Análise Arkade: Doom Eternal é brutal, frenético e muito divertido!

25 de março de 2020
Análise Arkade: Doom Eternal é brutal, frenético e muito divertido!

O impensável aconteceu: os demônios invadiram a Terra. Felizmente, quando se trata de Doom, isso é motivo para carregarmos armas pesadas e perpetrarmos uma carnificina infernal! Confira agora nossa análise de Doom Eternal, um shooter frenético, visceral e muito divertido!

O legado do Doom Slayer

Doom Eternal é a sequência direta do Doom de 2016, título que rebootou a franquia com muito capricho. Se lá a treta ainda se passava em Marte, aqui acompanhamos uma Terra invadida por demônios, e caçar alguns de seus “sacerdotes” é o único meio de acabar com a invasão.

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A coisa está feia na Terra

Claro que, sendo Doom, a trama não se atém ao plano terreno, e vai nos levar para cidadelas feitas de ossos, construções demoníacas de metal cromado, e por aí vai. Em dado momento da história, devemos voltar para Marte, em busca de uma base subterrânea. Como este é um jogo badass, adivinha como a gente chega lá? Usando uma arma gigante e abrindo um rombo na superfície do planeta, claro! :D

A história do jogo não é lá essas coisas, e no geral, serve apenas como justificativa para a matança. Porém, há muito “lore” aqui, e nosso “Doom guy” — aqui chamado de Doom Slayer — agora é tido como uma espécie de guerreiro lendário. Nossa base, a “fortaleza da destruição”, tem ares de castelo medieval, e o jogo sempre trata o personagem com reverência. Os fãs que acompanham a série desde os primórdios sem dúvida vão gostar de conferir essa evolução.

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Nossa base é quase uma catedral gótica espacial

O fato é que este grandalhão de poucas palavras está aqui para fazer o que faz de melhor: aniquilar demônios. E se fazer isso já era divertido e brutal no Doom de 2016, espere até ver tudo o que pode ser feito em Doom Eternal!

Combate impecável

Neste momento, estou digitando com os pés, pois minhas mãos estão aplaudindo o pessoal da id Software. O que eles conseguiram fazer com o gameplay de Doom Eternal é uma coisa sem precedentes. Eles pegaram tudo o que já funcionava no reboot e refinaram — e ainda arrumaram espaço para inserir novidades que deixam tudo mais legal.

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É incrível como um jogo mecanicamente tão acelerado consegue ser também tão estratégico. Cada elemento do gameplay foi pensado para “conversar” com outro, e o jogador vai precisar dominar todos eles se quiser superar as hordas demoníacas.

Por exemplo: você tem ótimas armas, mas a munição delas acaba bem depressa. Felizmente, aniquilar um inimigo com a motosserra concede muita munição. Para regenerar sua barra de vida, você deve usar os “fatalities” do jogo, aka as aniquilações gloriosas, que dropam saúde. Por fim, torrar os inimigos com seu lança-chamas faz com que eles dropem armadura. O jogo sabe que você vai precisar constantemente de recursos, e coloca muitos demônios “descartáveis” no s eu caminho, simplesmente para serem convertidos em vida, armadura e munição durante os combates.

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“Momentos antes da desgraça acontecer”

Somado a isso, temos demônios que possuem pontos fracos bem específicos. Alguns possuem escudos, que podem ser explodidos com o rifle de plasma. Outros ficam menos agressivos se conseguirmos destruir suas armas. O bom e velho Cacodemônio (aquela bolota flutuante que cospe bolas de fogo) é facilmente eliminado se “engolir” uma granada, o que o deixa pronto para uma finalização gloriosa. Há uma forma eficaz de eliminar praticamente todo monstro do jogo, mas fazer isso obriga o jogador a ter agilidade nos dedos, para “fluir” por todo o seu arsenal com rapidez.

Na teoria isso é até simples, mas lembre-se que você precisa fazer tudo funcionar ao mesmo tempo, no calor de combates intensos, enquanto salta e se esquiva de dezenas de inimigos ou (pior) chefes extremamente apelões. A dinâmica dos combates é deliciosamente intensa e visceral, e você precisa estar atento a tudo, a todo momento, para conseguir se dar bem.

