea e termos um papel muito mais de suporte do que necessariamente de protagonismo nas missões. Além disso, não temos uma variedade muito grande de armas para nosso veículo.

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O lado estratégia em tempo real

Como jogo de estratégia em tempo real, Disintegration se mostra muito mais interessante do que como um FPS. Isso porque os fatores estratégicos relacionados à gestão de personagens durante combates, organização de habilidades e demais comandos funcionam muito bem.

Ele não é um título tão complexo como games de estratégia mais puros como Civilization VI, ou então alguns RTS rápidos como Starcraft II. Principalmente pelo fato da estratégia aqui estar ligada principalmente aos combates e não necessariamente à coleta de recursos e confecção de unidades.

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Mas são justamente esses combates que fazem o jogo valer a pena ao meu ver. Isso por serem rápidos, tensos e bem complexos. E, ao mesmo tempo, o fator “tempo real” é crucial para tudo isso ser orquestrado de uma maneira que te deixa empolgado e concentrado enquanto joga. Usar a habilidade de seus aliados na hora certa, coordenar tempos de recarga e combinar suas habilidades entre si são ações que podem fazer toda a diferença.

Infelizmente, alguns elementos acabam impedindo as mecânicas de estratégia de brilharem mais no jogo. Não encontrei opções, ao menos na campanha, para escolhermos o time que enviaremos para as missões, então somos obrigados a nos virar com o time que é mandado, independente de termos melhorado outro personagem. Além disso, cada personagem possui uma habilidade única que não pode ser mudada, o que é bem ruim também quando pensamos em variedades estratégicas.

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A fusão de FPS e RTS

Mas analisar Disintegration levando em conta um gênero ou outro como base é compreender apenas uma parcela do título. Compará-lo com games, seja de FPS ou de RTS, também soa reducionista. Pois a proposta do título não é ser puramente um dos gêneros, mas sim uma combinação dos dois.

Essa peculiar combinação, quando vista por completo, acaba nos dando uma sensação gostosa de variedade e inovação. O título é desafiador não só pelo nível de dificuldade das máquinas ou dos controles de estratégia. Mas também por não ter muitos precursores em nossa mente, para traçarmos paralelos. Precisamos nos acostumar com as novas regras do jogo de gênero misto, o que foi um ponto que me cativou bastante ao jogá-lo.

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Coordenar suas estratégias de combate em tempo real já é uma situação tensa por si só. Mas fazer isso enquanto também atira e desvia de tiros em primeira pessoa é sem dúvidas uma experiência única. A posição de “deus onisciente” que muitos RTS nos dão não existe aqui: somos mais um peão no tabuleiro, participando ativamente do combate. No máximo podemos usar uma lente para ver por trás de objetos (mas ao fazermos isso não podemos utilizar armas).

Combinar a ação dos FPS com a estratégia e complexidade dos RTS foi um acerto muito positivo de Disintegration, principalmente por serem dois gêneros já cheios de paradigmas muito bem estabelecidos que às vezes são bons de serem quebrados. Em tempo onde todo jogo quer ser battle royale, é bom ver que há empresas empenhadas em produzir algo novo, diferente, mesmo que faça isso se apropriando de gêneros já existentes.

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Desafiador na medida certa

Disintegration não é desafiador somente pela mescla de gêneros, como foi citado anteriormente. A inteligência artificial dos inimigos é bem interessante mesmo em níveis mais baixos. Com inimigos tentando te flanquear o tempo todo, percebendo armadilhas e evitando-as, curando aliados e demonstrando diversos outros comportamentos inteligentes.

Além disso, as missões da campanha possuem algumas particularidades que dão maior dificuldade para elas. Nem sempre a solução é simplesmente matar todos os inimigos do mapa — até porque muitas vezes eles não vão parar de aparecer. Também há momentos e situações que nos obrigam a improvisar de algum modo. Por exemplo, há fases que pulsos eletromagnéticos podem desativar nossas armas e aliados por alguns segundos. Aprender a lidar com isso no calor do combate é fundamental.

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Temos também torres que impedem o planador de atirar, caixas de cura e armadilhas explosivas pelos cenários. Por fim, os próprios cenários são construídos de modo bem inteligente: saber se posicionar, posicionar suas unidades e estar sempre em movimento podem ser decisivos para a vitória ou derrota.