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Escolha suas armas (mentira, você pode levar todas ao mesmo tempo)

Claro que há algumas coisas um tanto “roubadas”. Do lado do jogador, temos a BFG 9000, que está mais overpowered do que nunca, e pode “limpar” a tela com apenas um tiro (mas a munição dela é bem limitada, então não abuse). Do lado dos inimigos, temos o Saqueador, um tipo de demônio que foge do padrão frenético dos demais, exigindo muito mais cautela para ser derrubado — o que funciona com ele é quase um parry. O Saqueador é o pior inimigo do jogo, justamente por fugir do padrão e exigir que o jogador lute de forma mais lenta e comedida. Comigo, as aparições dele foram as maiores responsáveis por crises de raiva seguidas de vontade de tacar o controle na parede.

Parkour infernal

Isso também é referente ao gameplay, mas resolvi abir um capítulo separado porque, ao contrário do combate, é na movimentação — e nos trechos de plataforma — que o jogo acabou deixando um pouco a desejar para mim. Doom Eternal é focado em combate, mas também tem muitos trechos de plataforma e exploração. Há muita verticalidade nos cenários, e os pulos duplos e dashes (também duplos) podem levar o jogador até as alturas.

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O problema é que os controles simplesmente não comportam a precisão que alguns desses trechos demandam. Isso quando o o jogo não “esconde” (de forma exagerada) barras nas quais você pode se pendurar ou paredes que pode escalar. Acontece bastante: em Doom Eternal a entrada que seria mais óbvias geralmente está fechada, e você precisa arrumar uma rota alternativa.

Que fique claro: eu acho ótimo que os (muitos) segredos e colecionáveis do game estejam em lugares aparentemente inalcançáveis. Isso é algo opcional, e é justo que o jogador precise parar, pensar e analisar o ambiente. O problema é quando esse tipo de coisa é obrigatória, e impede o seu avanço ou te deixa travado, sem saber pra onde ir. E olha que nem falei dos mergulhos em águas radioativas, mais um elemento que na teoria talvez parecesse bom, mas na prática…

Eu sofro de cinetose desde o Doom original, e esses insanos trechos de plataforma de Doom Eternal conseguiram me causar algum enjoo. Sem contar a frustração de errar alguns pulos, ou ter que ficar procurando uma parede na qual o personagem pudesse se agarrar.

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Isso para não mencionar armadilhas esmagadoras entre plataformas

E sabe o que é pior? Seria bem fácil de resolver boa parte dos problemas de mobilidade de Doom Eternal: a superescopeta possui um arpão, que é usado para içar o protagonista até perto dos inimigos. Esse mesmo arpão poderia ser usado na exploração, como um grappling hook — mais ou menos como as picaretas de alpinismo da Lara Croft. Assim mantinha-se a verticalidade, mas ganhava-se uma forma bem menos errática de superar abismos e obstáculos.

Multiplayer

Doom Eternal definitivamente não quis ficar no básico. Seu modo multiplayer chega na forma do Battlemode, uma reimaginação completa do que a série já nos trouxe, que oferece intensas partidas assimétricas estilo 2×1.

Funciona assim: um jogador assume o comando do Doom Slayer (customizável), os outros dois podem escolher algum tipo de demônio. Aí todos são jogados em uma arena, e o objetivo do “mocinho” é estraçalhar os dois demônios-jogadores (e a dupla precisa, obviamente, dar cabo dele). Quando um demônio é derrotado, o Doom Slayer tem cerca de 20 segundos para eliminar o outro, antes do respawn. E, claro, os demônios podem summonar outros tipos de criaturas infernais para complicar a vida do outro jogador.

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O Battlemode é diferente e visceral!

Dá um bocado de trabalho se acostumar com os poderes e habilidades de cada demônio — muitos deles bem mais lentos que o Doom Slayer –, mas é legal vermos o jogo por esta nova perspectiva. Fico imaginando como foi trabalhoso (e divertido) adaptar as habilidades dos demônios para o formato jogável.