Multiplayer frenético, porém vazio

Se Disintegration já tem seus acertos na campanha, é ainda mais primoroso no multiplayer. Com vários modos de jogo e disputas que envolvem grupos de até cinco jogadores, ele não foge muito do óbvio: defender postos, mata-mata e outras formas de jogo já tradicionais principalmente de games de tiro em primeira pessoa.

Aqui temos algumas diferenças consideráveis se comparado ao modo campanha. Isso porque as skins de personagens não são apenas cosméticas, mas também auxiliam de modo a diferenciar a formação de cada time, com grupos mais focados em tank, suporte ou dano.

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As partidas são bem frenéticas e com muita informação na tela, sendo fácil se sentir perdido no início. Porém, pode ser tão viciante quanto a campanha solo. Entretanto, além de não ter muitos artifícios para personalizar seus times de modo realmente estratégico, temos o maior problema dos jogos online: servidores desertos. Mas disso falaremos mais abaixo.

A possível causa do problema

O multiplayer de Disintegration é um dos seus pontos mais passíveis de discussão. Mesmo que a premissa seja boa e o potencial para embates seja incrível, ele ainda não é aproveitado da melhor maneira. Isso principalmente por um motivo: para o multiplayer funcionar, ele precisa de jogadores.

Em todos os testes feitos com o game, foi realmente muito difícil encontrar partidas online. Claro que uma solução simples para isso são os bots. Os tradicionais adversários não jogadores que permitem ao menos você praticar e entender como o multiplayer funciona. Isso enquanto espera outros jogadores aparecerem para uma partida. Mas nem isso ainda está presente em Disintegration.

Por isso, a não ser que você resolva comprar o game com um grupo de amigos ou foque mais no modo campanha, adquirí-lo para se focar no multiplayer de modo despretensioso pode exigir bastante paciência. Os tempos de busca chegam a 10 minutos sem sucesso.

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E isso pode ter influência direta do outro fator que falaremos rapidamente aqui: o preço final do jogo. No Steam o game está custando incríveis R$ 279,90. Sendo assim mais caro que games AAA muito aguardados, como o próprio Cyberpunk 2077. Já nos consoles, Disntegration está custando um pouco menos: R$ 207,90. Isso tudo, claro, até a data da publicação deste texto.

Isso é um problema, pois estamos falando de um jogo nem tão conhecido, de uma produtora nem tão conhecida. Jogos com fator multiplayer relevante podem ter sua popularidade bastante afetada pelo preço. Afinal, em meio a tantas opções de multiplayer competitivos gratuitos ou de baixo custo, adquirir um jogo “desconhecido” por um preço maior do que muitos AAA é algo que pouquíssimas pessoas farão.

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Uma experiência inédita

Para os interessados em experimentar Disintegration, saibam que vão encontrar aqui um jogo bem peculiar. Isso, no melhor sentido que a palavra pode ter. Não é justo comparar o título com nenhum FPS ou RTS, pois nenhum dos dois públicos será atendido do jeito que imagina por esse game. Ele é algo a parte destes dois gêneros: nem só jogo de tiro, nem só de estratégia em tempo real; mas algo novo, uma experiência bem diferente que “bebe das duas fontes”.

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Se Disintegration peca no preço e perde para qualquer concorrência de ambos os gêneros nesse quesito, ele pode vencer justamente pela sua originalidade. E o fato de ser produzido pela V1 Interactive, companhia encabeçada por Marcus Lehto — famoso por ser o co-criador da franquia Halo — o título pode alcançar seu potencial justamente por não estar na corrida contra todos os outros, mas sim por estar trilhando um caminho à parte.

A verdade é que, para quem gosta de games desafiadores e complexos, com o básico de estratégia em tempo real e uma história sci-fi bem pensada, Disintegration pode ser uma boa pedida. Só pela campanha o título já cativa o suficiente e se mostra razoavelmente viciante. Resta saber se o multiplayer será realmente povoado… mas isso ainda vai depender do tempo… e um ajuste de preço viria bem a calhar.

Disintegration foi lançado em 16 de junho de 2020 e está disponível para PC, PlayStation 4 e Xbox One. O jogo não possui dublagem em português, mas todo o seu texto está muito bem traduzido.

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