Eu joguei só meia dúzia de partidas do Battlemode até o momento, mas gostei bastante do que vi, especialmente por ser algo diferente do padrão “battle royale/cada um por si” que domina os shooters atualmente. Realmente quero me dedicar mais a este modo no futuro, pois ele tem muito potencial!

Audiovisual

Doom Eternal é um jogo tecnicamente impressionante. Rodando no Xbox One X, ele flui suave em 60fps, sem engasgos, e traz load times muito rápidos e resposta imediata aos comandos. Ele pode até não rodar em 4K nos consoles, mas a fluidez que entrega compensa (e muito) este aspecto, e o bom uso do HDR enriquece ainda mais a experiência visual. Inveja de quem tem um PC parrudo, que pode rodar tudo isso com ray tracing e outros aprimoramentos.

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Os cenários são incríveis

A campanha de Doom Eternal é longa e elaborada de um jeitão old school que anda sumindo: temos fases (até que bem grandes) e cenários bem variados — vamos da Terra até Marte e aos confins do inferno –, que contam com uma direção de arte que consegue ser tão “nojenta” (com coisas pulsantes e tentáculos) quanto incrível. A dimensão dos cenários é incrível: você verá mechs abandonados e corpos de demônios que parecem saídos diretamente de Pacific Rim!

A forma como o jogo ilustra o dano nos inimigos também é legal, de um jeito um tanto grotesco: conforme tomam tiros, os inimigos vão perdendo pedaços, ficando com ossos e órgãos internos expostos. Funciona bem, visualmente falando e, convenhamos, super combina com a pegada estripadora de Doom!

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Exemplo de um demônio que já estava bem machucado

A trilha sonora traz um mix de metal com techno que funciona bem, ainda que eu não tenha achado particularmente marcante. O jogo sempre quer passar essa imagem de “badass”, e há até uma parede com guitarras na sua base. Encontrar discos de vinil libera faixas de jogos antigos e até de outras franquias — como Quake e Wolfenstein –, mas você só pode ouvi-las entre uma fase e outra, enquanto está na fortaleza da destruição.

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Os colecionáveis envolvem discos de vinil com trilhas clássicas

Vale ressaltar ainda que o jogo chega 100% localizado para o nosso idioma, e as dublagens estão incríveis. O tamanho da fonte nos menus e legendas incomoda um pouco, mas é um detalhe pequeno, que pode ser arrumado através de patches.

Conclusão

Doom Eternal evolui e aprimora praticamente todos os conceitos que o reboot apresentou. Com mais armas, mais demônios e mais formas de matá-los, o game traz uma campanha intensa e variada, que consegue ser desafiadora ao mesmo tempo em que estimula o jogador a dominar cada aspecto de suas mecânicas.

Análise Arkade: Doom Eternal é brutal, frenético e muito divertido!

Eu morri (muito) em pulos mal calculados, e cada encontro com um Saqueador me deixou um pouco puto. Porém, estes pequenos momentos de frustração não ofuscam o brilho de um jogo incrivelmente criativo e bem executado, que já está ao lado de Titanfall 2 como uma das melhores campanhas single player de FPS desta geração.

O multiplayer criativo e diferenciado é a cereja deste bolo sangrento, e faz valer ainda mais a pena o investimento neste jogo que foi produzido com muito esmero, por um time que claramente é apaixonado pela mitologia desta franquia clássica. E quem não é, né? <3

Doom Eternal foi lançado em 20 de março, e está disponível (totalmente em português) para PC, Playstation 4 e Xbox One. Este review foi feito com base na versão Xbox One (rodando no Xbox One X), em uma cópia que nos foi cedida pela Bethesda.

Uma resposta para “Análise Arkade: Doom Eternal é brutal, frenético e muito divertido!”

  • 25 de março de 2020 às 22:06 -

    Helinux

  • Dukralho, valeu!!!! Gosto muito dos primórdios DOOM da vida, mais um para detonar!!!! valeu!!!!

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